< Return to Video

Como a mudança climática poderia tornar nossa comida menos nutritiva

  • 0:02 - 0:07
    Yogi Berra, um jogador norte-americano
    de basquete e filósofo, disse:
  • 0:07 - 0:11
    "Se não souber para onde está indo,
    pode não chegar lá".
  • 0:12 - 0:16
    A acumulação de conhecimento científico
    está nos dando maiores percepções
  • 0:16 - 0:21
    e claridade de como o nosso futuro
    poderia ser com a mudança climática
  • 0:21 - 0:24
    e o possível significado
    disso para a nossa saúde.
  • 0:24 - 0:27
    Estou aqui para falar
    sobre um aspecto relacionado a isso,
  • 0:27 - 0:30
    de como as emissões
    de gases de efeito estufa,
  • 0:30 - 0:32
    derivadas de queima
    de combustíveis fósseis
  • 0:32 - 0:36
    estão reduzindo a qualidade
    nutricional de nossos alimentos.
  • 0:37 - 0:39
    Começaremos pela pirâmide alimentar,
  • 0:39 - 0:41
    que vocês todos conhecem.
  • 0:41 - 0:44
    Todos precisamos ter uma dieta balanceada.
  • 0:44 - 0:48
    Precisamos de proteínas,
    micronutrientes e vitaminas.
  • 0:48 - 0:53
    Portanto, é um meio para pensarmos
    sobre como garantir que teremos
  • 0:53 - 0:56
    o que necessitamos todos os dias
    para crescermos e prosperarmos.
  • 0:56 - 0:59
    Mas não comemos somente
    porque precisamos,
  • 0:59 - 1:01
    mas também comemos por prazer.
  • 1:01 - 1:04
    Pães, macarrão, pizza,
  • 1:04 - 1:08
    há uma gama de comidas
    que são culturalmente importantes.
  • 1:08 - 1:10
    Adoramos comê-las.
  • 1:10 - 1:15
    São importantes para nossa dieta,
    bem como para nossas culturas.
  • 1:16 - 1:21
    O dióxido de carbono tem aumentado
    desde o início da Revolução Industrial,
  • 1:21 - 1:27
    de 280 partes por milhão
    para mais de 410 atualmente,
  • 1:27 - 1:29
    e continua a aumentar.
  • 1:29 - 1:33
    O carbono necessário ao crescimento
    das plantas vem desse dióxido de carbono.
  • 1:33 - 1:38
    Ele é absorvido pelas plantas,
    que decompõem o carbono em si
  • 1:38 - 1:40
    e o utilizam para se desenvolverem.
  • 1:41 - 1:44
    As plantas também precisam
    de nutrientes do solo.
  • 1:44 - 1:48
    E sim, o dióxido de carbono
    é alimento das plantas.
  • 1:49 - 1:54
    E o aumento das concentrações de dióxido
    de carbono deveria ser uma boa notícia
  • 1:54 - 1:57
    para a segurança alimentar mundial,
  • 1:57 - 2:01
    para garantir que as pessoas
    tenham comida suficiente todos os dias,
  • 2:01 - 2:07
    mas cerca de 820 milhões
    delas no mundo todo não têm.
  • 2:07 - 2:11
    Portanto, há uma quantidade razoável
    de artigos sobre como o aumento de CO2
  • 2:11 - 2:13
    vai nos ajudar com o nosso problema
    de segurança alimentar.
  • 2:14 - 2:19
    Precisamos acelerar o progresso
    da produtividade agrícola
  • 2:19 - 2:23
    para alimentar uma população
    de 9 a 10 bilhões em 2050,
  • 2:23 - 2:26
    e atingir os "Objetivos
    do Desenvolvimento Sustentável",
  • 2:26 - 2:28
    em especial a meta número 2,
  • 2:28 - 2:32
    que trata da redução da insegurança
    alimentar, do aumento da nutrição
  • 2:33 - 2:36
    e do acesso aos alimentos
    necessários a todos.
  • 2:36 - 2:41
    Sabemos que a mudança climática
    está afetando a produtividade agrícola.
