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A minha filha, a minha mulher, o nosso robô e a questão da imortalidade.

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    Chris Anderson:
    Acho que vamos falar sobre a sua vida
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    e usar algumas imagens
    que você partilhou comigo.
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    Acho que devemos começar aqui, com esta.
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    Ok, quem é este?
  • 0:14 - 0:19
    Martine Rothblatt:
    Sou eu com o meu filho mais velho, Eli.
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    Ele estava com cinco anos.
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    Esta foto foi tirada na Nigéria
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    logo após ter realizado
    a prova de direito de Washington, D.C.
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    CA: Mas este não se parece muito
    com uma Martine.
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    MR: Pois não. Este era eu quando homem,
    tal como quando nasci.
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    Antes de fazer a transição
    para mulher, de Martin para Martine.
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    CA: Você foi criado como Martin Rothblatt.
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    MR: Fui.
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    CA: Um ano após esta foto,
    você casou com uma linda mulher.
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    Foi amor à primeira vista?
    O que aconteceu?
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    MR: Foi amor à primeira vista.
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    Eu vi a Bina numa discoteca
    em Los Angeles,
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    e depois começámos a morar juntos.
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    No momento em que a vi,
    vi uma aura de energia em volta dela.
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    Pedi-lhe para dançar.
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    Ela disse que viu uma aura
    de energia em torno de mim.
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    Eu era um pai solteiro.
    Ela era uma mãe solteira.
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    Mostrámos um ao outro
    as fotos dos nossos filhos,
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    e temos um casamento feliz
    há cerca de 30 anos.
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    (Aplausos)
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    CA: Nessa época, você era
    um empresário bem sucedido,
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    trabalhava com satélites.
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    Acho que você teve
    duas companhias bem sucedidas
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    e depois você começou
    a abordar o problema
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    de como podia usar satélites
    para revolucionar a rádio.
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    Fale-nos disso.
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    MR: Eu sempre gostei
    de tecnologia espacial.
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    Os satélites, para mim, eram
    como as canoas
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    que os nossos avós empurraram
    pela primeira vez na água.
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    Para mim, era emocionante
    fazer parte da navegação
  • 1:54 - 1:56
    nos oceanos do céu.
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    Como desenvolvi diferentes tipos
    de sistemas de comunicação por satélite,
  • 2:01 - 2:06
    a principal coisa que eu fiz foi lançar
    satélites maiores e mais potentes.
  • 2:06 - 2:09
    Em consequência disso,
    as antenas de receção
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    podiam ser cada vez menores.
  • 2:12 - 2:15
    Depois de passar pela difusão
    televisiva em direto,
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    tive a ideia de que podíamos fazer
    um satélite ainda mais poderoso,
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    o recetor podia ser tão pequeno
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    que seria apenas uma parte
    do recetor de parabólica,
  • 2:25 - 2:29
    uma aba duma placa embutida
    no teto de um automóvel,
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    e seria possível ter
    rádio por satélite a âmbito nacional.
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    Isto é a Sirius XM hoje.
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    CA: Uau! Então, quem aqui
    já usou a Sirius?
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    (Aplausos)
  • 2:40 - 2:42
    MR: Obrigada
    pelas vossas assinaturas mensais.
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    (Risos)
  • 2:45 - 2:49
    Então, isso teve êxito apesar
    de todas as previsões naquele tempo.
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    Foi um grande sucesso comercial.
  • 2:51 - 2:55
    Logo após isso, no início de 1990,
  • 2:55 - 2:59
    houve uma grande transição na sua vida
    e você passou a ser Martine.
  • 3:00 - 3:01
    MR: Isso mesmo.
  • 3:01 - 3:04
    CA: Diga-me, como é que isso aconteceu?
  • 3:05 - 3:12
    MR: Aconteceu numa reunião com a Bina
    e os nossos quatros lindos filhos.
  • 3:13 - 3:17
    Eu expliquei a cada um deles
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    que sempre sentira
    que a minha alma era feminina,
  • 3:21 - 3:23
    e eu era uma mulher,
  • 3:23 - 3:28
    mas tinha medo que as pessoas
    se rissem de mim se eu expressasse isso.
