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Sementes de Liberdade

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    A agricultura global mudou mais no decorrer das nossas vidas, do que nos 10.000 anos anteriores
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    Mas com toda a mudança emergem conflitos de interesses.
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    Em lado algum esses conflitos são mais cruciais que na história da semente.
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    Neste filme, veremos como a semente mudou na agricultura e na nossa cultura,
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    de um elemento sagrado e o criador de vida, para uma mercadoria poderosa, usada para monopolizar a produção mundial de alimentos.
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    Este conflito entre a agricultura e negócios, entre conhecimento e controlo,
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    entre verdade e propaganda, está no cerne da história da semente.
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    Quando uma empresa começa a colectar lucro pela patente de cada semente,
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    força as suas culturas geneticamente modificadas, para substituir as espécies nativas que agricultores e camponeses cultivaram ao longo de milénios.
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    Não sabemos o que está no nosso ecossistema.
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    Não sabemos o que temos nele.
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    Portanto, não tem nada a ver com "alimentar do mundo".
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    Não se trata de resolver algumas destas grandes questões que enfrentamos nos dias de hoje.
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    Trata-se de controlo do sector alimentar, da economia de alimentos.
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    [SEMENTES DE LIBERDADE]
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    [A EVOLUÇÃO DA DIVERSIDADE]
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    Começamos a história da semente, milhares de anos atrás,
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    num tempo em que a Terra estava coberta de comunidades dispersas, isoladas por montanhas, mares e desertos.
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    Uma enorme diversidade de culturas, tradições e línguas evoluíram por todo o planeta,
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    adaptando-se a diferentes climas e ecossistemas.
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    Ao longo dos séculos, cada uma destas sociedades desenvolveu ideias diferentes,
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    cosmologias, rotinas e rituais, criando uma vasta base de diversidade.
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    Hoje, ainda existem comunidades, em vários pontos do globo, que nos abrem uma janela para este passado ancestral.
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    Todas as culturas tradicionais basearam-se
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    no reconhecimento de que a mais importante razão por estarmos aqui na Terra,
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    é para desempenhar o nosso papel na manutenção da vida na sua diversidade.
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    Porque a semente contém vida,
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    a semente tem sido fundamental para reproduzir a cultura da vida.
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    E se observarmos rituais na Índia, na África, na América Latina.
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    A semente desempenha um papel central.
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    A semente é a nossa vida...
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    O nosso sustento depende dela.
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    Nós plantamos sementes para acolher nova vida.
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    Quando um menino se torna homem nós cobrimo-lo de sementes.
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    E quando uma pessoa morre, plantamos sementes no seu túmulo.
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    Sementes não são apenas comida...
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    Elas têm um significado espiritual...
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    Usamo-las quando realizamos rituais.
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    Como os nossos antepassados se diversificaram, assim o fizeram suas semente e seus cultivos.
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    Muito antes de Darwin ter articulado a teoria da evolução pela seleção natural,
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    homens e mulheres em todo o globo já usavam este mesmo processo:
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    re-semeando sementes melhor adaptadas ao seu ambiente particular
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    e assim, tornando-se parte do processo de mudança evolutiva.
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    No centro desta mudança estava a semente
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    que a cada ano poderia ser colhida novamente
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    e poderia ser armazenada, compartilhada e cruzada.
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    Nós somos os herdeiros desta rica biodiversidade global.
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    Quanto mais olhamos para as sementes e a biodiversidade, mais, compreendemos que o nível de inteligência – na semente em si -
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    e na sua replicação, que os agricultores têm feito por trabalhar com a semente,
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    tem nos dado, não apenas o mais alto nível de biodiversidade,
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    mas o mais alto nível de qualidade dos alimentos.
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    O mais alto nível de nutrição.
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    Para nós uma variedade não é suficiente.
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    Se perdemos isso, estamos perdidos.
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    Os agricultores cultivam para a resiliência.
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    E, por conseguinte, eles cultivam para elos cooperativos.
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    Eles não cultivam uma variedade.
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    Eles sabem que devem ter muitas culturas, porque o clima muda.
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    Eles sabem que devem ter muitas culturas, porque necessidades nutricionais são diversas.
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    A produção de alimentos nas tradições indígenas, na maior da história da Humanidade,
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    tem se focado na promoção da diversidade biológica.
