(Visão - As ideias de amanhã, hoje)
(Sir Ken Robinson "Mudando paradigmas" - ganhador da medalha Benjamin Franklin da Royal Society of Artists.)
Muito obrigado. Vocês ficaram surpresos quando souberam que eu ganhei a medalha?
Sim ou não? Vocês ficaram ansiosos, não foi? "Quem será?"
Obrigado. Eu me sinto humilde por ganhar esse prêmio.
Eu estive pensando, sentir-se humilhado não é um sentimento comum, não é mesmo?
Eu não costumo me sentir humilde - depreciado, humilhado, colocado para baixo.
Sentir-se humilde está mais para um sentimento antigo, não é? Não é uma emoção moderna.
Mas eu o sinto, e particularmente, ao ganhar esse prêmio com o nome de Benjamin Franklin,
que foi um homem notável. Ele morava perto daqui, na rua Craven. A casa fica a poucos minutos daqui,
e eu recomendo a vocês uma visita. Ela acabou de ser reformada.
É uma poderosa evocação da vida dessa extraordinária figura,
um homem que estava profundamente envolvido no crescimento do industrialismo,
parte do Iluminismo, no coração da criação do Novo Mundo,
e apaixonado pela educação.
Um homem que também estava profundamente envolvido na ciência, artes, humanidades e política.
Um polímato, penso eu, uma figura renascentista no coração do Iluminismo -
e um dos primeiros membros importantes da Royal Society of Arts.
Se vocês não conhecem essa instituição, eu sugiro que vocês busquem mais informações.
Ela foi fundada, acho que estou certo, em 1753, por William Shipley,
e o seu nome completo é Royal Society of Encouragemente of Arts, Manufactures and Commerce.
E teve uma longa estória na promoção e defesa das formas adequadas de educação pública.
Eu tive um longo contato com a RSA. Eu dei uma palestra aqui
- talvez até Matthew não saiba sobre isso - em Julho de 1990, nessa sala.
Eu me proponho a repeti-la palavra por palavra, tudo bem? (Platéia ri)
Vocês não acharam que ia gastar o meu tempo inventado algo novo, certo?
Não, em 1990, eu estava dirigindo um projeto nacional de artes nas escolas
e havia publicado um livro de artes nas escolas.
Eu tinha uma grande paixão pela arte, e a gente se encontrava aqui,
um pouco depois da introdução do currículo nacional na Inglaterra,
que se enganou profundamente quanto ao lugar da arte na educação.
Sim, eu estava falando sobre como as artes poderiam fazer parte da grade escolar.
E aqui estamos, 17 anos depois - bem, está tudo tão diferente, eu sinto.
Eu quero dizer algumas palavras a respeito, e quero mostrar para vocês dois pequenos vídeos,
e então conversar com vocês.
Uma das coisas que têm acontecido comigo desde 1990 é que eu me mudei para os E.U.A,
eu me mudei para lá há 7 anos, à convite do Getty Center.
Eu não voei para a Grã-Bretanha, mas se coloquem no meu lugar:
Eu recebi uma chamada no meu celular no dia 3 de Janeiro de 1990, quando eu vivia perto de Coventry.
E um cara disse: "Você gostaria de vir para cá e viver na Califórnia?" (Platéia ri)
A gente foi, imediatamente. (Platéia ri) Eu não perguntei qual era o trabalho, a gente apenas foi.
E - o telefone ainda está pendurado no gancho, na verdade, na casa,
e nós esperamos que algum dia as crianças irão nos rastrear, mas não nos importamos.
Mas agora eu vivo nos E.U.A, e adoro. Quem já esteve em L.A? Alguém aqui?
É um lugar extraordinário.
Eu e minha mulher estivemos em Las Vegas recentemente. Estamos juntos há 30 anos
e decidimos nos casar novamente no ano passado.
Então a gente foi para a Capela do Elvis (Platéia ri). Eu recomendo. Vocês deveriam tentar.
Nós compramos o pacote Blue Hawaii, mas há outros. Com o pacote Blue Hawaii, você consegue o
dublê do Elvis, quatro músicas, a capela, e claro, umas tragadas no meio do caminho ,
você precisa pedir isso - e uma garota havaiana, que era opcional, mas eu optei por ela,
por motivos que me agradavam mais, francamente.
Por mais cem dólares, poderíamos conseguir um Cadillac rosa, mas nós achamos que isso seria um pouco brega.
Achamos que ele destoaria muito da ocasião,
mas eu menciono isso porque Las Vegas é um exemplo icônico das coisas sobre as quais eu gostaria de conversar com vocês.
Não Las Vegas em si, mas a ideia que a fez crescer.
Se vocês pensarem um pouco, todas as outras cidades da Terra têm uma razão para estarem onde estão.
Como Londres, que está numa doca natural, portanto é boa para o comércio, ou está num porto,
ou num vale, então é bom para a agricultura, ou está ao lado de um morro, então é bom para a defesa.
Mas nada disso é verdade em Las Vegas. Não há motivos geográficos para ela estar ali.
O único motivo pelo qual ela está ali é o mesmo que levantou essa organização,
que afeta cada aspecto de sua vida, que faz a humanidade ser o que é.
A única coisa, na minha opinião, que é o poder extraordinário,
que é concedido aos seres humanos, e que nenhuma outra espécie tem, pelo menos em tese.
Eu falo do poder da imaginação. Nós a consideramos como totalmente garantida.
Essa capacidade de trazer à mente as coisas que não estão presentes,
e com base nisso, conjecturar sobre coisas que nunca aconteceram, mas que poderiam acontecer.
Todos as características da cultura humana, ao meu ver, são consequências dessa capacidade única.
Outras criaturas podem ter algo parecido, outras criaturas cantam,
mas não escrevem óperas. Outras criaturas são ágeis, mas não são parte do comitê das olimpíadas.
Elas se comunicam, mas não têm festivais de teatro.
Têm estruturas, mas não constroem prédios e nem colocam mobília nele.
Nós somos os únicos com essa capacidade, uma capacidade que tem produzido a mais extraordinária diversidade
da cultura humana, empreendimentos, inovação, 6000 línguas atualmente faladas no mundo.
E a grande aventura que produziu, entre outras coisas, a Royal Society of Arts,
e todos os seus trabalhos.
Mas eu acredito que estamos destruíndo sistematicamente essa capacidade em nossas crianças e em nós mesmos.
Agora, escolho minhas palavras com cuidado. Eu não digo "deliberadamente".
Eu não acho que é deliberado, mas acontece que é sistemático.