  • 2:41 - 2:46
    A temperatura da Terra aumentou
    cerca de 1° C desde a era pré-industrial.
  • 2:46 - 2:50
    Isso tem mudado a temperatura local
    e os padrões de precipitações,
  • 2:50 - 2:54
    o que gera consequências
    para a produtividade agrícola
  • 2:54 - 2:56
    em muitas partes do mundo.
  • 2:56 - 3:00
    Não se trata apenas de mudanças locais
    de temperatura e de precipitações,
  • 3:00 - 3:02
    mas dos casos extremos,
  • 3:02 - 3:05
    como as ondas de calor, inundações e secas
  • 3:05 - 3:10
    que estão afetando a produtividade
    consideravelmente.
  • 3:11 - 3:13
    E o dióxido de carbono,
  • 3:13 - 3:16
    além de fazer com que as plantas cresçam,
  • 3:16 - 3:19
    tem outras consequências também.
  • 3:19 - 3:22
    Quando as plantas têm maiores
    concentrações de dióxido de carbono,
  • 3:22 - 3:26
    aumentam a síntese
    de carboidratos, açúcares e amido,
  • 3:26 - 3:31
    e diminuem as concentrações de proteína
    e de nutrientes essenciais.
  • 3:31 - 3:38
    Isso é muito importante para que pensemos
    sobre o avanço da segurança alimentar.
  • 3:39 - 3:42
    Há algumas noites, em conversas
    sobre a mudança climática,
  • 3:42 - 3:46
    alguém disse ser cinco sétimos otimista:
  • 3:46 - 3:49
    é otimista durante cinco dias da semana,
  • 3:49 - 3:53
    e que este é um assunto
    para os outros dois dias.
  • 3:53 - 3:55
    Quando pensamos sobre os micronutrientes,
  • 3:55 - 4:00
    quase todos eles são afetados
    por maiores concentrações de CO2.
  • 4:00 - 4:02
    Dois deles são o ferro e o zinco.
  • 4:02 - 4:06
    Quando não temos ferro o bastante,
    podemos desenvolver anemia;
  • 4:06 - 4:09
    está associado à fadiga,
    dificuldade para respirar
  • 4:09 - 4:13
    e a outras consequências
    muito sérias também.
  • 4:13 - 4:17
    Quando não temos zinco o suficiente,
    podemos sofrer de falta de apetite.
  • 4:17 - 4:19
    É um problema significativo
    no mundo inteiro.
  • 4:19 - 4:22
    Há cerca de 1 bilhão de pessoas
    com deficiência de zinco,
  • 4:22 - 4:25
    que é essencial à saúde
    da mãe e da criança,
  • 4:25 - 4:28
    pois afeta o desenvolvimento.
  • 4:28 - 4:32
    As vitaminas do complexo B
    são essenciais por várias razões:
  • 4:32 - 4:36
    ajudam a converter o alimento em energia
    e são importantes para a realização
  • 4:36 - 4:40
    de muitas atividades
    fisiológicas do nosso corpo.
  • 4:40 - 4:43
    E quando há mais carbono em uma planta,
  • 4:43 - 4:47
    há menos nitrogênio e menos vitamina B.
  • 4:47 - 4:50
    E não é um problema apenas nosso,
    mas o gado já tem sido afetado
  • 4:50 - 4:54
    por causa da diminuição
    da qualidade da forragem.
  • 4:54 - 4:57
    De fato, isso afeta
    cada consumidor de plantas.
  • 4:57 - 5:01
    Por exemplo, pensem
    em nossos cães e gatos.
  • 5:01 - 5:05
    Se olharmos para os rótulos
    da maioria das comidas de animais,
  • 5:05 - 5:09
    verificaremos que elas contêm
    uma quantidade significativa de grãos.
  • 5:09 - 5:11
    Portanto, todos são afetados.
  • 5:11 - 5:14
    Como sabemos que isso é um problema?
  • 5:14 - 5:19
    Sabemos por estudos de campo
    e de experimentos em laboratórios.
  • 5:19 - 5:25
    Nos estudos de campo, destacarei
    principalmente o arroz e o trigo.