  • 3:28 - 3:30
    Por isso mantivera isso sempre em segredo
  • 3:30 - 3:33
    e só mostrava o meu lado masculino.
  • 3:33 - 3:37
    Cada um deles
    teve uma diferente visão disso.
  • 3:37 - 3:40
    Bina disse: "Eu amo a sua alma,
  • 3:40 - 3:44
    e seja você por fora
    Martin ou Martine,
  • 3:44 - 3:46
    isso não me importa,
    eu amo a sua alma."
  • 3:47 - 3:50
    O meu filho disse:
  • 3:50 - 3:54
    "Se passares a ser mulher,
    continuas a ser meu pai?"
  • 3:55 - 3:58
    E eu disse: "Sim,
    eu serei sempre o teu pai."
  • 3:58 - 4:00
    E continuo o pai dele hoje.
  • 4:01 - 4:03
    A minha filha mais nova
    fez uma coisa brilhante
  • 4:03 - 4:06
    típica duma criança
    de cinco anos de idade.
  • 4:06 - 4:10
    Disse às pessoas:
    "Eu amo o meu pai e 'ela' ama-me."
  • 4:12 - 4:16
    Ela não teve quaisquer problemas
    com a mistura de sexos.
  • 4:17 - 4:19
    CA: Uns anos depois disso,
    você publicou este livro:
  • 4:19 - 4:21
    "The Apartheid of Sex".
  • 4:21 - 4:24
    Quais eram suas teses neste livro?
  • 4:24 - 4:28
    MR: As minhas teses neste livro são que
    há sete mil milhões de pessoas no mundo
  • 4:28 - 4:33
    e sete mil milhões de formas únicas
    de exprimir o sexo.
  • 4:33 - 4:40
    As pessoas podem ter
    genitais de homem ou mulher,
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    mas os genitais não determinam o sexo
  • 4:43 - 4:45
    nem sequer a sua identidade sexual.
  • 4:45 - 4:49
    É apenas uma questão anatómica
    e de reprodução.
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    As pessoas podem escolher
    qualquer sexo que quiserem
  • 4:52 - 4:54
    se não forem forçadas pela sociedade
  • 4:54 - 4:57
    a encaixarem-se em categorias
    de masculino e feminino
  • 4:57 - 4:59
    tal como a África do Sul força as pessoas
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    a encaixarem-se em categorias
    de branco e negro.
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    Sabemos, através da ciência antropológica,
    que raça é uma ficção,
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    embora o racismo seja muito, muito real.
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    Sabemos, através de estudos culturais,
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    que separar os sexos masculino e feminino
    é uma construção fictícia.
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    A realidade é uma fluidez de sexo
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    que atravessa toda a extensão
    de masculino a feminino.
  • 5:22 - 5:26
    CA: Então, você nem sempre
    se sente 100% feminina.
  • 5:26 - 5:28
    MR: Exato. Eu diria que, nalguns aspetos,
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    eu mudo de sexo, como frequentemente
    mudo o estilo do meu cabelo.
  • 5:34 - 5:39
    CA: Esta é a sua maravilhosa filha, Genesis.
  • 5:39 - 5:44
    Acho que ela estava nesta idade
    quando algo muito terrível aconteceu.
  • 5:44 - 5:49
    MR: Sim, ela não era capaz
    de subir as escadas sozinha
  • 5:49 - 5:51
    na nossa casa, até ao quarto.
  • 5:51 - 5:53
    Depois de meses de consultas médicas,
  • 5:53 - 5:57
    foi diagnosticada com uma doença rara,
    quase invariavelmente fatal,
  • 5:57 - 6:01
    chamada Hipertensão Arterial Pulmonar.
  • 6:01 - 6:04
    CA: Como é que você reagiu a isso?
  • 6:04 - 6:07
    MR: Bem, primeiro tentámos tratá-la
    com os melhores médicos.
  • 6:07 - 6:11
    Acabámos no Centro Nacional de
    Tratamento Infantil, em Washington, D.C.