Nós fazemos isso rotineiramente, sem pensar, e isso é o pior de tudo.
Porque nós admitimos certas ideias sobre educação, crianças,
sobre o que é ser educado, sobre necessidade social e utilidade social, e propósito econômico.
Nós admitimos essas ideias, mas elas acabam se revelando falsas.
Muitas ideias que parecem óbvias se tornam falsas. Essa foi, de fato, a grande aventura do Iluminismo:
ideias que pareciam óbvias, mas que se mostraram falsas.
Ironicamente, eu acredito que o legado do Iluminismo agora está dificultando
as reformas que são necessárias para a educação.
Nós crescemos num sistema de educação público que é o dominado por duas ideias.
Uma delas é uma concepção de utilidade econômica. E você pode ilustrar isso diretamente.
Está implícita na estrutura do currículo escolar. Está ali.
Há, em todas as grades escolares da Terra, uma hierarquia de assuntos. Vocês a conhecem: Passaram por ela.
Se você é um educador, provavelmente concordou ou contribuíu com ela, de alguma forma.
Quando nos mudamos para os E.U.A, colocamos nossos filhos no colegial, e ele era reconhecível.
O currículo é totalmente reconhecível: Matemática, ciências e o inglês lá em cima;
então vêm as humanidades, lá embaixo, e as artes, no fundo.
E nas artes, sempre há outra hierarquia, arte e música são sempre mais valorizadas do que
o drama e a dança.
Não há uma escola no país que eu conheça - um sistema escolar, quero deixar bem claro -
não há um sistema escolar, atualmente, em nenhum lugar, que ensine dança todos os dias, sistematicamente,
para todas as crianças, da mesma forma que exigimos delas o aprendizado da matemática.
Eu não estou contra a matemática, pelo contrário. Mas porque a dança é uma perdedora dentro desse sistema?
Bem, pensem, uma das razões é que as pessoas nunca viram nenhuma função econômica nela.
Portanto, há um julgamento econômico, que é consolidado na estrutura da grade escolar.
E eu tenho certeza de que foi verdade para vocês: Provavelmente vocês se sentiram benignamente desviados
das coisas que faziam bem na escola, e direcionados para as coisas
que as outras pessoas sugeriam como mais úteis para vocês.
Efetivamente, nosso currículo escolar está baseado na premissa de que há dois tipos de assuntos:
úteis e inúteis. E os inúteis caem, eventualmente.
E eles caem especialmente quando o bolso começa a ficar apertado, como sempre está.
George Bush esteve na cidade hoje, não foi? Eu apenas pensei que deveria compartilhar a dor, só isso.
Eu estou sentido. Não: Presidente Bush, como eu o chamo, foi responsável, com outros,
por uma lei multipartidária que busca reformar a educação pública.
E eu conversei muito sobre isso, agora vivo nos E.U.A, o que vou continuar dizendo, só para fazer vocês sentirem mal, certo?
Eu moro na Califórnia e vocês não.
Não, quando cheguei nos E.U.A, me disseram que os americanos não entendem a ironia.
Isso não é verdade. Esse é um conceito inglês. Eu me sinto tranquilo a seu respeito porque há outros.
Quando a gente foi para E.U.A, nos deram um guia
de como se portar no país - de verdade, foi o nosso agente imobiliário. Como se portar nos E.U.A.
Agora eu estou entregando ele para todos os norte-americanos que encontro, tipo: "Faça, faça", você sabe
"Vamos todos nos comportar devidamente, certo?" Mas uma das coisas que foi dita nele foi:
"Não abrace os norte-americanos. Eles não gostam". De verdade, era explícito:
"Não abrace os norte-americanos. Eles não gostam" Isso é um absurdo. Eles amam um abraço.
Os norte- americanos com quem convivi amavam um abraço, mas nós pensávamos que não,
então, durante o primeiro ano, nós mantivemos nossos braços perto de nós em reunões sociais, pelo medo de ofendê-los,
e tudo isso contribuíu para a ideia de que nós éramos um exemplo da seriedade britânica,
ou de que éramos refugiados do Rio Dance.
Mas me disseram que os norte-americanos não reagem à ironia. E então eu me deparei com um projeto
de lei norte-americana chamado "Abandono de criança zero".
E eu pensei, qualquer um que crie esses título entende as ironias,
porque a legislação está abandonando milhões de crianças
Claro, não é um nome muito atraente para uma legislação,
"Milhões de crianças abandonadas"; eu posso imaginar, mas acreditem ou não,
é o ato educacional de 1998 nesse país.
Foi o manifesto que inspirou o trabalho de Chris Woodhead, acredito eu,
durante a sua estada na OFSTED.
Eu acho que isso é importante, porque isso, para mim, é uma ideologia de educação,
descarada, e esse é o problema.
Deixem-me falar sobre a mudança de paradigmas. Minha convicção é de que devemos fazer muitas coisas, mais
do que acontece atualmente. Todos os países do mundo, nesse momento, estão reformando a educação pública.
Eu não conheço nenhuma excessão. Lembrem-se, o que há de novo? Nós sempre reformamos a educação pública.
Mas agora estamos fazendo isso consistente e sistematicamente, por todos os lugares.
Há duas razões para isso. A primeira é a econômica. As pessoas tentam planejar
um forma de educação para as nossas crianças ocuparem os lugares no sistema econômico do século XXI?
Como fazemos isso, já que não podemos prever como será a economia
no final da próxima semana, como a recente crise está demonstrando?
Como fazemos isso? O segundo pensamento é cultural. Todos os países da Terra estão tentando descobrir
como poderemos educar nossas crianças para que elas tenham um senso de identidade cultural e
para que possamos transmitir os genes culturais de nossas comunidades,
enquanto somos parte de um processo de globalização? Como vamos solucionar esse problema?
A maioria dos países, penso eu, estão fazendo o que fizemos em 1988, agindo com a premissa
de que o desafio é reformar a educação, criar uma versão melhor daquilo que ela já foi.
Em outras palavras, o desafio é apenas o de fazer melhor o que fizemos antes.
E nós temos que elevar o padrão. Dizem que nós temos que elevá-los, como se isso fosse uma grande descoberta.
Claro, deveríamos. Porque vocês os rebaixariam?
Eu não me deparei com nenhum argumento que me persuadiu a baixá-los.
Mas elevando-os - claro que deveríamos elevá-los. O problema é que o sistema de educação atual,
pelo meu ponto de vista e experiência, foi elaborado, concebido e estruturado para uma época diferente.