  • 5:25 - 5:30
    Por exemplo, há campos de arroz
    que são divididos em diferentes lotes.
  • 5:30 - 5:36
    Eles são todos iguais: com os mesmos
    solos e quantidade de precipitação,
  • 5:36 - 5:38
    tudo é o mesmo.
  • 5:38 - 5:43
    Porém, o dióxido de carbono
    é soprado sobre alguns dos lotes.
  • 5:43 - 5:48
    E podemos comparar
    como é sob as condições atuais
  • 5:48 - 5:53
    e sob as condições de dióxido
    de carbono no final do século.
  • 5:53 - 5:56
    Participei de um dos poucos
    estudos nesse sentido.
  • 5:56 - 6:01
    Procuramos por 18 linhagens
    de arroz na China e no Japão
  • 6:01 - 6:05
    e as cultivamos sob as condições
    esperadas para o final do século.
  • 6:07 - 6:12
    Quanto aos resultados, a barra branca
    refere-se às condições atuais,
  • 6:12 - 6:16
    e a vermelha, às condições
    para o final do século.
  • 6:17 - 6:21
    Houve redução de cerca de 10% da proteína.
  • 6:21 - 6:25
    de 8% do ferro e de 5% do zinco.
  • 6:25 - 6:28
    Não parecem grandes mudanças,
  • 6:28 - 6:32
    mas quando começamos a pensar
    sobre os pobres de cada país,
  • 6:32 - 6:34
    que consomem principalmente amido,
  • 6:34 - 6:37
    isso colocará essas pessoas
    que já vivem no limite
  • 6:37 - 6:40
    em condições piores de deficiência,
  • 6:40 - 6:42
    causando todos os tipos
    de problemas de saúde.
  • 6:42 - 6:46
    A situação é mais grave
    quanto às vitaminas do complexo B.
  • 6:46 - 6:50
    Quando examinamos as vitaminas B1 e B2,
  • 6:50 - 6:52
    houve uma queda de cerca de 17%.
  • 6:52 - 6:58
    O ácido pantotênico e a vitamina B5
    tiveram queda de cerca de 13%.
  • 6:58 - 7:01
    O ácido fólico teve queda de cerca de 30%.
  • 7:01 - 7:05
    Essas foram as médias obtidas
    com vários experimentos realizados.
  • 7:05 - 7:09
    O ácido fólico é essencial
    para o desenvolvimento infantil.
  • 7:09 - 7:12
    A gestantes que não recebem ácido fólico
    suficiente correm maiores riscos
  • 7:12 - 7:15
    de terem bebês com problemas congênitos.
  • 7:15 - 7:20
    Portanto, essas consequências são
    muito graves para a nossa saúde
  • 7:20 - 7:23
    conforme os níveis de CO2
    continuarem subindo.
  • 7:24 - 7:25
    Em outro exemplo,
  • 7:25 - 7:29
    este é um modelo de estudo realizado
    por Chris Weyant e pelos parceiros dele,
  • 7:29 - 7:34
    observando esta cadeia de aumento de CO2
    e de diminuição de ferro e zinco,
  • 7:34 - 7:38
    e apenas consideraram o ferro e o zinco
    quanto aos vários resultados para a saúde.
  • 7:38 - 7:44
    Analisaram a malária, diarreia, pneumonia,
    a anemia por deficiência de ferro
  • 7:44 - 7:48
    e prováveis consequências em 2050.
  • 7:48 - 7:52
    Quanto mais escura for a cor no mapa,
    mais graves são as consequências.
  • 7:52 - 7:58
    Podem ver os maiores impactos
    na Ásia e na África,
  • 7:58 - 8:02
    mas percebam também que nos EUA
    e em países da Europa
  • 8:02 - 8:05
    as populações poderiam ser afetadas.
  • 8:05 - 8:09
    Estimaram que cerca de 150 milhões
    de pessoas poderiam ser afetadas.
  • 8:10 - 8:14
    Também demonstraram qual seria
    a intervenção mais eficaz
  • 8:14 - 8:19
    e concluíram que seria a redução
    das emissões dos gases de efeito estufa.
