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Como funcionam as redes globais de crime

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    Vivemos tempos económicos desastrosos
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    Caros TEDsters, tempos económicos
    desastrosos, de facto.
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    Portanto, gostaria de vos animar
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    com uma das grandes histórias
    de sucesso comercial,
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    embora largamente desconhecida
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    dos últimos 20 anos.
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    Comparável, de um modo muito peculiar,
  • 0:19 - 0:22
    com os feitos da Microsoft ou da Google.
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    É uma indústria que superou
    a atual recessão económica
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    com tranquilidade.
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    Refiro-me ao crime organizado.
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    "O crime organizado existe entre nós
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    "há muito tempo", oiço-vos dizer.
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    São, de facto ,palavras acertadas.
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    Mas nos últimos 20 anos
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    tem tido uma expansão sem precedentes,
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    representando atualmente cerca de 15%
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    do PIB mundial.
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    Eu gosto de lhe chamar
    a Sombra Económica Global,
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    ou McMáfia, como abreviatura.
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    O que desencadeou
    este crescimento extraordinário
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    do crime além fronteiras?
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    Obviamente, temos a globalização,
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    a tecnologia, as comunicações,
    todas essas coisas
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    que iremos abordar mais tarde.
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    Mas primeiro, eu gostaria
    de vos recordar este acontecimento.
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    O colapso do comunismo.
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    Por toda a Europa de Leste,
    um episódio importantíssimo
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    na nossa história pós-guerra.
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    E agora, é tempo para a revelação.
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    Este acontecimento significou muito
    para mim, pessoalmente.
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    Eu tinha começado a introduzir livros,
    secretamente, através da Cortina de Ferro
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    para grupos democráticos de oposição,
    na Europa de Leste,
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    tais como o Solidariedade, na Polónia,
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    quando era adolescente.
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    De seguida, comecei a escrever
    sobre a Europa de Leste
  • 1:41 - 1:45
    e acabei por me tornar no principal
    correspondente da BBC na região.
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    Era isto que andava a fazer em 1989.
  • 1:50 - 1:54
    Quando 425 milhões de pessoas
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    conquistaram finalmente o direito
    de escolher os seus governos
  • 1:58 - 2:00
    eu fiquei extasiado.
  • 2:00 - 2:03
    No entanto, eu também estava
    um pouco preocupado
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    com algumas das coisas más
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    que espreitavam atrás do muro.
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    Não demorou muito, por exemplo,
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    para o nacionalismo étnico
    levantar a sua cabeça sangrenta
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    na Jugoslávia.
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    No meio do caos,
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    no meio da euforia,
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    demorei algum tempo a compreender
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    que algumas das pessoas
    que tinham tido o poder
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    antes de 1989, na Europa de Leste,
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    continuavam a tê-lo após as revoluções.
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    Obviamente, havia figuras como esta.
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    Mas também havia
    outras figuras inesperadas
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    que desempenharam um papel crítico
    no que se passava na Europa de Leste.
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    Tais como estas personagens.
    Lembram-se destes tipos?
  • 2:46 - 2:49
    Ganhavam medalhas de ouro
    em halterofilismo e luta livre,
  • 2:49 - 2:52
    de quatro em quatro anos,
    nos Jogos Olímpicos.
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    Eram as grandes celebridades do comunismo.
  • 2:55 - 2:57
    Com um estilo de vida fabuloso.
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    Costumavam ter grandes apartamentos
    no centro da cidade.
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    Sexo casual sempre que o quisessem.
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    Podiam viajar para o Ocidente livremente,
  • 3:04 - 3:08
    o que era um grande luxo, naquele tempo.
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    Pode ser surpreendente,
    mas desempenharam um papel crucial
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    no aparecimento da economia de mercado
  • 3:14 - 3:16
    na Europa de Leste.
  • 3:16 - 3:20
    Ou, como gosto de lhes chamar,
    eles são as parteiras do capitalismo.
  • 3:20 - 3:23
    Aqui estão alguns
    desses mesmos halterofilistas,
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    após as mudanças de 1989.