  • 6:11 - 6:14
    O diretor de cardiologia
  • 6:14 - 6:18
    disse-nos que ia indicá-la
    para um transplante de pulmão,
  • 6:18 - 6:20
    mas que não devíamos
    alimentar nenhuma esperança,
  • 6:20 - 6:22
    porque havia poucos pulmões disponíveis,
  • 6:22 - 6:24
    especialmente para crianças.
  • 6:24 - 6:28
    Disse que todas as pessoas
    com esta doença morriam.
  • 6:30 - 6:33
    Se vocês viram o filme
    "Ato de Amor",
  • 6:33 - 6:35
    há uma cena em que o protagonista
  • 6:35 - 6:38
    quase cai pelas escadas abaixo,
  • 6:38 - 6:41
    chorando e lamentando
    o destino do seu filho.
  • 6:41 - 6:44
    Era exatamente assim
    que nos sentíamos quanto à Genesis.
  • 6:44 - 6:48
    CA: Mas você não aceitou isso
    como limite para o que podia fazer.
  • 6:48 - 6:53
    Começou a pesquisar e ver se conseguia
    descobrir a cura de alguma maneira.
  • 6:53 - 6:57
    MR: Exato. Ela esteve nos CI
    durante semanas nessa altura,
  • 6:57 - 7:01
    e Bina e eu alternávamo-nos,
    um ficava no hospital
  • 7:01 - 7:03
    enquanto o outro
    cuidava das outras crianças.
  • 7:03 - 7:06
    Quando eu estava no hospital
    e ela estava a dormir,
  • 7:06 - 7:08
    eu ia à biblioteca do hospital.
  • 7:08 - 7:12
    Lia todos os artigos que achava
    sobre hipertensão pulmonar.
  • 7:12 - 7:16
    Nunca estudei nada de biologia,
    nem mesmo na universidade,
  • 7:16 - 7:21
    portanto ia de um texto de biologia
    de nível básico para um de nível médio,
  • 7:21 - 7:26
    para um texto de biologia medico,
    artigos de jornais, dum lado para o outro.
  • 7:26 - 7:30
    Acabei por adquirir conhecimento suficiente
    que me tornou possível acreditar
  • 7:30 - 7:32
    que alguém podia achar a cura.
  • 7:32 - 7:35
    Então criámos uma fundação
    sem fins lucrativos.
  • 7:35 - 7:40
    Escrevi uma descrição,
    pedindo à pessoas para enviarem doações
  • 7:40 - 7:42
    e nós pagaríamos uma investigação médica.
  • 7:42 - 7:44
    Tornei-me especialista na situação.
  • 7:44 - 7:46
    Os médicos disseram-me:
  • 7:46 - 7:50
    "Martine, apreciamos os fundos
    que nos arranjou,
  • 7:50 - 7:54
    mas não seremos capazes
    de achar a cura a tempo
  • 7:54 - 7:55
    de salvar a sua filha.
  • 7:55 - 7:58
    Entretanto, há um medicamento
  • 7:58 - 8:03
    que foi desenvolvido
    na Burroughs Wellcome Compania
  • 8:03 - 8:06
    que talvez possa impedir
    a progressão da doença.
  • 8:06 - 8:11
    Mas a Burroughs Wellcome acabou
    de ser adquirida pela Glaxo Wellcome.
  • 8:11 - 8:13
    E esta tomou a decisão de não desenvolver
  • 8:13 - 8:16
    nenhum medicamento
    para doenças raras e órfãs.
  • 8:16 - 8:21
    Talvez tu possas usar os teus conhecimentos
    em comunicações via satélite
  • 8:21 - 8:24
    para desenvolver a cura
    para a hipertensão pulmonar".
  • 8:25 - 8:28
    CA: Então, como conseguiu
    acesso ao medicamento?
  • 8:28 - 8:30
    MR: Fui à Glaxo Wellcome.
  • 8:30 - 8:36
    Fui rejeitada por três vezes
    e fecharam-me a porta na cara,
  • 8:36 - 8:40
    porque não iam conceder
    a licença para o medicamento
  • 8:40 - 8:42
    a um especialista
    em comunicação de satélites.
  • 8:42 - 8:49
    De facto, não concederam
    o medicamento a ninguém.
