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Parmigianino, A Virgem do Pescoço Longo, 1530-33

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    [música]
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    Estamos observando a
    grande obra maneirista
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    chamada "A Virgem do Pescoço Longo",
    pintada por Parmigianino.
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    É uma pintura divertida.
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    E alta.
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    É grande. E a Virgem é grande.
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    Ela é grande em lugares estranhos.
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    Sua cabeça é bem pequena.
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    Se comparada ao quadril, especialmente.
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    Sim, ela tem quadris bem largos.
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    E os dedos dos pés são bem pequenos.
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    Sempre me pareceu que seu corpo
    tem a forma de um diamante.
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    De certo modo, ela é uma
    paisagem em que Cristo está.
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    Cristo também é grande.
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    Não apenas grande.
    Veja o modo que se deita.
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    Há uma torção estranha,
    com seu braço caído,
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    quase deslocado do ombro.
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    Há um precedente para o
    modo que o braço cai.
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    Se pensarmos na "Pietà" de Michelangelo,
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    e no Cristo aqui, apesar de criança,
    o modo que Maria o segura lembra o
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    de imagens como a "Pietà",
    quando Cristo está morto.
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    Cristo parece dormir, mas
    também meio que parece morto.
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    Essa referência pode
    explicar o tamanho do colo
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    porque naquela escultura
    Maria precisa ser robusta
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    para segurar o corpo
    de seu filho morto.
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    É claro que não estamos olhando
    para uma peça da Alta Renascença.
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    Então o que ocorreu?
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    O Maneirismo aconteceu.
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    É quase como se os artistas
    da Alta Renascença
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    fizeram tudo que poderia ser feito.
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    Eles aperfeiçoaram o
    naturalismo que buscavam
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    desde a época de Giotto.
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    Todas as ilusões que estavam
    à serviço do Renascimento
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    é usado aqui para distorcer
    e transformar o corpo
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    Não é uma deformação feia,
    mas sim uma que salienta
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    um tipo de elegância extrema.
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    Exatamente. Ela pega o ideal
    de beleza e elegância
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    que era o padrão no Renascimento
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    e o exagera.
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    Quando pensamos no Maneirismo,
    pensamos na arte baseada na arte,
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    ao invés de arte baseada na natureza.
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    Consideramos a Renascença
    baseada na observação da natureza
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    e do mundo natural,
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    mas quando olhamos para esta obra,
    podemos nos lembrar de obras
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    como "Giuliano de Médici", de
    Michelangelo e seu pescoço longo.
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    Ou mesmo da "Pietà".
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    Isso faz sentido: a ideia que esta arte
    faz referência a ela própria,
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    que está se referindo a
    suas próprias tradições.
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    O respeito pela anatomia humana,
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    retratando isso naturalisticamente,
    isso não é importante para os Maneiristas.
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    Eu me lembro de uma carta de um
    artista Maneirista para outro
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    em que ele diz algo como:
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    "Pegue a mão esquerda e a
    coloque no braço direito."
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    É como se quisessem bagunçar
    com o corpo, de bom grado.
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    E também há as relações entre os
    elementos que são absurdos
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    Veja a relação entre o vaso
    que o anjo está segurando
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    e a coxa dele/dela.
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    Veja a relação entre a enorme Virgem Maria
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    e o profeta, no canto direito inferior
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    que parece infinitamente longe,
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    mas, de algum modo, parece somente
    uma pessoa pequena aos pés de Maria.
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    Veja o modo que Maria coloca
    a mão em seu peito,
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    seu dedos extremamente longos,
    aparentando estar sem ossos.
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    Esse gesto acaba por não
    transmitir nenhuma mensagem.
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    O gesto acaba por ser vazio e
    transmitir dramaticidade
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    em oposição ao intuito do corpo.
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    Há uma espécie de dramaticidade aqui.
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    Por si própria.
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    Exatamente.
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    Este tipo de distorção
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    resulta em uma sensação
    de impossibilidade.
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    Se observarmos as colunas à direita,
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    são, na verdade, uma colunata
    que se direciona ao fundo,
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    e é vista de um ângulo tão oblíquo,
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    que até parece uma parede
    ou uma coluna sozinha.
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    Mas se observarmos a base,
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    é possível ver luz e sombras alternadas
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    que passam entre essas colunas.
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    Há uma ambiguidade e isso
    deve-se, largamente, em virtude
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    daquela parte da obra
    não estar terminada.
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    O Maneirismo parecer
    ser uma reação intensa
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    à perfeição que era a Alta Renascença.
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    A Renascença se estabeleceu
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    como um tipo de naturalismo extremo,
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    e então o Maneirismo aparece como
    uma reação enérgica a isso.
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    Ou como a ideia de que não há nada mais
    a fazer senão algo muito diferente.
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    E essas ideias faziam parte
    da cultura da corte.
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    É importante ressaltar que
    o público dessas obras era
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    bem específico e estudado.
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    Essas obras não eram feitas com os
    interesses dos artistas em mente,
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    mas sim, consideradas um
    jogo intelectual de alto nível.
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    [música]
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    Legendado por Lucas Nabesima
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    Este vídeo foi possível em virtude da doação de Beau Buck.
Title:
Parmigianino, A Virgem do Pescoço Longo, 1530-33
Description:

Parmigianino, A Virgem do Pescoço Longo, 1530-33, 73 x 60 cm, Uffizi, Florença.

Palestrantes: Dr. Steven Zucket e Dr. Beth Harris

http://smarthistory.khanacademy.org/parmigianinos-madonna-of-the-long-neck.html

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Video Language:
English
Duration:
04:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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