Foi concebido dentro da cultura intelectual do Iluminismo, e das circunstâncias econômicas da Revolução Industrial.
Antes de meados do século XIX, não havia sistemas de educação públicos.
não mesmo, quero dizer, você poderia ser educado pelos jesuítas, se tivesse dinheiro.
Mas educação pública, paga pelos impostos, compulsória para todos,
e livre, foi uma ideia revolucionária.
E muitas pessoas se opuseram a ela. Disseram: "As crianças de rua e da classe trabalhadoras não serão beneficiadas
com a educação pública: Elas são incapazes de ler e escrever,
porque estamos perdendo tempo com isso?"
Portanto há nessa declaração uma série de suposições sobre
a capacidade de estruturação social. Mas ela foi elaborada para os seus propósitos, e por isso, enquanto o sistema de educação público evoluíu
durante o século XIX e o começo do século XX, nós tivemos uma base muito ampla de educação elementar,
escolas infantis.Todos frequentaram-nas. Meu avô frequentou.
Ele saiu da escola quando tinha doze anos. A maioria das pessoas também o fazia na época, na virada do século.
E então, gradualmente, nos introduzimos uma camada sobre essa, uma educação secundária,
e algumas pessoas frequentaram-na. Meu pai saiu da escola com quatorze, passando por ela.
E então, um pequeno setor da universidade, logo acima.
E a expectativa era de que as pessoas tentariam subir, e poucas conseguiriam chegar ao topo,
e ir para a universidade. Ela foi modelada pelas premissas econômicas do industrialismo,
isto é, que precisamos de um grande número de pessoas para fazer o trabalho manual,
e, com dificuldades, elas poderiam estudar línguas e aritmética;
um grupo menor faria o trabalho administrativo: para isso que serviram as aulas de gramática;
até grupos menores que fugiriam e dirigiriam o império para nós,
se tornando advogados, juízes e doutores - e eles foram as universidades.
Agora, eu simplifico, mas foi mais ou menos assim que a coisa aconteceu.
E era dirigida por uma demanda econômica da época, mas em contrapartida,
havia um modelo intelectual da mente, que era essencialmente uma visão de inteligência do Iluminismo,
de que a inteligência real consiste numa capacidade de certo tipo de raciocínio dedutivo,
e o conhecimento dos clássicos, o que viemos a considerar como uma habilidade acadêmica.
E está nos genes da educação pública a ideia de que há dois tipos de pessoas:
Acadêmicos e não-acadêmicos; pessoas inteligentes e pessoas que não são inteligentes.
E a consequência disso é que muitas pessoas brilhantes pensam que não o são,
porque estão são julgadas por esse ponto de vista particular.
Então nós temos pilares gêmeos: econômico e intelectual. E o meu ponto de vista
é que esse modelo causou um caos na vida das pessoas.
Foi ótimo para alguns: existem pessoas que se beneficiaram maravilhosamente com ele.
Mas a maioria não, e isso criou um problema enorme.
Eu pronunciei numa conferência - bem, a conferência da TED a quem Matthew se referiu.
Entre os que discursavam estava Al Gore, ou Al, como eu o chamo.
Al Gore deu uma palestra na conferência da TED - por falar nisso, se vocês não a conhecem,
eu recomendo que vocês visitem o site, TED.com: é fantástico.
Mas Al Gore fez um discurso que se tornou o filme "Uma verdade inconveniente".
O ponto de vista de Al Gore, que não é dele, ele seria o primeiro a dizer isso, remonta à Rachel Carson, e até antes.
Ele remonta, se vocês observarem, até mesmo ao trabalho de Linnaeus, no século 18,
de Franklin, e dessa sociedade.
Eles estavam preocupados com a ecologia
e a sustentabilidade do industrialismo durante os séculos 17 e 18.
Mas o seu trabalho é uma tentativa de colocar a hipótese num contexto moderno.
Eu acho que ele está certo, e não é só ele que vê assim. Um grupo de geólogos recentemente publicou um jornal
no qual eles demonstram que a Terra entrou num novo período geológico.
Classicamente, a ideia é de que desde o final da Era do Gelo, cerca de 12.000 anos atrás,
estamos num período denominado Holocene.
Eles acham que nós entramos num novo período. E dizem que se
uma futura geração de geólogos viesse para a terra, eles veriam as evidências,
a mudança da personalidade geológica da Terra. Eles veriam isso através de evidências como
os depósitos de carbono na crosta terrestre, a acidificação dos oceanos,
a extinção em massa de espécies, a mudança da atmosfera terrestre,
e centenas de outros indicadores.
Eles dizem que é, sem sombra de dúvidas, um novo período geológico.
Muitos cientistas ganhadores do Nobel concordaram. Eles estão provisioramente chamando o nosso período não de
Holoceno, mas Antropoceno. O que eles querem dizer com isso é que há uma era criada pelas atividades humanas, como em Anthropos.
E eles dizem que não há questionamento histórico a respeito disso.
E é aí que eu quero chegar. Benjamim Franklin, Thomas Jefferson, William Shipley,
e grandes figuras do Iluminismo, tanto da política quanto das ciências e artes,
estavam concebendo a educação pública, estruturas civis, políticas de deveres
num momento de agitação revolucionária. Foi a idade das revoluções na França, E.U.A,
não muito depois da perturbação da ordem pública aqui,
num tempo de inovações intelectuais extraordinárias e novos horizontes.
Antes delas não havia nada que levasse à uma era tanta inovação
e mudanças tão extraordinárias.
E foi uma caracterização justa para aquela época.
Mas há muitas evidência para mostrar, que, o que acontecia naquela época
não era nada parecido com o que acontece hoje.
Eu acredito que as mudanças que estão acontecendo na Terra não têm precendentes,
no que diz respeito às suas características e implicações.
E a nossa melhor salvação é desenvolver uma capacidade imaginativa, e fazer isso sistematicamente
através da educação pública, e conectar as pessoas aos seus verdadeiros talentos.
Não podemos mais aceitar essa devastação.
Quando Al Gore fala sobre isso, eu acredito. E eu acho que se vocês não pensarem
que há uma crise no ambiente natural do mundo, então vocês não vão prestar atenção.
E eu optaria por deixar o planeta o mais rápido possível, certo?
Eu acredito que há uma crise climática ao mesmo tempo.
Uma delas provavelmente é suficiente para vocês.
Vocês sabem: Eu acho que agora estou bem, uma é bom. Eu não preciso de outra.
Mas há uma segunda, e o meu trabalho é sobre ela, e eu acho que muitos de vocês
ficarão preocupados, e eu sei o que preocupa Edge,
Matthew e o comitê da Royal Society of Artists.