  • 8:49 - 8:52
    Pensavam que eu não tinha
    conhecimentos suficientes.
  • 8:52 - 8:58
    Por fim consegui persuadir uma pequena
    equipa de pessoas a trabalhar comigo
  • 8:58 - 9:01
    e adquirir credibilidade.
  • 9:01 - 9:02
    Dei cabo da resistência deles.
  • 9:02 - 9:06
    A propósito, eles nem sequer tinham
    esperança de que o medicamento funcionasse
  • 9:06 - 9:08
    e tentaram dizer-me:
  • 9:08 - 9:11
    "Está a desperdiçar o seu tempo.
    Sentimos muito pela sua filha."
  • 9:11 - 9:14
    Mas, finalmente, por 25 000 dólares
  • 9:14 - 9:18
    e um acordo de pagar 10%
    de qualquer lucro que pudéssemos obter,
  • 9:18 - 9:21
    concordaram em dar-me os direitos mundiais
    sobre este medicamento.
  • 9:22 - 9:29
    CA: Você colocou o medicamento no mercado
    de uma maneira muito brilhante,
  • 9:29 - 9:33
    cobrando apenas o necessário
    para funcionar economicamente.
  • 9:33 - 9:37
    MR: Ah, sim, Chris, mas não era
    o medicamento que eu esperava.
  • 9:37 - 9:40
    Depois de passar o cheque
    de 25 000 dólares, disse:
  • 9:40 - 9:43
    "Tudo bem, onde está
    o medicamento para a Genesis?"
  • 9:43 - 9:46
    Disseram-me: "Martine,
    a não há medicamento para Genesis.
  • 9:46 - 9:48
    Nós só tentámos isso em ratos."
  • 9:48 - 9:51
    E deram-me um pequeno saco de plástico
  • 9:51 - 9:54
    com uma pequena quantidade
    de um pó e disseram:
  • 9:54 - 9:57
    "Não dê isto a nenhuma pessoa".
  • 9:57 - 10:00
    Deram-me um pedaço de papel
    que disseram ser a patente.
  • 10:00 - 10:04
    Dali em diante, tivemos que descobrir
    uma forma de tornar aquilo num medicamento.
  • 10:04 - 10:07
    Cem cientistas nos E.U.A,
    das melhores universidades
  • 10:07 - 10:12
    juraram que aquela pequena patente
    nunca poderia vir ser um medicamento.
  • 10:12 - 10:15
    Se viesse a ser um medicamento,
    nunca poderia ser usado
  • 10:15 - 10:18
    porque tinha uma meia-vida
    de apenas 45 minutos.
  • 10:18 - 10:23
    CA: Apesar disso, um ano ou dois depois,
    tinham o medicamento
  • 10:23 - 10:27
    que funcionou para a Genesis.
  • 10:27 - 10:29
    MR: Chris, a coisa mais surpreendente
  • 10:29 - 10:34
    é que um resquício
    absolutamente inútil do pó,
  • 10:34 - 10:38
    que tinha a centelha de uma promessa
    de esperança para Genesis
  • 10:38 - 10:43
    não só tem mantido a Genesis
    e outras pessoas vivas,
  • 10:43 - 10:47
    mas produz quase mil milhões e meio
    de dólares por ano em receitas.
  • 10:47 - 10:50
    (Aplausos)
  • 10:50 - 10:52
    CA: E pronto.
  • 10:53 - 10:57
    Você pôs essa empresa na bolsa, não foi?
  • 10:57 - 11:00
    E fez uma grande fortuna.
  • 11:00 - 11:04
    A propósito, quanto é que paga à Glaxo,
    depois dos 25 000 dólares?
  • 11:04 - 11:07
    MR: Pagamos-lhes, todos os anos,
    10% de mil e quinhentos milhões,
  • 11:07 - 11:11
    ou seja, 150 milhões de dólares
    — no ano passado, 100 milhões de dólares.
  • 11:11 - 11:14
    É o melhor retorno ao investimento
    que eles já receberam.
  • 11:14 - 11:15
    (Risos)
  • 11:15 - 11:18
    CA: E a melhor das notícias,
    imagino, é esta.
  • 11:19 - 11:22
    MR: Sim, a Genesis é uma rapariga
    absolutamente brilhante.
  • 11:22 - 11:25
    Ela está viva, saudável,
    com 30 anos agora.
  • 11:25 - 11:28
    Estamos ali eu, a Bina e a Genesis.
  • 11:28 - 11:30
    A coisa mais maravilhosa sobre Genesis
  • 11:30 - 11:34
    é que ela podia fazer
    qualquer coisa na sua vida.
  • 11:34 - 11:37
    Acreditem em mim,
    se eu crescesse a ouvir toda a vida
  • 11:37 - 11:40
    as pessoas a dizer-me na cara
    que eu tinha uma doença fatal,
  • 11:40 - 11:45
    provavelmente eu ia a correr para o Taiti
    e nunca mais queria ver ninguém.
  • 11:45 - 11:48
    Mas em vez disso, ela escolheu trabalhar
    na United Therapeutics.
  • 11:48 - 11:51
    Ela diz que quer fazer tudo o que puder
    para ajudar outras pessoas
  • 11:51 - 11:54
    com doenças órfãs,
    a obterem medicamentos.
  • 11:54 - 11:58
    Hoje, ela lidera o nosso projeto
    para todas as atividades telepresentes,
  • 11:58 - 12:02
    em que ajuda unidades digitais,
    de toda uma companhia, a trabalharem juntas
  • 12:02 - 12:05
    para descobrirem curas
    para a hipertensão pulmonar.
  • 12:05 - 12:08
    CA: Mas nem toda a gente
    que tem esta doença foi tão afortunada.
  • 12:08 - 12:12
    Ainda há muitas pessoas a morrer,
    e você também está a combater isso. Como?
  • 12:12 - 12:17
    MR: Exatamente, Chris. Há cerca de 3000
    pessoas, apenas nos Estados Unidos,
  • 12:17 - 12:20
    talvez 10 vezes este número,
    mundialmente falando,
  • 12:20 - 12:22
    que continuam a morrer desta doença
  • 12:22 - 12:25
    porque os medicamentos
    atrasam o progresso da doença,
  • 12:25 - 12:26
    mas não a detêm.
  • 12:26 - 12:30
    A única cura para hipertensão pulmonar,
    fibrose pulmonar,
  • 12:30 - 12:34
    fibrose cística, enfisema,
  • 12:34 - 12:36
    DPOC, o que acabou de causar
    a morte de Leonard Nimoy,
  • 12:36 - 12:39
    é um transplante de pulmão.
  • 12:39 - 12:43
    Mas infelizmente, só há pulmões
    disponíveis para 2000 pessoas
  • 12:43 - 12:47
    nos E.U.A., por ano,
    a conseguirem um transplante,
  • 12:47 - 12:49
    quando há quase meio
    milhão de pessoas, por ano,
  • 12:49 - 12:52
    a morrer de falência pulmonar.
  • 12:52 - 12:55
    CA: Como é que se pode contornar isso?
  • 12:55 - 12:58
    MR: Eu conceptualizo a possibiidade
  • 12:58 - 13:00
    de que, tal como conseguimos
  • 13:00 - 13:03
    que os carros, os aviões e as construções
    durem eternamente
  • 13:03 - 13:07
    com uma oferta ilimitada
    de peças de construção e de máquinas,
  • 13:07 - 13:11
    porque não criarmos um suprimento ilimitado
    de órgãos para transplante?
  • 13:11 - 13:14
    Para manter as pessoas
    a viver sem limites,
  • 13:14 - 13:16
    especialmente pessoas
    com doenças pulmonares.
  • 13:16 - 13:22
    Assim, fizemos equipa com Craig Venter,
    um descodificador do genoma humano.
  • 13:22 - 13:27
    Ele fundou uma empresa
    com Peter Diamandis, o fundador da X Prize,
  • 13:27 - 13:29
    para modificar geneticamente
  • 13:29 - 13:31
    o genoma do porco
  • 13:31 - 13:35
    para que os órgãos dele não
    sejam rejeitados pelo corpo humano
  • 13:35 - 13:38
    e assim criar um stock ilimitado
  • 13:38 - 13:41
    de órgãos para transplante.
  • 13:41 - 13:44
    Fazemos isto através das nossas companhias,
    United Therapeutics.
  • 13:44 - 13:47
    CA: Você acredita mesmo que, dentro de,
    digamos, uma década,
  • 13:47 - 13:51
    a escassez de transplante de pulmões
    será sanada, através dos potcos?
  • 13:51 - 13:53
    MR: Sem dúvida, Chris.
  • 13:53 - 13:57
    Estou tão certo disso quanto como
    estava certo do sucesso que teríamos
  • 13:57 - 14:00
    com o sinal de televisão
    a rádio, Sirius XM.
  • 14:00 - 14:02
    Não é ciência de foguetes.
  • 14:02 - 14:05
    É a simples engenharia da
    distância entre genes.
  • 14:05 - 14:10
    Temos muita sorte por termos nascido
    no tempo em que a sequência de genomas
  • 14:10 - 14:12
    é uma atividade rotineira.
  • 14:12 - 14:15
    O pessoal incrível
    da Synthetic Genomics
  • 14:15 - 14:17
    pode concentrar-se no genoma do porco,
  • 14:17 - 14:20
    achando exatamente os genes
    que são problemáticos e repará-los.
  • 14:20 - 14:23
    CA: Não são apenas corpos...
    Isto é espantoso.
  • 14:24 - 14:26
    (Aplausos)
  • 14:27 - 14:31
    Não são apenas os corpos de longa duração
    que lhe interessam agora.
  • 14:31 - 14:33
    São as mentes de longa duração.
  • 14:33 - 14:38
    Acho que este gráfico lhe diz
    uma coisa bem profunda.
  • 14:38 - 14:40
    O que significa?
  • 14:40 - 14:44
    MR: Este gráfico significa
    — veio de Ray Kurzweil —
  • 14:44 - 14:49
    que a taxa de desenvolvimento
    no processamento do "hardware",
  • 14:49 - 14:51
    do "firmware" e "software" dum computador,
  • 14:51 - 14:54
    tem avançado como uma curva
  • 14:54 - 14:58
    que nos anos de 2020 — como vimos
    em apresentações anteriores hoje —
  • 14:58 - 15:02
    haverá tecnologia de informação
  • 15:02 - 15:05
    que processará a informação
    e o mundo ao nosso redor
  • 15:05 - 15:08
    ao mesmo nível que as mentes humanas.
  • 15:09 - 15:12
    RA: Quando isso acontecer,
    você está a preparar-se para este mundo
  • 15:12 - 15:15
    acreditando que, em breve, será possível,
  • 15:15 - 15:22
    agarrar no conteúdo dos nossos cérebros
    e, de certa forma, preservá-lo para sempre?
  • 15:22 - 15:25
    Como é que descreveria isso?
  • 15:25 - 15:29
    MR: Bem, Chris, estamos a trabalhar
    simulando uma situação
  • 15:29 - 15:31
    em que as pessoas podem criar
    um arquivo da mente.
  • 15:31 - 15:35
    Um arquivo da mente é uma coleção
    do seu comportamento, personalidade,
  • 15:35 - 15:37
    recordações, sentimentos,
  • 15:37 - 15:39
    crenças, atitudes e valores.
  • 15:39 - 15:44
    tudo o que colocamos hoje
    no Google, no Amazon, no Facebook.
  • 15:44 - 15:48
    Toda essa informação guardada poderá
    — assim que o software estiver disponível
  • 15:48 - 15:51
    nas duas próximas décadas —
  • 15:51 - 15:58
    recapitular a consciência,
    reviver a consciência
  • 15:58 - 16:01
    que estiver iminente
    no nosso arquivo da mente.
  • 16:01 - 16:04
    CA: Você não está só a especular,
    está a falar a sério.
  • 16:04 - 16:06
    Quer dizer, quem é esta?
  • 16:06 - 16:11
    MR: Esta é uma versão robô
    da minha querida mulher, Bina.
  • 16:11 - 16:13
    Chamamos-lhe Bina 48.
  • 16:13 - 16:17
    Ela foi programada
    pela Hanson Robotics, do Texas.
