< Return to Video

A arte da desorientação

  • 0:01 - 0:04
    Acham que é possível
    controlar a atenção de alguém?
  • 0:06 - 0:09
    Mais do que isso,
    e prever o comportamento humano?
  • 0:10 - 0:12
    Acho que são ideias interessantes.
  • 0:12 - 0:15
    Para mim, esse seria
    o superpoder perfeito.
  • 0:15 - 0:17
    É uma abordagem perversa.
  • 0:17 - 0:20
    Mas para mim, no passado,
    passei os últimos 20 anos
  • 0:20 - 0:23
    a estudar o comportamento humano
    duma maneira muito pouco ortodoxa:
  • 0:23 - 0:25
    sendo carteirista.
  • 0:25 - 0:27
    Quando pensamos em falta de atenção,
  • 0:27 - 0:29
    pensamos em olhar para outro lado,
  • 0:29 - 0:32
    quando as coisas
    que estão mesmo à nossa frente
  • 0:32 - 0:34
    são as mais difíceis de ver,
  • 0:34 - 0:36
    as coisas para que olhamos
    todos os dias e que não vemos.
  • 0:36 - 0:39
    Por exemplo, quem é que ainda tem
    o telemóvel no bolso?
  • 0:41 - 0:42
    Ok. Verifiquem novamente.
  • 0:42 - 0:44
    Têm-no mesmo?
  • 0:44 - 0:45
    Andei há pouco a fazer compras...
  • 0:45 - 0:47
    (Risos)
  • 0:47 - 0:48
    Já olharam para ele várias vezes hoje,
  • 0:48 - 0:50
    mas vou fazer-vos uma pergunta.
  • 0:50 - 0:52
    Sem olharem directamente para ele,
  • 0:52 - 0:56
    conseguem lembrar-se do ícone que está
    no canto inferior direito?
  • 0:56 - 0:59
    Tirem-no cá para fora,
    verifiquem e vejam se acertaram.
  • 1:02 - 1:04
    Como é que se saíram?
  • 1:04 - 1:06
    Mostrem as mãos. Acertámos?
  • 1:06 - 1:08
    Agora que já olharam, guardem-nos.
  • 1:08 - 1:10
    Todos os telefones
    têm alguma coisa em comum.
  • 1:10 - 1:12
    Seja como for que organizem os ícones,
  • 1:12 - 1:14
    continuam a ter um relógio na frente.
  • 1:14 - 1:17
    Então, sem olharem para o relógio,
    que horas eram?
  • 1:18 - 1:20
    Acabaram de olhar para o relógio, não foi?
  • 1:20 - 1:24
    É uma ideia interessante.
    Vamos avançar com um jogo de confiança.
  • 1:24 - 1:25
    Fechem os olhos.
  • 1:25 - 1:28
    Eu sei que estou a pedir-vos isto,
    quando acabaram de ouvir
  • 1:28 - 1:31
    que há um carteirista na sala,
    mas fechem os olhos.
  • 1:31 - 1:35
    Vocês têm estado a observar-me
    há cerca de 30 segundos.
  • 1:35 - 1:37
    Com os olhos fechados,
    o que é que eu tenho vestido?
  • 1:38 - 1:40
    Dêem o vosso melhor palpite.
  • 1:40 - 1:43
    De que cor é a minha camisa?
    De que cor é a minha gravata?
  • 1:43 - 1:44
    Agora abram os olhos.
  • 1:44 - 1:47
    Levantem as mãos, acertaram?
  • 1:47 - 1:48
    Interessante, não é?
  • 1:48 - 1:51
    Parece que há uns
    mais observadores do que outros.
  • 1:51 - 1:54
    Mas eu tenho uma teoria diferente
    sobre esse modelo de atenção.
  • 1:54 - 1:58
    Existem modelos de atenção giros,
    o modelo tripartido de Posner.
  • 1:58 - 2:01
    Eu penso nisso de forma muito
    simples, como um sistema de vigilância.
  • 2:01 - 2:04
    É como se tivéssemos
    todos estes sensores catitas
  • 2:04 - 2:07
    e no nosso cérebro houvesse um segurança.
  • 2:07 - 2:09
    Gosto de chamar-lhe Frank.
