-
(Visão - As ideias de amanhã, hoje)
-
(Sir Ken Robinson "Mudando paradigmas" - ganhador da medalha Benjamin Franklin da Royal Society of Artists.)
-
Muito obrigado. Vocês ficaram surpresos quando souberam que eu ganhei a medalha?
-
Sim ou não? Vocês ficaram ansiosos, não foi? "Quem será?"
-
Obrigado. Eu me sinto humilde por ganhar esse prêmio.
-
Eu estive pensando, sentir-se humilhado não é um sentimento comum, não é mesmo?
-
Eu não costumo me sentir humilde - depreciado, humilhado, colocado para baixo.
-
Sentir-se humilde está mais para um sentimento antigo, não é? Não é uma emoção moderna.
-
Mas eu o sinto, e particularmente, ao ganhar esse prêmio com o nome de Benjamin Franklin,
-
que foi um homem notável. Ele morava perto daqui, na rua Craven. A casa fica a poucos minutos daqui,
-
e eu recomendo a vocês uma visita. Ela acabou de ser reformada.
-
É uma poderosa evocação da vida dessa extraordinária figura,
-
um homem que estava profundamente envolvido no crescimento do industrialismo,
-
parte do Iluminismo, no coração da criação do Novo Mundo,
-
e apaixonado pela educação.
-
Um homem que também estava profundamente envolvido na ciência, artes, humanidades e política.
-
Um polímato, penso eu, uma figura renascentista no coração do Iluminismo -
-
e um dos primeiros membros importantes da Royal Society of Arts.
-
Se vocês não conhecem essa instituição, eu sugiro que vocês busquem mais informações.
-
Ela foi fundada, acho que estou certo, em 1753, por William Shipley,
-
e o seu nome completo é Royal Society of Encouragemente of Arts, Manufactures and Commerce.
-
E teve uma longa estória na promoção e defesa das formas adequadas de educação pública.
-
Eu tive um longo contato com a RSA. Eu dei uma palestra aqui
-
- talvez até Matthew não saiba sobre isso - em Julho de 1990, nessa sala.
-
Eu me proponho a repeti-la palavra por palavra, tudo bem? (Platéia ri)
-
Vocês não acharam que ia gastar o meu tempo inventado algo novo, certo?
-
Não, em 1990, eu estava dirigindo um projeto nacional de artes nas escolas
-
e havia publicado um livro de artes nas escolas.
-
Eu tinha uma grande paixão pela arte, e a gente se encontrava aqui,
-
um pouco depois da introdução do currículo nacional na Inglaterra,
-
que se enganou profundamente quanto ao lugar da arte na educação.
-
Sim, eu estava falando sobre como as artes poderiam fazer parte da grade escolar.
-
E aqui estamos, 17 anos depois - bem, está tudo tão diferente, eu sinto.
-
Eu quero dizer algumas palavras a respeito, e quero mostrar para vocês dois pequenos vídeos,
-
e então conversar com vocês.
-
Uma das coisas que têm acontecido comigo desde 1990 é que eu me mudei para os E.U.A,
-
eu me mudei para lá há 7 anos, à convite do Getty Center.
-
Eu não voei para a Grã-Bretanha, mas se coloquem no meu lugar:
-
Eu recebi uma chamada no meu celular no dia 3 de Janeiro de 1990, quando eu vivia perto de Coventry.
-
E um cara disse: "Você gostaria de vir para cá e viver na Califórnia?" (Platéia ri)
-
A gente foi, imediatamente. (Platéia ri) Eu não perguntei qual era o trabalho, a gente apenas foi.
-
E - o telefone ainda está pendurado no gancho, na verdade, na casa,
-
e nós esperamos que algum dia as crianças irão nos rastrear, mas não nos importamos.
-
Mas agora eu vivo nos E.U.A, e adoro. Quem já esteve em L.A? Alguém aqui?
-
É um lugar extraordinário.
-
Eu e minha mulher estivemos em Las Vegas recentemente. Estamos juntos há 30 anos
-
e decidimos nos casar novamente no ano passado.
-
Então a gente foi para a Capela do Elvis (Platéia ri). Eu recomendo. Vocês deveriam tentar.
-
Nós compramos o pacote Blue Hawaii, mas há outros. Com o pacote Blue Hawaii, você consegue o
-
dublê do Elvis, quatro músicas, a capela, e claro, umas tragadas no meio do caminho ,
-
você precisa pedir isso - e uma garota havaiana, que era opcional, mas eu optei por ela,
-
por motivos que me agradavam mais, francamente.
-
Por mais cem dólares, poderíamos conseguir um Cadillac rosa, mas nós achamos que isso seria um pouco brega.
-
Achamos que ele destoaria muito da ocasião,
-
mas eu menciono isso porque Las Vegas é um exemplo icônico das coisas sobre as quais eu gostaria de conversar com vocês.
-
Não Las Vegas em si, mas a ideia que a fez crescer.
-
Se vocês pensarem um pouco, todas as outras cidades da Terra têm uma razão para estarem onde estão.
-
Como Londres, que está numa doca natural, portanto é boa para o comércio, ou está num porto,
-
ou num vale, então é bom para a agricultura, ou está ao lado de um morro, então é bom para a defesa.
-
Mas nada disso é verdade em Las Vegas. Não há motivos geográficos para ela estar ali.
-
O único motivo pelo qual ela está ali é o mesmo que levantou essa organização,
-
que afeta cada aspecto de sua vida, que faz a humanidade ser o que é.
-
A única coisa, na minha opinião, que é o poder extraordinário,
-
que é concedido aos seres humanos, e que nenhuma outra espécie tem, pelo menos em tese.
-
Eu falo do poder da imaginação. Nós a consideramos como totalmente garantida.
-
Essa capacidade de trazer à mente as coisas que não estão presentes,
-
e com base nisso, conjecturar sobre coisas que nunca aconteceram, mas que poderiam acontecer.
-
Todos as características da cultura humana, ao meu ver, são consequências dessa capacidade única.
-
Outras criaturas podem ter algo parecido, outras criaturas cantam,
-
mas não escrevem óperas. Outras criaturas são ágeis, mas não são parte do comitê das olimpíadas.
-
Elas se comunicam, mas não têm festivais de teatro.
-
Têm estruturas, mas não constroem prédios e nem colocam mobília nele.
-
Nós somos os únicos com essa capacidade, uma capacidade que tem produzido a mais extraordinária diversidade
-
da cultura humana, empreendimentos, inovação, 6000 línguas atualmente faladas no mundo.
-
E a grande aventura que produziu, entre outras coisas, a Royal Society of Arts,
-
e todos os seus trabalhos.
-
Mas eu acredito que estamos destruíndo sistematicamente essa capacidade em nossas crianças e em nós mesmos.
-
Agora, escolho minhas palavras com cuidado. Eu não digo "deliberadamente".
-
Eu não acho que é deliberado, mas acontece que é sistemático.