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    Ora bem, na Bulgária
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    — esta foto foi tirada na Bulgária —
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    quando o comunismo se desmoronou
    por toda a Europa de Leste
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    não foi só o comunismo,
  • 3:35 - 3:38
    foi o Estado que também se desmoronou.
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    Ou seja, a polícia não estava a funcionar.
  • 3:40 - 3:43
    O sistema judicial não estava
    a funcionar corretamente.
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    Então, o que é que um homem de negócios,
  • 3:45 - 3:49
    no admirável mundo novo
    do capitalismo na Europa de Leste,
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    havia de fazer para se assegurar
    que os seus contratos seriam honrados?
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    Teve que virar-se para pessoas
    a que os sociólogos chamavam,
  • 3:57 - 3:59
    de um modo bastante prosaico,
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    "agências privadas de cumprimento da lei".
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    Nós preferimos chamar-lhes "a máfia".
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    E na Bulgária, a máfia rapidamente
    juntou 14 mil pessoas
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    que foram demitidas dos seus postos
    de trabalho nos serviços de segurança
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    entre 1989 e 1991.
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    Quando um Estado está a desmoronar-se,
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    e a economia cai a pique, rapidamente,
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    a última gente que se quer ver
    a entrar no mercado de trabalho
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    são 14 mil homens e mulheres
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    cujas principais habilitações
    são a vigilância, o contrabando,
  • 4:32 - 4:34
    a construção de redes no submundo,
  • 4:34 - 4:36
    e matar pessoas.
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    Mas foi isso que aconteceu
    por toda a Europa de Leste.
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    Quando eu estava a trabalhar nos anos 90,
  • 4:45 - 4:47
    passei grande parte do tempo
    a fazer a cobertura
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    do terrível conflito na Jugoslávia.
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    E não pude deixar de reparar
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    que as pessoas que estavam
    a perpetuar tais atrocidades
  • 4:57 - 4:59
    as organizações paramilitares,
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    eram, de facto, as mesmas pessoas
    que geriam os grupos de crime organizado.
  • 5:05 - 5:08
    E comecei a pensar que,
    por detrás da violência,
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    havia uma empresa criminosa sinistra.
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    Então, resolvi viajar por todo o mundo
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    examinando este submundo do crime global
  • 5:19 - 5:22
    conversando com policias,
    falando com vítimas,
  • 5:22 - 5:26
    falando com consumidores
    de bens e serviços ilícitos.
  • 5:26 - 5:30
    Mas sobretudo,
    falando com os próprios gangsters.
  • 5:30 - 5:33
    Os Balcãs eram um ótimo ponto de partida!
  • 5:33 - 5:34
    Porquê?
  • 5:34 - 5:38
    Porque havia a questão
    do colapso da lei e da ordem.
  • 5:38 - 5:41
    Mas também, como se diz
    no comércio de retalho,
  • 5:41 - 5:43
    é uma questão de localização,
    localização, localização
  • 5:43 - 5:46
    Reparei, no início da minha pesquisa,
  • 5:46 - 5:50
    que os Balcãs tinham-se tornado
    numa vasta zona de trânsito
  • 5:50 - 5:54
    de bens e serviços ilícitos
    vindos de todo o mundo.
  • 5:54 - 5:56
    Heroína, cocaína
  • 5:56 - 5:59
    tráfico de mulheres para prostituição
  • 5:59 - 6:01
    e minerais preciosos.
  • 6:01 - 6:03
    Para onde estavam a ir?
  • 6:03 - 6:05
    Para a União Europeia que, nessa altura,
  • 6:05 - 6:08
    estava a começar a colher
    os benefícios da globalização,
  • 6:08 - 6:13
    transformando-a no mercado consumidor
    mais rico da história,
  • 6:13 - 6:17
    constituído por uns 500 milhões de pessoas.