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    [O CAMINHO DA INDÚSTRIA]
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    No virar do século XX, a agricultura começou a depender da tecnologia;
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    forçando as pessoas a migrar das suas terras para as cidades,
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    à medida que o trabalho e as habilidades tradicionais foram substituídas gradualmente por maquinaria moderna.
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    Mas como a Europa se envolveu em duas Guerras Mundiais,
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    os químicos produzidos para a guerra foram destinados a mudar a face da agricultura.
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    Com o mundo preso em conflito novos químicos começaram a ser produzidos em grandes quantidades.
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    E quando a paz regressa, as empresas fabricantes desses produtos químicos
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    precisavam de criar mercados alternativos para os seus produtos.
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    Com pequenas alterações, explosivos e agentes nervosos foram reformulados como fertilizantes e pesticidas,
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    e a agronomia química encontrou o caminho para as terras de cultivo de todo o mundo.
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    Hoje, tudo mudou...
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    O solo exige comida...
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    Ele pede por uma variedade de alimentos diferentes.
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    Nossos pais nunca precisaram desses produtos químicos.
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    Agora estamos a assar num monte de produtos químicos.
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    E a necessidade continua a crescer – não é estática,
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    e essa carência nunca termina.
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    Num dado momento os nossos solos começaram a erudir-se, a desgastar-se...
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    Podemos dizer que eles se tornaram "toxicodependentes".
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    Tornaram-se dependentes desses adubos.
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    Se optarmos por usar fertilizantes num cultivo...
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    Na temporada seguinte, temos de usar fertilizante novamente. Não há escolha!
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    Com o terreno agrícola mecanizado e o uso de químicos a aumentar,
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    a história da semente também estava prestes a mudar.
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    Ciclos naturais de conservação e partilha de sementes,
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    que mantiveram os interesses comerciais à distância,
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    foram desafiados por um novo avanço na produção de sementes:
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    As novas sementes híbridas
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    cruzamentos de duas plantas-mãe puras, produzindo sementes geneticamente ricas na primeira geração,
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    que perdem rapidamente a vitalidade na segunda e terceira gerações.
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    Este processo natural de esterilização dos híbridos,
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    significa que os agricultores já não têm beneficio em re-semear a sua semente.
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    Em vez disso, têm que comprar sementes novas a cada estação.
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    Isto permitiu às corporações internacionais a privatização e controlo dos lucros das sementes.
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    Na década de 1960 essas corporações começaram uma proliferação mundial das suas novas sementes,
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    Reconhecendo a agricultura global como um mercado inexplorado e extremamente rentável,
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    traçaram como objectivo, na realidade, a privatização do sistema de alimentação do mundo.
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    Em todo o mundo, agricultores abandonaram em massa os seus sistemas de agricultura tradicional;
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    comprando um sonho de maior produtividade, menos trabalho e mais dinheiro.
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    Monoculturas, como o chá e o café começaram a substituir as espécies de cultivo indígenas,
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    e a agricultura de subsistência - da qual sobrevivia a comunidade local -
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    foi substituída por estas novas monoculturas para exportação.
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    Como a produção mundial de alimentos aumentou, agricultores tradicionais foram sendo seduzidos para este novo sistema.
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    Apesar dos custos de produção subirem drasticamente,
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    pois novas sementes, fertilizantes e pesticidas tinham de ser comprados a cada nova estação.
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    E notaram que estas novas culturas estão sujeitas a mercados internacionais imprevisíveis.
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    Estes agricultores tinham entrado, inconscientemente, num sistema que se provava menos resiliente,
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    menos sustentável, mais caro e,
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    em última análise, prejudicial à sua sobrevivência.
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    Quando nós plantamos essas novas sementes...
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    Só podemos plantá-las por uma temporada.
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    Na temporada seguinte, elas são débeis.
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    As nossas culturas tradicionais são boas para comer.
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    Enquanto que as culturas modernas podem ser exportadas.
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    Mas nós não podemos comer café!
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    Que consequências achas que decorrem da substituição de muitas variedades diferentes de culturas
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    culturas alimentícias, na verdade, por uma única cultura que não se pode comer?
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    Acho que a maior preocupação é que há um crescente controlo corporativo do ciclo da semente.
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    E isso significa, cada vez mais, que um número muito pequeno de pessoas
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    tem uma enorme influência sobre a forma como os agricultores são capazes de produzir alimentos.
