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Por que as coisas doem? | Lorimer Moseley | TEDxAdelaide

  • 0:13 - 0:16
    Bem agora que todos iam tirar um cochilo.
  • 0:16 - 0:17
    Não tirem um cochilo!
  • 0:18 - 0:21
    Levantem a mão, apertem a orelha
    esquerda o máximo que puderem.
  • 0:21 - 0:23
    Levantem a mão se doer.
  • 0:23 - 0:25
    Excelente. Obrigado por me receberem.
  • 0:25 - 0:26
    (Risos)
  • 0:26 - 0:29
    Não, não é verdade...
    Deixem-me contar uma história.
  • 0:29 - 0:31
    Só quero tirar isso da tela por enquanto.
  • 0:31 - 0:34
    Quero contar uma história que explica
  • 0:34 - 0:36
    os primeiros três anos
    da neurobiologia da dor
  • 0:36 - 0:38
    que estudamos na universidade.
  • 0:38 - 0:41
    Oito anos atrás, eu caminhava no mato.
  • 0:41 - 0:43
    Eu usava um sarongue.
  • 0:43 - 0:44
    (Risos)
  • 0:46 - 0:48
    Muito legal. Isso é o que aconteceu.
  • 0:51 - 0:52
    Vocês viram aquilo?
  • 0:52 - 0:54
    Esperem, foi isso o que aconteceu.
  • 0:57 - 1:00
    Biologicamente, vou contar
    o que aconteceu naquele momento.
  • 1:00 - 1:03
    Algo tocou minha pele na perna esquerda.
  • 1:04 - 1:05
    Isso ativa os receptores
  • 1:05 - 1:08
    no final das fibras nervosas
    mielinizadas de condução rápida,
  • 1:09 - 1:11
    que sobem direto pela minha perna,
  • 1:11 - 1:14
    direto pela minha medula espinhal,
    até essa parte do meu cérebro,
  • 1:14 - 1:15
    e eles dizem:
  • 1:15 - 1:18
    "Você acabou de ser tocado
    na pele da perna esquerda".
  • 1:18 - 1:20
    (Ofegante) (Risos)
  • 1:20 - 1:23
    Enquanto isso, o que quer que fosse,
  • 1:23 - 1:26
    era suficientemente intenso para ativar
    as terminações nervosas livres;
  • 1:26 - 1:28
    nós as chamamos de nociceptores.
  • 1:28 - 1:33
    Elas são Lada Niva magros,
    não mielinizados, de condução lenta;
  • 1:34 - 1:36
    alguém sabe o que é uma Lada Niva...
  • 1:36 - 1:37
    (Risos)
  • 1:37 - 1:38
    fibras nervosas.
  • 1:38 - 1:41
    E essa mensagem viaja
    até a minha medula espinhal,
  • 1:41 - 1:42
    e é o mais longe que ela vai.
  • 1:42 - 1:46
    E diz para um neurônio fresco
    na minha medula espinhal:
  • 1:47 - 1:52
    "Algo perigoso aconteceu
    na pele da sua perna esquerda,
  • 1:53 - 1:55
    companheiro".
  • 1:55 - 1:56
    (Risos)
  • 1:56 - 1:59
    E o nociceptor espinhal leva
    essa mensagem até o tálamo,
  • 1:59 - 2:00
    que fica lá em algum lugar,
  • 2:00 - 2:05
    e diz: "Há perigo na pele
    da perna esquerda, companheiro".
  • 2:06 - 2:10
    Agora o cérebro tem que avaliar
    quão perigoso isso realmente é.
  • 2:10 - 2:11
    Então, ele olha tudo.
  • 2:12 - 2:15
    E entendo o aconteceu comigo assim,
  • 2:15 - 2:19
    com meu cérebro pensando: "Lobo frontal,
    já passamos por algo assim antes?"
  • 2:19 - 2:22
    "Espere, vou perguntar
    ao córtex parietal posterior."
  • 2:22 - 2:25
    "Já passamos por isso antes?"
  • 2:25 - 2:26
    "Sim, nós passamos."
  • 2:26 - 2:28
    "Aconteceu nesta fase do ciclo da marcha?"
  • 2:28 - 2:30
    "Sim, aconteceu."
  • 2:30 - 2:32
    "É proveniente do mesmo local?"
  • 2:32 - 2:33
    "Sim." "O que é isso?"
  • 2:33 - 2:37
    "Bem, desde pequeno, você costumava
    arranhar as pernas nos galhos.
  • 2:38 - 2:40
    Isso não é perigoso.
  • 2:41 - 2:43
    Eu vou dar a você, o organismo, algo,
  • 2:43 - 2:46
    então pode chutar o galho
    e continuar seu caminho feliz".
  • 2:46 - 2:48
    E foi o que aconteceu comigo.
  • 2:48 - 2:51
    Não posso mostrar agora,
    mas tirei meu sarongue,
  • 2:51 - 2:53
    entrei no rio, saí do rio,
  • 2:53 - 2:55
    e essa é a última coisa que eu me lembro,
  • 2:56 - 2:58
    ter sido picado por uma cobra marrom.
  • 2:58 - 2:59
    (Murmúrios)
  • 3:00 - 3:01
    Sobrevivente.
  • 3:01 - 3:02
    (Risos)
  • 3:02 - 3:04
    Muito obrigado.
  • 3:04 - 3:05
    (Aplausos)
  • 3:05 - 3:06
    Por algum motivo,
  • 3:06 - 3:10
    a cobra marrom envenena, claramente,
  • 3:10 - 3:13
    e uma das coisas que faz
    é ativar as fibras nervosas.
  • 3:13 - 3:15
    Na verdade, meu cérebro
    recebeu essas mensagens
  • 3:15 - 3:18
    dizendo: "Perigo! Perigo! Perigo! Perigo!"
  • 3:18 - 3:21
    e, em sua sabedoria,
    disse: "Não. Não. Não".
  • 3:22 - 3:27
    Seis meses depois, eu caminhava
    no mato com uma companhia chata.
  • 3:27 - 3:29
    Vocês sabem como é um chato?
  • 3:29 - 3:32
    Aquelas pessoas que,
    não importa o que digam, são chatas.
  • 3:32 - 3:33
    (Risos)
  • 3:33 - 3:37
    É irrelevante, mas vamos chamá-la de Naomi
  • 3:38 - 3:40
    porque esse é o nome dela.
  • 3:40 - 3:41
    (Risos)
  • 3:42 - 3:44
    De qualquer forma, foi o que aconteceu.
  • 3:45 - 3:48
    Ai! Ai! E estou agonizando.
  • 3:48 - 3:51
    Sinto uma pontada de dor
    queimando minha perna.
  • 3:52 - 3:55
    Direi, biologicamente, o que aconteceu.
  • 3:55 - 3:57
    Algo tocou a minha pele na perna esquerda.
  • 3:57 - 4:00
    Ativou as grandes e gordas
    fibras nervosas mielinizadas
  • 4:00 - 4:02
    que enviaram uma mensagem até aqui.
  • 4:02 - 4:05
    "Algo tocou a pele da sua perna esquerda."
  • 4:06 - 4:09
    É intenso o bastante pra ativar
    essas terminações nervosas livres.
  • 4:09 - 4:12
    Os receptores de perigo levam
    a mensagem para minha medula espinhal:
  • 4:12 - 4:16
    "Algo perigoso aconteceu
    na pele da perna esquerda..."
  • 4:16 - 4:17
    Plateia: Companheiro.
  • 4:17 - 4:18
    Sim!
  • 4:18 - 4:19
    (Risos)
  • 4:20 - 4:22
    Muito bem, você nem ensaiou.
  • 4:22 - 4:25
    Vai para o tálamo e diz a mesma coisa:
  • 4:25 - 4:28
    "Algo perigoso acaba de acontecer
    na pele da perna esquerda..."
  • 4:28 - 4:30
    Plateia: Companheiro!
  • 4:30 - 4:33
    O cérebro diz: "Muito obrigado, tálamo.
    As crianças estão bem? Bem, então...
  • 4:33 - 4:34
    (Risos)
  • 4:34 - 4:37
    Córtex frontal, algo para me dizer?
  • 4:37 - 4:40
    "Espere, vou perguntar ao córtex
    parietal posterior: onde estamos?"
  • 4:40 - 4:42
    "Estamos caminhando no mato..."
  • 4:42 - 4:44
    Plateia: Companheiro.
  • 4:44 - 4:45
    (Risos)
  • 4:45 - 4:48
    Você é um companheiro pouco feliz.
  • 4:48 - 4:50
    "Nesta fase do ciclo da marcha?"
  • 4:50 - 4:52
    "De onde vem isso?
    Já estivemos aqui antes?"
  • 4:52 - 4:53
    "Ah sim, estivemos."
  • 4:54 - 4:56
    "Na última vez, você quase morreu."
  • 4:57 - 5:00
    "Eu vou fazer isso doer tanto
    que você não poderá fazer mais nada!"
  • 5:00 - 5:04
    E eu estava em absoluta agonia
    pelo que pareceram minutos.
  • 5:04 - 5:05
    Gritando de dor,
  • 5:06 - 5:10
    até que um dos meus amigos olhou pra minha
    perna e viu o arranhãozinho de um galho.
  • 5:10 - 5:12
    (Risos)
  • 5:12 - 5:15
    A dor nessas situações
    era totalmente diferente
  • 5:15 - 5:17
    por causa do significado.
  • 5:17 - 5:21
    Quero convencê-los de que a dor
    é uma ilusão 100% do tempo.
  • 5:21 - 5:22
    Aqui está uma ilusão visual...
  • 5:22 - 5:24
    Deem uma olhada nessa foto,
  • 5:24 - 5:27
    temos um quadrado com um A nele
    e outro com um B.
  • 5:27 - 5:30
    Levantem a mão se vocês acham
    que o quadrado com A nele
  • 5:30 - 5:33
    parece mais escuro que o quadrado com o B.
  • 5:34 - 5:36
    Graças a Deus por isso.
  • 5:36 - 5:41
    Nenhum de vocês tem uma desordem
    neurológica realmente constrangedora.
  • 5:41 - 5:42
    Exceto você.
  • 5:42 - 5:43
    (Risos)
  • 5:43 - 5:44
    Isso não é verdade.
  • 5:45 - 5:47
    Vejam o que acontece
    com outro olhar sobre isso.
  • 5:47 - 5:50
    Estes são aqueles dois quadrados
    tirados daquela foto.
  • 5:51 - 5:55
    Espero que vejam que são idênticos
    e alguns podem não acreditar em mim.
  • 5:55 - 5:58
    Vou colocar o A em cima disso
    e vou colocar o B em cima disso.
  • 5:59 - 6:01
    Alguns podem não acreditar em mim ainda,
  • 6:01 - 6:04
    então por que nós simplesmente
    não movemos o A em cima do B,
  • 6:06 - 6:08
    ou o B por cima do A?
  • 6:09 - 6:12
    Não importa quanto tempo olhem,
    o A parecerá mais escuro que o B
  • 6:12 - 6:15
    porque o cérebro está
    fazendo coisas bem legais,
  • 6:16 - 6:18
    muito rapidamente sem a nossa consciência.
  • 6:18 - 6:19
    Vejam isso.
  • 6:19 - 6:22
    Virem a cabeça para o lado
    e deem uma olhada na mesma foto.
  • 6:23 - 6:25
    Nada muda.
  • 6:25 - 6:26
    (Risos)
  • 6:27 - 6:29
    Fantástico. 100%!
  • 6:32 - 6:34
    Então, o que realmente acontece aqui,
  • 6:35 - 6:37
    exatamente a mesma frequência
    está atingindo sua retina,
  • 6:38 - 6:40
    e envia uma mensagem
    para a parte de trás do cérebro,
  • 6:41 - 6:43
    e então toda essa coisa legal
    acontece muito rapidamente
  • 6:43 - 6:46
    pra fazer as perguntas:
    "O que isso realmente significa?"
  • 6:46 - 6:49
    "O que é biologicamente
    vantajoso pra mim?"
  • 6:49 - 6:51
    E então obtemos uma imagem visual.
  • 6:51 - 6:54
    Isto é uma ilusão visual
    e a visão não tem a ver com emoção,
  • 6:54 - 6:56
    não é necessariamente sobre sobrevivência,
  • 6:56 - 6:58
    mas a dor é.
  • 6:59 - 7:01
    Alguns podem não saber
    se não forem medicamente treinados,
  • 7:01 - 7:04
    mas o que está acontecendo
    na perna direita desse cara,
  • 7:04 - 7:06
    isso não está certo, isso é...
  • 7:06 - 7:07
    (Risos)
  • 7:07 - 7:08
    essa é uma situação perigosa,
  • 7:08 - 7:11
    e uma mensagem de perigo chega ao cérebro,
  • 7:11 - 7:13
    e o cérebro precisa fazer
    exatamente as mesmas perguntas:
  • 7:14 - 7:16
    "O que isto significa?
    O que deve ser feito aqui?"
  • 7:16 - 7:22
    E, com sorte, a orquestra no cérebro
    dessa pessoa fará a perna doer.
  • 7:23 - 7:26
    No trabalho que realizo há muito tempo,
  • 7:26 - 7:30
    fazemos nosso melhor para descobrir
    como podemos convencer as pessoas com dor
  • 7:31 - 7:33
    de que entendemos que estão com dor,
  • 7:33 - 7:35
    mas não se trata apenas
    dos tecidos do corpo.
  • 7:36 - 7:38
    Como podemos convencê-los disso?
  • 7:38 - 7:42
    E uma mudança conceitual crucial
    que achamos ser realmente importante
  • 7:42 - 7:45
    é entender que a dor é o resultado final.
  • 7:45 - 7:48
    A dor é uma saída do cérebro
    projetada para nos proteger.
  • 7:50 - 7:53
    Não é algo que vem dos tecidos do corpo.
  • 7:55 - 7:56
    Não há nada aqui.
  • 7:56 - 7:58
    Mostramos aos pacientes uma faca afiada,
  • 7:58 - 8:00
    e dizemos que esta faca é afiada, sim?
  • 8:00 - 8:01
    Sim.
  • 8:02 - 8:05
    E pode estar um pouco fria, é dura,
    tem todas essas propriedades.
  • 8:05 - 8:07
    Esta faca, dolorosa ali parada.
  • 8:07 - 8:11
    Não, não é. Essa faca não tem
    as propriedades da dor.
  • 8:11 - 8:16
    E quando a enfiamos na barriga deles;
    nós fazemos isso regularmente, direto;
  • 8:16 - 8:17
    (Risos)
  • 8:17 - 8:20
    a barriga não adota a propriedade da dor.
  • 8:20 - 8:23
    O cérebro tem que fazer algumas coisas
    muito rápidas e interessantes
  • 8:24 - 8:27
    para projetar essa ilusão
    de que a dor existe lá.
  • 8:27 - 8:31
    A dor é uma construção
    do cérebro, 100% do tempo.
  • 8:32 - 8:34
    Podemos manipular a dor
    facilmente sem tocar nos tecidos.
  • 8:34 - 8:36
    Fizemos esta experiência há um tempo,
  • 8:36 - 8:39
    na qual temos voluntários
    saudáveis supostamente "normais".
  • 8:40 - 8:41
    Não são pessoas normais,
  • 8:41 - 8:43
    porque se voluntariaram
    para um experimento de dor,
  • 8:43 - 8:44
    (Risos)
  • 8:44 - 8:47
    mas digamos que são razoavelmente normais.
  • 8:47 - 8:50
    Colocamos uma peça de metal
    muito fria nas costas da mão deles,
  • 8:51 - 8:53
    e lhes mostramos uma de duas luzes.
  • 8:53 - 8:56
    Uma luz é vermelha e outra é azul.
  • 8:56 - 9:00
    Não falamos nada sobre as luzes,
    apenas lhes mostramos.
  • 9:03 - 9:04
    Eu vejo essa mão.
  • 9:05 - 9:07
    Perguntamos a eles: "Dói muito?"
  • 9:07 - 9:10
    E se eles veem a luz vermelha,
    dói mais do que se veem a luz azul.
  • 9:10 - 9:12
    O estímulo é exatamente o mesmo,
  • 9:12 - 9:15
    o diferente é o significado do estímulo.
  • 9:15 - 9:18
    Há uma indicação que diz:
    "Isso está muito quente".
  • 9:18 - 9:20
    Porque vermelho significa quente.
  • 9:21 - 9:24
    Então, o cérebro sensato
    e inteligente deveria dizer:
  • 9:24 - 9:29
    "Não quero que você faça isso,
    então eu vou fazer isso doer".
  • 9:31 - 9:34
    Há pessoas nos Estados Unidos
    que podem usar alunos de psicologia
  • 9:34 - 9:39
    em experimentos em troca de pontos
    nas provas ou sexo, ou outra coisa.
  • 9:39 - 9:40
    (Risos)
  • 9:40 - 9:44
    Enfim, colocam a cabeça dentro
    do que pensam ser um estimulador,
  • 9:44 - 9:47
    e eles se certificam de que o sujeito
    possa ver o botão de intensidade.
  • 9:47 - 9:49
    E conforme aumentam
    o botão de intensidade;
  • 9:49 - 9:54
    esta pequena figura lá mostrando
    as linhas subindo a uma taxa constante;
  • 9:54 - 9:58
    essa é a dor de cabeça relatada por eles,
    e coincide com o botão de intensidade.
  • 9:58 - 10:00
    Mas o estimulador não está fazendo nada.
  • 10:00 - 10:03
    É só um daqueles secadores
    de cabelo de plástico antigos
  • 10:03 - 10:04
    que não fazem nada.
  • 10:04 - 10:05
    Vocês conhecem essas coisas?
  • 10:05 - 10:07
    Você provavelmente já usou um.
  • 10:07 - 10:09
    (Risos)
  • 10:09 - 10:12
    O truque é que eles têm
    que ver o botão de intensidade.
  • 10:13 - 10:15
    Sempre quis fazer um experimento
  • 10:15 - 10:19
    com base no filme "Isto É Spinal Tap",
    em que o botão de intensidade vai até 11.
  • 10:19 - 10:21
    Lembram-se daquele filme?
  • 10:22 - 10:24
    O realmente importante
    do ponto de vista clínico;
  • 10:24 - 10:28
    sou um neurocientista clínico,
    e vejo pacientes com dor;
  • 10:28 - 10:32
    é que qualquer indício confiável
    de que eles estejam em perigo
  • 10:32 - 10:33
    deve alterar a dor deles.
  • 10:33 - 10:35
    Eles entram nos departamentos hospitalares
  • 10:35 - 10:37
    com modelos como este na mesa.
  • 10:38 - 10:40
    O que seu cérebro diz
    quando vê um disco vertebral
  • 10:40 - 10:43
    que escorregou tanto que saiu da coluna?
  • 10:43 - 10:45
    (Risos)
  • 10:45 - 10:47
    Já viram um disco vertebral num cadáver?
  • 10:48 - 10:50
    Não dá para soltar aqueles danados.
  • 10:50 - 10:53
    Eles são imóveis,
    não dá para soltar um disco.
  • 10:53 - 10:56
    Mas essa é a nossa linguagem
    e ela manipula nosso cérebro.
  • 10:56 - 10:59
    Ela não pode não manipular nosso cérebro.
  • 10:59 - 11:03
    Podemos até modular a localização da dor
    e fazer umas coisas interessantes.
  • 11:04 - 11:06
    Está bem estabelecido que a dor reflexa
  • 11:06 - 11:11
    causa dor em uma área do corpo
    que pode ser fisiologicamente normal.
  • 11:11 - 11:13
    Podem ter ouvido falar de dor reflexa.
  • 11:13 - 11:14
    (Espirro na plateia)
  • 11:14 - 11:15
    Saúde!
  • 11:15 - 11:19
    Fazemos experimentos em que causamos
    dor em um membro artificial,
  • 11:19 - 11:20
    que nem é da pessoa.
  • 11:20 - 11:24
    Este é Meng, um pós-doutorando em meu
    laboratório em Oxford, no Reino Unido,
  • 11:24 - 11:26
    e roubamos um membro protético;
  • 11:26 - 11:30
    que é uma outra história muito engraçada,
    mas não vou contar para vocês;
  • 11:30 - 11:33
    e nós podemos fazer essa manipulação
  • 11:33 - 11:37
    de modo que comece a sentir como se
    o membro plástico na sua frente fosse seu.
  • 11:37 - 11:39
    E podemos fazer a mão de borracha doer.
  • 11:40 - 11:45
    E podemos pegar uma faca
    e passá-la pela mão de borracha,
  • 11:45 - 11:49
    e você tem reações cerebrais
    para proteger aquela mão de borracha.
  • 11:49 - 11:53
    Está sentindo dor em um pedaço
    de plástico, efetivamente.
  • 11:53 - 11:57
    Eis uma experiência legal em que pegamos
    duas pessoas do Clip-art da Microsoft,
  • 11:57 - 12:01
    e colocamos uma "webcam"
    na testa de uma delas
  • 12:01 - 12:05
    e um par de óculos
    de realidade virtual na outra.