-
Nós fazemos isso rotineiramente, sem pensar, e isso é o pior de tudo.
-
Porque nós admitimos certas ideias sobre educação, crianças,
-
sobre o que é ser educado, sobre necessidade social e utilidade social, e propósito econômico.
-
Nós admitimos essas ideias, mas elas acabam se revelando falsas.
-
Muitas ideias que parecem óbvias se tornam falsas. Essa foi, de fato, a grande aventura do Iluminismo:
-
ideias que pareciam óbvias, mas que se mostraram falsas.
-
Ironicamente, eu acredito que o legado do Iluminismo agora está dificultando
-
as reformas que são necessárias para a educação.
-
Nós crescemos num sistema de educação público que é o dominado por duas ideias.
-
Uma delas é uma concepção de utilidade econômica. E você pode ilustrar isso diretamente.
-
Está implícita na estrutura do currículo escolar. Está ali.
-
Há, em todas as grades escolares da Terra, uma hierarquia de assuntos. Vocês a conhecem: Passaram por ela.
-
Se você é um educador, provavelmente concordou ou contribuíu com ela, de alguma forma.
-
Quando nos mudamos para os E.U.A, colocamos nossos filhos no colegial, e ele era reconhecível.
-
O currículo é totalmente reconhecível: Matemática, ciências e o inglês lá em cima;
-
então vêm as humanidades, lá embaixo, e as artes, no fundo.
-
E nas artes, sempre há outra hierarquia, arte e música são sempre mais valorizadas do que
-
o drama e a dança.
-
Não há uma escola no país que eu conheça - um sistema escolar, quero deixar bem claro -
-
não há um sistema escolar, atualmente, em nenhum lugar, que ensine dança todos os dias, sistematicamente,
-
para todas as crianças, da mesma forma que exigimos delas o aprendizado da matemática.
-
Eu não estou contra a matemática, pelo contrário. Mas porque a dança é uma perdedora dentro desse sistema?
-
Bem, pensem, uma das razões é que as pessoas nunca viram nenhuma função econômica nela.
-
Portanto, há um julgamento econômico, que é consolidado na estrutura da grade escolar.
-
E eu tenho certeza de que foi verdade para vocês: Provavelmente vocês se sentiram benignamente desviados
-
das coisas que faziam bem na escola, e direcionados para as coisas
-
que as outras pessoas sugeriam como mais úteis para vocês.
-
Efetivamente, nosso currículo escolar está baseado na premissa de que há dois tipos de assuntos:
-
úteis e inúteis. E os inúteis caem, eventualmente.
-
E eles caem especialmente quando o bolso começa a ficar apertado, como sempre está.
-
George Bush esteve na cidade hoje, não foi? Eu apenas pensei que deveria compartilhar a dor, só isso.
-
Eu estou sentido. Não: Presidente Bush, como eu o chamo, foi responsável, com outros,
-
por uma lei multipartidária que busca reformar a educação pública.
-
E eu conversei muito sobre isso, agora vivo nos E.U.A, o que vou continuar dizendo, só para fazer vocês sentirem mal, certo?
-
Eu moro na Califórnia e vocês não.
-
Não, quando cheguei nos E.U.A, me disseram que os americanos não entendem a ironia.
-
Isso não é verdade. Esse é um conceito inglês. Eu me sinto tranquilo a seu respeito porque há outros.
-
Quando a gente foi para E.U.A, nos deram um guia
-
de como se portar no país - de verdade, foi o nosso agente imobiliário. Como se portar nos E.U.A.
-
Agora eu estou entregando ele para todos os norte-americanos que encontro, tipo: "Faça, faça", você sabe
-
"Vamos todos nos comportar devidamente, certo?" Mas uma das coisas que foi dita nele foi:
-
"Não abrace os norte-americanos. Eles não gostam". De verdade, era explícito:
-
"Não abrace os norte-americanos. Eles não gostam" Isso é um absurdo. Eles amam um abraço.
-
Os norte- americanos com quem convivi amavam um abraço, mas nós pensávamos que não,
-
então, durante o primeiro ano, nós mantivemos nossos braços perto de nós em reunões sociais, pelo medo de ofendê-los,
-
e tudo isso contribuíu para a ideia de que nós éramos um exemplo da seriedade britânica,
-
ou de que éramos refugiados do Rio Dance.
-
Mas me disseram que os norte-americanos não reagem à ironia. E então eu me deparei com um projeto
-
de lei norte-americana chamado "Abandono de criança zero".
-
E eu pensei, qualquer um que crie esses título entende as ironias,
-
porque a legislação está abandonando milhões de crianças
-
Claro, não é um nome muito atraente para uma legislação,
-
"Milhões de crianças abandonadas"; eu posso imaginar, mas acreditem ou não,
-
é o ato educacional de 1998 nesse país.
-
Foi o manifesto que inspirou o trabalho de Chris Woodhead, acredito eu,
-
durante a sua estada na OFSTED.
-
Eu acho que isso é importante, porque isso, para mim, é uma ideologia de educação,
-
descarada, e esse é o problema.
-
Deixem-me falar sobre a mudança de paradigmas. Minha convicção é de que devemos fazer muitas coisas, mais
-
do que acontece atualmente. Todos os países do mundo, nesse momento, estão reformando a educação pública.
-
Eu não conheço nenhuma excessão. Lembrem-se, o que há de novo? Nós sempre reformamos a educação pública.
-
Mas agora estamos fazendo isso consistente e sistematicamente, por todos os lugares.
-
Há duas razões para isso. A primeira é a econômica. As pessoas tentam planejar
-
um forma de educação para as nossas crianças ocuparem os lugares no sistema econômico do século XXI?
-
Como fazemos isso, já que não podemos prever como será a economia
-
no final da próxima semana, como a recente crise está demonstrando?
-
Como fazemos isso? O segundo pensamento é cultural. Todos os países da Terra estão tentando descobrir
-
como poderemos educar nossas crianças para que elas tenham um senso de identidade cultural e
-
para que possamos transmitir os genes culturais de nossas comunidades,
-
enquanto somos parte de um processo de globalização? Como vamos solucionar esse problema?
-
A maioria dos países, penso eu, estão fazendo o que fizemos em 1988, agindo com a premissa
-
de que o desafio é reformar a educação, criar uma versão melhor daquilo que ela já foi.
-
Em outras palavras, o desafio é apenas o de fazer melhor o que fizemos antes.
-
E nós temos que elevar o padrão. Dizem que nós temos que elevá-los, como se isso fosse uma grande descoberta.
-
Claro, deveríamos. Porque vocês os rebaixariam?
-
Eu não me deparei com nenhum argumento que me persuadiu a baixá-los.
-
Mas elevando-os - claro que deveríamos elevá-los. O problema é que o sistema de educação atual,
-
pelo meu ponto de vista e experiência, foi elaborado, concebido e estruturado para uma época diferente.
-
Foi concebido dentro da cultura intelectual do Iluminismo, e das circunstâncias econômicas da Revolução Industrial.
-
Antes de meados do século XIX, não havia sistemas de educação públicos.
-
não mesmo, quero dizer, você poderia ser educado pelos jesuítas, se tivesse dinheiro.
-
Mas educação pública, paga pelos impostos, compulsória para todos,
-
e livre, foi uma ideia revolucionária.
-
E muitas pessoas se opuseram a ela. Disseram: "As crianças de rua e da classe trabalhadoras não serão beneficiadas
-
com a educação pública: Elas são incapazes de ler e escrever,
-
porque estamos perdendo tempo com isso?"
-
Portanto há nessa declaração uma série de suposições sobre
-
a capacidade de estruturação social. Mas ela foi elaborada para os seus propósitos, e por isso, enquanto o sistema de educação público evoluíu
-
durante o século XIX e o começo do século XX, nós tivemos uma base muito ampla de educação elementar,
-
escolas infantis.Todos frequentaram-nas. Meu avô frequentou.
-
Ele saiu da escola quando tinha doze anos. A maioria das pessoas também o fazia na época, na virada do século.
-
E então, gradualmente, nos introduzimos uma camada sobre essa, uma educação secundária,
-
e algumas pessoas frequentaram-na. Meu pai saiu da escola com quatorze, passando por ela.
-
E então, um pequeno setor da universidade, logo acima.
-
E a expectativa era de que as pessoas tentariam subir, e poucas conseguiriam chegar ao topo,
-
e ir para a universidade. Ela foi modelada pelas premissas econômicas do industrialismo,
-
isto é, que precisamos de um grande número de pessoas para fazer o trabalho manual,
-
e, com dificuldades, elas poderiam estudar línguas e aritmética;
-
um grupo menor faria o trabalho administrativo: para isso que serviram as aulas de gramática;
-
até grupos menores que fugiriam e dirigiriam o império para nós,
-
se tornando advogados, juízes e doutores - e eles foram as universidades.
-
Agora, eu simplifico, mas foi mais ou menos assim que a coisa aconteceu.
-
E era dirigida por uma demanda econômica da época, mas em contrapartida,
-
havia um modelo intelectual da mente, que era essencialmente uma visão de inteligência do Iluminismo,
-
de que a inteligência real consiste numa capacidade de certo tipo de raciocínio dedutivo,
-
e o conhecimento dos clássicos, o que viemos a considerar como uma habilidade acadêmica.
-
E está nos genes da educação pública a ideia de que há dois tipos de pessoas:
-
Acadêmicos e não-acadêmicos; pessoas inteligentes e pessoas que não são inteligentes.
-
E a consequência disso é que muitas pessoas brilhantes pensam que não o são,
-
porque estão são julgadas por esse ponto de vista particular.
-
Então nós temos pilares gêmeos: econômico e intelectual. E o meu ponto de vista
-
é que esse modelo causou um caos na vida das pessoas.
-
Foi ótimo para alguns: existem pessoas que se beneficiaram maravilhosamente com ele.
-
Mas a maioria não, e isso criou um problema enorme.
-
Eu pronunciei numa conferência - bem, a conferência da TED a quem Matthew se referiu.
-
Entre os que discursavam estava Al Gore, ou Al, como eu o chamo.
-
Al Gore deu uma palestra na conferência da TED - por falar nisso, se vocês não a conhecem,
-
eu recomendo que vocês visitem o site, TED.com: é fantástico.
-
Mas Al Gore fez um discurso que se tornou o filme "Uma verdade inconveniente".
-
O ponto de vista de Al Gore, que não é dele, ele seria o primeiro a dizer isso, remonta à Rachel Carson, e até antes.
-
Ele remonta, se vocês observarem, até mesmo ao trabalho de Linnaeus, no século 18,
-
de Franklin, e dessa sociedade.
-
Eles estavam preocupados com a ecologia
-
e a sustentabilidade do industrialismo durante os séculos 17 e 18.
-
Mas o seu trabalho é uma tentativa de colocar a hipótese num contexto moderno.
-
Eu acho que ele está certo, e não é só ele que vê assim. Um grupo de geólogos recentemente publicou um jornal
-
no qual eles demonstram que a Terra entrou num novo período geológico.
-
Classicamente, a ideia é de que desde o final da Era do Gelo, cerca de 12.000 anos atrás,
-
estamos num período denominado Holocene.
-
Eles acham que nós entramos num novo período. E dizem que se
-
uma futura geração de geólogos viesse para a terra, eles veriam as evidências,
-
a mudança da personalidade geológica da Terra. Eles veriam isso através de evidências como
-
os depósitos de carbono na crosta terrestre, a acidificação dos oceanos,
-
a extinção em massa de espécies, a mudança da atmosfera terrestre,
-
e centenas de outros indicadores.
-
Eles dizem que é, sem sombra de dúvidas, um novo período geológico.
-
Muitos cientistas ganhadores do Nobel concordaram. Eles estão provisioramente chamando o nosso período não de
-
Holoceno, mas Antropoceno. O que eles querem dizer com isso é que há uma era criada pelas atividades humanas, como em Anthropos.
-
E eles dizem que não há questionamento histórico a respeito disso.
-
E é aí que eu quero chegar. Benjamim Franklin, Thomas Jefferson, William Shipley,
-
e grandes figuras do Iluminismo, tanto da política quanto das ciências e artes,
-
estavam concebendo a educação pública, estruturas civis, políticas de deveres
-
num momento de agitação revolucionária. Foi a idade das revoluções na França, E.U.A,
-
não muito depois da perturbação da ordem pública aqui,
-
num tempo de inovações intelectuais extraordinárias e novos horizontes.
-
Antes delas não havia nada que levasse à uma era tanta inovação
-
e mudanças tão extraordinárias.
-
E foi uma caracterização justa para aquela época.
-
Mas há muitas evidência para mostrar, que, o que acontecia naquela época
-
não era nada parecido com o que acontece hoje.
-
Eu acredito que as mudanças que estão acontecendo na Terra não têm precendentes,
-
no que diz respeito às suas características e implicações.
-
E a nossa melhor salvação é desenvolver uma capacidade imaginativa, e fazer isso sistematicamente
-
através da educação pública, e conectar as pessoas aos seus verdadeiros talentos.
-
Não podemos mais aceitar essa devastação.
-
Quando Al Gore fala sobre isso, eu acredito. E eu acho que se vocês não pensarem
-
que há uma crise no ambiente natural do mundo, então vocês não vão prestar atenção.
-
E eu optaria por deixar o planeta o mais rápido possível, certo?
-
Eu acredito que há uma crise climática ao mesmo tempo.
-
Uma delas provavelmente é suficiente para vocês.
-
Vocês sabem: Eu acho que agora estou bem, uma é bom. Eu não preciso de outra.
-
Mas há uma segunda, e o meu trabalho é sobre ela, e eu acho que muitos de vocês
-
ficarão preocupados, e eu sei o que preocupa Edge,
-
Matthew e o comitê da Royal Society of Artists.
-
Mas deixem-me mostrar de um forma particular para vocês. Eu acredito que há uma crise global,
-
não apenas de recursos naturais, embora eu acredite nisso - uma crise global dos recursos humanos.
-
Eu acredito que o paralelo com a crise do mundo natural está certo.
-
E os custos para limpar isso são catastróficos.
-
Vou dar a vocês dois rápidos exemplos. Na Califórnia, o governo estadual gastou, no ano passado,
-
cerca de três bilhões de dólares no sistema universitário estadual.
-
Esses são dados públicos. Eles gastaram mais de 9 bilhões de dólares no sistema carcerário do estado.
-
Eu não posso acreditar que na Califórnia nascem mais criminosos em potencial
-
do que alunos de faculdade em potencial. O que há por ali são pessoas em más condições se dando mal.
-
Eu me lembro de Bernard Levin, uma vez, ele escreveu num de seus artigos do Times
-
dizendo que ele esteve num jantar, e lá perguntaram para ele:
-
"As pessoas são essencialmente boas ou más?".
-
E ele disse, sem hesitação, que são boas.
-
Ele disse que eu fiquei surpreso ao descobrir que eu era uma minoria naquela mesa, minoria de um só.
-
Mas ele acreditou com Viktor Frankl, que sobreviveu ao Holocausto
-
e viu seus pais morrerem, e por isso, as pessoas são essencialmente boas.
-
Eu acredito que elas sejam boas, mas há pessoas que vivem em más circunstâncias e condições.
-
E se você colocar as pessoas em más condições, elas se comportarão de formas diferentes.
-
Então nós gastamos muito do nosso tempo remediando o dano.
-
Enquanto isso, eu acho que outro paralelo perfeito é que as indústrias farmacêuticas
-
estão colhendo o ouro dessa desgraça.
-
Se você der uma olhada no crescimento do uso de antidepressivos, da prescrição de drogas que são usadas para o tratamento da depressão,
-
para reprimir os sentimentos das pessoas, essa é uma corrida do ouro
-
as indústrias farmacêuticas não querem curar a depressão, pelo contrário.
-
Uma das coisas que vi recentemente foi que as taxas de suicídio das pessoas entre os 15 e 30 anos
-
aumentou mais de 60%, globalmente, desde os anos 60.
-
É uma das maiores causas de morte entre os jovens.
-
O que é isso? Pessoas nascidas com esperança e otimismo, que decidiram fugir
-
porque não conseguiram lidar com a situação.
-
Eu não digo que a educação seja parte, ou responsável por isso,
-
mas contribui para isso. Isso é tudo o que eu quero dizer.
-
Eu acho que essa crise dos recursos humanos é absolutamente urgente e palpável.
-
Para mim, o desafio não é reformar a educação, mas transformá-la em algo diferente.
-
Eu acho que temos que chegar a um conjunto definitivo de hipóteses.
-
Eu digo isso deliberadamente porque estive envolvido em todos os tipos de iniciativas durante
-
a minha vida profissional. Eu comecei com trabalhos dramáticos, me mudei e comecei alguns projetos escolares
-
com algumas pessoas que estão aqui, conhecidos há anos, e com quem trabalhei por muitos anos,
-
e eu tive uma longa parceria com a RSA.
-
Uma das grandes iniciativas da Royal Society of Artists, nos anos 80, foi a "Educação para capacitação".
-
Vocês deveriam dar uma olhada nela. Ali há coisas extraordinariamente úteis e práticas,
-
e havia pessoas maravilhosas envolvidas: Charles Handy, a quem eu conheci recentemente,
-
bem, não recentemente, mas o conheci bem nos últimos anos. Ele era o presidente da RSA;
-
Tyrell Burgess, Corelli Barnet, Patrick Lutchens,
-
Quando eu era um estudante, dividi um apartamento com o filho de Patrick -
-
e - um tipo de galáxia de poderosos pensadores - John Tomlinson, que foi presidente daqui por um tempo,
-
esteve comigo na Universidade de Warwick.
-
Havia um longa tradição de discursar por melhoras, por alternativas.
-
E mesmo assim, sucessivos governantes assumem e fazem o que fizeram antes.
-
E isso me preocupa - eu falo por mim mesmo - sabem, que depois de todo o otimismo que senti
-
dez anos atrás, eu acho que tivemos, dos últimos dez anos - um tipo de numerosas políticas,
-
mas poucos princípios. Eu não consigo perceber o que elas acrescentaram.
-
E eu digo isso porque eu não as via antes, e não as vejo em nenhum outro lugar.
-
Quero dizer, acho que há alguns países que recebem bem isso, mas nós não.
-
E o motivo é porque não estamos, fundamentalmente, mudando as pretensões implícitas ao sistema,
-
que deveriam lidar com a inteligência, habilidade, propósito econômico e com o que as pessoas precisam.
-
Nós ainda educamos pessoas de fora para dentro. Nós descobrimos do que o país precisa
-
e tentamos, e conseguimos obter algo para sua conformidade, mais do que procurar as coisas que levam as pessoas adiante,
-
construíndo sistemas de educação a partir de um modelo de personalidade, o que eu acho que deveríamos ter.
-
Eu só quero mostrar a vocês dois vídeos curtos - eu não preciso,
-
mas já que tive o trabalho de prepará-los... -
-
Eu só quero dar um exemplo de duas coisas aqui.
-
Por falar nisso, muitas coisas que Matthew gentilmente disse estão nesse livro.
-
A propósito, esse livro é excelente. Certo? Nada é melhor do que esse livro.
-
Isto é, ao menos que você compre este livro,
-
que é o novo, e vai sair em Janeiro pela Penguin. Eu estou muito ansioso por ele.
-
Este livro é sobre a natureza do talento humano, e como as pessoas o descobrem.
-
Está baseado na premissa de que as pessoas fazem o seu melhor quando fazem algo que amam,
-
quando estão em suas áreas. Eu estava tentando entender o que é isso. O que é estar na sua área?
-
Eu falei com cientista, artistas, chefes de negócios, poetas, pais e crianças.
-
E me parece, a evidência é absolutamente persuasiva, que quando as pessoas se conectam
-
com este poderoso senso de talento interno, descobrem o que podem fazer, se tornam outras pessoas.
-
Para mim, esta é a premissa para a construção de um novo sistema educacional.
-
Não se trata de trazer força para o velho modelo, mas reconstituir o nosso senso individual.
-
E acontece que ele sinergiza -ah, isso é um verbo? Não tenho certeza - com os novos planos econômicos.
-
Há duas grandes unidades de mudança, atualmente: uma é a tecnologia, sabem disso?
-
Essa é uma célula cerebral. O que eu quero destacar,
-
é que a tecnologia está se movendo mais rápido do que a maioria das pessoas realmente entendem.
-
Quantos de vocês se consideram baby-boomers, ou mais velhos?
-
Bem que imaginei. Todos vocês - quem não é? Quem se considera como geração X ou milenar? Certo.
-
Os baby-boomers e os mais velhos - Na verdade, não. Vocês que têm mais do que 30, vocês podem levantar a mão
-
se estiverem usando um relógio de pulso?
-
Aí vamos nós, obrigado. Estou curioso. Não, isso é interessante.
-
Faça a mesma pergunta para uma sala cheia de adolescentes. Pergunte se eles usam relógios de pulso. A maioria não usa.
-
E o motivo é - eu queria - pelo qual eles não usam relógios de pulso
-
é porque eles não vêem sentido. Porque eles podem saber do horário de muitas outras formas.
-
No seus iPhones, Ipods, celulares - está em todo lugar.
-
Não, porque eu deveria usar isso? E minha filha vem e diz: "Porque eu deveria colocar um dispositivo específico
-
de contar as horas no meu pulso?" E ela disse, "Além disso, ele faz uma coisa." Do tipo,
-
" Que coisa capenga. Um dispostivo com uma só função, e você gosta?"
-
Mas nós nos conformamos, não é? Vocês tem outras opções, mas isso que digo sobre
-
se conformar é importante. As coisas com as quais estamos conformados é que precisam ser identificadas e questionadas por nós.
-
Você pensou em colocar o seu relógio de manhã?
-
Falem a verdade, foi uma agonia? "Devo? É um dia para se colocar o relógio? Eu não sei mesmo.
-
Vou coloca-lo só para garantir." Não! Você apenas o faz.
-
Os nossos filhos não, e este é um ponto importante. Um cara chamado Mark Prensky já se referiu a isso:
-
Nossos filhos vivem em outro mundo. Ele fala da diferença entre
-
nativos digitais e imigrantes digitais.
-
Se você tem menos de 20, você é um nativo.
-
Você fala o digital, nasceu com essa parafernália, e ela está na sua cabeça, como uma língua nativa.
-
Não chegamos a tanto. Mas a questão é que isto está ficando cada vez mais rápido.
-
Um dos novos horizontes provavelmente será a fusão de inteligência humana com sistemas de informação.
-
Essa é uma célula cerebral, e essa é uma célula cerebral crescendo num chip de silicone.
-
Bem, vamos ver. Mas existem algumas coisas que estão adiante, para as quais não há precedentes.
-
E o impacto na cultura promete ser extraordinário.
-
Isso é outra coisa que eu gostaria de deixar claro: A curva da população mundial.
-
Em 1750, quando a RSA estava se estabelecendo, e William Shipley estava pensando
-
no que fazer à tarde, havia cerca de um bilhão de pessoas na Terra:
-
muito bem distribuídas, a maioria nas partes mais distantes do que se tornou o Império,
-
mas muitas delas nas que viriam a ser as economias industrializadas.
-
Cerca de um bilhão de pessoas. Em comparação, Londres era lugar minúsculo
-
Se você olhar para essa curva, nós somos cerca de 6 bilhões, e o grande salto aconteceu em 1970.
-
De 1970 para 2000, aonde a população da Terra ganhou 3 milhões de novos habitantes.
-
1968, lembrem-se, foi o Verão do amor. Provavelmente é uma coincidência.
-
Sim, mas todos nós fizemos nossa parte. Está bem.
-
Mas isso é interessante: a linha pontilhada representa o crescimento da população nas economias desenvolvidas.
-
O verdadeiro crescimento está acontecendo nas economias emergentes:
-
Ásia, Africa, partes da América do Sul, e por aí vai. E está chegando a nove bilhões.
-
Outra coisa que acontece é que o mundo está se tornando cada vez mais urbanizado.
-
No começo do século 18, até o 19, a maioria das pessoas vivia no interior.
-
Cerca de 3% das pessoas viviam nas cidades. Claro, o grande movimento
-
social que industrialismo provocou foi a migração para as cidades.
-
Mas mesmo assim, na virada do século XX, menos do que 20% das pessoas viviam nas cidades.
-
Atualmente, 50% da população mundial vive nas cidades. 50% de 6 bilhões,
-
e estamos rumando para 60% de 9 bilhões de pessoas vivendo nas cidades -
-
não aqui, nem na Inglaterra, nem nos E.U.A, nem no resto da Europa, mas nas economias emergentes.
-
Essa migração enorme não tem precedentes.
-
Essas não serão cidades legais, sabem, com estandes informativas, I.P.T.U e Starbucks.
-
Serão cidades enormes, expandidas e vernaculares, provavelmente parecidas com isso.
-
Esta é Caracas, na Venezuela. Uma enorme e expansiva metrópole.
-
A grande Tókio, no momento, tem uma população de 35 milhões de pessoas,
-
mais do que toda a população do Canadá.
-
Perto da metade do século, poderão existir 20 megacidades, e mais de 500 cidades com mais de um milhão de habitantes.
-
Você podem perceber que essas são circunstâncias sem precedentes,
-
uma drenagem dos recursos terrestres sem precedentes, uma demanda de inovação sem precedentes,
-
de pensamentos novos, sistemas sociais novos, novos meios de fazer as pessoas se esquecerem de se conectarem com elas mesmas,
-
e viverem com um propósito e significado.
-
A educação é uma grande parte da solução. O problema é, acredito eu, que estamos apostando nos cavalos errados.
-
Há um relatório recente de McKinsey no qual ele mostrou isso.
-
Estes são números dos E.U.A. Lá, desde 1980, mais ou menos, os gastos com a educação
-
cresceram 73% em dinheiro investido.
-
O número de alunos das salas de aula desceu a níveis historicamente baixos.
-
Mas nesse indicador, alfabetização, não houve nenhuma mudança de desempenho.
-
Mais dinheiro, salas com menos alunos, nenhuma mudança.
-
As taxas de evasão estão subindo, e as taxas de graduação estão baixando: Isso é um grande problema.
-
O problema é que eles estão tentando encontrar o futuro fazendo o que já fizeram no passado.
-
E ao mesmo tempo, alienando milhões de crianças que não vêem nenhum motivo para ir à escola.
-
Quando vamos para a escola, somos mantidos ali por meio de uma estória: se você estudar
-
e se der bem, e conseguir um diploma universitário, conseguirá um trabalho.
-
Nossos filhos não acreditam nisso. E estão certos.
-
É melhor ter um diploma do que não ter, mas isso já não é mais uma garantia,
-
principalmente se o caminho para ele te marginaliza da maioria das coisas que você considera importantes sobre você.
-
E uma coisa que cabe bem no meio dessa estória é essa ideia
-
de que há jovens acadêmicos e não-acadêmicos, de algo chamado treinamento vocacional,
-
que não é tão bom quanto a educação acadêmica, de que pessoas com formação teórica
-
são melhores do que aqueles que podem fazer verdadeiros ofícios, e um tipo de trabalho
-
que poderia ser venerado nos sistemas de guildas.