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    As práticas tradicionais de guardar sementes estão agora sob ameaça e o que isso faz, essencialmente,
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    é colocar o lucro empresarial à frente da capacidade dos agricultores se alimentarem a si mesmos e às suas comunidades.
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    Há más consequências para esta nova semente.
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    Temos que comprá-la...
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    E depois não podemos armazená-la, porque apodrece.
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    Pouparíamos dinheiro se retornássemos à nossa antiga semente.
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    Peças são ligadas em duas cadeias entrelaçadas,
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    formando uma estrutura, como uma longa escada em espiral.
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    Nesta molécula encontramos uma qualidade essencial da matéria viva.
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    A capacidade de se reproduzir, fazer cópias de si mesma.
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    E de todas as moléculas conhecidas pela química,
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    só o ADN e os seus parentes têm essa capacidade
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    [CONTROLANDO A SEMENTE]
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    Em 1953, a descoberta do dupla hélice do ADN, por Watson e a Crick ,
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    Definiu o cenário para um dos mais rápidos avanços da Ciência:
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    A engenharia genética.
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    A possibilidade de mover genes entre células, organismos e espécies,
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    rapidamente se tornou viável.
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    Na agricultura, as possibilidades de tal engenharia pareciam ilimitadas.
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    Colheitas maiores, maior capacidade de resistência às secas, melhor sabor e maturação mais rápida.
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    Mas o surgimento desta nova tecnologia foi acompanhado por um aceso debate quanto à sua ética.
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    Enquanto isso, o impacto mais significativo desta nova tecnologia
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    não estava a ser decidido no campo, mas sim no tribunal.
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    "A constituição dos Estados Unidos dá ao Congresso o poder de aprovar leis relativas às patentes,
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    que atribui ao seu dono determinados direitos relativos a uma invenção.
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    Estes incluem: o direito de evitar que outras pessoas reproduzam, usem, vendam ou ofereçam para venda, a invenção descrita na patente."
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    As leis de propriedade intelectual há muito que estipulam que se podem alegar patentes sobre invenções novas e comprovadas.
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    Mas, em 1995, a Organização Mundial do Comércio propôs uma mudança radical no direito internacional.
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    Sob a pressão de corporações multinacionais, decidiram que micro-organismos, e processos microbiológicos,
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    que já existiam na Natureza, podiam ser patenteados.
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    De acordo com esta lei, uma semente poderia ser geneticamente modificada para conter genes particulares,
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    que poderiam ser patenteados e possuídos por privados.
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    No que diz respeito à semente, este salto, em termos de direitos de propriedade sobre a própria vida,
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    é a mais grave ameaça
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    para as sementes de diversidade, as sementes da liberdade que estão nas mãos dos camponeses.
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    Um ano mais tarde a gigante agroquímica Monsanto produziu o primeiro OGM para cultivo na América:
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    A soja "RoundUp Ready", que foi rapidamente seguida por milho GM e canola GM.
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    As sementes geneticamente modificadas continham uma única alteração,
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    foram projectadas especificamente para resistir aos efeitos tóxicos do herbicida químico RoundUp,
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    o herbicida mais vendido da Monsanto desde a década de 1980.
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    Ao colocar um gene para a resistência ao herbicida:
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    agora têm um monopólio do produto químico, bem como da semente, criada para o químico.
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    São empresas químicas primeiro, mas são empresas de sementes em segundo lugar.
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    Ao controlar as sementes, controla-se o lucro do cultivo de alimentos.
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    Cria-se um monopólio quando se vendem sementes,
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    fabricadas para serem resistentes aos pesticidas usados nessas mesmas sementes.
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    Como efeito directo disso estamos a registar um aumento drástico no uso de pesticidas,
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    que é uma das coisas que a tecnologia OGM deveria estar a resolver.
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    Já passaram vinte anos desde que os OGM entraram nos nossos mercados e as promessas das primeiras pesquisas continuam por cumprir.
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    A tecnologia RoundUp Ready domina o mercado de OGM na América.
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    E agora a história da semente regressa ao tribunal
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    à medida que as implicações da lei de patentes se tornam claras para o mundo.
  • 16:12 - 16:17
    Nunca me vou esquecer, quando eu e minha esposa deixamos a nossa porta aqui, a porta da frente
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    ela olhou para trás e disse: "Prezo a Deus que ainda tenha um tecto sobre minha cabeça, hoje à noite quando chegar a casa."