  • 12:06 - 12:08
    E então nós os fazemos apertar as mãos.
  • 12:08 - 12:10
    E como estão apertando as mãos,
  • 12:10 - 12:15
    a pessoa à direita,
    que está usando os óculos...
  • 12:15 - 12:19
    o campo visual dela vem
    da testa da outra pessoa.
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    Entenderam?
  • 12:20 - 12:24
    Então, estão efetivamente olhando
    para a outra pessoa, pensando que são eles
  • 12:24 - 12:28
    porque estão apertando as mãos,
    o comando motor se encaixa, tudo está bem.
  • 12:28 - 12:33
    E então nós entramos e colocamos
    um estímulo doloroso no braço da pessoa,
  • 12:33 - 12:36
    e eles veem o braço da pessoa ali,
  • 12:36 - 12:41
    com quem estão apertando as mãos,
    e dizem: "Ai! Isso realmente dói".
  • 12:41 - 12:42
    E nós dizemos: "Onde dói?"
  • 12:42 - 12:44
    "No braço daquele homem".
  • 12:44 - 12:46
    (Risos)
  • 12:46 - 12:49
    Acertam todas as vezes,
    apontando exatamente onde estão,
  • 12:49 - 12:52
    mas se vendo do lado de fora,
    tirando uma foto,
  • 12:52 - 12:55
    temos o estímulo doloroso aqui,
    e eles estão dizendo: "Dói lá".
  • 12:56 - 13:00
    O cérebro não está apenas produzindo dor,
  • 13:00 - 13:03
    está projetando para este local no ar.
  • 13:03 - 13:05
    Nós podemos manipular isso.
  • 13:05 - 13:07
    Isso tudo se torna importante
    quando a dor persiste
  • 13:07 - 13:10
    porque aí duas coisas acontecem
  • 13:10 - 13:13
    que tornam a vida de alguém
    com dor realmente difícil,
  • 13:13 - 13:16
    e custam ao país 40 bilhões
    de dólares ao ano.
  • 13:16 - 13:18
    Custam mais à Austrália do que o câncer,
  • 13:18 - 13:21
    doença cardiovascular e diabetes juntos.
  • 13:22 - 13:26
    Obrigado por essa expressão facial,
    eu queria que alguém fizesse...
  • 13:26 - 13:27
    (Risos)
  • 13:28 - 13:31
    O problema é que se continuarmos
    estimulando os neurônios,
  • 13:31 - 13:35
    as células cerebrais que produzem
    dor serão mais eficazes.
  • 13:35 - 13:39
    Se tornarão cada vez mais sensíveis
    e precisaremos de uma influência menor.
  • 13:39 - 13:42
    A ilusão de aumentar a sensibilidade
  • 13:43 - 13:45
    torna-se muito inútil.
  • 13:45 - 13:49
    Está tentando protegê-lo de algo
    que não precisa de proteção.
  • 13:49 - 13:50
    É muito real.
  • 13:51 - 13:53
    A outra coisa que acontece
    é que todas essas redes
  • 13:53 - 13:58
    perdem a capacidade de serem específicas
    e precisas, de modo que a dor se espalha.
  • 13:58 - 14:00
    A dor muda de qualidade.
  • 14:01 - 14:06
    Finalmente, não é sequer informativa;
    é inútil e pouco informativa.
  • 14:07 - 14:11
    Talvez a próxima palestra TED seja
    sobre a questão que realmente importa:
  • 14:11 - 14:13
    "O que fazemos sobre isso?"
  • 14:13 - 14:15
    Quem sabe?
  • 14:15 - 14:16
    Não, nós sabemos,
  • 14:16 - 14:18
    é o que estamos pesquisando,
    mas meu tempo acabou.
  • 14:18 - 14:20
    Muito obrigado por me receberem.
  • 14:20 - 14:23
    (Aplausos)
Title:
Por que as coisas doem? | Lorimer Moseley | TEDxAdelaide
Description:

O que é dor? De onde ela vem? Quão útil ela é?

Lorimer Moseley, Professor de Neurociências Clínicas e Presidente em Fisioterapia da University of South Australia, discute essas questões e analisa o que as respostas podem significar para nós e para aqueles que sofrem de dor crônica.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:33

Portuguese, Brazilian subtitles

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