Mas deixem-me mostrar de um forma particular para vocês. Eu acredito que há uma crise global,
não apenas de recursos naturais, embora eu acredite nisso - uma crise global dos recursos humanos.
Eu acredito que o paralelo com a crise do mundo natural está certo.
E os custos para limpar isso são catastróficos.
Vou dar a vocês dois rápidos exemplos. Na Califórnia, o governo estadual gastou, no ano passado,
cerca de três bilhões de dólares no sistema universitário estadual.
Esses são dados públicos. Eles gastaram mais de 9 bilhões de dólares no sistema carcerário do estado.
Eu não posso acreditar que na Califórnia nascem mais criminosos em potencial
do que alunos de faculdade em potencial. O que há por ali são pessoas em más condições se dando mal.
Eu me lembro de Bernard Levin, uma vez, ele escreveu num de seus artigos do Times
dizendo que ele esteve num jantar, e lá perguntaram para ele:
"As pessoas são essencialmente boas ou más?".
E ele disse, sem hesitação, que são boas.
Ele disse que eu fiquei surpreso ao descobrir que eu era uma minoria naquela mesa, minoria de um só.
Mas ele acreditou com Viktor Frankl, que sobreviveu ao Holocausto
e viu seus pais morrerem, e por isso, as pessoas são essencialmente boas.
Eu acredito que elas sejam boas, mas há pessoas que vivem em más circunstâncias e condições.
E se você colocar as pessoas em más condições, elas se comportarão de formas diferentes.
Então nós gastamos muito do nosso tempo remediando o dano.
Enquanto isso, eu acho que outro paralelo perfeito é que as indústrias farmacêuticas
estão colhendo o ouro dessa desgraça.
Se você der uma olhada no crescimento do uso de antidepressivos, da prescrição de drogas que são usadas para o tratamento da depressão,
para reprimir os sentimentos das pessoas, essa é uma corrida do ouro
as indústrias farmacêuticas não querem curar a depressão, pelo contrário.
Uma das coisas que vi recentemente foi que as taxas de suicídio das pessoas entre os 15 e 30 anos
aumentou mais de 60%, globalmente, desde os anos 60.
É uma das maiores causas de morte entre os jovens.
O que é isso? Pessoas nascidas com esperança e otimismo, que decidiram fugir
porque não conseguiram lidar com a situação.
Eu não digo que a educação seja parte, ou responsável por isso,
mas contribui para isso. Isso é tudo o que eu quero dizer.
Eu acho que essa crise dos recursos humanos é absolutamente urgente e palpável.
Para mim, o desafio não é reformar a educação, mas transformá-la em algo diferente.
Eu acho que temos que chegar a um conjunto definitivo de hipóteses.
Eu digo isso deliberadamente porque estive envolvido em todos os tipos de iniciativas durante
a minha vida profissional. Eu comecei com trabalhos dramáticos, me mudei e comecei alguns projetos escolares
com algumas pessoas que estão aqui, conhecidos há anos, e com quem trabalhei por muitos anos,
e eu tive uma longa parceria com a RSA.
Uma das grandes iniciativas da Royal Society of Artists, nos anos 80, foi a "Educação para capacitação".
Vocês deveriam dar uma olhada nela. Ali há coisas extraordinariamente úteis e práticas,
e havia pessoas maravilhosas envolvidas: Charles Handy, a quem eu conheci recentemente,
bem, não recentemente, mas o conheci bem nos últimos anos. Ele era o presidente da RSA;
Tyrell Burgess, Corelli Barnet, Patrick Lutchens,
Quando eu era um estudante, dividi um apartamento com o filho de Patrick -
e - um tipo de galáxia de poderosos pensadores - John Tomlinson, que foi presidente daqui por um tempo,
esteve comigo na Universidade de Warwick.
Havia um longa tradição de discursar por melhoras, por alternativas.
E mesmo assim, sucessivos governantes assumem e fazem o que fizeram antes.
E isso me preocupa - eu falo por mim mesmo - sabem, que depois de todo o otimismo que senti
dez anos atrás, eu acho que tivemos, dos últimos dez anos - um tipo de numerosas políticas,
mas poucos princípios. Eu não consigo perceber o que elas acrescentaram.
E eu digo isso porque eu não as via antes, e não as vejo em nenhum outro lugar.
Quero dizer, acho que há alguns países que recebem bem isso, mas nós não.
E o motivo é porque não estamos, fundamentalmente, mudando as pretensões implícitas ao sistema,
que deveriam lidar com a inteligência, habilidade, propósito econômico e com o que as pessoas precisam.
Nós ainda educamos pessoas de fora para dentro. Nós descobrimos do que o país precisa
e tentamos, e conseguimos obter algo para sua conformidade, mais do que procurar as coisas que levam as pessoas adiante,
construíndo sistemas de educação a partir de um modelo de personalidade, o que eu acho que deveríamos ter.
Eu só quero mostrar a vocês dois vídeos curtos - eu não preciso,
mas já que tive o trabalho de prepará-los... -
Eu só quero dar um exemplo de duas coisas aqui.
Por falar nisso, muitas coisas que Matthew gentilmente disse estão nesse livro.
A propósito, esse livro é excelente. Certo? Nada é melhor do que esse livro.
Isto é, ao menos que você compre este livro,
que é o novo, e vai sair em Janeiro pela Penguin. Eu estou muito ansioso por ele.
Este livro é sobre a natureza do talento humano, e como as pessoas o descobrem.
Está baseado na premissa de que as pessoas fazem o seu melhor quando fazem algo que amam,
quando estão em suas áreas. Eu estava tentando entender o que é isso. O que é estar na sua área?
Eu falei com cientista, artistas, chefes de negócios, poetas, pais e crianças.
E me parece, a evidência é absolutamente persuasiva, que quando as pessoas se conectam
com este poderoso senso de talento interno, descobrem o que podem fazer, se tornam outras pessoas.
Para mim, esta é a premissa para a construção de um novo sistema educacional.
Não se trata de trazer força para o velho modelo, mas reconstituir o nosso senso individual.
E acontece que ele sinergiza -ah, isso é um verbo? Não tenho certeza - com os novos planos econômicos.
Há duas grandes unidades de mudança, atualmente: uma é a tecnologia, sabem disso?
Essa é uma célula cerebral. O que eu quero destacar,
é que a tecnologia está se movendo mais rápido do que a maioria das pessoas realmente entendem.
Quantos de vocês se consideram baby-boomers, ou mais velhos?