  • 16:25 - 16:28
    Foi o quão perto estávamos de perder tudo.
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    Colocamos tudo em risco,
  • 16:31 - 16:34
    e tenho pena dos agricultores que não tiveram essa oportunidade
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    e que perderam as suas quintas, centenas deles.
  • 16:38 - 16:45
    O agricultor canadiano Percy Schmeiser cultivava canola, guardando e reproduzindo a semente há 50 anos.
  • 16:46 - 16:51
    Mas em 1998 foi encontrado, em algumas das suas sementes, o gene RoundUp patenteado.
  • 16:52 - 16:57
    Quer sejam sementes que foram propagadas dos campos vizinhos, ou polén arrastado pelo vento ou abelhas,
  • 16:58 - 17:02
    se acontecer cruzamento, já não se é dono das nossas sementes ou plantas,
  • 17:02 - 17:06
    instantaneamente, sob a lei de patentes, tornam-se propriedade da corporação.
  • 17:06 - 17:10
    Percy foi levado para o Tribunal Federal canadiano por violação de patente.
  • 17:11 - 17:15
    A sua defesa, que a presença dos OGM foi acidental
  • 17:15 - 17:20
    foi rejeitada pelo Tribunal e, em 2000, foi considerado culpado.
  • 17:20 - 17:24
    Não tinham registo de alguma vez termos obtido ou comprado as suas sementes.
  • 17:24 - 17:28
    Mas disseram que, porque nosso vizinho as tinha e nos contaminou,
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    nós não deveríamos ter usado a semente.
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    Devíamos ter sabido.
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    Bem, isso é completamente impossível.
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    Uma semente de canola, quer seja geneticamente modificada ou não, ou biológica,
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    tem uma aparência idêntica, a menos que se faça um teste de ADN.
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    Até à data, mais de 140 agricultores dos EUA têm sido processados por violação de propriedade intelectual de sementes.
  • 17:51 - 17:55
    Milhares foram investigados pela prática da chamada "pirataria de sementes".
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    O que é suposto fazer com as sementes?
  • 17:57 - 18:02
    Sementes devem ser plantadas, multiplicadas, usadas, adaptadas, etc etc.
  • 18:02 - 18:05
    Isso é exatamente o que não é permitido, segundo da mentalidade empresarial.
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    As corporações vendem a semente, ou licenciam-nos
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    o uso da semente de uma maneira específica, da forma como estão interessados em produzi-la. E ponto final!
  • 18:12 - 18:15
    Controlando a semente controla-se o agricultor.
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    Controlando o agricultor controla-se todo o sistema alimentar.
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    E esse é o legado da genética na agricultura.
  • 18:23 - 18:26
    Hoje, o mercado de OGMs espalhou-se para além da América do Norte,
  • 18:26 - 18:32
    e estabeleceu-se na Argentina, Paraguai, Brasil e, agora, na Índia.
  • 18:33 - 18:39
    Enquanto a indústria dos OGMs afirma aumentar colheitas e melhorar vidas,
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    cada vez mais agricultores relatam problemas novos e inesperados.
  • 18:44 - 18:48
    No estado indiano de Gujarat, centenas de milhares de agricultores,
  • 18:48 - 18:51
    persuadidos a cultivar algodão BT, geneticamente modificado,
  • 18:51 - 18:55
    - uma cultura que produz o seu próprio pesticida -
  • 18:55 - 19:00
    descobriram que, com o passar do tempo, as pragas desenvolveram a sua própria resistência ao cultivo.
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    A ascensão destas "superpestes" tem forçado os agricultores a usar pesticidas cada vez mais fortes.
  • 19:08 - 19:14
    Em vez de controlar pragas e ervas daninhas, aparecem super pragas e super ervas daninhas.
  • 19:14 - 19:20
    E assim, até no domínio limitado do controlo de ervas daninhas e pragas, a tecnologia está a falhar.
  • 19:21 - 19:26
    Com o aumento dos custos de sementes, adubos e pesticidas,
  • 19:26 - 19:30
    muitos agricultores ficaram presos numa espiral de dívida.
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    E a propagação de algodão GM tem sido associada a um aumento dramático de suicídios entre agricultores indianos.
  • 19:41 - 19:46
    Na Argentina, milhares de pequenos agricultores foram forçados a deixar as suas terras,
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    incapazes de competir economicamente com monoculturas altamente mecanizadas.
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    Para muitos agricultores não-OGM tornou-se impossível evitar o herbicida RoundUp, propagado de terrenos vizinhos
  • 19:59 - 20:03
    e acabam por ver as suas culturas e os seus meios de subsistência perecer!
  • 20:04 - 20:11
    E com o êxodo em massa de agricultores das suas terras, a biodiversidade agrícola tem diminuído ainda mais.
  • 20:11 - 20:18
    Culturas tradicionais foram substituídas. O uso de herbicidas aumentou dramaticamente.
  • 20:18 - 20:24
    O denso conhecimento adquirido e os sistemas agrícolas têm sido marginalizados.
  • 20:24 - 20:27
    Com a perda de diversidade, perde-se segurança!
  • 20:27 - 20:34
    Porque, diversidade é sinónimo de segurança. E também significa melhoria dos meios de subsistência!
  • 20:35 - 20:39
    Significa melhor nutrição! Significa melhor divisão do trabalho!
  • 20:39 - 20:42
    Tudo isto seria perdido por uma só cultura.
  • 20:43 - 20:47
    Temos de perceber que a diversidade significa sobrevivência.
  • 20:47 - 20:50
    Diversidade significa ser capaz de continuar a produzir.
  • 20:51 - 20:53
    Ser capaz de continuar a ser um agricultor.
  • 20:54 - 20:59
    E sem isso, penso que é muito importante perceber, que seremos simplesmente incapazes
  • 20:59 - 21:04
    de produzir o alimento que precisamos, se permitirmos que este tipo de diversidade seja ainda mais corroída.
  • 21:16 - 21:22
    Por trás expansão global dos OGMs e o seu surgimento em novos países: em África, Ásia e América do Sul,
  • 21:23 - 21:26
    uma mensagem tem servido de base para o seu progresso:
  • 21:27 - 21:34
    Que o mundo em desenvolvimento está em dificuldades e, empobrecido, é incapaz de alimentar-se,
  • 21:34 - 21:39
    mas que os OGMs podem mudar esse infortúnio.
  • 21:39 - 21:43
    Esses pobres agricultores, não são realmente eficientes, e eles têm essas sementes velhas,
  • 21:43 - 21:49
    eles precisam de se tornar mais produtivos e, por conseguinte, os problemas da fome no mundo estão a resolver-se.
  • 21:50 - 21:54
    Essa mensagem não é baseada em factos!
  • 21:54 - 21:57
    Estamos preocupados com a fome em África.
  • 21:57 - 21:59
    Estamos preocupados com a fome na Ásia.
  • 21:59 - 22:01
    Vamos ser francos sobre o assunto.
  • 22:02 - 22:08
    O problema é impulsionado pelos interesses financeiros dessas empresas.
  • 22:09 - 22:14
    Não é dirigido por nenhum propósito altruísta.
  • 22:15 - 22:17
    Portanto, não tem nada a ver com a alimentação do mundo.
  • 22:17 - 22:20
    Não tem nada a ver com tentar resolver algumas destas grandes questões que enfrentamos nos dias de hoje.
  • 22:20 - 22:23
    Trata-se do controlo do sector alimentar, da economia de alimentos.
  • 22:24 - 22:30
    Na realidade, é uma questão de controlo: impedindo os agricultores
  • 22:30 - 22:33
    de ter as suas próprias sementes
  • 22:33 - 22:35
    e ao mesmo tempo...
  • 22:35 - 22:39
    ... a erradicação da produção alimentar independente.
  • 22:39 - 22:44
    As empresas querem o controlo da produção de alimentos...
  • 22:44 - 22:47
    ... nas suas próprias mãos, nas mãos de muito poucos.
  • 22:48 - 22:55
    Pelo facto da engenharia genética ser trazida até nós pela velha indústria de agroquímicos,
  • 22:55 - 23:00
    que está interessada em manter as suas vendas de agroquímicos: herbicidas e pesticidas,
  • 23:00 - 23:04
    enquanto estabelece um monopólio de controlo sobre a semente -
  • 23:04 - 23:10
    que a engenharia genética tem sido levada numa direção totalmente errada, no que diz respeito a agricultura.
  • 23:14 - 23:21
    Hoje, a indústria de agroquímicos e sementes caiu, em grande parte, sob o controlo de algumas empresas-chave:
  • 23:21 - 23:25
    Empresas de sementes híbridas como a Dupont, a Syngenta;
  • 23:26 - 23:30
    empresas de agroquímicos como a Bayer e a BASF;
  • 23:31 - 23:33
    e a gigante dos OGMs: a Monsanto.
