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Um censo do oceano

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    Os oceanos cobrem
    cerca de 70% do nosso planeta.
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    Eu penso que Arthur C. Clarke
    provavelmente tinha razão
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    quando disse que
    devíamos chamar ao nosso planeta
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    o Planeta Oceano.
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    Os oceanos são imensamente produtivos
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    — como podem ver
    pelas imagens de satélite —
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    da fotossíntese, a produção de nova vida.
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    Os oceanos produzem metade
    da nova vida na Terra, dia após dia,
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    assim como cerca de metade
    do oxigénio que respiramos.
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    Além disso, abriga uma grande
    quantidade da biodiversidade na Terra,
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    de que só conhecemos uma parte.
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    Hoje, eu vou revelar-vos uma parte.
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    Isto sem contar com toda a proteína
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    que extraímos dos oceanos
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    São cerca de 10% das nossas
    necessidades globais
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    e 100% nalgumas nações insulares.
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    Se nós formos descendo
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    nos 95% da biosfera que é habitável,
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    tudo se tornaria rapidamente
    escuro como breu,
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    interrompido apenas por pontos luminosos
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    de organismos bioluminescentes.
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    E se acendêssemos as luzes,
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    poderíamos ver espectaculares
    organismos a nadar,
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    porque esses são
    os habitantes das profundezas,
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    os seres que vivem no oceano profundo.
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    E por fim, observaríamos
    o chão oceânico lá no fundo.
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    Este tipo de "habitat" cobre
    mais da superfície da Terra
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    que todos os outros
    "habitats" combinados.
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    Mas sabemos mais sobre
    a superfície da Lua e de Marte
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    do que sabemos sobre este "habitat",
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    apesar do facto de termos
    ainda de extrair desses corpos
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    um grama de alimento,
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    uma inalação de oxigénio
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    ou uma gota de água.
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    Assim, há 10 anos,
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    iniciou-se um programa internacional
    chamado Censo da Vida Marinha,
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    com o objectivo de melhorar
    a nossa compreensão
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    da vida nos oceanos globais.
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    Isto envolveu 17 diferentes projectos
    em várias partes do mundo.
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    Estas são as pegadas
    dos diferentes projectos.
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    Espero que apreciem
    o nível de cobertura global
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    que conseguiu alcançar.
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    Tudo começou quando dois cientistas,
    Fred Grassle e Jesse Ausubel,
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    se encontraram em Woods Hole,
    Massachusetts
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    onde ambos eram convidados
    do famoso instituto oceanográfico.
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    Fred lamentava-se
    do estado da biodiversidade marinha,
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    da sua deterioração e de
    nada estar a ser feito para a proteger.
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    Dessa discussão nasceu este programa
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    que envolveu 2700 cientistas
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    de mais de 80 países diferentes
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    que se ocuparam
    de 540 expedições oceânicas
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    com um custo combinado
    de 650 milhões de dólares
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    para estudar a distribuição, diversidade
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    e abundância da vida nos oceanos.
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    Que descobrimos então?
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    Encontrámos espectaculares novas espécies,
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    as coisas mais belas e
    visualmente deslumbrantes,
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    desde a linha de costa até ao abismo,
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    desde os micróbios aos peixes
    e tudo o que se encontra pelo meio.
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    A limitação aqui não foi
    a diversidade de vida por descobrir,
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    mas foram os especialistas em taxonomia
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    que podem identificar
    e catalogar estas espécies.
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    Isso tornou-se a limitação.
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    Eles também são uma espécie ameaçada.
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    Existem actualmente
    entre 4 e 5 novas espécies
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    descritas todos os dias para os oceanos.
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    Como digo, poderiam ser
    em número muito maior.
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    Eu venho da Terra Nova, no Canadá.
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    É uma ilha na costa leste
    desse continente,
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    onde vivemos um dos piores
    desastres piscatórios
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    da história da Humanidade.
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    Esta fotografia mostra
    um rapaz ao pé de um bacalhau.
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    Foi tirada por volta de 1900.
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    Quando eu era um rapaz desta idade,
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    ia pescar com o meu avô
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    e apanhávamos peixes
    com metade deste tamanho.
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    Eu pensava que era o normal
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    porque nunca tinha visto
    um peixe tão grande.
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    Se fôssemos lá hoje, 20 anos
    depois de a pesca ter acabado,
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    se conseguíssemos apanhar um peixe,
    o que seria um desafio,
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    ele teria ainda metade do tamanho do meu.