Bem que imaginei. Todos vocês - quem não é? Quem se considera como geração X ou milenar? Certo.
Os baby-boomers e os mais velhos - Na verdade, não. Vocês que têm mais do que 30, vocês podem levantar a mão
se estiverem usando um relógio de pulso?
Aí vamos nós, obrigado. Estou curioso. Não, isso é interessante.
Faça a mesma pergunta para uma sala cheia de adolescentes. Pergunte se eles usam relógios de pulso. A maioria não usa.
E o motivo é - eu queria - pelo qual eles não usam relógios de pulso
é porque eles não vêem sentido. Porque eles podem saber do horário de muitas outras formas.
No seus iPhones, Ipods, celulares - está em todo lugar.
Não, porque eu deveria usar isso? E minha filha vem e diz: "Porque eu deveria colocar um dispositivo específico
de contar as horas no meu pulso?" E ela disse, "Além disso, ele faz uma coisa." Do tipo,
" Que coisa capenga. Um dispostivo com uma só função, e você gosta?"
Mas nós nos conformamos, não é? Vocês tem outras opções, mas isso que digo sobre
se conformar é importante. As coisas com as quais estamos conformados é que precisam ser identificadas e questionadas por nós.
Você pensou em colocar o seu relógio de manhã?
Falem a verdade, foi uma agonia? "Devo? É um dia para se colocar o relógio? Eu não sei mesmo.
Vou coloca-lo só para garantir." Não! Você apenas o faz.
Os nossos filhos não, e este é um ponto importante. Um cara chamado Mark Prensky já se referiu a isso:
Nossos filhos vivem em outro mundo. Ele fala da diferença entre
nativos digitais e imigrantes digitais.
Se você tem menos de 20, você é um nativo.
Você fala o digital, nasceu com essa parafernália, e ela está na sua cabeça, como uma língua nativa.
Não chegamos a tanto. Mas a questão é que isto está ficando cada vez mais rápido.
Um dos novos horizontes provavelmente será a fusão de inteligência humana com sistemas de informação.
Essa é uma célula cerebral, e essa é uma célula cerebral crescendo num chip de silicone.
Bem, vamos ver. Mas existem algumas coisas que estão adiante, para as quais não há precedentes.
E o impacto na cultura promete ser extraordinário.
Isso é outra coisa que eu gostaria de deixar claro: A curva da população mundial.
Em 1750, quando a RSA estava se estabelecendo, e William Shipley estava pensando
no que fazer à tarde, havia cerca de um bilhão de pessoas na Terra:
muito bem distribuídas, a maioria nas partes mais distantes do que se tornou o Império,
mas muitas delas nas que viriam a ser as economias industrializadas.
Cerca de um bilhão de pessoas. Em comparação, Londres era lugar minúsculo
Se você olhar para essa curva, nós somos cerca de 6 bilhões, e o grande salto aconteceu em 1970.
De 1970 para 2000, aonde a população da Terra ganhou 3 milhões de novos habitantes.
1968, lembrem-se, foi o Verão do amor. Provavelmente é uma coincidência.
Sim, mas todos nós fizemos nossa parte. Está bem.
Mas isso é interessante: a linha pontilhada representa o crescimento da população nas economias desenvolvidas.
O verdadeiro crescimento está acontecendo nas economias emergentes:
Ásia, Africa, partes da América do Sul, e por aí vai. E está chegando a nove bilhões.
Outra coisa que acontece é que o mundo está se tornando cada vez mais urbanizado.
No começo do século 18, até o 19, a maioria das pessoas vivia no interior.
Cerca de 3% das pessoas viviam nas cidades. Claro, o grande movimento
social que industrialismo provocou foi a migração para as cidades.
Mas mesmo assim, na virada do século XX, menos do que 20% das pessoas viviam nas cidades.
Atualmente, 50% da população mundial vive nas cidades. 50% de 6 bilhões,
e estamos rumando para 60% de 9 bilhões de pessoas vivendo nas cidades -
não aqui, nem na Inglaterra, nem nos E.U.A, nem no resto da Europa, mas nas economias emergentes.
Essa migração enorme não tem precedentes.
Essas não serão cidades legais, sabem, com estandes informativas, I.P.T.U e Starbucks.
Serão cidades enormes, expandidas e vernaculares, provavelmente parecidas com isso.
Esta é Caracas, na Venezuela. Uma enorme e expansiva metrópole.
A grande Tókio, no momento, tem uma população de 35 milhões de pessoas,
mais do que toda a população do Canadá.
Perto da metade do século, poderão existir 20 megacidades, e mais de 500 cidades com mais de um milhão de habitantes.
Você podem perceber que essas são circunstâncias sem precedentes,
uma drenagem dos recursos terrestres sem precedentes, uma demanda de inovação sem precedentes,
de pensamentos novos, sistemas sociais novos, novos meios de fazer as pessoas se esquecerem de se conectarem com elas mesmas,
e viverem com um propósito e significado.
A educação é uma grande parte da solução. O problema é, acredito eu, que estamos apostando nos cavalos errados.
Há um relatório recente de McKinsey no qual ele mostrou isso.
Estes são números dos E.U.A. Lá, desde 1980, mais ou menos, os gastos com a educação
cresceram 73% em dinheiro investido.
O número de alunos das salas de aula desceu a níveis historicamente baixos.
Mas nesse indicador, alfabetização, não houve nenhuma mudança de desempenho.
Mais dinheiro, salas com menos alunos, nenhuma mudança.
As taxas de evasão estão subindo, e as taxas de graduação estão baixando: Isso é um grande problema.
O problema é que eles estão tentando encontrar o futuro fazendo o que já fizeram no passado.
E ao mesmo tempo, alienando milhões de crianças que não vêem nenhum motivo para ir à escola.
Quando vamos para a escola, somos mantidos ali por meio de uma estória: se você estudar
e se der bem, e conseguir um diploma universitário, conseguirá um trabalho.
Nossos filhos não acreditam nisso. E estão certos.
É melhor ter um diploma do que não ter, mas isso já não é mais uma garantia,
principalmente se o caminho para ele te marginaliza da maioria das coisas que você considera importantes sobre você.
E uma coisa que cabe bem no meio dessa estória é essa ideia
de que há jovens acadêmicos e não-acadêmicos, de algo chamado treinamento vocacional,
que não é tão bom quanto a educação acadêmica, de que pessoas com formação teórica
são melhores do que aqueles que podem fazer verdadeiros ofícios, e um tipo de trabalho
que poderia ser venerado nos sistemas de guildas.