  • 23:34 - 23:41
    Dentro deste centro de poder concentrado, encontram-se não apenas os lucros maciços da produção de sementes,
  • 23:41 - 23:45
    mas o centro de decisão e planeamento,
  • 23:45 - 23:50
    que, em última instância, vai estabelecer o legado do nosso sistema agrícola global.
  • 23:51 - 23:58
    Nesse futuro, cultura e diversidade de sementes serão esquecidos pela história
  • 23:59 - 24:03
    A um custo que ainda agora estamos a começar a compreender.
  • 24:06 - 24:09
    [Música]
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    [SEMENTES DE ESPERANÇA]
  • 24:25 - 24:27
    [SEMENTES DE ESPERANÇA]
  • 24:29 - 24:34
    A indústria dos agroquímicos e OGMs afirma que a agricultura ecológica de pequena-escala,
  • 24:34 - 24:39
    é atrasada e ineficiente.
  • 24:40 - 24:45
    Mas na realidade é que, apesar das pressões implacáveis que enfrentam,
  • 24:45 - 24:50
    são estes agricultores que alimentam 70% da população mundial.
  • 24:52 - 24:59
    Estes sistemas de agrícolas tradicionais usam menos terra, menos água e menos recursos.
  • 24:59 - 25:05
    Produzem alimentos saudáveis, nutritivos e promovem uma maior diversidade de culturas.
  • 25:06 - 25:10
    Protegem solos, água e ecossistemas.
  • 25:10 - 25:14
    E estão a provar-se mais resistentes face às mudanças de climáticas.
  • 25:15 - 25:21
    São estes métodos de cultivo que nos podem mostrar o caminho a seguir para uma verdadeira segurança alimentar.
  • 25:23 - 25:29
    Sistemas ecológicos: locais, biodiversos, são os que estão realmente a fornecer
  • 25:29 - 25:34
    alimento, nutrição, saúde e alegria de comer para as comunidades locais.
  • 25:34 - 25:37
    É preciso descentralizar o sistema de produção de alimentos,
  • 25:37 - 25:43
    e para descentralizar o nosso sistema alimentar, descentralizar também o aprovisionamento de sementes.
  • 25:43 - 25:47
    A soberania das sementes deve tornar-se central à soberania alimentar.
  • 25:48 - 25:51
    Ainda não perdemos as nossas sementes.
  • 25:51 - 25:55
    O problema que enfrentamos é que elas estão a escassear.
  • 25:55 - 26:00
    Ainda podemos trazê-las de volta
  • 26:00 - 26:02
    Elas ainda cá estão.
  • 26:02 - 26:09
    Se nós não aproveitarmos esta oportunidade, vamos perder as sementes e perder o futuro.
  • 26:09 - 26:12
    O futuro de todos, o futuro dos nossos filhos.
  • 26:13 - 26:18
    Agricultores de todo o mundo estão a unir-se e estão a trabalhar por uma soberania alimentar
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    o direito de podermos produzir o nosso próprio alimento cultural.
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    Quando cultivo a minha comida indígena...
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    Tenho a certeza que vou fazer uma colheita.
  • 26:36 - 26:40
    E assim, sei que os meus filhos vão comer.
  • 26:43 - 26:50
    Eu não acho que o público nunca deve subestimar o poder que tem, se optar usá-lo.
  • 26:50 - 26:54
    Quem teria imaginado que Murdoch e a News Corp poderiam ter sido destruídas por,
  • 26:54 - 26:57
    na realidade, por um sentimento de indignação.
  • 26:58 - 27:03
    Acho que se tivéssemos um maior debate público sobre que tipos de agricultura queremos
  • 27:03 - 27:07
    e o tipo de práticas e técnicas de algumas dessas grandes empresas de sementes,
  • 27:07 - 27:12
    podemos voltar a ter esse grau de indignação e transitar para um sistema que, a longo prazo,
  • 27:12 - 27:14
    seja melhor para as pessoas e para o planeta.
  • 27:16 - 27:21
    Então, se olharmos para a cultura ancestral.
  • 27:21 - 27:27
    Encontramos a solução para reconstruir o que foi destruído.