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    Estamos a assistir a uma mudança
    de linhas de base.
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    A expectativa do que
    os oceanos podem produzir
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    é algo que não apreciamos realmente
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    porque não o vimos durante a nossa vida.
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    Agora, a maior parte de nós,
    incluindo eu,
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    pensa que a exploração humana dos oceanos
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    só se tornou realmente grave
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    nos últimos 50, digamos, talvez 100 anos.
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    O censo tentou recuar no tempo,
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    recorrendo a todas as fontes
    de informação que conseguiu,
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    tudo desde ementas de restaurantes
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    até registos de mosteiros e de navios,
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    para ver como foram os oceanos.
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    Porque os dados científicos,
    em grande parte,
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    remontam à Segunda Guerra Mundial.
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    O que eles encontraram de facto
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    foi que a exploração intensa
    começou com os romanos.
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    Nessa altura, não havia refrigeração
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    e os pescadores só podiam pescar
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    o que conseguiam comer
    ou vender no próprio dia.
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    Mas os romanos desenvolveram a salga.
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    Com a salga, tornou-se possível
    armazenar peixe
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    e transportá-lo por longas distâncias.
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    Assim começou a pesca industrial.
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    É este o tipo de extrapolações que temos
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    do tipo de perdas que sofremos
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    relativamente aos oceanos
    antes da intensa exploração.
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    Elas variam entre 65 e 98%
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    para estes grandes grupos de organismos
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    como se mostra nas barras azuis escuras.
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    Para as espécies que conseguimos
    deixar em paz, que protegemos,
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    mamíferos e aves marinhas
    nos anos recentes,
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    existe alguma recuperação.
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    Portanto, existe esperança.
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    Mas, para a maior parte,
    fomos da salga à exaustão.
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    Esta linha de indícios
    é muito interessante.
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    É de peixes troféu apanhados
    ao largo da costa da Florida.
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    Esta fotografia é dos anos 50.
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    Reparem na escala no diapositivo
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    porque, quando vemos
    a mesma fotografia nos anos 80,
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    vemos que os peixes
    são muito mais pequenos
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    e também vemos uma diferença
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    na composição desses peixes.
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    Em 2007 a pescaria deu para rir
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    com o tamanho de um peixe troféu.
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    Mas não é assunto para rir.
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    Os oceanos perderam
    muita da sua produtividade
  • 4:55 - 4:57
    e nós somos responsáveis por isso.
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    Então, que existe ainda? Bastante.
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    Há muitas coisas excitantes,
    e vou falar-vos delas.
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    Vou começar com um pouco de tecnologia
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    porque esta é uma Conferência TED
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    e vocês querem ouvir falar de tecnologia.
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    Uma ferramenta para recolher
    amostras do fundo oceânico
  • 5:11 - 5:13
    é um veículo operado remotamente.
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    Estes são veículos atrelados
    que baixamos até ao fundo oceânico
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    que passam a ser os nossos olhos e mãos
    a trabalhar no fundo do mar.
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    Há uns anos, eu devia ir
    num cruzeiro oceanográfico
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    mas não pude ir por causa
    de um conflito de calendário.
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    Através de uma ligação por satélite,
    fiquei no meu escritório em casa,
  • 5:27 - 5:30
    com o meu cão aos meus pés,
    uma chávena de chá na mão
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    e podia dizer ao piloto:
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    "Quero aquela amostra ali".
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    Era exactamente o que o piloto fazia.
  • 5:35 - 5:37
    Este é o tipo de tecnologia
    que está disponível hoje
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    e que não estava disponível
    na década passada.
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    Permite-nos recolher
    amostras de espantosos "habitats"
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    que estão muito distantes da superfície
    e muito longe da luz.
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    Uma ferramenta que podemos
    utilizar para reconhecer o oceano
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    é a acústica, ou ondas de som.
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    A vantagem das ondas de som
  • 5:52 - 5:55
    é que elas passam bem pela água,
    ao contrário da luz.
  • 5:55 - 5:56
    Assim podemos enviar ondas sonoras,
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    elas batem em objectos como peixes,
    e são reflectidas.
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    Neste exemplo, um cientista
    do censo levou dois barcos.
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    Um enviava ondas sonoras
    que eram reflectidas.