Existe esse apartheid intelectual na educação.
E então, muitas pessoas tentam defendê-lo ou repará-lo.
Eu acho que devemos apenas reconhecer a sua mística. E temos que arrancá-la de nosso pensamento.
Essa é uma das consequências. Quero fazer outra pergunta.
Vocês que têm mais do que 30 anos, quantos de vocês tiraram as amídalas? Sejam francos comigo.
Vamos. Certo. Pergunto isso por causa de um motivo ligado às coisas com as quais estamos conformados.
Eu nasci em 1950. Eu sei que vocês não acreditam nisso.
Eu posso sentir a incredulidade vagando pela sala...
"Será possível?", vocês dizem a si mesmos. Bem, eu vivo em Los Angeles, sabem.
Eu me cuidei, o que posso dizer a vocês? As pessoas da minha geração, da década de 50 e 60, 40 também, eu acho.
No instante em que descobriam uma ferida na garganta, alguém se aproveitava
e tirava suas amídalas. Isso é verdade, não é? Era rotineiro perder as amídalas.
Nos anos 50 você não podia nem tossir de leve,
senão alguém agarrava o seu pescoço, e voalá, arrancava as suas amídalas.
Era rotina. Milhões de amídalas foram removidas naquela época.
O que acontecia com elas? Eu não sei. Quero dizer - eu acho que é algum tipo de escândalo, não sei, mas -
é uma daquelas coisas como Rockwell, sabem, como a área 56.
Em algum lugar dos E.U.A, no deserto, está essa pilha de amídalas.
Hojem em dia as pessoas têm adenoamigdalectomias,
mas não são comuns. É difícil precisar tirá-las. Você precisa sofrer de um caso crônico,
sem esperanças de ser curado de outra forma, para perder as amídalas.
Quando eu era jovem, consideravam-nas totalmente descartáveis.
Nós apenas arrancávamos elas para elas não encherem mais.
E algumas pessoas voluntariamente aceitavam a operação só para conseguir o sorvete.
Nossos filhos, essa geração, não sofrem com a praga das adenoamigdalectomias.
Ao invés disso, sofrem com isso: Uma epidemia moderna, tão deslocada e ficcional.
É a praga do déficit de atenção e a hiperatividade. Isto é um mapa da incidência nos E.U.A,
e prescrições para ele. Não me entendam mal: Eu não quero dizer que o déficit não existe.
Eu não sou qualificado para dizer isso.
Eu sei que grande parte dos psicólogos e pediatras acham que o déficit existe.
Mas ainda é um assunto para debates.
O que eu sei de fato, é que não é uma epidemia. Eu acredito que essas crianças estão sendo medicadas
tão rotineiramente quanto nossas amídalas eram retiradas, com a mesma impulsividade,
e pelo mesmo motivo: moda da medicina.
Nossas crianças estão vivendo no período mais estimulante da história da Terra.
Eles estão sendo cercadas por informações e coisas que chamam sua atenção,
de todas as plataformas: computadores, de iPhones, painéis publicitários,
de centenas de canais de televisão.
E nós estamos castigando-os quando se distraem.
Se desinteressando pelo que? Coisas chatas da escola, na maioria das vezes.
Não me parece ser uma coincidência o fato de que a incidência do déficit de atenção e hiperatividade cresceu
ao mesmo tempo que os testes padronizados.
Essas crianças estão tomando Ritalin, Adrol e todo tipo de coisas -
muitas vezes, drogas perigosas - para ficarem calmos e concentrados.
Eu sei que isso é absurdo, e vocês percebem isso imediatamente,
porque as áreas iluminadas estão aonde não há muito disso.
Eu vivo na Califórnia, e lá as pessoas não prestam atenção por mais de um minuto e meio,
mas de acordo com isso, o transtorno de déficit de atenção fica maior
quanto mais você vai para o Leste do país.
As pessoas começam a perder o interesse em Oklahoma,
eles mal podem pensar direito em Arkansas,
e quando chega em Washington, perdem toda a concentração.
E eu acredito que há diferentes explicações para isso.
É uma doença fictícia. Me desculpem, não quero dizer que seja uma condição fictícia,
é uma epidemia fictícia.
Como disse anteriormente, eu tenho muito interesse pelas artes
E se você pensar sobre isso, as artes - e eu não digo que são apenas as artes, eu acho que isso
também vale para as ciências e a matemática - Eu falo sobre as artes, particularmente,
porque elas são as atuais vítimas dessa mentalidade.
As artes remetem especialmente à ideia de uma experiência estética.
Uma experiência estética é aquela na qual nossos sentidos estão operando com máxima intensidade.
Quando você está presente no momento, quando você está em ressonância com a emoção que essa coisa
transmite, quando você está vivendo plenamente.
E a experiência inestética se dá quando você se desfaz dos seus sentidos e se insensibliza para o que acontece.
E muitos desses remédios são isso. Nós estamos educando nossas crianças inestetizando elas.
E eu acho que deveríamos fazer o contrário. Nós não deveríamos deixa-los dormentes,
deveríamos despertá-los para o que existe dentro deles mesmos.
Mas o modelo que temos é esse: eu acredito que temos um sistema de educação que é modelado
pelo interesse do industrialismo, e à sua imagem.
Eu vou lhes dar dois exemplos. Escolas ainda são bastante organizadas por elementos de fábricas:
sinos tocando, instalações separadas, especializadas em diferentes matérias.
Ainda educamos nossas crianças por meio de turmas, sabem, nós as colocamos num sistema grupos por faixa etária.
Porque fazemos isso? Porque há uma ideia de que a coisa mais importante que as crianças
têm em comum seja a sua idade? É como se o dado mais importante sobre eles
fosse a data de manufatura. Claro, eu conheço crianças que são muito melhores
do que outras da mesma idade, em diferentes disciplinas, ou momentos do dia.
Ou melhores em pequenos grupos ou grandes grupos. Ou muitas vezes, preferem ficar sozinhas.
Se você está interessado no modelo de aprendizado, você não parte dessa mentalidade de produção em série.
Existem algumas palavras-chave no modelo industrial:
Utilidade, que modela o currículo; linearidade, que informa as escolhas
e premissas do que funciona e o que não.
Se trata, essencialmente, de conformidade, cada vez mais é sobre isso, se você olhar para o crescimento
dos testes padronizados e dos currículos padronizados. É tudo sobre padronização.
Por motivos que vamos saber antes de terminar,
eu acredito que temos que ir na direção oposta.