-
Existe esse apartheid intelectual na educação.
-
E então, muitas pessoas tentam defendê-lo ou repará-lo.
-
Eu acho que devemos apenas reconhecer a sua mística. E temos que arrancá-la de nosso pensamento.
-
Essa é uma das consequências. Quero fazer outra pergunta.
-
Vocês que têm mais do que 30 anos, quantos de vocês tiraram as amídalas? Sejam francos comigo.
-
Vamos. Certo. Pergunto isso por causa de um motivo ligado às coisas com as quais estamos conformados.
-
Eu nasci em 1950. Eu sei que vocês não acreditam nisso.
-
Eu posso sentir a incredulidade vagando pela sala...
-
"Será possível?", vocês dizem a si mesmos. Bem, eu vivo em Los Angeles, sabem.
-
Eu me cuidei, o que posso dizer a vocês? As pessoas da minha geração, da década de 50 e 60, 40 também, eu acho.
-
No instante em que descobriam uma ferida na garganta, alguém se aproveitava
-
e tirava suas amídalas. Isso é verdade, não é? Era rotineiro perder as amídalas.
-
Nos anos 50 você não podia nem tossir de leve,
-
senão alguém agarrava o seu pescoço, e voalá, arrancava as suas amídalas.
-
Era rotina. Milhões de amídalas foram removidas naquela época.
-
O que acontecia com elas? Eu não sei. Quero dizer - eu acho que é algum tipo de escândalo, não sei, mas -
-
é uma daquelas coisas como Rockwell, sabem, como a área 56.
-
Em algum lugar dos E.U.A, no deserto, está essa pilha de amídalas.
-
Hojem em dia as pessoas têm adenoamigdalectomias,
-
mas não são comuns. É difícil precisar tirá-las. Você precisa sofrer de um caso crônico,
-
sem esperanças de ser curado de outra forma, para perder as amídalas.
-
Quando eu era jovem, consideravam-nas totalmente descartáveis.
-
Nós apenas arrancávamos elas para elas não encherem mais.
-
E algumas pessoas voluntariamente aceitavam a operação só para conseguir o sorvete.
-
Nossos filhos, essa geração, não sofrem com a praga das adenoamigdalectomias.
-
Ao invés disso, sofrem com isso: Uma epidemia moderna, tão deslocada e ficcional.
-
É a praga do déficit de atenção e a hiperatividade. Isto é um mapa da incidência nos E.U.A,
-
e prescrições para ele. Não me entendam mal: Eu não quero dizer que o déficit não existe.
-
Eu não sou qualificado para dizer isso.
-
Eu sei que grande parte dos psicólogos e pediatras acham que o déficit existe.
-
Mas ainda é um assunto para debates.
-
O que eu sei de fato, é que não é uma epidemia. Eu acredito que essas crianças estão sendo medicadas
-
tão rotineiramente quanto nossas amídalas eram retiradas, com a mesma impulsividade,
-
e pelo mesmo motivo: moda da medicina.
-
Nossas crianças estão vivendo no período mais estimulante da história da Terra.
-
Eles estão sendo cercadas por informações e coisas que chamam sua atenção,
-
de todas as plataformas: computadores, de iPhones, painéis publicitários,
-
de centenas de canais de televisão.
-
E nós estamos castigando-os quando se distraem.
-
Se desinteressando pelo que? Coisas chatas da escola, na maioria das vezes.
-
Não me parece ser uma coincidência o fato de que a incidência do déficit de atenção e hiperatividade cresceu
-
ao mesmo tempo que os testes padronizados.
-
Essas crianças estão tomando Ritalin, Adrol e todo tipo de coisas -
-
muitas vezes, drogas perigosas - para ficarem calmos e concentrados.
-
Eu sei que isso é absurdo, e vocês percebem isso imediatamente,
-
porque as áreas iluminadas estão aonde não há muito disso.
-
Eu vivo na Califórnia, e lá as pessoas não prestam atenção por mais de um minuto e meio,
-
mas de acordo com isso, o transtorno de déficit de atenção fica maior
-
quanto mais você vai para o Leste do país.
-
As pessoas começam a perder o interesse em Oklahoma,
-
eles mal podem pensar direito em Arkansas,
-
e quando chega em Washington, perdem toda a concentração.
-
E eu acredito que há diferentes explicações para isso.
-
É uma doença fictícia. Me desculpem, não quero dizer que seja uma condição fictícia,
-
é uma epidemia fictícia.
-
Como disse anteriormente, eu tenho muito interesse pelas artes
-
E se você pensar sobre isso, as artes - e eu não digo que são apenas as artes, eu acho que isso
-
também vale para as ciências e a matemática - Eu falo sobre as artes, particularmente,
-
porque elas são as atuais vítimas dessa mentalidade.
-
As artes remetem especialmente à ideia de uma experiência estética.
-
Uma experiência estética é aquela na qual nossos sentidos estão operando com máxima intensidade.
-
Quando você está presente no momento, quando você está em ressonância com a emoção que essa coisa
-
transmite, quando você está vivendo plenamente.
-
E a experiência inestética se dá quando você se desfaz dos seus sentidos e se insensibliza para o que acontece.
-
E muitos desses remédios são isso. Nós estamos educando nossas crianças inestetizando elas.
-
E eu acho que deveríamos fazer o contrário. Nós não deveríamos deixa-los dormentes,
-
deveríamos despertá-los para o que existe dentro deles mesmos.
-
Mas o modelo que temos é esse: eu acredito que temos um sistema de educação que é modelado
-
pelo interesse do industrialismo, e à sua imagem.
-
Eu vou lhes dar dois exemplos. Escolas ainda são bastante organizadas por elementos de fábricas:
-
sinos tocando, instalações separadas, especializadas em diferentes matérias.
-
Ainda educamos nossas crianças por meio de turmas, sabem, nós as colocamos num sistema grupos por faixa etária.
-
Porque fazemos isso? Porque há uma ideia de que a coisa mais importante que as crianças
-
têm em comum seja a sua idade? É como se o dado mais importante sobre eles
-
fosse a data de manufatura. Claro, eu conheço crianças que são muito melhores
-
do que outras da mesma idade, em diferentes disciplinas, ou momentos do dia.
-
Ou melhores em pequenos grupos ou grandes grupos. Ou muitas vezes, preferem ficar sozinhas.
-
Se você está interessado no modelo de aprendizado, você não parte dessa mentalidade de produção em série.
-
Existem algumas palavras-chave no modelo industrial:
-
Utilidade, que modela o currículo; linearidade, que informa as escolhas
-
e premissas do que funciona e o que não.
-
Se trata, essencialmente, de conformidade, cada vez mais é sobre isso, se você olhar para o crescimento
-
dos testes padronizados e dos currículos padronizados. É tudo sobre padronização.
-
Por motivos que vamos saber antes de terminar,
-
eu acredito que temos que ir na direção oposta.
-
É isso que quero dizer quando falo de mudanças de paradigmas. Nós temos que questionar o que já é evidente.
-
O problema de questionar o que nós consideramos evidente e que nós não sabemos o que ele é.
-
Vamos ler isso rapidamente.
-
(B Russell: homem como 4 astrônomos ou 4 hamlet, ou os dois?)
-
Eu adoro essa citação. Como vocês podem perceber, é de Bertrand Russell.
-
E me parece ser a questão quintessencial da filosofia ocidental.
-
Quando chegamos nisso, o que é isso? Nós somos tudo o que Hamlet pensou que fossemos,
-
ou somos apenas um tipo de acidente cósmico sem importância?
-
Eu me interessei muito por essa primeira parte da pergunta, esse "pequeno, planeta desconhecido".
-
Bem, quão pequeno, quão desconhecido é este planeta?
-
É difícil perceber isso, não é, porque, se você pensar nisso,
-
as distâncias no espaço são tão vastas, como, por exemplo, esta é uma imagem do telescópio Hubble.
-
Esta é a nuvem de Magalhães.
-
Bem, vocês sabem que as distâncias espaciais são medidas em anos-luz, a distância que a luz percorre em um ano,
-
que é muito, na verdade. Na verdade, é mais do que a distância até Brighton.
-
Isso são 170.000 anos-luz. Vocês podem imaginar isso tudo?
-
É tão grande.
-
Numa quarta-feira... tudo isso
-
O problema de ter qualquer noção de quão grande a Terra é, ou quão pequena, é que as distâncias são tão imensas
-
que elas confundem a nossa percepção das dimensões. Então eu me deparei com essa imagem.
-
está na internet, eu só quero mostrar ela rapidamente para vocês.
-
Eu acho que ela é fantásticas. Eu a renderizei para vocês.
-
Essas são fotos de alguém que teve a brilhante ideia de tirar a Terra do céu
-
e alinhá-la com outros planetas do sistema solar,
-
para poder comparar os tamanhos. É como uma foto de um grupo,
-
de alguns dos planetas do sistema solar e além. Começa assim:
-
... Eu amo essa imagem. ... Eu acho que estamos bem, é isso que o primeiro exemplo mostra.
-
Há duas coisas que eu gostaria de comentar - duas coisas que gostaria de dizer a respeito disso.
-
A primeira é que eu acho que nós estamos menos preocupados com uma invasão de hordas de marcianos do que antes.
-
Não? Que venham todos, eu sinto...
-
" Vocês e que exército?", eu acho que estamos pensando.
-
A segunda é que Plutão não é mais um planeta. E nós podemos ver o porquê.
-
No que estávamos pensando? Na verdade é uma rocha.
-
Sosseguem o facho agora. Isso é um pouco menos encorajador, não é?
-
Não acham? Um pouco menos encorajador. E Plutão é uma espécie de constrangimento cósmico...
-
Mas nós sabemos que o Sol é o grande lance. Mas quão grande é o Sol, exatamente,
-
comparado à Terra? Então é isso - eu perguntei para alguns astrofísicos, e eles disseram
-
que sim, isso estaria quase certo. Aqui está uma foto do Sol.
-
Vocês sabiam disso? Mas continuem olhando para o Sol, porque ele não é maior coisa do pedaço.
-
Esse é o Sol comparado a alguns objetos que não estão no nosso sistema solar,
-
mas que você pode ver de noite.
-
Agora Jupiter é um pixel e a Terra se foi. É melhor sermos amigos de Arcturus.
-
Continuem olhando para Arcturus por um minuto.
-
Eu acho que é melhor ficarmos com Antares.
-
Isso é extraordinário, não é?
-
Volte para aquilo, e nós somos infinitamente, lamentavelmente pequenos no grande esquema cósmico.
-
Eu só quero dizer duas coisas, rapidamente.
-
Primeiro: Quando você acordar com alguma preocupação, supere-a.
-
Sério mesmo, tome uma decisão e siga em frente.
-
A segunda é: que pode ser assim mesmo, mas nós temos um poder extraordinário.
-
E posso dizer o seguinte: temos um poder que nos possibilita
-
conceber nossa própria insignificância.
-
Nenhuma outra espécie está por aqui sofrendo ataques de ansiedade ao ver essas imagens.
-
Eu não vejo outras espécies nas clareiras das florestas, dizendo, "Eu não sabia disso"
-
Acreditem em mim. Eu não esperava por isso. E elas também não produziram essas imagens.
-
Nós temos um poder extraordinário para conceber objetos exteriores a nossa experiência e expressá-los
-
através de formas conceituais, simbólicas, de forma que outras pessoas possam se envolver e compreendê-los.
-
E além disso, somos a espécie que produziu Hamlet e o trabalho de Mozart,
-
a revolução industrial, e esse prédio extraordinário, com essas imagens incríveis,
-
e hip-hop, jazz, mecânica quântica, teoria de relatividade, viagens aéreas,
-
motor à jato, e todas as coisas que caracterizam a extraordinária ascenção da cultura do homem.
-
Mas nós destruímos isso com o nosso jeito de educar, mas eu quero terminar minha palestra e abri-la para alguma conversa,
-
dando um exemplo de algo. Há um grande estudo, feito recentemente, a respeito do pensamento divergente.
-
Foi publicado há dois anos. Pensamento divergente não é a mesma coisa que criatividade.
-
Eu defino criatividade como um processo de ter ideias originais que tenham valor.
-
Pensamente divergente não é um sinônimo, mas uma capacidade essencial para a criatividade.
-
É a habilidade para ver muitas possibilidades de resposta para uma questão, várias formas de interpretação,
-
muitas formas de interpretar uma questão, o que de Bono chamaria de lateralmente,
-
para pensar não apenas de forma linear ou convergente.
-
Para enxergar múltiplas respostas. Então eu fiz um pequeno teste para isso,
-
digo, um tipo de anti-exemplo seria, as pessoas podem perguntar
-
quantas funções você consegue encontrar num clip de papel. São perguntas rotineiras.
-
A maioria das pessoas pensam em 10 ou 15 funções. Pessoas que são boas nisso pensam em 200.
-
E eles vão dizendo, bem, o clip de papel pode virar - poderia ser feito de borracha esponjosa,
-
isso precisa ser um clip de papel como nós bem o conhecemos.
-
Há testes disso, e eu os dei para 1500 pessoas, e está num livro chamado
-
"Break Point and Beyond". E segundo a ata do texto, se você alcançar uma pontuação mais alta,
-
você deveria ser considerado um gênio do pensamento divergente.
-
Eu pergunto a vocês, qual a porcentagem de pessoas testadas, das 1500,
-
qua alcançaram um nível genial de pensamento divergente?
-
Vocês precisam saber de mais uma coisa sobre eles: eram crianças do jardim de infância, certo?
-
O que vocês acham? Qual a porcentagem de gênios?
-
(platéia:80) 80, certo?
-
Errado. 98%. Uma coisa curiosa é que esse foi um estudo longitudinal.
-
Então eles testaram novamente as mesmas crianças 5 anos depois, quando então elas tinham de 8 a 10 anos.
-
O que vocês acham?
-
50? Eles testaram novamente cinco anos depois, com idades entre 13 e 15. Vocês enxergam uma tendência aqui?
-
Eles testaram 200.000 adultos, de 25 anos para cima, uma vez só, como um controle. O que vocês acham?
-
Sim, vocês sabem.
-
Eu sempre digo, se vocês são donos de negócios, são essas as pessoas que vocês contratam, ok?
-
Agora isso revela uma estória interessante, porque vocês poderiam imaginar que fosse o contrário.
-
Não? Vocês começam sendo ruins, mas melhoram à medida em que envelhecem.
-
Mas isso mostra duas coisas. Primeiro: Nós todos temos essas capacidades. Segundo: Elas tende a piorar.
-
Muitas coisas aconteceram à essas crianças enquanto elas cresciam.
-
Mas uma das coisas mais importantes, acredito eu, é que elas se educaram.
-
Ficaram dez anos na escola, aonde diziam para elas que só havia uma resposta,
-
E não olhe. Não copie, porque isso é colar.
-
Fora da escola isso é chamado de colaboração, em qualquer lugar menos nas escolas.
-
Isso não acontece porque os professores o desejam. É porque acontece assim mesmo.
-
Porque está nos genes da educação.
-
E para modificá-la, temos que pensar diferente.
-
Me deixem apenas salvar isso...
-
temos que pensar sobre a capacidade humana de outro jeito.
-
É sobre isso que o meu livro, "The element", trata. Nós temos que superar essa velha concepção
-
de acadêmico, não-acadêmico, abstrato, teórico,
-
vocacional, e ver tudo isso como realmente é: Um mito.
-
Em segundo lugar, temos que reconhecer que grande parte do aprendizado acontece em grupos,
-
que a colaboração é o material para o crescimento. Se nos atomizarmos e separaramos as pessoas,
-
e as julgarmos separadamente, nós formaremos um tipo de disjunção entre eles e o seu ambiente de aprendizado natural.
-
Em terceiro lugar, é crucialmente a respeito da cultura de nossas instituições, dos seus hábitos,
-
e dos habitats que elas ocupam. Eu me deparei com... Vou colocar minha mão aqui.
-
Uma grande citação, que parece capturar um pouco disso,
-
sobre essa distinção entre nós mesmos e as espécies.
-
e ela diz - encontre ela - provavelmente está no meu outro terno, não é? Aqui vamos nós:
-
Eu prefiro essa como um ponto de vista. Diz que quando vamos avaliar as pessoas, deveríamos ser mais justos com nós mesmos.
-
Ela diz: "Depois de tudo, os seres humanos nasceram de macacos decaídos, e não anjos decaídos.
-
Então, com o que deveríamos nos preocupar? Com os massacres? Mísseis? Com nossas sinfonias?
-
O milagre da raça humana não é quão fundo naufragamos, mas quão magnificamente nós subimos.
-
Nós seremos reconhecidos entre as estrelas, não pelos nossos cadáveres, mas por nossos poemas."
-
E eu acredito que há uma verdade profunda nisso.
-
Nós temos formas de alcançar esses sistemas de educação, baseados nesses diferentes princípios.
-
Mas isso significa um desvio da metáfora industrial de educação para o que nós pensamos ser uma metáfora agricultora.
-
Se vocês pensarem bem, se vocês olharem para o organograma da maioria das companhias e organizações,
-
parece um pouco com um diagrama de fiação, não é? Se você olhar para a estrutura, como as caixas e as coisas que estão conectadas.
-
Mas as organizações humanas não são como mecanismos,
-
mesmo que esses organogramas sugiram metaforicamente que eles sejam.
-
Organizações humanas são muito mais parecidas com organismos.
-
Isso quer dizer que elas dependem de sentimentos, relacionamentos, motivação,
-
valor, valor próprio, senso de identidade e de comunidade.
-
Você sabe que o seu trabalho numa organização é afetado pelo sentimento que você tem por ela.
-
Portanto, penso eu, que a melhor metáfora não é o industrialismo, mas a metáfora da agricultura, ou orgânica.
-
Estou criando um projeto no estado de Oklahoma, aonde estou tentando desenvolver essas ideias por todo o estado.
-
Mas eu mencionei Las Vegas no início. Eu quero mostrar uma última imagem disso, agora.
-
Não muito longe de Las Vegas, há um lugar chamado Vale da Morte.
-
O Vale da Morte é o local mais quente dos E.U.A. Nada cresce por ali.
-
Porque lá não chove. No verão de 2004, algo notável aconteceu.
-
Choveu. 7 polegadas. E na primavera de 2005 houve um fenômeno. Toda a flora do Vale da Morte
-
estava coberto com flores da primavera. Fotógrafos e cientistas botânicos vieram de todos os lados dos E.U.A
-
para testemunhar esse fato que eles talvez nunca mais vissem. O que foi demonstrado foi que o Vale da Morte
-
não estava morto. Estava desacordado. Bem abaixo da superfície estavam as sementes,
-
aguardando as condições para crescer. E eu acredito que o mesmo se dá com os seres humanos.
-
Se nós criarmos as condições corretas em nossas escolas - se criarmos os incentivos corretos,
-
se valorizarmos cada aluno individualmente e propriamente, o crescimento irá acontecer.
-
E o crescimento sempre aconteceu antes - eu não sei, eu gostaria de mostrar a vocês dois vídeos bem curtos,
-
que vão demonstrar, mas vamos começar nosso debate,
-
Mas eu acho que devemos sair desse paradigma industrial, e rumar em direção ao paradigma orgânico.
-
E eu acho que é perfeitamente executável. Precisamos conceber as instituições individualmente,
-
não sistematicamente, sem valorizar apenas a utilidade, mas respeitar e promover um vigor constante,
-
uma energia de organização e o seu potencial transformador,
-
que não pensa em termos de linearidade, mas sim de criatividade, opções múltiplas, e muitas possibilidades para todos que participam dela,
-
isso não diz respeito a conformismos, mas sim à diversidade e sua crítica à padronização.
-
Esse é o Vale da Morte na Primavera de 2005. Eu acho que todos os colégios poderiam ser assim.
-
Alguém disse uma vez: "O problema dos seres humanos não é tentar chegar longe e falhar,
-
mas sim se acomodar e ser bem-sucedido."
-
E eu acho que devemos a William Shipley e Benjamin Franklin o fato de ter ido longe.
-
Benjamin Franklin disse uma vez, notavelmente: "Há três tipos de pessoas no mundo:
-
Aqueles que são imutáveis, aqueles que são mutáveis, e aqueles que movem."
-
E eu recomento a vocês, junto a Royal Society of Artists, que se mexam, e avançem. Obrigado. (Aplausos)