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O poder de nossas escolhas alimentares | Lauren Ornelas | TEDxGoldenGatePark

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    "Aonde o papai vai
    com o machado? "
  • 0:16 - 0:20
    Assim Fearne perguntou a sua mãe
    durante o café da manhã.
  • 0:20 - 0:22
    Sua mãe lhe explica que um porquinho
    nasceu muito pequeno
  • 0:22 - 0:24
    e provavelmente não sobreviverá.
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    O pai de Fearne pretende sacrificá-lo.
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    Fearne corre para fora.
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    "Por favor, não o mate.
    É uma injustiça!
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    Ele não escolheu nascer assim, certo?
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    Seu eu tivesse nascido muito pequena,
    você teria me matado?"
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    "Certamente não teria. Uma garotinha é bem
    diferente de um porco minúsculo."
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    "Não vejo diferença.
  • 0:44 - 0:47
    Essa é a pior injustiça
    de que já ouvi falar."
  • 0:49 - 0:52
    Talvez foram essas palavras
    da "A Teia de Charlotte"
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    que mais me impactaram
    quando eu era criança.
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    Assim como a teia de Charlotte foi tecida
    e salvou a vida de Wilbur,
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    eu comecei a pensar em como
    todos nós estamos conectados.
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    Ou talvez a culpa foi da Disney,
    em me ajudar a ver e escutar
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    o medo de Bambi após
    sua mãe ser morta por um caçador.
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    Ou as lágrimas que rolavam
    no rosto de Dumbo
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    quando sua mãe o acariciou com sua tromba
    enquanto acorrentada a um carro de circo.
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    Pode ter sido porque fui criada no Texas
    vendo as vacas nos campos
  • 1:19 - 1:23
    e imaginando: "E se algum deles não
    tivesse voltado pra casa
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    por causa do meu hambúrguer?"
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    A preocupação, o medo que outros
    poderiam experimentar.
  • 1:29 - 1:31
    Ou talvez foi por causa
    da separação dos meus pais.
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    Não posso afirmar que somente
    um motivo me levou a pensar
  • 1:34 - 1:38
    sobre as famílias de todos os seres,
    mas isso é parte de quem eu sou
  • 1:38 - 1:41
    e me ajuda a fazer escolhas na vida.
  • 1:43 - 1:46
    A ideia de perder minha mãe
    ou alguma das minhas irmãs
  • 1:46 - 1:48
    era um medo real enquanto eu crescia.
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    Quando minhas irmãs foram
    estudar fora fiquei magoada.
  • 1:50 - 1:52
    Aquela era a minha família.
  • 1:52 - 1:54
    Não queria que fossêmos afastados.
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    Seja qual for o motivo,
    eu decidi muito nova
  • 1:57 - 1:59
    que eu faria escolhas
    que minimizassem
  • 1:59 - 2:01
    o sofrimento de outros seres,
  • 2:01 - 2:04
    como não comprar botas de couro.
  • 2:04 - 2:07
    Se você se lembrar de uma coisa
    do meu discurso de hoje, que seja isso:
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    escolhas alimentares desinformadas podem
    contribuir com o sofrimento de seres.
  • 2:11 - 2:15
    Logo, suas escolhas alimentares
    podem mudar o mundo.
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    Quando eu me tornei vegetariana,
    eu era ainda jovem.
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    Minha mãe me disse que o frango que eu
    comia era... bem, uma galinha.
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    Eu lembro de que, na fila do
    refeitório da escola,
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    eu pedia para a cantineira não colocar
    carne nas minhas enchiladas de queijo.
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    Ela me perguntou se eu era vegetariana.
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    Na minha mente infantil, pensei
  • 2:36 - 2:40
    por que ela pensou que eu era tão madura
    para cuidar de animais doentes.
  • 2:41 - 2:42
    Eu respondi que não.
  • 2:43 - 2:46
    Quando adolescente, eu honrava meus
    compromissos melhor.
  • 2:46 - 2:51
    Minha mãe me fazia refeições diferentes,
    como enchiladas recheadas com milho.
