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Porque é que colhemos sangue de caranguejos-ferradura? — Elizabeth Cox

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    [Um planeta, uma experiência]
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    Nos meses mais quentes, especialmente
    à noite, durante a lua cheia,
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    os caranguejos-ferradura
    saem do mar para desovar.
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    À espera deles estão equipas
    de trabalhadores de laboratórios,
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    que apanham os caranguejos-ferradura
    às centenas de milhares,
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    levam-nos para os laboratórios,
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    colhem o seu sangue azul
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    e depois devolvem-nos ao mar.
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    Curiosamente, apanhamos
    os caranguejos-ferradura na praia
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    porque é o único sítio
    onde os conseguimos encontrar.
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    Um caranguejo-ferradura fêmea põe
    20 conjuntos de mais de 4000 ovos
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    na sua visita anual à praia.
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    Quando os ovos eclodem,
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    os jovens caranguejos-ferradura
    mantêm-se perto da costa,
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    mudando periodicamente de carapaça
    à medida que crescem.
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    Depois de abandonarem
    essas águas baixas,
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    não voltam senão depois de atingirem
    a maturidade sexual, 10 anos depois.
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    Apesar de todos os esforços,
    não sabemos onde passam esses anos.
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    Embora encontremos ocasionalmente
    caranguejos-ferradura
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    a 200 metros de profundidade, no oceano,
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    só vemos grandes grupos de adultos
    quando vêm à praia para desovar.
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    O sangue do caranguejo-ferradura
    contém células, chamadas amebócitos
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    que os protegem da infeção de vírus,
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    de fungos e de bactérias.
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    Os amebócitos formam mais que um gel
    em volta desses invasores
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    para impedir que eles
    espalhem infeções.
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    Isto não é invulgar.
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    Todos os animais têm sistemas
    imunitários protetores.
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    Mas os amebócitos do caranguejo-ferradura
    são extremamente sensíveis
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    às endotoxinas bacterianas.
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    As endotoxinas são moléculas
    das paredes celulares de certas bactérias,
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    incluindo o E.coli.
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    Quando as células bacterianas morrem,
    libertam-se grandes quantidades delas
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    e podem fazer-nos adoecer,
    se entrarem na corrente sanguínea.
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    Podem contaminar muitos dos medicamentos
    e instrumentos médicos em que confiamos
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    por isso, temos que os testar
    antes de tocarem no nosso sangue.
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    Temos testes, chamados "coloração de Gram"
    que detetam as bactérias,
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    mas que não reconhecem as endotoxinas
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    que podem lá existir,
    mesmo quando não há bactérias.
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    Por isso, os cientistas usam um extrato,
    chamado LAL,
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    produzido a partir do sangue
    dos caranguejos-ferradura,
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    para detetar as endotoxinas.
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    Adicionam LAL a uma amostra médica
    e, se se forma um gel,
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    é porque estão presentes
    endotoxinas bacterianas.
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    Hoje, usa-se tanto o teste LAL
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    que milhões de pessoas que nunca
    viram um caranguejo-ferradura,
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    foram protegidas pelo sangue deles.
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    Se já apanharam uma injeção,
    isso provavelmente inclui-vos nesse número.
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    Como é que os caranguejos-ferradura
    arranjaram este sangue especial?
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    Tal como outros invertebrados,
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    o caranguejo-ferradura tem
    um sistema circulatório aberto.
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    Ou seja, o sangue não está contido
    em vasos sanguíneos, como os nossos.
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    Em vez disso, o sangue
    do caranguejo-ferradura
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    circula livremente pela cavidade corporal
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    e entra em contacto direto com os tecidos.
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    Se as bactérias entram no sangue,
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    podem espalhar-se rapidamente
    por uma área enorme.
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    Juntem a esta vulnerabilidade
    a quantidade de bactérias
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    que enchem o oceano e os "habitats"
    costeiros do caranguejo-ferradura,
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    e é fácil de perceber
    porque é que eles precisam
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    duma resposta imunitária tão sensível.
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    Os caranguejos-ferradura sobreviveram
    às extinções maciças
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    que eliminaram cerca de 90% da vida
    na Terra, incluindo os dinossauros,
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    mas não são invencíveis.
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    E as maiores perturbações que enfrentaram
    em milhões de anos, são causadas por nós.
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    Os estudos mostraram que 15%
    dos caranguejos-ferradura
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    morrem no procedimento
    da colheita do sangue.
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    E recentes investigações sugerem
    que este número ainda pode ser maior.
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    Os investigadores também observaram
    que regressam menos fêmeas para desovar
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    nalgumas das áreas de colheita
    mais intensiva.
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    O nosso impacto
    nos caranguejos-ferradura
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    também se estende para além
    da indústria biomédica.
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    O desenvolvimento costeiro
    destrói os locais da desova
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    e os caranguejos-ferradura
    também são mortos para servirem de isco.
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    Há amplos indícios de que
    a sua população está a diminuir.
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    Alguns investigadores
    começaram a trabalhar
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    para sintetizar em laboratório
    o sangue dos caranguejos-ferradura.
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    Para já, não é provável
    que deixemos as viagens às praias
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    mas esperemos que uma alternativa sintética
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    elimine um dia a nossa dependência
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    do sangue destas criaturas tão antigas.
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    TED-Ed não tem fins lucrativos
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    e este vídeo não seria possível
    sem o apoio da nossa fantástica comunidade
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    em patreon.com/teded
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    Podem aprender mais aqui.
Title:
Porque é que colhemos sangue de caranguejos-ferradura? — Elizabeth Cox
Description:

Visitem a nossa página Patreon: https://www.patreon.com/teded

Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/why-do-we-harvest-horseshoe-crab-blood-elizabeth-cox

Nos meses mais quentes, especialmente à noite, durante a lua cheia, os caranguejos-ferradura saem do mar para desovar. À espera deles estão equipas de trabalhadores de laboratórios, que captam os caranguejos-ferradura às centenas de milhares, levam-nos para os laboratórios, colhem o seu sangue azul e depois devolvem-nos ao mar. Porquê? Elizabeth Cox esclarece as propriedades incríveis do sangue dos caranguejos-ferradura.

Lição de Elizabeth Cox, animação de Anton Bogaty.

Agradecemos aos nossos patronos o seu apoio! Sem vocês este vídeo não seria possível.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:46
  • Por lapso, completei a tradução, deixando o título por traduzir. O título deverá ser:

    "Porque é que colhemos o sangue dos caranguejos-ferradura? — Elizabeth Cox

Portuguese subtitles

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