  • 8:19 - 8:24
    Devemos reduzi-las até 2050
    para que não nos preocupemos tanto
  • 8:24 - 8:28
    com essas consequências
    no final do século.
  • 8:29 - 8:34
    Esses experimentos e estudos não
    consideraram a mudança climática em si;
  • 8:34 - 8:38
    apenas enfatizaram o componente
    do dióxido de carbono.
  • 8:38 - 8:40
    Quando combinarmos os dois,
  • 8:40 - 8:43
    esperamos que o impacto seja
    muito maior do que eu lhes disse.
  • 8:44 - 8:47
    Adoraria poder dizer-lhes agora mesmo
  • 8:47 - 8:52
    o quanto a comida que comeram
    no café da manhã e que comerão no almoço
  • 8:52 - 8:55
    é diferente do que seus avós comiam,
  • 8:55 - 8:58
    em termos de qualidade nutricional.
  • 8:58 - 8:59
    Mas não posso.
  • 8:59 - 9:02
    Não temos pesquisa sobre isso.
  • 9:02 - 9:05
    Adoraria dizer-lhes o quanto a atual
    insegurança alimentar
  • 9:05 - 9:08
    é afetada por essas mudanças.
  • 9:08 - 9:09
    Mas não posso.
  • 9:09 - 9:12
    Tampouco temos pesquisa sobre isso.
  • 9:12 - 9:16
    Há muito o que precisa
    ser estudado nesta área,
  • 9:16 - 9:20
    sobretudo quais seriam
    as possíveis soluções.
  • 9:20 - 9:23
    Não sabemos exatamente
    quais são essas soluções,
  • 9:23 - 9:25
    mas temos uma gama de opções.
  • 9:26 - 9:28
    Temos avanços tecnológicos,
  • 9:28 - 9:31
    o melhoramento vegetal
    e a biofortificação de alimentos.
  • 9:31 - 9:33
    Os solos podem fazer a diferença.
  • 9:33 - 9:36
    E é óbvio que seria muito útil saber
  • 9:36 - 9:40
    como essas mudanças poderiam
    afetar nossa saúde no futuro,
  • 9:40 - 9:43
    a dos nossos filhos e netos.
  • 9:44 - 9:47
    Esses investimentos levam tempo.
  • 9:47 - 9:51
    Demorará para solucionar essas questões.
  • 9:51 - 9:55
    Não existe uma entidade nacional
    ou grupo empresarial
  • 9:55 - 9:58
    que esteja financiando esta pesquisa.
  • 9:58 - 10:03
    Precisamos desses investimentos essenciais
    para que saibamos que caminho tomar.
  • 10:04 - 10:07
    Enquanto isso, o que podemos fazer
  • 10:07 - 10:13
    é garantir que todas as pessoas
    tenham acesso a uma dieta completa,
  • 10:13 - 10:17
    não apenas nas partes ricas do mundo,
    mas em todos os lugares.
  • 10:18 - 10:22
    Precisamos reduzir todas as emissões
    dos gases de efeito estufa
  • 10:22 - 10:27
    para atenuar os desafios que virão
    até o fim do século.
  • 10:28 - 10:34
    Como dizem: "Se você pensa que a educação
    é cara, experimente a ignorância".
  • 10:34 - 10:36
    Não vamos experimentar!
  • 10:36 - 10:41
    Vamos investir em nós mesmos,
    em nossas crianças e em nosso planeta.
  • 10:41 - 10:43
    Obrigada.
  • 10:43 - 10:45
    (Aplausos)
Title:
Como a mudança climática poderia tornar nossa comida menos nutritiva
Speaker:
Kristie Ebi
Description:

O aumento dos níveis de carbono na atmosfera pode fazer com que as plantas cresçam mais rápido, mas há uma consequência oculta: ele reduz os nutrientes e vitaminas das plantas, necessários a nossa sobrevivência. Em uma palestra sobre segurança alimentar mundial, a epidemiologista Kristie Ebi explora as consequências potencialmente enormes que o crescimento dessa crise nutritiva causa, e explora os passos que podemos dar para garantir que todas as pessoas tenham acesso a alimentos seguros e saudáveis.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:00

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions