A minha filha, a minha mulher, o nosso robô e a questão da imortalidade.
-
0:01 - 0:05Chris Anderson:
Acho que vamos falar sobre a sua vida -
0:05 - 0:09e usar algumas imagens
que você partilhou comigo. -
0:09 - 0:12Acho que devemos começar aqui, com esta.
-
0:12 - 0:14Ok, quem é este?
-
0:14 - 0:19Martine Rothblatt:
Sou eu com o meu filho mais velho, Eli. -
0:19 - 0:22Ele estava com cinco anos.
-
0:22 - 0:24Esta foto foi tirada na Nigéria
-
0:24 - 0:28logo após ter realizado
a prova de direito de Washington, D.C. -
0:28 - 0:31CA: Mas este não se parece muito
com uma Martine. -
0:32 - 0:38MR: Pois não. Este era eu quando homem,
tal como quando nasci. -
0:40 - 0:44Antes de fazer a transição
para mulher, de Martin para Martine. -
0:44 - 0:46CA: Você foi criado como Martin Rothblatt.
-
0:46 - 0:47MR: Fui.
-
0:47 - 0:52CA: Um ano após esta foto,
você casou com uma linda mulher. -
0:52 - 0:54Foi amor à primeira vista?
O que aconteceu? -
0:54 - 0:56MR: Foi amor à primeira vista.
-
0:56 - 1:00Eu vi a Bina numa discoteca
em Los Angeles, -
1:00 - 1:04e depois começámos a morar juntos.
-
1:04 - 1:07No momento em que a vi,
vi uma aura de energia em volta dela. -
1:07 - 1:09Pedi-lhe para dançar.
-
1:09 - 1:12Ela disse que viu uma aura
de energia em torno de mim. -
1:12 - 1:15Eu era um pai solteiro.
Ela era uma mãe solteira. -
1:16 - 1:18Mostrámos um ao outro
as fotos dos nossos filhos, -
1:18 - 1:22e temos um casamento feliz
há cerca de 30 anos. -
1:24 - 1:26(Aplausos)
-
1:27 - 1:30CA: Nessa época, você era
um empresário bem sucedido, -
1:30 - 1:32trabalhava com satélites.
-
1:32 - 1:34Acho que você teve
duas companhias bem sucedidas -
1:34 - 1:36e depois você começou
a abordar o problema -
1:36 - 1:40de como podia usar satélites
para revolucionar a rádio. -
1:40 - 1:42Fale-nos disso.
-
1:42 - 1:44MR: Eu sempre gostei
de tecnologia espacial. -
1:44 - 1:46Os satélites, para mim, eram
como as canoas -
1:46 - 1:50que os nossos avós empurraram
pela primeira vez na água. -
1:50 - 1:54Para mim, era emocionante
fazer parte da navegação -
1:54 - 1:56nos oceanos do céu.
-
1:56 - 2:01Como desenvolvi diferentes tipos
de sistemas de comunicação por satélite, -
2:01 - 2:06a principal coisa que eu fiz foi lançar
satélites maiores e mais potentes. -
2:06 - 2:09Em consequência disso,
as antenas de receção -
2:09 - 2:12podiam ser cada vez menores.
-
2:12 - 2:15Depois de passar pela difusão
televisiva em direto, -
2:15 - 2:19tive a ideia de que podíamos fazer
um satélite ainda mais poderoso, -
2:19 - 2:22o recetor podia ser tão pequeno
-
2:22 - 2:25que seria apenas uma parte
do recetor de parabólica, -
2:25 - 2:29uma aba duma placa embutida
no teto de um automóvel, -
2:29 - 2:32e seria possível ter
rádio por satélite a âmbito nacional. -
2:32 - 2:35Isto é a Sirius XM hoje.
-
2:35 - 2:37CA: Uau! Então, quem aqui
já usou a Sirius? -
2:37 - 2:39(Aplausos)
-
2:40 - 2:42MR: Obrigada
pelas vossas assinaturas mensais. -
2:42 - 2:44(Risos)
-
2:45 - 2:49Então, isso teve êxito apesar
de todas as previsões naquele tempo. -
2:49 - 2:51Foi um grande sucesso comercial.
-
2:51 - 2:55Logo após isso, no início de 1990,
-
2:55 - 2:59houve uma grande transição na sua vida
e você passou a ser Martine. -
3:00 - 3:01MR: Isso mesmo.
-
3:01 - 3:04CA: Diga-me, como é que isso aconteceu?
-
3:05 - 3:12MR: Aconteceu numa reunião com a Bina
e os nossos quatros lindos filhos. -
3:13 - 3:17Eu expliquei a cada um deles
-
3:17 - 3:21que sempre sentira
que a minha alma era feminina, -
3:21 - 3:23e eu era uma mulher,
-
3:23 - 3:28mas tinha medo que as pessoas
se rissem de mim se eu expressasse isso. -
3:28 - 3:30Por isso mantivera isso sempre em segredo
-
3:30 - 3:33e só mostrava o meu lado masculino.
-
3:33 - 3:37Cada um deles
teve uma diferente visão disso. -
3:37 - 3:40Bina disse: "Eu amo a sua alma,
-
3:40 - 3:44e seja você por fora
Martin ou Martine, -
3:44 - 3:46isso não me importa,
eu amo a sua alma." -
3:47 - 3:50O meu filho disse:
-
3:50 - 3:54"Se passares a ser mulher,
continuas a ser meu pai?" -
3:55 - 3:58E eu disse: "Sim,
eu serei sempre o teu pai." -
3:58 - 4:00E continuo o pai dele hoje.
-
4:01 - 4:03A minha filha mais nova
fez uma coisa brilhante -
4:03 - 4:06típica duma criança
de cinco anos de idade. -
4:06 - 4:10Disse às pessoas:
"Eu amo o meu pai e 'ela' ama-me." -
4:12 - 4:16Ela não teve quaisquer problemas
com a mistura de sexos. -
4:17 - 4:19CA: Uns anos depois disso,
você publicou este livro: -
4:19 - 4:21"The Apartheid of Sex".
-
4:21 - 4:24Quais eram suas teses neste livro?
-
4:24 - 4:28MR: As minhas teses neste livro são que
há sete mil milhões de pessoas no mundo -
4:28 - 4:33e sete mil milhões de formas únicas
de exprimir o sexo. -
4:33 - 4:40As pessoas podem ter
genitais de homem ou mulher, -
4:40 - 4:43mas os genitais não determinam o sexo
-
4:43 - 4:45nem sequer a sua identidade sexual.
-
4:45 - 4:49É apenas uma questão anatómica
e de reprodução. -
4:49 - 4:52As pessoas podem escolher
qualquer sexo que quiserem -
4:52 - 4:54se não forem forçadas pela sociedade
-
4:54 - 4:57a encaixarem-se em categorias
de masculino e feminino -
4:57 - 4:59tal como a África do Sul força as pessoas
-
4:59 - 5:02a encaixarem-se em categorias
de branco e negro. -
5:02 - 5:06Sabemos, através da ciência antropológica,
que raça é uma ficção, -
5:06 - 5:09embora o racismo seja muito, muito real.
-
5:09 - 5:11Sabemos, através de estudos culturais,
-
5:11 - 5:15que separar os sexos masculino e feminino
é uma construção fictícia. -
5:16 - 5:19A realidade é uma fluidez de sexo
-
5:19 - 5:22que atravessa toda a extensão
de masculino a feminino. -
5:22 - 5:26CA: Então, você nem sempre
se sente 100% feminina. -
5:26 - 5:28MR: Exato. Eu diria que, nalguns aspetos,
-
5:28 - 5:32eu mudo de sexo, como frequentemente
mudo o estilo do meu cabelo. -
5:34 - 5:39CA: Esta é a sua maravilhosa filha, Genesis.
-
5:39 - 5:44Acho que ela estava nesta idade
quando algo muito terrível aconteceu. -
5:44 - 5:49MR: Sim, ela não era capaz
de subir as escadas sozinha -
5:49 - 5:51na nossa casa, até ao quarto.
-
5:51 - 5:53Depois de meses de consultas médicas,
-
5:53 - 5:57foi diagnosticada com uma doença rara,
quase invariavelmente fatal, -
5:57 - 6:01chamada Hipertensão Arterial Pulmonar.
-
6:01 - 6:04CA: Como é que você reagiu a isso?
-
6:04 - 6:07MR: Bem, primeiro tentámos tratá-la
com os melhores médicos. -
6:07 - 6:11Acabámos no Centro Nacional de
Tratamento Infantil, em Washington, D.C. -
6:11 - 6:14O diretor de cardiologia
-
6:14 - 6:18disse-nos que ia indicá-la
para um transplante de pulmão, -
6:18 - 6:20mas que não devíamos
alimentar nenhuma esperança, -
6:20 - 6:22porque havia poucos pulmões disponíveis,
-
6:22 - 6:24especialmente para crianças.
-
6:24 - 6:28Disse que todas as pessoas
com esta doença morriam. -
6:30 - 6:33Se vocês viram o filme
"Ato de Amor", -
6:33 - 6:35há uma cena em que o protagonista
-
6:35 - 6:38quase cai pelas escadas abaixo,
-
6:38 - 6:41chorando e lamentando
o destino do seu filho. -
6:41 - 6:44Era exatamente assim
que nos sentíamos quanto à Genesis. -
6:44 - 6:48CA: Mas você não aceitou isso
como limite para o que podia fazer. -
6:48 - 6:53Começou a pesquisar e ver se conseguia
descobrir a cura de alguma maneira. -
6:53 - 6:57MR: Exato. Ela esteve nos CI
durante semanas nessa altura, -
6:57 - 7:01e Bina e eu alternávamo-nos,
um ficava no hospital -
7:01 - 7:03enquanto o outro
cuidava das outras crianças. -
7:03 - 7:06Quando eu estava no hospital
e ela estava a dormir, -
7:06 - 7:08eu ia à biblioteca do hospital.
-
7:08 - 7:12Lia todos os artigos que achava
sobre hipertensão pulmonar. -
7:12 - 7:16Nunca estudei nada de biologia,
nem mesmo na universidade, -
7:16 - 7:21portanto ia de um texto de biologia
de nível básico para um de nível médio, -
7:21 - 7:26para um texto de biologia medico,
artigos de jornais, dum lado para o outro. -
7:26 - 7:30Acabei por adquirir conhecimento suficiente
que me tornou possível acreditar -
7:30 - 7:32que alguém podia achar a cura.
-
7:32 - 7:35Então criámos uma fundação
sem fins lucrativos. -
7:35 - 7:40Escrevi uma descrição,
pedindo à pessoas para enviarem doações -
7:40 - 7:42e nós pagaríamos uma investigação médica.
-
7:42 - 7:44Tornei-me especialista na situação.
-
7:44 - 7:46Os médicos disseram-me:
-
7:46 - 7:50"Martine, apreciamos os fundos
que nos arranjou, -
7:50 - 7:54mas não seremos capazes
de achar a cura a tempo -
7:54 - 7:55de salvar a sua filha.
-
7:55 - 7:58Entretanto, há um medicamento
-
7:58 - 8:03que foi desenvolvido
na Burroughs Wellcome Compania -
8:03 - 8:06que talvez possa impedir
a progressão da doença. -
8:06 - 8:11Mas a Burroughs Wellcome acabou
de ser adquirida pela Glaxo Wellcome. -
8:11 - 8:13E esta tomou a decisão de não desenvolver
-
8:13 - 8:16nenhum medicamento
para doenças raras e órfãs. -
8:16 - 8:21Talvez tu possas usar os teus conhecimentos
em comunicações via satélite -
8:21 - 8:24para desenvolver a cura
para a hipertensão pulmonar". -
8:25 - 8:28CA: Então, como conseguiu
acesso ao medicamento? -
8:28 - 8:30MR: Fui à Glaxo Wellcome.
-
8:30 - 8:36Fui rejeitada por três vezes
e fecharam-me a porta na cara, -
8:36 - 8:40porque não iam conceder
a licença para o medicamento -
8:40 - 8:42a um especialista
em comunicação de satélites. -
8:42 - 8:49De facto, não concederam
o medicamento a ninguém. -
8:49 - 8:52Pensavam que eu não tinha
conhecimentos suficientes. -
8:52 - 8:58Por fim consegui persuadir uma pequena
equipa de pessoas a trabalhar comigo -
8:58 - 9:01e adquirir credibilidade.
-
9:01 - 9:02Dei cabo da resistência deles.
-
9:02 - 9:06A propósito, eles nem sequer tinham
esperança de que o medicamento funcionasse -
9:06 - 9:08e tentaram dizer-me:
-
9:08 - 9:11"Está a desperdiçar o seu tempo.
Sentimos muito pela sua filha." -
9:11 - 9:14Mas, finalmente, por 25 000 dólares
-
9:14 - 9:18e um acordo de pagar 10%
de qualquer lucro que pudéssemos obter, -
9:18 - 9:21concordaram em dar-me os direitos mundiais
sobre este medicamento. -
9:22 - 9:29CA: Você colocou o medicamento no mercado
de uma maneira muito brilhante, -
9:29 - 9:33cobrando apenas o necessário
para funcionar economicamente. -
9:33 - 9:37MR: Ah, sim, Chris, mas não era
o medicamento que eu esperava. -
9:37 - 9:40Depois de passar o cheque
de 25 000 dólares, disse: -
9:40 - 9:43"Tudo bem, onde está
o medicamento para a Genesis?" -
9:43 - 9:46Disseram-me: "Martine,
a não há medicamento para Genesis. -
9:46 - 9:48Nós só tentámos isso em ratos."
-
9:48 - 9:51E deram-me um pequeno saco de plástico
-
9:51 - 9:54com uma pequena quantidade
de um pó e disseram: -
9:54 - 9:57"Não dê isto a nenhuma pessoa".
-
9:57 - 10:00Deram-me um pedaço de papel
que disseram ser a patente. -
10:00 - 10:04Dali em diante, tivemos que descobrir
uma forma de tornar aquilo num medicamento. -
10:04 - 10:07Cem cientistas nos E.U.A,
das melhores universidades -
10:07 - 10:12juraram que aquela pequena patente
nunca poderia vir ser um medicamento. -
10:12 - 10:15Se viesse a ser um medicamento,
nunca poderia ser usado -
10:15 - 10:18porque tinha uma meia-vida
de apenas 45 minutos. -
10:18 - 10:23CA: Apesar disso, um ano ou dois depois,
tinham o medicamento -
10:23 - 10:27que funcionou para a Genesis.
-
10:27 - 10:29MR: Chris, a coisa mais surpreendente
-
10:29 - 10:34é que um resquício
absolutamente inútil do pó, -
10:34 - 10:38que tinha a centelha de uma promessa
de esperança para Genesis -
10:38 - 10:43não só tem mantido a Genesis
e outras pessoas vivas, -
10:43 - 10:47mas produz quase mil milhões e meio
de dólares por ano em receitas. -
10:47 - 10:50(Aplausos)
-
10:50 - 10:52CA: E pronto.
-
10:53 - 10:57Você pôs essa empresa na bolsa, não foi?
-
10:57 - 11:00E fez uma grande fortuna.
-
11:00 - 11:04A propósito, quanto é que paga à Glaxo,
depois dos 25 000 dólares? -
11:04 - 11:07MR: Pagamos-lhes, todos os anos,
10% de mil e quinhentos milhões, -
11:07 - 11:11ou seja, 150 milhões de dólares
— no ano passado, 100 milhões de dólares. -
11:11 - 11:14É o melhor retorno ao investimento
que eles já receberam. -
11:14 - 11:15(Risos)
-
11:15 - 11:18CA: E a melhor das notícias,
imagino, é esta. -
11:19 - 11:22MR: Sim, a Genesis é uma rapariga
absolutamente brilhante. -
11:22 - 11:25Ela está viva, saudável,
com 30 anos agora. -
11:25 - 11:28Estamos ali eu, a Bina e a Genesis.
-
11:28 - 11:30A coisa mais maravilhosa sobre Genesis
-
11:30 - 11:34é que ela podia fazer
qualquer coisa na sua vida. -
11:34 - 11:37Acreditem em mim,
se eu crescesse a ouvir toda a vida -
11:37 - 11:40as pessoas a dizer-me na cara
que eu tinha uma doença fatal, -
11:40 - 11:45provavelmente eu ia a correr para o Taiti
e nunca mais queria ver ninguém. -
11:45 - 11:48Mas em vez disso, ela escolheu trabalhar
na United Therapeutics. -
11:48 - 11:51Ela diz que quer fazer tudo o que puder
para ajudar outras pessoas -
11:51 - 11:54com doenças órfãs,
a obterem medicamentos. -
11:54 - 11:58Hoje, ela lidera o nosso projeto
para todas as atividades telepresentes, -
11:58 - 12:02em que ajuda unidades digitais,
de toda uma companhia, a trabalharem juntas -
12:02 - 12:05para descobrirem curas
para a hipertensão pulmonar. -
12:05 - 12:08CA: Mas nem toda a gente
que tem esta doença foi tão afortunada. -
12:08 - 12:12Ainda há muitas pessoas a morrer,
e você também está a combater isso. Como? -
12:12 - 12:17MR: Exatamente, Chris. Há cerca de 3000
pessoas, apenas nos Estados Unidos, -
12:17 - 12:20talvez 10 vezes este número,
mundialmente falando, -
12:20 - 12:22que continuam a morrer desta doença
-
12:22 - 12:25porque os medicamentos
atrasam o progresso da doença, -
12:25 - 12:26mas não a detêm.
-
12:26 - 12:30A única cura para hipertensão pulmonar,
fibrose pulmonar, -
12:30 - 12:34fibrose cística, enfisema,
-
12:34 - 12:36DPOC, o que acabou de causar
a morte de Leonard Nimoy, -
12:36 - 12:39é um transplante de pulmão.
-
12:39 - 12:43Mas infelizmente, só há pulmões
disponíveis para 2000 pessoas -
12:43 - 12:47nos E.U.A., por ano,
a conseguirem um transplante, -
12:47 - 12:49quando há quase meio
milhão de pessoas, por ano, -
12:49 - 12:52a morrer de falência pulmonar.
-
12:52 - 12:55CA: Como é que se pode contornar isso?
-
12:55 - 12:58MR: Eu conceptualizo a possibiidade
-
12:58 - 13:00de que, tal como conseguimos
-
13:00 - 13:03que os carros, os aviões e as construções
durem eternamente -
13:03 - 13:07com uma oferta ilimitada
de peças de construção e de máquinas, -
13:07 - 13:11porque não criarmos um suprimento ilimitado
de órgãos para transplante? -
13:11 - 13:14Para manter as pessoas
a viver sem limites, -
13:14 - 13:16especialmente pessoas
com doenças pulmonares. -
13:16 - 13:22Assim, fizemos equipa com Craig Venter,
um descodificador do genoma humano. -
13:22 - 13:27Ele fundou uma empresa
com Peter Diamandis, o fundador da X Prize, -
13:27 - 13:29para modificar geneticamente
-
13:29 - 13:31o genoma do porco
-
13:31 - 13:35para que os órgãos dele não
sejam rejeitados pelo corpo humano -
13:35 - 13:38e assim criar um stock ilimitado
-
13:38 - 13:41de órgãos para transplante.
-
13:41 - 13:44Fazemos isto através das nossas companhias,
United Therapeutics. -
13:44 - 13:47CA: Você acredita mesmo que, dentro de,
digamos, uma década, -
13:47 - 13:51a escassez de transplante de pulmões
será sanada, através dos potcos? -
13:51 - 13:53MR: Sem dúvida, Chris.
-
13:53 - 13:57Estou tão certo disso quanto como
estava certo do sucesso que teríamos -
13:57 - 14:00com o sinal de televisão
a rádio, Sirius XM. -
14:00 - 14:02Não é ciência de foguetes.
-
14:02 - 14:05É a simples engenharia da
distância entre genes. -
14:05 - 14:10Temos muita sorte por termos nascido
no tempo em que a sequência de genomas -
14:10 - 14:12é uma atividade rotineira.
-
14:12 - 14:15O pessoal incrível
da Synthetic Genomics -
14:15 - 14:17pode concentrar-se no genoma do porco,
-
14:17 - 14:20achando exatamente os genes
que são problemáticos e repará-los. -
14:20 - 14:23CA: Não são apenas corpos...
Isto é espantoso. -
14:24 - 14:26(Aplausos)
-
14:27 - 14:31Não são apenas os corpos de longa duração
que lhe interessam agora. -
14:31 - 14:33São as mentes de longa duração.
-
14:33 - 14:38Acho que este gráfico lhe diz
uma coisa bem profunda. -
14:38 - 14:40O que significa?
-
14:40 - 14:44MR: Este gráfico significa
— veio de Ray Kurzweil — -
14:44 - 14:49que a taxa de desenvolvimento
no processamento do "hardware", -
14:49 - 14:51do "firmware" e "software" dum computador,
-
14:51 - 14:54tem avançado como uma curva
-
14:54 - 14:58que nos anos de 2020 — como vimos
em apresentações anteriores hoje — -
14:58 - 15:02haverá tecnologia de informação
-
15:02 - 15:05que processará a informação
e o mundo ao nosso redor -
15:05 - 15:08ao mesmo nível que as mentes humanas.