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    e recebidas por um segundo navio
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    que nos daria uma estimativa
    muito precisa,
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    neste caso, de 250 mil milhões de arenques
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    num período de cerca de um minuto,
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    isto numa área com cerca
    do tamanho da ilha de Manhattan.
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    Para poder fazer isto
    é uma ferramenta tremenda,
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    porque saber quantos peixes
    há ali é realmente critico.
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    Podemos usar etiquetas e satélites
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    para seguir animais enquanto
    eles se movem pelos oceanos.
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    Para animais que vêm à superfície respirar,
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    como este elefante-marinho,
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    é uma oportunidade
    para enviar dados para a costa
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    e dizer-nos exactamente
    onde está no oceano.
  • 6:34 - 6:36
    A partir daí podemos produzir estes rastos.
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    Por exemplo, o azul escuro
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    mostra onde o elefante-marinho
    se moveu no norte do Pacífico.
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    Para os que são daltónicos,
    este diapositivo não ajuda muito
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    mas mantenham-se comigo.
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    Para animais que não vêm à superfície,
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    temos etiquetas que se soltam,
  • 6:50 - 6:53
    que recolhem dados sobre
    a luz e o tempo do ciclo solar
  • 6:53 - 6:54
    e depois, a certo ponto,
  • 6:54 - 6:57
    soltam-se para a superfície
    e enviam os dados para a costa.
  • 6:57 - 7:01
    O GPS não funciona debaixo de água.
    Portanto, precisamos destas ferramentas.
  • 7:01 - 7:04
    A partir disso, conseguimos identificar
    estas auto-estradas azuis,
  • 7:04 - 7:06
    estes pontos quentes no oceano
  • 7:06 - 7:07
    que deveriam ser áreas prioritárias
  • 7:07 - 7:09
    para a conservação dos oceanos.
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    Outra coisa em que podem pensar,
  • 7:12 - 7:15
    é que, quando vão ao supermercado
    e compram coisas, elas são lidas.
  • 7:15 - 7:17
    Existe um código de barras no produto
  • 7:17 - 7:19
    que diz ao computador que produto é aquele.
  • 7:19 - 7:23
    Geneticistas criaram uma ferramenta
    parecida, o código de barras genético.
  • 7:23 - 7:24
    Esse código de barras
  • 7:24 - 7:27
    utiliza um gene específico chamado CO1
  • 7:27 - 7:30
    que é consistente numa espécie,
    mas varia entre elas.
  • 7:30 - 7:32
    Assim, podemos inequivocamente identificar
  • 7:32 - 7:33
    quais são as espécies
  • 7:33 - 7:35
    mesmo que pareçam semelhantes entre elas,
  • 7:35 - 7:38
    mas biologicamente são muito diferentes.
  • 7:38 - 7:40
    Um dos exemplos que mais gosto de citar
  • 7:40 - 7:43
    é a história de duas raparigas,
    estudantes em Nova Iorque,
  • 7:43 - 7:44
    que trabalharam para o censo.
  • 7:44 - 7:48
    Recolheram peixe dos mercados
    e restaurantes de Nova Iorque
  • 7:48 - 7:50
    e leram os códigos de barras.
  • 7:50 - 7:52
    Descobriram peixe mal identificado.
  • 7:52 - 7:53
    Por exemplo,
  • 7:53 - 7:56
    encontraram peixe vendido como atum,
    que era bastante valioso,
  • 7:56 - 7:59
    mas que era tilápia, um peixe
    muito menos valioso.
  • 7:59 - 8:01
    Também encontraram espécies ameaçadas
  • 8:01 - 8:02
    vendidas como peixe comum.
  • 8:02 - 8:05
    O código de barras permite-nos
    saber com que trabalhamos
  • 8:05 - 8:07
    e também o que comemos.
  • 8:08 - 8:10
    O Sistema de Informação
    Oceano Biogeográfico
  • 8:10 - 8:12
    é a base de dados para
    todos os dados do censo.
  • 8:12 - 8:15
    É de acesso livre. Todos podem
    descarregar os dados que quiserem.
  • 8:15 - 8:17
    Contém todos os dados presentes no censo,
  • 8:17 - 8:19
    e dados enviados
    por quem quiser contribuir.
  • 8:19 - 8:21
    O que podemos fazer com esses dados
  • 8:21 - 8:24
    é assinalar a distribuição das espécies
    e onde elas se encontram no oceano
  • 8:24 - 8:27
    O que eu assinalei aqui corresponde
    aos dados disponíveis.
