O futuro dos alimentos: a agricultura na era da mudança climática

À medida que a mudança climática piora e a população global aumenta, há o risco de haver uma escassez de alimentos em todo o mundo. A agricultura orgânica e a hidroponia são a chave para o futuro da agricultura?

INSCREVA-SE: https://goo.gl/kdDpXu

Padrões climáticos imprevisíveis estão forçando agricultores a adotar novos métodos para manter seu negócio viável enquanto produzem alimentos o mais eficiente possível.
Uma pequena fazenda da Dakota do Sul voltou-se para a agricultura orgânica e investiu em seu solo, enquanto outras deixam de lado a mudança climática e investem em hidroponia, cultivando vegetais em grandes armazéns.

Neste episódio do What Happens Next, exploramos o futuro dos alimentos através da agricultura.

SIGA O QUARTZ:
Facebook: https://goo.gl/DsmLvx
Twitter: https://goo.gl/rY7pSX

Confira nossos outros vídeos: https://goo.gl/A8gZvx

O Quartz é um meio de comunicação digital dedicado a contar histórias, juntando o que é importante com o que é interessante. Visite-nos em: https://qz.com/ para ler mais a nosso respeito.

(Will Ortman) Eu meio que aceitei
meu destino de ser

o cara que alertou
sobre isso antes dos outros.

[O futuro dos alimentos]

(mulher) Uma fatia
de cheesecake nova-iorquino.

(narrador) Por que em tantos filmes
de ficção científica...

(homem) Café da manhã dos campeões.

(narrador) ...a comida do futuro
sai de um dispositivo?

(mulher) Nível quatro
de hidratação, por favor.

(narrador) Mas se você quer mesmo
entender o futuro da comida,

provavelmente deveria
prestar menos atenção nos dispositivos.

Quem trabalha com agricultura diz

que seu maior desafio
é como cultivar os alimentos.

(WO) Estamos em uma espécie
de retorno a uma era diferente.

(narrador) Esta fazenda da Dakota do Sul
parece antiquada,

mas a família Ortman a projetou

de acordo com sua visão sobre o futuro.

(Sherilin Ortman) Antes abraçar
a mudança do seu jeito,

do que esperar ela te abraçar à força.

(narrador) Muitos anos atrás, os Ortman
recomeçaram sua operação do zero,

após perceberem
que mal conseguiam pagar as contas

ao focar na agricultura convencional,
principalmente em milho.

(WO) Minha conclusão,
após fazer os cálculos,

foi que agricultura orgânica
seria melhor, economicamente,

porque orgânicos têm um preço mais alto.

Não foi baseado em algum sonho,
desejo ou filosofia.

Realmente começou pela economia.

(narrador) Ir da agricultura convencional
para a orgânica foi uma grande mudança.

Em vez de arar e pulverizar
para matar ervas daninhas,

os Ortman andam bastante pelos campos

para arrancá-las com cuidado.

Em vez de usar fertilizantes químicos,

passam meses preparando
uma ferramenta antiga da agricultura.

(WO) Nossa operação
é feita com compostagem.

Ou seja, estrume.

(narrador) Para esses agricultores,
o esforço vale a pena.

Porque, para eles, o futuro dos alimentos

tem muito a ver com o futuro da terra.

(WO) Se reduzirmos a agricultura
à sua forma mais básica,

tudo que comemos se origina do solo.

E o solo é um organismo vivo.

(David Montgomery) Nossa tendência
é subestimar o solo.

E ele é a fonte da maioria dos alimentos.

(narrador) Na história, há sociedades
que falharam em cuidar do solo.

(DM) A história da civilização ocidental
é, em muitos aspectos,

a história de pessoas que migravam
após degradar a terra.

Períodos de seca, eventos políticos
ou guerra com vizinhos

são exemplos de eventos
que irão derrubar civilizações.

Porém o que define isso

é o estado do solo.

(narrador) Uma razão
pela qual isso é importante?

Mudanças climáticas.