  • 6:18 - 6:21
    Uma minoria significativa
    desses 500 milhões de pessoas
  • 6:22 - 6:25
    gostam de gastar o seu tempo livre
    e o seu dinheiro de sobra
  • 6:25 - 6:27
    a dormir com prostitutas,
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    a acenar notas de 50 euros
    debaixo do nariz delas,
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    a empregar trabalhadores
    emigrantes ilegais.
  • 6:34 - 6:36
    O crime organizado num mundo globalizado
  • 6:36 - 6:39
    funciona do mesmo modo
    que qualquer outro negócio.
  • 6:39 - 6:42
    Tem zonas de produção,
  • 6:42 - 6:44
    como o Afeganistão e a Colômbia.
  • 6:44 - 6:46
    Tem zonas de distribuição,
  • 6:46 - 6:50
    como o México e os Balcãs.
  • 6:50 - 6:53
    E tem, obviamente, zonas de consumo,
  • 6:53 - 6:56
    como a União Europeia, o Japão
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    e claro, os EUA.
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    As zonas de produção e distribuição
  • 7:02 - 7:05
    tendem a permanecer
    em países em desenvolvimento
  • 7:05 - 7:09
    e são frequentemente ameaçados
    por uma violência terrível
  • 7:09 - 7:10
    e derramamento de sangue.
  • 7:10 - 7:13
    Vejam o exemplo do México.
  • 7:13 - 7:17
    Foram mortas seis mil pessoas
    nos últimos 18 meses
  • 7:17 - 7:21
    em consequência direta
    do comércio de cocaína.
  • 7:21 - 7:25
    E a República Democrática do Congo?
  • 7:25 - 7:30
    Desde 1998, já lá morreram
    cinco milhões de pessoas.
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    Não é um conflito
    que apareça muito nos jornais,
  • 7:33 - 7:35
    mas é o maior conflito neste planeta
  • 7:35 - 7:37
    desde a Segunda Guerra Mundial.
  • 7:37 - 7:40
    E porquê? Porque as máfias
    do mundo inteiro
  • 7:40 - 7:43
    cooperam com paramilitares locais
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    de modo a poderem deitar a mão
  • 7:46 - 7:50
    aos ricos recursos minerais da região.
  • 7:50 - 7:54
    No ano 2000, 80%
    da coulumbite-tantalita mundial
  • 7:54 - 7:57
    foi rastreada até aos campos de morte
  • 7:57 - 8:00
    no leste da República Democrática do Congo.
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    Encontramos a coulumbite-tantalita
    em praticamente todos os telemóveis,
  • 8:05 - 8:08
    em praticamente todos os PCs portáteis
    e todas as consolas de jogos.
  • 8:08 - 8:12
    Os senhores de guerra congoleses
    vendiam este material à máfia
  • 8:12 - 8:13
    em troca de armas.
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    E a máfia vendia-o depois
    nos mercados ocidentais.
  • 8:18 - 8:21
    É este desejo consumista ocidental
  • 8:22 - 8:27
    o principal motor
    do crime organizado internacional.
  • 8:28 - 8:31
    Vou mostrar-vos alguns
    dos meus amigos em ação,
  • 8:31 - 8:35
    apanhados convenientemente
    em vídeo pela polícia Italiana
  • 8:35 - 8:38
    a contrabandear
    cigarros isentos de imposto.
  • 8:38 - 8:41
    Os cigarros vindos diretamente da fábrica
    são bastante baratos.
  • 8:41 - 8:44
    A União Europeia aplica-lhes
    os impostos mais altos do mundo.
  • 8:44 - 8:48
    Portanto, se os conseguirem contrabandear
    para a União Europeia
  • 8:48 - 8:51
    podem fazer lucros bastante agradáveis.
  • 8:51 - 8:53
    Quero mostrar-vos isto para mostrar
  • 8:53 - 8:56
    o tipo de recursos
    de que estes grupos dispõem.
  • 8:56 - 9:00
    Este barco tem um valor
    de um milhão de euros, quando novo.
  • 9:00 - 9:03
    É a coisa mais rápida em águas europeias.