-
15:09 - 15:12RA: Quando isso acontecer,
você está a preparar-se para este mundo -
15:12 - 15:15acreditando que, em breve, será possível,
-
15:15 - 15:22agarrar no conteúdo dos nossos cérebros
e, de certa forma, preservá-lo para sempre? -
15:22 - 15:25Como é que descreveria isso?
-
15:25 - 15:29MR: Bem, Chris, estamos a trabalhar
simulando uma situação -
15:29 - 15:31em que as pessoas podem criar
um arquivo da mente. -
15:31 - 15:35Um arquivo da mente é uma coleção
do seu comportamento, personalidade, -
15:35 - 15:37recordações, sentimentos,
-
15:37 - 15:39crenças, atitudes e valores.
-
15:39 - 15:44tudo o que colocamos hoje
no Google, no Amazon, no Facebook. -
15:44 - 15:48Toda essa informação guardada poderá
— assim que o software estiver disponível -
15:48 - 15:51nas duas próximas décadas —
-
15:51 - 15:58recapitular a consciência,
reviver a consciência -
15:58 - 16:01que estiver iminente
no nosso arquivo da mente. -
16:01 - 16:04CA: Você não está só a especular,
está a falar a sério. -
16:04 - 16:06Quer dizer, quem é esta?
-
16:06 - 16:11MR: Esta é uma versão robô
da minha querida mulher, Bina. -
16:11 - 16:13Chamamos-lhe Bina 48.
-
16:13 - 16:17Ela foi programada
pela Hanson Robotics, do Texas. -
16:17 - 16:20Há um artigo
da National Geographic Magazine, -
16:20 - 16:22com um dos assistentes.
-
16:22 - 16:25Ela navega na web
-
16:25 - 16:30e tem centenas de horas de traços
do comportamento e da personalidade da Bina. -
16:30 - 16:32É como uma criança de dois anos,
-
16:32 - 16:36mas diz coisas
que deixam as pessoas espantadas. -
16:36 - 16:38Quem melhor o exprimiu, talvez,
-
16:38 - 16:41foi a jornalista Amy Harmon, que ganhou
o prémio Pulitzer do New York Times, -
16:41 - 16:44que disse que as respostas dela
são quase frustrantes, -
16:44 - 16:50mas outras vezes, tão convincentes quanto
às de pessoas reais que ela entrevistou. -
16:50 - 16:55CA: Então você pensa
que a sua esperança -
16:55 - 17:01está na versão da Bina que,
de certa maneira, pode viver para sempre -
17:01 - 17:03ou nalguma versão superior
que possa viver para sempre? -
17:03 - 17:06MR: Sim, não apenas Bina,
mas toda a gente. -
17:06 - 17:10Sabe, praticamente não nos custa nada
guardar os nossos arquivos mentais -
17:10 - 17:13no Facebook, no Instagram, ou no que seja.
-
17:13 - 17:17Penso que as redes sociais são a invenção
mais extraordinária dos nossos tempos, -
17:17 - 17:21e as aplicações que vão aparecendo
-
17:21 - 17:24permitem-nos ultrapassar o Siri,
cada vez melhor, -
17:24 - 17:27e desenvolver sistemas
de operação da consciência. -
17:27 - 17:29Todas as pessoas no mundo,
milhares de milhões de pessoas, -
17:29 - 17:33poderão criar clones
das suas próprias mentes -
17:33 - 17:36e ter sua própria vida na web.
-
17:36 - 17:38CA: A questão é, Martine,
-
17:38 - 17:41em qualquer conversa normal,
isto soaria totalmente louco -
17:41 - 17:45mas, no contexto da sua vida,
do que você fez, -
17:45 - 17:47de alguma das coisas
que ouvimos esta semana -
17:47 - 17:50— a construção da realidade
que as nossas mentes produzem — -
17:50 - 17:52você não seria contra isso tudo.
-
17:53 - 17:56MR: Bem, penso que muita coisa
não é minha. -
17:56 - 18:02Quase nada, eu talvez seja
um pouco de comunicador das atividades -
18:02 - 18:05que são desenvolvidas
por ótimas companhias -
18:05 - 18:09na China, Japão, Índia, nos E.U.A, Europa.
-
18:09 - 18:14Há dezenas de milhões de pessoas
a trabalhar em escrever códigos -
18:14 - 18:18que exprimem cada vez mais aspetos
da nossa consciência humana. -
18:18 - 18:23Não é preciso ser um génio
para perceber que todos estes filamentos -
18:23 - 18:27se juntarão e, ao fazerem isso,
acabarão por criar a consciência humana, -
18:27 - 18:29e é algo que vale à pena.