  • 8:27 - 8:30
    Isto é onde as nossas amostragens
    estavam concentradas
  • 8:30 - 8:31
    Podemos ver
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    que recolhemos amostras
    no Atlântico Norte,
  • 8:33 - 8:35
    no Mar do Norte em particular,
  • 8:35 - 8:38
    e também na Costa Leste
    da América do Norte.
  • 8:38 - 8:41
    As cores quentes indicam uma região
    com muitas amostras.
  • 8:41 - 8:42
    As cores frias, o azul e o preto,
  • 8:42 - 8:44
    mostram áreas em que
    quase não temos dados.
  • 8:44 - 8:46
    Mesmo depois de 10 anos de censo
  • 8:46 - 8:49
    temos enormes áreas
    que se mantêm inexploradas.
  • 8:50 - 8:53
    Há um grupo de cientistas no Texas,
    a trabalhar no Golfo do México,
  • 8:53 - 8:55
    que decidiram, por amor à ciência,
  • 8:55 - 8:57
    juntar todo o conhecimento
    que conseguissem
  • 8:57 - 8:59
    sobre biodiversidade no Golfo do México.
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    Assim, juntaram numa lista de espécies
  • 9:02 - 9:04
    onde sabiam que elas existiam.
  • 9:04 - 9:07
    Parece um tipo de exercício
    científico difícil de compreender.
  • 9:07 - 9:10
    Mas depois, houve o derramamento
    de petróleo da plataforma Deep Horizon.
  • 9:10 - 9:12
    De repente, este trabalho realizado
  • 9:12 - 9:14
    sem motivos económicos, obviamente,
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    tornou-se numa informação fundamental
  • 9:16 - 9:20
    para saber como o sistema vai recuperar,
    quanto tempo vai demorar
  • 9:20 - 9:21
    e como as acções judiciais
  • 9:21 - 9:25
    e as discussões multi-milionárias
    que vão ocorrer nos próximos anos
  • 9:25 - 9:27
    irão ser resolvidas.
  • 9:28 - 9:29
    O que descobrimos então?
  • 9:29 - 9:32
    Ficaria aqui durante horas, mas não posso.
  • 9:32 - 9:35
    Vou só contar-vos as minhas
    descobertas favoritas no censos.
  • 9:36 - 9:39
    Descobrimos onde se encontram
    os focos de biodiversidade,
  • 9:39 - 9:41
    onde encontramos
    o maior número de espécies marinhas.
  • 9:41 - 9:44
    O que encontramos se juntarmos
    as espécies mais conhecidas
  • 9:44 - 9:45
    é este tipo de distribuição.
  • 9:45 - 9:48
    Vemos aqui que,
    para as etiquetas perto da costa,
  • 9:48 - 9:50
    para os organismos
    que vivem perto da costa,
  • 9:50 - 9:52
    existe mais diversidade nos trópicos.
  • 9:52 - 9:53
    Isso já sabíamos há algum tempo,
  • 9:53 - 9:55
    portanto, não é uma grande descoberta.
  • 9:55 - 9:57
    O que é muito excitante é que
  • 9:57 - 9:59
    as etiquetas oceânicas, de organismos
    que vivem longe da costa,
  • 9:59 - 10:02
    mostram que há maior diversidade
    em latitudes intermédias.
  • 10:02 - 10:04
    Estes são o tipo de dados,
    que poderemos utilizar
  • 10:04 - 10:08
    para definir prioridades nas áreas
    do oceano que devem ser protegidas.
  • 10:08 - 10:11
    Pode ser feito numa escala global,
    mas também numa escala regional.
  • 10:11 - 10:14
    É por isso que dados relativos
    à biodiversidade são tão valiosos.
  • 10:14 - 10:17
    Embora muitas das espécies
    que descobrimos no censo
  • 10:17 - 10:19
    sejam muito pequenas e difíceis de ver
  • 10:19 - 10:21
    nem sempre foi esse o caso.
  • 10:21 - 10:22
    Por exemplo, é difícil acreditar
  • 10:22 - 10:25
    que uma lagosta de 3 Kg
    pudesse iludir os cientistas,
  • 10:25 - 10:26
    até há poucos anos,
  • 10:26 - 10:30
    quando um pescador da África do Sul
    pediu uma licença de exportação
  • 10:30 - 10:32
    e os cientistas perceberam
    que isto era novo para a ciência.