É isso que quero dizer quando falo de mudanças de paradigmas. Nós temos que questionar o que já é evidente.
O problema de questionar o que nós consideramos evidente e que nós não sabemos o que ele é.
Vamos ler isso rapidamente.
(B Russell: homem como 4 astrônomos ou 4 hamlet, ou os dois?)
Eu adoro essa citação. Como vocês podem perceber, é de Bertrand Russell.
E me parece ser a questão quintessencial da filosofia ocidental.
Quando chegamos nisso, o que é isso? Nós somos tudo o que Hamlet pensou que fossemos,
ou somos apenas um tipo de acidente cósmico sem importância?
Eu me interessei muito por essa primeira parte da pergunta, esse "pequeno, planeta desconhecido".
Bem, quão pequeno, quão desconhecido é este planeta?
É difícil perceber isso, não é, porque, se você pensar nisso,
as distâncias no espaço são tão vastas, como, por exemplo, esta é uma imagem do telescópio Hubble.
Esta é a nuvem de Magalhães.
Bem, vocês sabem que as distâncias espaciais são medidas em anos-luz, a distância que a luz percorre em um ano,
que é muito, na verdade. Na verdade, é mais do que a distância até Brighton.
Isso são 170.000 anos-luz. Vocês podem imaginar isso tudo?
É tão grande.
Numa quarta-feira... tudo isso
O problema de ter qualquer noção de quão grande a Terra é, ou quão pequena, é que as distâncias são tão imensas
que elas confundem a nossa percepção das dimensões. Então eu me deparei com essa imagem.
está na internet, eu só quero mostrar ela rapidamente para vocês.
Eu acho que ela é fantásticas. Eu a renderizei para vocês.
Essas são fotos de alguém que teve a brilhante ideia de tirar a Terra do céu
e alinhá-la com outros planetas do sistema solar,
para poder comparar os tamanhos. É como uma foto de um grupo,
de alguns dos planetas do sistema solar e além. Começa assim:
... Eu amo essa imagem. ... Eu acho que estamos bem, é isso que o primeiro exemplo mostra.
Há duas coisas que eu gostaria de comentar - duas coisas que gostaria de dizer a respeito disso.
A primeira é que eu acho que nós estamos menos preocupados com uma invasão de hordas de marcianos do que antes.
Não? Que venham todos, eu sinto...
" Vocês e que exército?", eu acho que estamos pensando.
A segunda é que Plutão não é mais um planeta. E nós podemos ver o porquê.
No que estávamos pensando? Na verdade é uma rocha.
Sosseguem o facho agora. Isso é um pouco menos encorajador, não é?
Não acham? Um pouco menos encorajador. E Plutão é uma espécie de constrangimento cósmico...
Mas nós sabemos que o Sol é o grande lance. Mas quão grande é o Sol, exatamente,
comparado à Terra? Então é isso - eu perguntei para alguns astrofísicos, e eles disseram
que sim, isso estaria quase certo. Aqui está uma foto do Sol.
Vocês sabiam disso? Mas continuem olhando para o Sol, porque ele não é maior coisa do pedaço.
Esse é o Sol comparado a alguns objetos que não estão no nosso sistema solar,
mas que você pode ver de noite.
Agora Jupiter é um pixel e a Terra se foi. É melhor sermos amigos de Arcturus.
Continuem olhando para Arcturus por um minuto.
Eu acho que é melhor ficarmos com Antares.
Isso é extraordinário, não é?
Volte para aquilo, e nós somos infinitamente, lamentavelmente pequenos no grande esquema cósmico.
Eu só quero dizer duas coisas, rapidamente.
Primeiro: Quando você acordar com alguma preocupação, supere-a.
Sério mesmo, tome uma decisão e siga em frente.
A segunda é: que pode ser assim mesmo, mas nós temos um poder extraordinário.
E posso dizer o seguinte: temos um poder que nos possibilita
conceber nossa própria insignificância.
Nenhuma outra espécie está por aqui sofrendo ataques de ansiedade ao ver essas imagens.
Eu não vejo outras espécies nas clareiras das florestas, dizendo, "Eu não sabia disso"
Acreditem em mim. Eu não esperava por isso. E elas também não produziram essas imagens.
Nós temos um poder extraordinário para conceber objetos exteriores a nossa experiência e expressá-los
através de formas conceituais, simbólicas, de forma que outras pessoas possam se envolver e compreendê-los.
E além disso, somos a espécie que produziu Hamlet e o trabalho de Mozart,
a revolução industrial, e esse prédio extraordinário, com essas imagens incríveis,
e hip-hop, jazz, mecânica quântica, teoria de relatividade, viagens aéreas,
motor à jato, e todas as coisas que caracterizam a extraordinária ascenção da cultura do homem.
Mas nós destruímos isso com o nosso jeito de educar, mas eu quero terminar minha palestra e abri-la para alguma conversa,
dando um exemplo de algo. Há um grande estudo, feito recentemente, a respeito do pensamento divergente.
Foi publicado há dois anos. Pensamento divergente não é a mesma coisa que criatividade.
Eu defino criatividade como um processo de ter ideias originais que tenham valor.
Pensamente divergente não é um sinônimo, mas uma capacidade essencial para a criatividade.
É a habilidade para ver muitas possibilidades de resposta para uma questão, várias formas de interpretação,
muitas formas de interpretar uma questão, o que de Bono chamaria de lateralmente,
para pensar não apenas de forma linear ou convergente.
Para enxergar múltiplas respostas. Então eu fiz um pequeno teste para isso,
digo, um tipo de anti-exemplo seria, as pessoas podem perguntar
quantas funções você consegue encontrar num clip de papel. São perguntas rotineiras.
A maioria das pessoas pensam em 10 ou 15 funções. Pessoas que são boas nisso pensam em 200.
E eles vão dizendo, bem, o clip de papel pode virar - poderia ser feito de borracha esponjosa,
isso precisa ser um clip de papel como nós bem o conhecemos.
Há testes disso, e eu os dei para 1500 pessoas, e está num livro chamado
"Break Point and Beyond". E segundo a ata do texto, se você alcançar uma pontuação mais alta,
você deveria ser considerado um gênio do pensamento divergente.
Eu pergunto a vocês, qual a porcentagem de pessoas testadas, das 1500,
qua alcançaram um nível genial de pensamento divergente?
Vocês precisam saber de mais uma coisa sobre eles: eram crianças do jardim de infância, certo?
O que vocês acham? Qual a porcentagem de gênios?
(platéia:80) 80, certo?
Errado. 98%. Uma coisa curiosa é que esse foi um estudo longitudinal.