-
18:29 - 18:31Há tantas coisas
para se fazer na vida -
18:31 - 18:35e se tivéssemos uma simulação,
uma sósia digital de nós mesmos -
18:35 - 18:39que nos ajudasse a processar livros,
fazer compras, -
18:39 - 18:41ser nossos melhores amigos,
-
18:41 - 18:44eu acredito em clones de mentes
— essa versão digital de nós mesmos — -
18:44 - 18:46serão, finalmente, nossos melhores amigos.
-
18:46 - 18:48Para mim e para Bina,
-
18:48 - 18:50amamo-nos loucamente.
-
18:50 - 18:52Todos os dias, dizemos coisas do tipo:
-
18:52 - 18:55"Uau!, Amo-te ainda mais
do que há 30 anos." -
18:55 - 18:58Para nós, a perspetiva
dos clones de mentes -
18:58 - 19:00e da regeneração de corpos
-
19:00 - 19:03é como o nosso caso de amor, Chris,
pode durar para sempre. -
19:03 - 19:06Nós nunca nos enjoamos um do outro.
E tenho certeza de que nunca enjoaremos. -
19:06 - 19:08CA: A Bina está aqui, não é?
-
19:08 - 19:09MR: Está, sim.
-
19:09 - 19:12Seria demais...
temos um microfone de mão? -
19:12 - 19:15Bina, posso convidá-la para o palco?
Eu só tenho uma pergunta. -
19:15 - 19:17Além do mais, precisamos de a ver.
-
19:17 - 19:20(Aplausos)
-
19:23 - 19:25Obrigado, obrigado.
-
19:25 - 19:28Venha cá e junte-se aqui à Martine.
-
19:28 - 19:33Oiça, quando você se casou,
-
19:33 - 19:36se alguém lhe tivesse dito,
que daí a uns anos, -
19:36 - 19:38o homem com quem estava a casar-se
se tornaria numa mulher -
19:38 - 19:41e uns anos depois disso,
você se tornaria num robô... -
19:41 - 19:44(Risos)
-
19:44 - 19:47... como seria? Como tem sido?
-
19:47 - 19:50Bina Rothblatt:
Tem sido uma jornada empolgante -
19:50 - 19:52e eu nunca teria
imaginado naquela época. -
19:52 - 19:57Começámos a estipular metas,
a atingi-las e a realizar coisas. -
19:57 - 20:00Antes de darmos conta,
continuámos em frente -
20:00 - 20:03e ainda não parámos, é maravilhoso.
-
20:02 - 20:05CR: Martine disse-me uma coisa muito bonita
-
20:05 - 20:08no Skype, antes disto.
-
20:08 - 20:14Disse que quer viver centenas de anos
-
20:14 - 20:16como um arquivo de memória,
-
20:16 - 20:19mas só se estiver consigo.
-
20:20 - 20:22R: É verdade, nós queremos
fazer isso juntos. -
20:22 - 20:25Somos crionistas
e queremos acordar juntos. -
20:25 - 20:27CA: Como vocês sabem,
do meu ponto de vista, -
20:27 - 20:31esta não é uma das mais
surpreendentes vidas de que ouvi falar, -
20:31 - 20:34mas é a mais surpreendente
história de amor que já ouvi. -
20:34 - 20:36É um prazer tê-los aqui no TED.
-
20:36 - 20:38Muito obrigado.
-
20:38 - 20:39Obrigado.
-
20:39 - 20:42(Aplausos)
- Title:
- A minha filha, a minha mulher, o nosso robô e a questão da imortalidade.
- Speaker:
- Martine Rothblatt
- Description:
-
A fundadora da Sirius XM rádio satélite, Martine Rothblatt, é atual administradora duma companhia farmacêutica que produz remédios que tratam doenças raras (incluindo um remédio que salvou a vida da sua filha). Entretanto, trabalha para preservar a consciência da mulher que ama num arquivo digital... e numa companheira robô. Numa conversa no palco com Chris Anderson, da TED Talks, Rothblatt partilha a sua poderosa história de amor, identidade, criatividade e possibilidade ilimitadas.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 21:04
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Margarida Ferreira
Esta tradução deveria ter sido feita em português (europeu). A sua revisão deve verter a oralidade brasileira para a portuguesa.