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    Quando eu estava no ensino médio,
    ela aprendeu a fazer quiche.
  • 2:54 - 2:57
    E então, eu me tornei vegana.
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    Ela disse: ''Eu desisto!''
  • 2:59 - 3:02
    Eu disse que comeria sanduíche
    de manteiga de amendoim e geleia todo dia
  • 3:02 - 3:05
    para honrar o compromisso de ser vegana.
  • 3:06 - 3:09
    Com o passar do tempo, aprendi mais
    sobre a tragédia da separação
  • 3:09 - 3:12
    desses animais e os laços que existem
    quando estão juntos.
  • 3:12 - 3:15
    E eu ajusto minhas escolhas
    para não contribuir com isso.
  • 3:16 - 3:19
    Vacas, usadas na indústria laticínia,
  • 3:19 - 3:22
    são separadas de seus filhotes logo
    após o nascimento,
  • 3:22 - 3:26
    porque essas grandiosas mães
    irão lutar para estar com seus filhotes.
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    No sul da Geórgia, eu tive uma
    desolante oportunidade
  • 3:29 - 3:34
    de gravar uma vaca chorando após
    ter sido separada de seu filhote.
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    O bezerrinho mugia e ela respondia.
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    Eu tive uma reunião
    com um pequeno fazendeiro
  • 3:43 - 3:45
    de Washington que me contou um caso
  • 3:45 - 3:48
    sobre uma vaca que estava cheia dele
    pegando seus filhotinhos.
  • 3:49 - 3:51
    De acordo com ele, a vaca
    tinha dado à luz dois bezerros
  • 3:51 - 3:54
    e de repente um deles sumiu,
    então ele saiu procurando.
  • 3:55 - 3:58
    Ele acabou descobrindo
    que ela tinha escondido um deles.
  • 3:58 - 4:01
    De acordo com ele, ela estava
    tentando proteger o filhote.
  • 4:02 - 4:04
    Eu descobri que isso é normal.
  • 4:05 - 4:06
    Mas não somente com as vacas.
  • 4:06 - 4:08
    Em um ambiente natural,
    porcas prenhas
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    constroem ninhos antes de darem à luz,
    coletando ramos e galhos com a boca.
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    As galinhas usam diferentes vocalizações
  • 4:15 - 4:18
    para proteger os pintinhos de predadores.
  • 4:18 - 4:22
    Como qualquer outra mãe, elas querem
    apenas proteger seus filhotes do perigo.
  • 4:22 - 4:25
    E, assim como animais humanos,
    esses animais sentem dor.
  • 4:27 - 4:30
    Somos imparciais em relação
    aos animais em nossa sociedade,
  • 4:30 - 4:34
    bem como em relação à forma
    como nossa comida é produzida.
  • 4:35 - 4:36
    Por fim, decidi
  • 4:36 - 4:39
    focar minha energia
    em nossas escolhas alimentares
  • 4:39 - 4:41
    e em como fazer a diferença.
  • 4:41 - 4:42
    Nós comemos muitas vezes por dia,
  • 4:42 - 4:45
    e as escolhas que fazemos
    dizem muito sobre nós.
  • 4:45 - 4:50
    Acredito que nossas escolhas alimentares
    e vozes coletivas têm um impacto.
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    Ao me tornar vegana,
    eu estava fazendo minha parte
  • 4:54 - 4:57
    para não contribuir com o sofrimento
    de animais não humanos.
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    Mas e quanto a minha comida?
  • 4:58 - 5:01
    E os trabalhadores rurais?
  • 5:01 - 5:04
    Eu posso até parar de comer animais
    como uma forma de não contribuir
  • 5:04 - 5:05
    para o sofrimento deles.
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    Mas não é tão simples
    com trabalhadores rurais.
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    Todos precisam de frutas e vegetais.
  • 5:11 - 5:14
    Nos EUA, milhões de trabalhadores rurais
    colhem nossa comida.
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    Não só a comida de veganos,
    mas toda a nossa comida.
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    Estima-se que aproximadamente 400 mil
    desses trabalhadores rurais são crianças.
  • 5:25 - 5:29
    Na Califórnia, muitos trabalhadores rurais
    vivem sob condições precárias de trabalho,
  • 5:29 - 5:32
    não têm casa e vivem nas margens dos rios.
  • 5:32 - 5:35
    Eles não têm dinheiro suficiente
    para morar sob um teto,
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    e ainda assim põem comida
    em nossos pratos.
  • 5:38 - 5:42
    Trabalham sob temperaturas extremas,
    expostos a agrotóxicos,
  • 5:42 - 5:44
    muitos não podem comprar ou não têm acesso
  • 5:44 - 5:47
    aos tipos de frutas e vegetais que colhem.
  • 5:48 - 5:50
    Estima-se que, na Califórnia,
  • 5:50 - 5:55
    a expectativa de vida de um colhedor
    de morangos é de 49 anos.
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    Grupos como a "Coalização dos
    Trabalhadores de Immokalee"
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    têm dado passos importantes nessa área,