  • 9:03 - 9:06
    A partir de 1994, durante sete anos,
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    vinte destes barcos
    faziam a travessia do Adriático,
  • 9:11 - 9:15
    desde Montenegro a Itália,
    todas as noites.
  • 9:15 - 9:17
    Em consequência deste comércio
  • 9:17 - 9:22
    só o Reino Unido perdeu
    oito mil milhões de dólares de receita.
  • 9:22 - 9:26
    Em vez disso, esse dinheiro
    foi para apoiar as guerras na Jugoslávia
  • 9:26 - 9:29
    e para os bolsos
    de indivíduos sem escrúpulos.
  • 9:30 - 9:32
    Quando este comércio começou,
  • 9:32 - 9:36
    a polícia Italiana só tinha dois barcos
    que podiam atingir a mesma velocidade.
  • 9:36 - 9:40
    Isto é muito importante, porque
    a única forma de apanhar estes tipos
  • 9:40 - 9:41
    é fazê-los ficar sem gasolina.
  • 9:41 - 9:44
    Por vezes os gangsters levavam mulheres
  • 9:44 - 9:47
    para serem traficadas na prostituição.
  • 9:47 - 9:51
    E se a polícia interviesse,
    eles atiravam as mulheres ao mar
  • 9:51 - 9:54
    para que a polícia tivesse
    de as ir salvar do afogamento,
  • 9:54 - 9:57
    em vez de perseguir os "maus da fita".
  • 9:58 - 10:00
    Mostrei-vos isto para mostrar
  • 10:00 - 10:03
    a quantidade de barcos, de embarcações,
    que são precisas
  • 10:03 - 10:05
    para apanhar um destes tipos.
  • 10:05 - 10:08
    A resposta é seis embarcações.
  • 10:08 - 10:10
    E lembrem-se, 20 destes barcos rápidos
  • 10:10 - 10:13
    atravessavam o Adriático
    todas as noites.
  • 10:14 - 10:17
    O que é que estes tipos faziam
    a todo o dinheiro que ganhavam?
  • 10:18 - 10:21
    É aqui que entra a globalização
  • 10:21 - 10:25
    porque aquilo não era apenas
    a falta de regulação do comércio global,
  • 10:25 - 10:28
    era a liberalização dos mercados
    financeiros internacionais.
  • 10:29 - 10:33
    Céus! como isso tornou mais fácil
    a lavagem de dinheiro.
  • 10:33 - 10:36
    Os últimos 20 anos
    foram a época do champanhe
  • 10:36 - 10:38
    para o lucro ilegal.
  • 10:38 - 10:42
    Nos anos 90 vimos os centros
    financeiros em todo o mundo
  • 10:42 - 10:44
    a competir pelos seus negócios.
  • 10:44 - 10:47
    Mas não havia um mecanismo eficaz
  • 10:47 - 10:49
    para impedir a lavagem de dinheiro.
  • 10:49 - 10:53
    Muitos bancos lícitos
    também se sentiam felizes
  • 10:53 - 10:57
    em aceitar depósitos
    de fontes muito dúbias
  • 10:57 - 10:59
    sem fazerem quaisquer perguntas.
  • 10:59 - 11:04
    No coração de tudo isto, está
    a rede de bancos em paraísos fiscais.
  • 11:05 - 11:07
    Estas coisas são uma parte essencial
  • 11:07 - 11:10
    no processo de branqueamento de dinheiro.
  • 11:10 - 11:14
    Se queremos fazer alguma coisa
    quanto à evasão fiscal,
  • 11:14 - 11:17
    ao crime organizado transnacional
    e à lavagem de dinheiro,
  • 11:17 - 11:19
    temos de nos livrar deles.
  • 11:19 - 11:23
    Pelo lado positivo, temos finalmente
    alguém na Casa Branca
  • 11:23 - 11:26
    que se manifestou consistentemente
  • 11:26 - 11:29
    contra estas entidades corrosivas.