(Lisa Palmer) Os agricultores
sentem o impacto no campo

muitos antes de sentirmos
o impacto no supermercado.

(WO) As tendências apontam para extremos.

A chuva não vem mais
aos poucos durante o ano.

Ela vem em menos vezes, porém mais forte,

e o solo não consegue absorver tudo.

(narrador) Will percebeu
que solo pouco cultivado,

enriquecido com material orgânico,

como composto,

tende a absorver mais chuva

e permanecer úmido durante a seca.

Outros agricultores encontraram
soluções mais radicais.

Esta fazenda vertical em Nova Jersey

eliminou totalmente o solo

e recriou o clima do zero.

(Marc Oshima) Cultivamos
em armazéns sem sol ou solo.

Independente da estação ou do clima.

E assim retomamos o que tem se tornado
cada vez mais desafiador

devido à mudança climática.

(narrador) Outra vulnerabilidade pode ser
a agricultura convencional

praticada nos Estados Unidos.

Ela tende a favorecer grandes operações

especializadas em apenas
alguns vegetais ou animais.

(Dan Glickman) Essa monocultura agrícola,
que geralmente temos,

é bem vulnerável

a pequenas ou grandes
mudanças climáticas e pestes.

Se houvesse uma praga destruindo
plantações de trigo no mundo todo,

provavelmente seria devastadora,

com impactos globais catastróficos
por toda parte.

Não digo que acontecerá amanhã.

Apenas digo que um bom agricultor

deve saber gerir bem os riscos.

(narrador) Os Ortman
gerem seus riscos diversificando.

Eles cultivam uma variedade de vegetais,

como milho, centeio,
feijão preto, soja e morango.

E também criam gado,

e galinhas, que põem ovos.

(WO) É como uma carteira de investimentos.

Poucas pessoas investem tudo
em ações de uma única empresa.

(narrador) Fazendas orgânicas pequenas
podem ser parte da solução

dos problemas que o futuro reserva.

Mas em um mundo cuja população

está chegando a 9 bilhões de pessoas,

esta provavelmente não é a única solução.

Isso porque a raça humana

vai consumir, nos próximos 50 anos,

mais do que consumiu
nos últimos 10.000 anos.

(DG) É um problema complicado.

Mas é um problema
com que os humanos podem lidar.

Precisaremos de tudo,
desde a agricultura tradicional

até a exótica.

Desde a agricultura industrial

até a em escala local.

E temos que lembrar que acima de tudo

está o consumidor.

E o consumidor é a realeza.

Eles vão decidir, no fim das contas,

o que vão comer

e, portanto, qual será o futuro
da agricultura.

(narrador) Alimentar o futuro exigirá
que cultivemos muito mais comida.

Mas provavelmente nos exigirá
desperdiçar muito menos.

(DG) Nós jogamos fora cerca de 35%
da comida que produzimos.

Tanto aqui, nos Estados Unidos,
como no resto do mundo.

E isso é fácil de resolver.

É quase o suficiente,

se soubermos lidar com este problema,

para alimentar as pessoas
nas próximas décadas.

(SH) Neste pequeno canto do mundo,

estamos fazendo o possível
para enriquecer nosso solo,

para diversificar.

Espero que as pessoas vejam

que a terra está respondendo
ao que estamos fazendo.

Espero que possam ver
que não estamos passando fome,

que estamos bem financeiramente.

Bata na madeira.

(narrador) Os Ortman acreditam
que sua operação contém

lições acessíveis
para aprimorar a resiliência

nos países em desenvolvimento,

onde as fazendas são pequenas

e a população é grande.

(WO) Não será um dispositivo

que fará isso.

Há uma troca constante de ideias

e de experiências.

Não quero que meus filhos digam

que "havia todos esses alertas
quando eu era criança,

meu pai só fingia que não estava vendo,

e agora olhe com o que temos que lidar".

(SO) É a arca que estamos
construindo antes da chuva.

Legendas: Cintia Borini
Revisão: Cláudia Sander