  • 16:17 - 16:20
    Há um artigo
    da National Geographic Magazine,
  • 16:20 - 16:22
    com um dos assistentes.
  • 16:22 - 16:25
    Ela navega na web
  • 16:25 - 16:30
    e tem centenas de horas de traços
    do comportamento e da personalidade da Bina.
  • 16:30 - 16:32
    É como uma criança de dois anos,
  • 16:32 - 16:36
    mas diz coisas
    que deixam as pessoas espantadas.
  • 16:36 - 16:38
    Quem melhor o exprimiu, talvez,
  • 16:38 - 16:41
    foi a jornalista Amy Harmon, que ganhou
    o prémio Pulitzer do New York Times,
  • 16:41 - 16:44
    que disse que as respostas dela
    são quase frustrantes,
  • 16:44 - 16:50
    mas outras vezes, tão convincentes quanto
    às de pessoas reais que ela entrevistou.
  • 16:50 - 16:55
    CA: Então você pensa
    que a sua esperança
  • 16:55 - 17:01
    está na versão da Bina que,
    de certa maneira, pode viver para sempre
  • 17:01 - 17:03
    ou nalguma versão superior
    que possa viver para sempre?
  • 17:03 - 17:06
    MR: Sim, não apenas Bina,
    mas toda a gente.
  • 17:06 - 17:10
    Sabe, praticamente não nos custa nada
    guardar os nossos arquivos mentais
  • 17:10 - 17:13
    no Facebook, no Instagram, ou no que seja.
  • 17:13 - 17:17
    Penso que as redes sociais são a invenção
    mais extraordinária dos nossos tempos,
  • 17:17 - 17:21
    e as aplicações que vão aparecendo
  • 17:21 - 17:24
    permitem-nos ultrapassar o Siri,
    cada vez melhor,
  • 17:24 - 17:27
    e desenvolver sistemas
    de operação da consciência.
  • 17:27 - 17:29
    Todas as pessoas no mundo,
    milhares de milhões de pessoas,
  • 17:29 - 17:33
    poderão criar clones
    das suas próprias mentes
  • 17:33 - 17:36
    e ter sua própria vida na web.
  • 17:36 - 17:38
    CA: A questão é, Martine,
  • 17:38 - 17:41
    em qualquer conversa normal,
    isto soaria totalmente louco
  • 17:41 - 17:45
    mas, no contexto da sua vida,
    do que você fez,
  • 17:45 - 17:47
    de alguma das coisas
    que ouvimos esta semana
  • 17:47 - 17:50
    — a construção da realidade
    que as nossas mentes produzem —
  • 17:50 - 17:52
    você não seria contra isso tudo.
  • 17:53 - 17:56
    MR: Bem, penso que muita coisa
    não é minha.
  • 17:56 - 18:02
    Quase nada, eu talvez seja
    um pouco de comunicador das atividades
  • 18:02 - 18:05
    que são desenvolvidas
    por ótimas companhias
  • 18:05 - 18:09
    na China, Japão, Índia, nos E.U.A, Europa.
  • 18:09 - 18:14
    Há dezenas de milhões de pessoas
    a trabalhar em escrever códigos
  • 18:14 - 18:18
    que exprimem cada vez mais aspetos
    da nossa consciência humana.
  • 18:18 - 18:23
    Não é preciso ser um génio
    para perceber que todos estes filamentos
  • 18:23 - 18:27
    se juntarão e, ao fazerem isso,
    acabarão por criar a consciência humana,
  • 18:27 - 18:29
    e é algo que vale à pena.
  • 18:29 - 18:31
    Há tantas coisas
    para se fazer na vida
  • 18:31 - 18:35
    e se tivéssemos uma simulação,
    uma sósia digital de nós mesmos
  • 18:35 - 18:39
    que nos ajudasse a processar livros,
    fazer compras,
  • 18:39 - 18:41
    ser nossos melhores amigos,
  • 18:41 - 18:44
    eu acredito em clones de mentes
    — essa versão digital de nós mesmos —
  • 18:44 - 18:46
    serão, finalmente, nossos melhores amigos.