  • 11:29 - 11:31
    Se alguém está preocupado
  • 11:31 - 11:34
    com o que acredito ser a necessidade
  • 11:34 - 11:39
    de uma nova legislação,
    de uma regulação eficaz,
  • 11:39 - 11:43
    eu digo, olhemos para Bernie Madoff,
  • 11:43 - 11:46
    que irá agora passar
    o resto da vida na prisão.
  • 11:46 - 11:52
    Bernie Madoff roubou
    65 mil milhões de dólares!
  • 11:53 - 11:56
    Isso coloca-o no Olimpo dos gangsters
  • 11:56 - 11:57
    com os cartéis colombianos,
  • 11:57 - 12:00
    e os principais sindicatos russos do crime.
  • 12:00 - 12:04
    Mas ele fê-lo durante décadas,
    no seio da Wall Street!
  • 12:04 - 12:07
    E nenhum regulador o apanhou.
  • 12:07 - 12:11
    Portanto, quantos outros Madoffs
    haverá na Wall Street,
  • 12:11 - 12:13
    ou na cidade de Londres,
  • 12:13 - 12:14
    a enganar cidadãos comuns,
  • 12:14 - 12:16
    e a fazer lavagem de dinheiro?
  • 12:16 - 12:19
    Posso dizer-vos que há uns quantos.
  • 12:20 - 12:24
    Vou apresentar-vos os princípios básicos
    do crime organizado atual,
  • 12:24 - 12:25
    que são os narcóticos.
  • 12:25 - 12:29
    A nossa segunda fotografia, esta manhã,
    de uma quinta de marijuana.
  • 12:29 - 12:32
    Esta, no entanto, é no centro
    da Colúmbia Britânica,
  • 12:32 - 12:33
    onde eu a fotografei.
  • 12:33 - 12:39
    É uma das dezenas de milhares
    de negócios familiares na C.B.
  • 12:39 - 12:44
    o que assegura que
    mais de 5 % do PIB da região
  • 12:44 - 12:46
    advenha deste comércio.
  • 12:46 - 12:52
    O inspetor Brian Cantera,
    da Real Polícia Montada Canadiana
  • 12:52 - 12:55
    levou-me a um armazém
    cavernoso, a leste de Vancouver,
  • 12:55 - 12:58
    para ver alguns dos bens
    que são regularmente confiscados
  • 12:58 - 13:01
    pela Polícia Montada
  • 13:01 - 13:06
    aos traficantes, que os estão a enviar,
    para o sul dos EUA, claro,
  • 13:06 - 13:08
    onde há um mercado insaciável
  • 13:08 - 13:10
    para as Sementes B.C., como lhes chamam,
  • 13:10 - 13:13
    em parte porque são vendidas
    como sendo orgânicas,
  • 13:13 - 13:16
    o que cai muito bem na Califórnia.
  • 13:17 - 13:18
    (Risos)
  • 13:18 - 13:20
    (Aplausos)
  • 13:20 - 13:23
    Mas mesmo com a intervenção da polícia
  • 13:23 - 13:26
    na verdade, isto não causa mossa
  • 13:26 - 13:29
    nos lucros dos grandes exportadores.
  • 13:29 - 13:32
    Desde o princípio da globalização
  • 13:32 - 13:36
    o mercado mundial de narcóticos
    expandiu-se grandiosamente.
  • 13:36 - 13:39
    No entanto, não tem ocorrido
    um aumento correspondente
  • 13:39 - 13:41
    dos recursos disponíveis
  • 13:41 - 13:43
    para as forças policiais.
  • 13:44 - 13:49
    Porém, isto pode estar para mudar,
  • 13:49 - 13:51
    porque está a acontecer
    uma coisa muito estranha.
  • 13:51 - 13:53
    As Nações Unidas reconheceram
  • 13:53 - 13:56
    no início deste, aliás, no mês passado,
  • 13:56 - 14:02
    que o Canadá tornou-se uma região-chave
    para a distribuição e produção
  • 14:02 - 14:05
    de ecstasy e de outras drogas sintéticas.
  • 14:06 - 14:10
    Curiosamente, o mercado
    de heroína e cocaína está em queda,
  • 14:11 - 14:15
    porque as pastilhas reproduzem
    cada vez melhor os seus efeitos.