  • 10:32 - 10:35
    Da mesma forma esta alga Laminariales
  • 10:35 - 10:37
    recolhida no Alasca
    em águas pouco profundas,
  • 10:37 - 10:39
    é provavelmente uma nova espécie.
  • 10:39 - 10:40
    Apesar de ter 3 metros de comprimento,
  • 10:40 - 10:42
    mais uma vez, iludiu a ciência.
  • 10:42 - 10:45
    Esta lula, da família Magnapinnidae,
    tem 7 metros de comprimento.
  • 10:45 - 10:48
    Vive nas águas profundas
    da crista oceânica do Atlântico,
  • 10:48 - 10:51
    portanto, não foi nada fácil de encontrar.
  • 10:51 - 10:54
    Mas existe ainda potencial
    para grandes descobertas.
  • 10:54 - 10:57
    Este camarão, que apelidámos
    de camarão do Jurássico,
  • 10:57 - 10:59
    pensava-se estar extinto desde há 50 anos,
  • 10:59 - 11:01
    até que o censo o voltou a descobrir.
  • 11:01 - 11:04
    Vivia, e bem, ao largo
    da costa da Austrália.
  • 11:04 - 11:06
    Isto mostra-nos que o oceano,
    devido à sua vastidão,
  • 11:06 - 11:09
    pode esconder segredos
    durante muito tempo.
  • 11:09 - 11:11
    Morre de inveja, Steven Spielberg.
  • 11:12 - 11:15
    Se olharmos para as distribuições,
    elas mudam drasticamente.
  • 11:15 - 11:17
    Um dos registos que temos
  • 11:17 - 11:21
    é desta pardela, que parte
    em espectaculares migrações
  • 11:21 - 11:22
    começando na Nova Zelândia,
  • 11:22 - 11:25
    voando até ao Alasca e depois
    voltando à Nova Zelândia,
  • 11:25 - 11:26
    em busca de um Verão interminável
  • 11:26 - 11:28
    enquanto completa o seu ciclo de vida.
  • 11:28 - 11:31
    Falámos também do
    Café dos Tubarões Brancos.
  • 11:31 - 11:33
    Este é um local no Pacífico
    onde o tubarão branco se reúne.
  • 11:33 - 11:35
    Não sabemos ainda porque se reúnem aqui,
  • 11:35 - 11:37
    essa é uma questão para o futuro.
  • 11:38 - 11:40
    Uma das coisas
    que aprendi no secundário
  • 11:40 - 11:43
    foi que todos os animais
    precisam de oxigénio para sobreviver.
  • 11:43 - 11:46
    Este pequeno organismo,
    só com meio mm de tamanho,
  • 11:46 - 11:47
    não é terrivelmente carismático,
  • 11:47 - 11:50
    foi apenas descoberto
    no início dos anos 80.
  • 11:50 - 11:52
    Mas o que é muito interessante
  • 11:52 - 11:54
    é que, há uns anos,
    os cientistas do censo
  • 11:54 - 11:57
    descobriram que ele consegue viver
    em sedimentos pobres em oxigénio
  • 11:57 - 11:59
    no fundo do Mar Mediterrâneo.
  • 11:59 - 12:00
    Agora, ficaram a saber
  • 12:00 - 12:02
    que alguns animais
    podem viver sem oxigénio
  • 12:02 - 12:05
    e que se podem adaptar
    até a condições mais extremas.
  • 12:06 - 12:08
    Se drenássemos toda a água dos oceanos,
  • 12:08 - 12:10
    isto seria o que restaria.
  • 12:10 - 12:13
    Isto é a biomassa da vida no fundo do mar.
  • 12:13 - 12:15
    O que vemos aqui é uma enorme
    biomassa perto dos pólos
  • 12:15 - 12:18
    e menos biomassa no meio.
  • 12:19 - 12:21
    Encontrámos vida nos extremos.
  • 12:21 - 12:23
    Encontrámos assim novas espécies
  • 12:23 - 12:24
    que vivem dentro do gelo
  • 12:24 - 12:26
    e ajudam a suportar
    uma cadeia alimentar baseada no gelo.
  • 12:26 - 12:29
    Também encontrámos este caranguejo ieti
  • 12:29 - 12:32
    que vive perto de quentes fontes
    hidrotermais na Ilha da Páscoa.
  • 12:32 - 12:34
    Esta espécie em particular
  • 12:34 - 12:36
    captou realmente a atenção do público.