Então eles testaram novamente as mesmas crianças 5 anos depois, quando então elas tinham de 8 a 10 anos.
O que vocês acham?
50? Eles testaram novamente cinco anos depois, com idades entre 13 e 15. Vocês enxergam uma tendência aqui?
Eles testaram 200.000 adultos, de 25 anos para cima, uma vez só, como um controle. O que vocês acham?
Sim, vocês sabem.
Eu sempre digo, se vocês são donos de negócios, são essas as pessoas que vocês contratam, ok?
Agora isso revela uma estória interessante, porque vocês poderiam imaginar que fosse o contrário.
Não? Vocês começam sendo ruins, mas melhoram à medida em que envelhecem.
Mas isso mostra duas coisas. Primeiro: Nós todos temos essas capacidades. Segundo: Elas tende a piorar.
Muitas coisas aconteceram à essas crianças enquanto elas cresciam.
Mas uma das coisas mais importantes, acredito eu, é que elas se educaram.
Ficaram dez anos na escola, aonde diziam para elas que só havia uma resposta,
E não olhe. Não copie, porque isso é colar.
Fora da escola isso é chamado de colaboração, em qualquer lugar menos nas escolas.
Isso não acontece porque os professores o desejam. É porque acontece assim mesmo.
Porque está nos genes da educação.
E para modificá-la, temos que pensar diferente.
Me deixem apenas salvar isso...
temos que pensar sobre a capacidade humana de outro jeito.
É sobre isso que o meu livro, "The element", trata. Nós temos que superar essa velha concepção
de acadêmico, não-acadêmico, abstrato, teórico,
vocacional, e ver tudo isso como realmente é: Um mito.
Em segundo lugar, temos que reconhecer que grande parte do aprendizado acontece em grupos,
que a colaboração é o material para o crescimento. Se nos atomizarmos e separaramos as pessoas,
e as julgarmos separadamente, nós formaremos um tipo de disjunção entre eles e o seu ambiente de aprendizado natural.
Em terceiro lugar, é crucialmente a respeito da cultura de nossas instituições, dos seus hábitos,
e dos habitats que elas ocupam. Eu me deparei com... Vou colocar minha mão aqui.
Uma grande citação, que parece capturar um pouco disso,
sobre essa distinção entre nós mesmos e as espécies.
e ela diz - encontre ela - provavelmente está no meu outro terno, não é? Aqui vamos nós:
Eu prefiro essa como um ponto de vista. Diz que quando vamos avaliar as pessoas, deveríamos ser mais justos com nós mesmos.
Ela diz: "Depois de tudo, os seres humanos nasceram de macacos decaídos, e não anjos decaídos.
Então, com o que deveríamos nos preocupar? Com os massacres? Mísseis? Com nossas sinfonias?
O milagre da raça humana não é quão fundo naufragamos, mas quão magnificamente nós subimos.
Nós seremos reconhecidos entre as estrelas, não pelos nossos cadáveres, mas por nossos poemas."
E eu acredito que há uma verdade profunda nisso.
Nós temos formas de alcançar esses sistemas de educação, baseados nesses diferentes princípios.
Mas isso significa um desvio da metáfora industrial de educação para o que nós pensamos ser uma metáfora agricultora.
Se vocês pensarem bem, se vocês olharem para o organograma da maioria das companhias e organizações,
parece um pouco com um diagrama de fiação, não é? Se você olhar para a estrutura, como as caixas e as coisas que estão conectadas.
Mas as organizações humanas não são como mecanismos,
mesmo que esses organogramas sugiram metaforicamente que eles sejam.
Organizações humanas são muito mais parecidas com organismos.
Isso quer dizer que elas dependem de sentimentos, relacionamentos, motivação,
valor, valor próprio, senso de identidade e de comunidade.
Você sabe que o seu trabalho numa organização é afetado pelo sentimento que você tem por ela.
Portanto, penso eu, que a melhor metáfora não é o industrialismo, mas a metáfora da agricultura, ou orgânica.
Estou criando um projeto no estado de Oklahoma, aonde estou tentando desenvolver essas ideias por todo o estado.
Mas eu mencionei Las Vegas no início. Eu quero mostrar uma última imagem disso, agora.
Não muito longe de Las Vegas, há um lugar chamado Vale da Morte.
O Vale da Morte é o local mais quente dos E.U.A. Nada cresce por ali.
Porque lá não chove. No verão de 2004, algo notável aconteceu.
Choveu. 7 polegadas. E na primavera de 2005 houve um fenômeno. Toda a flora do Vale da Morte
estava coberto com flores da primavera. Fotógrafos e cientistas botânicos vieram de todos os lados dos E.U.A
para testemunhar esse fato que eles talvez nunca mais vissem. O que foi demonstrado foi que o Vale da Morte
não estava morto. Estava desacordado. Bem abaixo da superfície estavam as sementes,
aguardando as condições para crescer. E eu acredito que o mesmo se dá com os seres humanos.
Se nós criarmos as condições corretas em nossas escolas - se criarmos os incentivos corretos,
se valorizarmos cada aluno individualmente e propriamente, o crescimento irá acontecer.
E o crescimento sempre aconteceu antes - eu não sei, eu gostaria de mostrar a vocês dois vídeos bem curtos,
que vão demonstrar, mas vamos começar nosso debate,
Mas eu acho que devemos sair desse paradigma industrial, e rumar em direção ao paradigma orgânico.
E eu acho que é perfeitamente executável. Precisamos conceber as instituições individualmente,
não sistematicamente, sem valorizar apenas a utilidade, mas respeitar e promover um vigor constante,
uma energia de organização e o seu potencial transformador,
que não pensa em termos de linearidade, mas sim de criatividade, opções múltiplas, e muitas possibilidades para todos que participam dela,
isso não diz respeito a conformismos, mas sim à diversidade e sua crítica à padronização.
Esse é o Vale da Morte na Primavera de 2005. Eu acho que todos os colégios poderiam ser assim.
Alguém disse uma vez: "O problema dos seres humanos não é tentar chegar longe e falhar,
mas sim se acomodar e ser bem-sucedido."
E eu acho que devemos a William Shipley e Benjamin Franklin o fato de ter ido longe.
Benjamin Franklin disse uma vez, notavelmente: "Há três tipos de pessoas no mundo:
Aqueles que são imutáveis, aqueles que são mutáveis, e aqueles que movem."
E eu recomento a vocês, junto a Royal Society of Artists, que se mexam, e avançem. Obrigado. (Aplausos)