  • 14:16 - 14:19
    Isto é uma viragem no jogo,
  • 14:19 - 14:22
    porque muda a produção
  • 14:22 - 14:27
    dos países em desenvolvimento
    para o mundo ocidental.
  • 14:27 - 14:30
    Quando esta tendência se concretizar,
  • 14:30 - 14:34
    vai sobrecarregar a nossa capacidade
    de policiamento no Ocidente.
  • 14:35 - 14:38
    As políticas de narcóticos
    que temos há 40 anos
  • 14:38 - 14:42
    estão seriamente a necessitar
    de uma remodelação,
  • 14:42 - 14:44
    na minha opinião.
  • 14:44 - 14:46
    Agora, a recessão.
  • 14:46 - 14:50
    O crime organizado já se adaptou
    muito bem à recessão.
  • 14:50 - 14:54
    Não é surpresa, é a indústria
    mais oportunista de todo o mundo.
  • 14:55 - 14:58
    Não tem regras
    para o seu sistema regulatório.
  • 14:59 - 15:03
    Exceto, claro, dois fatores de risco:
  • 15:03 - 15:05
    prisão por ação policial
  • 15:05 - 15:07
    — que, francamente, é a menor
    das suas preocupações —
  • 15:07 - 15:10
    e a competição de outros grupos,
  • 15:10 - 15:12
    ou seja, uma bala na nuca.
  • 15:12 - 15:14
    O que fazem é mudar as suas operações.
  • 15:14 - 15:19
    As pessoas não fumam tanta droga,
    nem visitam prostitutas tão frequentemente
  • 15:19 - 15:21
    durante uma recessão.
  • 15:21 - 15:25
    Portanto, invadiram o crime financeiro
    e empresarial, em grande extensão,
  • 15:25 - 15:27
    mas sobretudo, em dois setores,
  • 15:27 - 15:30
    ou seja, a falsificação de mercadorias
  • 15:30 - 15:31
    e o crime cibernético.
  • 15:31 - 15:34
    Tem sido um sucesso tremendo.
  • 15:34 - 15:36
    Gostava de vos apresentar o Sr. Pringle,
  • 15:36 - 15:40
    ou talvez eu deva dizer,
    mais precisamente, o Señor Pringle.
  • 15:41 - 15:45
    Fui apresentado a este pequeno kit
    por um cibercriminoso brasileiro.
  • 15:45 - 15:48
    Sentámo-nos juntos num carro
    na Avenida Paulista, em São Paulo.
  • 15:48 - 15:50
    Ligámos isto ao meu portátil,
  • 15:50 - 15:54
    e em cinco minutos tínhamos penetrado
  • 15:54 - 15:55
    no sistema de segurança do computador
  • 15:55 - 15:58
    de um grande banco brasileiro.
  • 15:58 - 16:00
    Não é nada difícil.
  • 16:01 - 16:03
    É, de facto, muito mais fácil
  • 16:03 - 16:06
    porque uma coisa fascinante
    no crime cibernético
  • 16:06 - 16:09
    é que não tem muita tecnologia.
  • 16:09 - 16:14
    O sucesso do cibercrime
    é o que chamamos "engenharia social".
  • 16:13 - 16:15
    usando o termo técnico para isso,
  • 16:16 - 16:18
    Nasce um em cada minuto.
  • 16:18 - 16:21
    Não iam acreditar como é fácil
  • 16:21 - 16:24
    convencer as pessoas a fazer coisas
    com os seus computadores
  • 16:24 - 16:27
    que, objetivamente,
    não são do seu interesse.
  • 16:27 - 16:29
    E foi bastante cedo
  • 16:29 - 16:33
    que os cibercriminosos aprenderam
    que o modo mais rápido de fazer isto,
  • 16:33 - 16:36
    ou seja, o caminho mais rápido
    para a carteira de uma pessoa
  • 16:36 - 16:39
    é através da promessa de sexo e amor.