  • 12:36 - 12:37
    Encontrámos também
  • 12:37 - 12:40
    profundas fontes hidrotermais
    — 5000 metros —
  • 12:40 - 12:42
    e as mais quentes, a 407 graus Celsius,
  • 12:42 - 12:44
    fontes no Pacífico Sul e também no Ártico
  • 12:44 - 12:46
    onde nunca tinham sido
    encontradas nenhumas.
  • 12:46 - 12:50
    Estão ainda sujeitos a ser
    descobertos novos ambientes
  • 12:50 - 12:52
    Existem ainda muitos desconhecidos.
  • 12:52 - 12:55
    Vou resumir apenas alguns deles
    muito rapidamente.
  • 12:55 - 12:58
    Primeiro, podíamos perguntar:
    quantos peixes existem no mar?
  • 12:58 - 13:01
    Conhecemos melhor os peixes
    do que qualquer outro grupo nos oceanos
  • 13:01 - 13:02
    para além dos mamíferos marinhos.
  • 13:02 - 13:05
    Assim podemos extrapolar,
    com base em taxas de descoberta
  • 13:05 - 13:08
    quantas mais espécies
    existem por descobrir.
  • 13:08 - 13:10
    A partir daí, calculamos
  • 13:10 - 13:13
    que conhecemos cerca
    de 16 500 espécies marinhas
  • 13:13 - 13:16
    e que devem existir ainda
    entre 1000 a 4000 por descobrir.
  • 13:17 - 13:18
    Não estamos nada mal.
  • 13:18 - 13:20
    Temos cerca de 75% dos peixes,
  • 13:20 - 13:21
    talvez 90%.
  • 13:22 - 13:24
    Mas os peixes, são os que
    conhecemos melhor.
  • 13:24 - 13:28
    O nosso conhecimento é muito menor
    para outros grupos de organismos.
  • 13:28 - 13:30
    Esta figura é baseada num artigo recente
  • 13:30 - 13:32
    que vai ser publicado
    na revista PLoS Biology.
  • 13:32 - 13:35
    Contém a previsão de
    quantas mais espécies existem
  • 13:35 - 13:36
    em terra e no oceano.
  • 13:36 - 13:39
    Descobriram que conhecemos
  • 13:39 - 13:41
    cerca de 9% das espécies nos oceanos.
  • 13:41 - 13:43
    Isto significa que, mesmo depois do censo,
  • 13:43 - 13:45
    ainda existem 91% por descobrir.
  • 13:46 - 13:48
    São cerca de 2 milhões de espécies
  • 13:48 - 13:49
    depois de tudo estar contabilizado.
  • 13:49 - 13:51
    Ainda temos muito trabalho pela frente
  • 13:51 - 13:53
    em relação ao desconhecido.
  • 13:53 - 13:54
    Agora, esta bactéria
  • 13:54 - 13:58
    faz parte dum aglomerado
    encontrado ao largo da costa do Chile,
  • 13:58 - 14:01
    que cobre uma área do tamanho da Grécia.
  • 14:01 - 14:04
    Esta bactéria particular
    é visível a olho nú.
  • 14:04 - 14:07
    Conseguem imaginar
    a biomassa que representa?
  • 14:07 - 14:09
    Mas o mais intrigante acerca dos micróbios
  • 14:09 - 14:10
    é o quão diversos eles são.
  • 14:10 - 14:12
    Uma simples gota de água do mar
  • 14:12 - 14:15
    pode conter 160 diferentes
    espécies de micróbios.
  • 14:15 - 14:18
    Nos oceanos estima-se que possam existir
  • 14:18 - 14:20
    cerca de mil milhões de diferentes tipos.
  • 14:20 - 14:22
    Isto é muito excitante.
    Qual é o papel de todos eles?
  • 14:22 - 14:24
    Efectivamente, não sabemos...
  • 14:24 - 14:26
    A coisa mais empolgante acerca deste censo
  • 14:26 - 14:28
    é o seu papel na ciência global.
  • 14:28 - 14:31
    Como podemos observar
    nesta imagem tirada à noite,
  • 14:31 - 14:33
    existem várias áreas no planeta
  • 14:33 - 14:35
    onde o desenvolvimento humano
    é muito maior
  • 14:35 - 14:37
    e outras áreas onde é muito menor.
  • 14:37 - 14:39
    Entre elas, vemos vastas áreas escuras
  • 14:39 - 14:41
    de oceano pouco exploradas.