  • 27:44 - 27:49
    Narrado por: Jeremy Irons
  • 27:49 - 27:52
    Lembra-te, tens voto sobre o teu sistema alimentar, cada vez que vais às compras.
  • 27:52 - 27:57
    Compra alimentos locais, biológico e da época, apoia agricultores, mercados e lojas independentes.
  • 27:58 - 28:02
    Obtém mais informação sobre soberania alimentar e os movimentos e campanhas que podes apoiar e fazer parte visitando:
  • 28:02 - 28:04
    www.seedsoffreedom.info
  • 28:05 - 28:08
    Por fim, Muito Obrigado por terem visto "Sementes de Liberdade"
  • 28:08 - 28:13
    Agora, faz parte da propagação das sementes de mudança: partilha este filme!
  • 28:13 - 28:19
    Um filme: The Gaia Foundation & The African Biodiversity Network (ABN)
  • 28:19 - 28:20
    Em colaboração com:
  • 28:20 - 28:25
    WANDERSON Etiópia, GRAIN International & Navdanya International
  • 28:25 - 28:29
    Agradecimentos especiais a:
  • 28:29 - 28:38
    Dr jeferson Worrede, Dr Vandana Shiva, Coraline Lucas MO, Zac Goldsmith MP, John Vidal, Ramon Herrera, Henk Hobbelink, Liz Hosken, Kumi Naidoo, Percy Schmeiser, mota da costa Gathuru, Mpatheleni Makaulule, a equipe de Fundação Gaia, Florina Tudose, Jason Taylor e o projeto da fonte
  • 28:38 - 28:43
    E agradecimentos às comunidades de agricultores que estão a recuperar a diversidade de sementes e tradições para aumentar a diversidade e a soberania alimentar
  • 28:43 - 28:51
    as comunidades de Wollo na Etiópia e, particularmente, Mahammed e Ayalnesh, Chef Vhutanda de Venda na África do Sul, Norman de Karima no Quénia, Joseph de Kivaa, no Quénia, Agnes de Kivaa no Quénia.
  • 28:51 - 28:52
    Agradecimentos ao apoio de:
  • 28:52 - 28:57
    O Roddick Foundation, o fundo Christensen, a Fundação rápida, Swedbio, Norad
  • 28:57 - 28:58
    Material de arquivo:
  • 28:58 - 29:04
    Greenpeace International, centro técnico de cooperação agrícola e Rural ACP-UE (CTA), amigos da terra internacional, Prelinger Archive
  • 29:04 - 29:09
    Camera: Jess Phillimore, Jason Taylor, Damian Prestidge
  • 29:09 - 29:14
    Camera adicional: Richard Decaillet, Joshua Baker, Jose Maria Noriega
  • 29:14 - 29:19
    Design gráfico: Camila Cardenosa
  • 29:19 - 29:24
    Design de som: Jay Harris
  • 29:24 - 29:28
    Um filme por: Jess Phillimore
  • 29:29 - 29:33
    José Lutzenberger: 1926-2002
  • 29:34 - 29:42
    Passaram 10 anos desde a morte de José Lutzenberger, reconhecido como o fundador do movimento ambiental Brasileiro.
  • 29:42 - 29:52
    Dedicamos este filme à sua determinação e paixão irredutível em demonstrar que a justiça social e a sanidade ecológica são faces da mesma moeda.
  • 29:55 - 30:02
    "Uma cililização saudável só pode ser aquela que harmoniza e integra a totalidade da vida, melhorando-a! Nunca demolindo-a"
  • 30:02 - 30:06
    José Lutzenberger
  • 30:06 - 30:13
    2012
Title:
Sementes de Liberdade
Description:

Um filme marcante, narrado por Jeremy Irons. Descobre mais em seedsoffreedom.info

A história da semente tornou-se uma história de perda, controlo, dependência e dívida, Foi escrita por aqueles que procuram obter vastos lucros do nosso sistema alimentar, seja qual for o verdadeiro custo. É altura de mudar a história.

Produzido por: The Gaia Foundation e a African Biodiversity Network, em colaboração com MELCA Ethiopia, Navdanya International e GRAIN.

Obrigado a todos que contribuíram para tornar possível a produção deste filme
Produzido & Dirigido por Jess Phillimore
Camera - Jess Phillimore, Jason Taylor, Damian Prestidge.

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Video Language:
English
Duration:
30:13

Portuguese subtitles

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