  • 16:39 - 16:42
    Espero que alguns de vocês
    se lembrem do vírus ILoveYou,
  • 16:42 - 16:45
    um dos grande vírus mundiais.
  • 16:45 - 16:49
    Eu tive muita sorte
    quando o vírus ILOVEYOU saiu
  • 16:49 - 16:52
    porque a primeira pessoa de quem o recebi
  • 16:52 - 16:54
    foi de uma ex-namorada minha.
  • 16:54 - 16:58
    Na altura, ela tinha todo o tipo
    de sentimentos e emoções por mim
  • 16:58 - 17:01
    mas o amor não estava entre elas.
  • 17:01 - 17:02
    (Risos)
  • 17:02 - 17:06
    E assim que o vi na minha caixa de entrada
  • 17:06 - 17:10
    despachei-o rapidamente para a reciclagem,
  • 17:10 - 17:14
    e poupei-me de uma infeção tramada.
  • 17:14 - 17:18
    Portanto, tenham cuidado
    com os crimes cibernéticos.
  • 17:18 - 17:23
    Sabemos que a Internet
    está a auxiliar estes tipos.
  • 17:23 - 17:27
    Estes são os mosquitos que transportam
    o parasita da malária
  • 17:27 - 17:30
    que infetam o nosso sangue
    em troca duma refeição grátis
  • 17:30 - 17:32
    à nossa custa.
  • 17:34 - 17:36
    O Artesunato é um fármaco muito eficaz
  • 17:36 - 17:40
    a destruir o parasita
    nos primeiros dias de infeção.
  • 17:40 - 17:42
    Mas, no ano passado,
  • 17:42 - 17:45
    investigadores no Camboja descobriram
  • 17:46 - 17:51
    que o parasita da malária
    está a desenvolver resistências.
  • 17:51 - 17:54
    E receiam que a razão para tal
  • 17:54 - 17:58
    é porque os cambojanos não podem comprar
    os fármacos no mercado comercial
  • 17:58 - 18:01
    e por isso compram-nos na Internet.
  • 18:01 - 18:05
    Estes comprimidos só contêm
    pequenas doses do princípio ativo.
  • 18:05 - 18:12
    É por isso que os parasitas estão a começar
    a desenvolver a resistência.
  • 18:12 - 18:15
    Estou a dizer isto
    porque temos de saber
  • 18:15 - 18:20
    que o crime organizado afeta
    todo o tipo de áreas da nossa vida.
  • 18:20 - 18:25
    Não temos de dormir com prostitutas
    ou tomar drogas
  • 18:25 - 18:28
    para termos relações
    com o crime organizado.
  • 18:28 - 18:30
    Eles afetam a nossa conta bancária,
  • 18:30 - 18:32
    afetam as nossas comunicações,
    as nossas pensões.
  • 18:32 - 18:35
    Até afetamos alimentos que comemos
  • 18:35 - 18:38
    e os nossos governos.
  • 18:38 - 18:43
    Isto já não é um problema
    de sicilianos de Palermo e Nova Iorque.
  • 18:44 - 18:45
    Não há romance envolvido
  • 18:45 - 18:48
    no que toca a gangsters do século XXI.
  • 18:49 - 18:52
    Esta é uma indústria poderosa
  • 18:52 - 18:56
    que cria instabilidade e violência
    aonde quer que vá.
  • 18:56 - 18:59
    É uma grande força económica
  • 18:59 - 19:02
    que temos de levar muito a sério.
  • 19:02 - 19:04
    Foi um privilégio falar convosco.
  • 19:04 - 19:06
    Muito obrigado.
  • 19:06 - 19:09
    (Aplausos)
Title:
Como funcionam as redes globais de crime
Speaker:
Misha Glenny
Description:

O jornalista Misha Glenny passou vários anos numa corajosa investigação de redes de crime organizado por todo o mundo, que já representam 15% da economia global. Da máfia russa aos gigantescos cartéis de droga, as suas fontes incluem não só serviços de informações e funcionários da lei, mas também contactos internos no mundo do crime.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:12

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