  • 14:41 - 14:43
    Um outro ponto que gostaria de focar,
  • 14:43 - 14:45
    é que este oceano global está interligado.
  • 14:45 - 14:48
    Os organismos marinhos não querem saber
    de fronteiras internacionais.
  • 14:48 - 14:50
    Movem-se livremente.
  • 14:50 - 14:52
    E assim, a importância
    de colaboração global
  • 14:52 - 14:54
    torna-se absolutamente essencial.
  • 14:55 - 14:56
    Já perdemos grande parte do paraíso.
  • 14:56 - 15:00
    Por exemplo, estes atuns que em tempos
    abundavam no Mar do Norte
  • 15:00 - 15:01
    hoje em dia já não existem.
  • 15:01 - 15:04
    Existem redes de arrasto que,
    no fundo do Mediterrâneo,
  • 15:04 - 15:06
    neste momento, recolhem
    mais lixo que animais.
  • 15:06 - 15:09
    Isto é no mar profundo,
    um dos ambientes que consideramos
  • 15:09 - 15:11
    entre os mais imaculados na Terra.
  • 15:12 - 15:14
    Existem muitas outras pressões.
  • 15:14 - 15:16
    A acidificação dos oceanos
    e o aquecimento dos oceanos.
  • 15:16 - 15:17
    sâo problemas preocupantes,
  • 15:17 - 15:20
    dados os efeitos desastrosos
    para os recifes de coral
  • 15:20 - 15:22
    Numa escala de décadas,
    no nosso tempo de vida,
  • 15:22 - 15:25
    vamos ver enormes danos
    nos recifes de coral.
  • 15:25 - 15:27
    Eu podia passar o resto do tempo,
    que já está muito limitado,
  • 15:27 - 15:29
    a enumerar preocupações
    relativas aos oceanos,
  • 15:29 - 15:31
    mas quero acabar
    com uma nota mais positiva.
  • 15:32 - 15:33
    O nosso grande desafio
  • 15:33 - 15:36
    é tentar tornar possível
    a preservação do que resta,
  • 15:36 - 15:38
    porque ainda existe uma fantástica beleza.
  • 15:38 - 15:39
    Os oceanos são tão produtivos,
  • 15:39 - 15:42
    existe tanto nos oceanos
    que é relevante para a Humanidade,
  • 15:42 - 15:45
    que, mesmo numa perspectiva egoísta,
  • 15:45 - 15:47
    precisamos de tentar fazer
    melhor do que no passado.
  • 15:47 - 15:49
    Precisamos de reconhecer
    estes pontos quentes
  • 15:49 - 15:51
    e dar o nosso melhor para os proteger.
  • 15:51 - 15:53
    Ao olhar para imagens como esta,
    ficamos sem fôlego,
  • 15:53 - 15:55
    para além de nos darem fôlego,
  • 15:55 - 15:57
    através do oxigénio
    que os oceanos fornecem.
  • 15:57 - 16:01
    Os cientistas do censo
    trabalharam à chuva, ao frio,
  • 16:01 - 16:02
    trabalharam debaixo de água e acima dela,
  • 16:02 - 16:05
    tentando iluminar a maravilhosa descoberta,
  • 16:05 - 16:07
    o ainda vasto desconhecido,
  • 16:07 - 16:09
    as espectaculares adaptações
    que vemos na vida marinha.
  • 16:09 - 16:13
    Quer seja um pastor de iaques
    a viver nas montanhas do Chile,
  • 16:13 - 16:15
    ou um corretor na bolsa de Nova Iorque,
  • 16:15 - 16:18
    ou talvez um TEDster a viver em Edimburgo,
  • 16:18 - 16:19
    os oceanos são importantes.
  • 16:19 - 16:21
    Enquanto os oceanos continuarem,
    nós também.
  • 16:21 - 16:23
    Obrigado por escutarem.
  • 16:23 - 16:26
    (Aplausos)
Title:
Um censo do oceano
Speaker:
Paul Snelgrove
Description:

O oceanógrafo Paul Snelgrove partilha os resultados de um projecto que durou 10 anos com um só objectivo: fazer o censo de toda a vida nos oceanos. Ele partilha fotos espantosas de algumas descobertas surpreendentes do Censo da Vida Marinha.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:26
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for A census of the ocean
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for A census of the ocean
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for A census of the ocean
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Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for A census of the ocean
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