  • 6:01 - 6:05
    usando a pressão dos consumidores
    para que corporações façam mudanças,
  • 6:05 - 6:09
    como quando conseguiram que consumidores
    pagassem cinco centavos a mais por libra
  • 6:09 - 6:11
    pelos tomates que colhiam.
  • 6:11 - 6:15
    Minha organização, "Food Empowerment
    Project", tem uma unidade de atendimento
  • 6:15 - 6:19
    para ajudar com a educação dos filhos
    de trabalhadores rurais,
  • 6:19 - 6:22
    para que eles possam escolher
    uma vida mais fácil.
  • 6:23 - 6:25
    Sempre me pergunto
    o que mais posso fazer.
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    ''Quando as pessoas comem chocolate,
    estão comendo minha carne.''
  • 6:34 - 6:38
    Foi isso o que um agricultor escravo disse
    a um repórter quando foi indagado
  • 6:38 - 6:40
    sobre o que ele diria aos ocidentais
  • 6:41 - 6:43
    que comem chocolate.
  • 6:43 - 6:48
    Na África Ocidental, 1,8 milhões
    de crianças em Gana, na Costa do Marfim,
  • 6:48 - 6:51
    são vítimas das piores formas
    de trabalho infantil.
  • 6:52 - 6:54
    Hawa colhendo cacau
    para a indústria de chocolate.
  • 6:55 - 6:58
    Aqui elas são forçadas a trabalhar
    com equipamentos perigosos
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    como facões, algumas crianças
    com até 7 anos de idade.
  • 7:04 - 7:09
    Várias crianças têm sido documentadas
    com cicatrizes em seus braços e pernas.
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    Se elas não carregam esses
    sacos de cacau rápido o suficiente,
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    elas apanham.
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    Muitas crianças ficam presas
    durante a noite e, se tentam fugir,
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    elas apanham ou são mortas.
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    Nós todos temos famílias,
    de sangue ou não.
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    Então, façamos escolhas
    respeitando famílias
  • 7:30 - 7:31
    e os laços que elas compartilham.
  • 7:31 - 7:33
    Como podemos fazer isso?
  • 7:33 - 7:35
    Se você tem acesso a produtos frescos,
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    torne-se vegano.
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    Apoie os trabalhadores rurais
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    através de leis e campanhas corporativas
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    e pare de comer chocolate.
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    Tudo bem, tudo bem.
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    Você não precisa parar
    de comer chocolate.
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    Mas, por favor, somente compre
    chocolate que não venha
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    das piores formas de trabalho infantil
    na África Ocidental.
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    Use nossa lista em foodispower.org.
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    Eu faço escolhas alimentares
    com o máximo de informação possível,
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    porque eu quero diminuir
    o sofrimento de outros seres.
  • 8:06 - 8:10
    Eu queria tornar esta dor
    que eu sentia em poder.
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    Grande parte disso está
    relacionado a perdas,
  • 8:12 - 8:16
    mas o que eu ganhei foi o sentimento
    de que posso fazer a diferença.
  • 8:16 - 8:19
    Eu espero que você junte-se a mim
    e adicione a ética à sua alimentação.
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    Para mim, essas questões estão
    tão conectadas quanto a teia de Charlotte.
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    Você e suas escolhas alimentares
    podem mudar o mundo
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    e abrandar o sofrimento em todo o mundo.
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    Obrigada.
  • 8:30 - 8:32
    (Aplausos)
Title:
O poder de nossas escolhas alimentares | Lauren Ornelas | TEDxGoldenGatePark
Description:

Esta palestra foi dada num evento TEDx local, produzido independentemente das Conferências TED.

Lauren Ornelas, fundadora do Viva! USA, uma organização nacional de defesa vegana sem fins lucrativos, discute o poder de nossas escolhas alimentares. Ela encoraja escolhas alimentares éticas, que refletem uma sociedade com mais compaixão, através da exposição do abuso que animais sofrem nas fazendas agrícolas, do esgotamento de nossos recursos naturais e das condições indignas de trabalhadores rurais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
08:35

Portuguese, Brazilian subtitles

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