  • 18:46 - 18:48
    Para mim e para Bina,
  • 18:48 - 18:50
    amamo-nos loucamente.
  • 18:50 - 18:52
    Todos os dias, dizemos coisas do tipo:
  • 18:52 - 18:55
    "Uau!, Amo-te ainda mais
    do que há 30 anos."
  • 18:55 - 18:58
    Para nós, a perspetiva
    dos clones de mentes
  • 18:58 - 19:00
    e da regeneração de corpos
  • 19:00 - 19:03
    é como o nosso caso de amor, Chris,
    pode durar para sempre.
  • 19:03 - 19:06
    Nós nunca nos enjoamos um do outro.
    E tenho certeza de que nunca enjoaremos.
  • 19:06 - 19:08
    CA: A Bina está aqui, não é?
  • 19:08 - 19:09
    MR: Está, sim.
  • 19:09 - 19:12
    Seria demais...
    temos um microfone de mão?
  • 19:12 - 19:15
    Bina, posso convidá-la para o palco?
    Eu só tenho uma pergunta.
  • 19:15 - 19:17
    Além do mais, precisamos de a ver.
  • 19:17 - 19:20
    (Aplausos)
  • 19:23 - 19:25
    Obrigado, obrigado.
  • 19:25 - 19:28
    Venha cá e junte-se aqui à Martine.
  • 19:28 - 19:33
    Oiça, quando você se casou,
  • 19:33 - 19:36
    se alguém lhe tivesse dito,
    que daí a uns anos,
  • 19:36 - 19:38
    o homem com quem estava a casar-se
    se tornaria numa mulher
  • 19:38 - 19:41
    e uns anos depois disso,
    você se tornaria num robô...
  • 19:41 - 19:44
    (Risos)
  • 19:44 - 19:47
    ... como seria? Como tem sido?
  • 19:47 - 19:50
    Bina Rothblatt:
    Tem sido uma jornada empolgante
  • 19:50 - 19:52
    e eu nunca teria
    imaginado naquela época.
  • 19:52 - 19:57
    Começámos a estipular metas,
    a atingi-las e a realizar coisas.
  • 19:57 - 20:00
    Antes de darmos conta,
    continuámos em frente
  • 20:00 - 20:03
    e ainda não parámos, é maravilhoso.
  • 20:02 - 20:05
    CR: Martine disse-me uma coisa muito bonita
  • 20:05 - 20:08
    no Skype, antes disto.
  • 20:08 - 20:14
    Disse que quer viver centenas de anos
  • 20:14 - 20:16
    como um arquivo de memória,
  • 20:16 - 20:19
    mas só se estiver consigo.
  • 20:20 - 20:22
    R: É verdade, nós queremos
    fazer isso juntos.
  • 20:22 - 20:25
    Somos crionistas
    e queremos acordar juntos.
  • 20:25 - 20:27
    CA: Como vocês sabem,
    do meu ponto de vista,
  • 20:27 - 20:31
    esta não é uma das mais
    surpreendentes vidas de que ouvi falar,
  • 20:31 - 20:34
    mas é a mais surpreendente
    história de amor que já ouvi.
  • 20:34 - 20:36
    É um prazer tê-los aqui no TED.
  • 20:36 - 20:38
    Muito obrigado.
  • 20:38 - 20:39
    Obrigado.
  • 20:39 - 20:42
    (Aplausos)
Title:
A minha filha, a minha mulher, o nosso robô e a questão da imortalidade.
Speaker:
Martine Rothblatt
Description:

A fundadora da Sirius XM rádio satélite, Martine Rothblatt, é atual administradora duma companhia farmacêutica que produz remédios que tratam doenças raras (incluindo um remédio que salvou a vida da sua filha). Entretanto, trabalha para preservar a consciência da mulher que ama num arquivo digital... e numa companheira robô. Numa conversa no palco com Chris Anderson, da TED Talks, Rothblatt partilha a sua poderosa história de amor, identidade, criatividade e possibilidade ilimitadas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
21:04
  • Esta tradução deveria ter sido feita em português (europeu). A sua revisão deve verter a oralidade brasileira para a portuguesa.

Portuguese subtitles

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