  • 2:09 - 2:11
    Então o Frank está sentado a uma mesa.
  • 2:11 - 2:13
    Tem todo o tipo de informações
    à sua frente,
  • 2:13 - 2:15
    equipamento de alta tecnologia, câmaras,
  • 2:15 - 2:19
    tem um pequeno telefone
    que pode atender, com auscultadores,
  • 2:19 - 2:21
    todos estes sentidos,
    todas estas percepções.
  • 2:21 - 2:23
    Mas é a atenção que direcciona as percepções.
  • 2:23 - 2:27
    É o que controla a realidade.
    É a porta de entrada para a mente.
  • 2:27 - 2:30
    Se não dão atenção a uma coisa,
    não se apercebem dela.
  • 2:30 - 2:33
    Ironicamente, podem dar atenção
    a uma coisa sem se aperceberem dela.
  • 2:33 - 2:35
    Por exemplo, o efeito cocktail:
  • 2:35 - 2:38
    quando estão numa festa,
    a falar com alguém,
  • 2:38 - 2:39
    mas reconhecem o vosso nome
  • 2:39 - 2:41
    sem se aperceberem
    de que o estavam a ouvir.
  • 2:41 - 2:44
    No meu trabalho, tenho de aplicar
    técnicas que explorem isto,
  • 2:44 - 2:47
    jogar com a vossa atenção
    como um recurso limitado.
  • 2:47 - 2:50
    Se eu conseguir controlar como
    prestam a vossa atenção,
  • 2:50 - 2:53
    se eu conseguir roubar a vossa atenção
    com uma distracção,
  • 2:53 - 2:56
    em vez de o fazer como uma desorientação,
  • 2:56 - 2:58
    atirando-a para o lado,
  • 2:58 - 3:00
    opto por me concentrar no Frank,
  • 3:00 - 3:03
    poder brincar com o Frank na vossa cabeça,
  • 3:03 - 3:04
    o vosso segurança,
  • 3:04 - 3:07
    e, em vez de me focar
    nos vossos sentidos exteriores,
  • 3:07 - 3:10
    vou aos sentidos interiores por instantes.
  • 3:10 - 3:13
    Se vos pedir para acederem
    a uma memória, tipo,
  • 3:13 - 3:15
    O que é isto? O que é que aconteceu?
    Têm uma carteira?
  • 3:15 - 3:17
    Têm um American Express na carteira?
  • 3:17 - 3:19
    Quando faço isso, o vosso Frank vira-se.
  • 3:20 - 3:22
    Vai buscar o ficheiro.
    Tem de rebobinar a cassete.
  • 3:22 - 3:25
    Mas não consegue rebobinar a cassete
  • 3:25 - 3:27
    ao mesmo tempo que está
    a tentar processar novos dados.
  • 3:27 - 3:29
    Isto parece uma boa teoria,
  • 3:29 - 3:32
    mas eu podia falar horas,
    contar-vos muitas coisas,
  • 3:32 - 3:34
    e algumas até podiam ser verdade,
  • 3:34 - 3:36
    mas acho melhor tentar
    mostrar-vos aqui ao vivo.
  • 3:36 - 3:39
    Eu vou aí abaixo, vou fazer umas compras.
  • 3:39 - 3:41
    Mantenham-se onde estão.
  • 3:44 - 3:46
    Olá, como está? Ainda bem que o vejo.
  • 3:46 - 3:48
    Fez um bom trabalho no palco.
  • 3:48 - 3:50
    Bonito relógio. Não sai muito facilmente.
  • 3:50 - 3:51
    Também tem um anel?
  • 3:51 - 3:53
    Estou só a ver. Isto parece um bufete.
  • 3:53 - 3:57
    É difícil escolher por onde começar?
    há tantas coisas boas.
  • 3:57 - 3:58
    Olá, como está? Prazer em vê-lo.
  • 3:58 - 4:01
    Por favor, pode levantar-se?
    Aí mesmo onde está.
  • 4:01 - 4:03
    Oh, é casado. Cumpre bem as ordens.
  • 4:03 - 4:04
    Prazer em conhecê-lo.
  • 4:04 - 4:06
    Não tem muitas coisas nos bolsos.
    Tem alguma coisa neste bolso?
  • 4:07 - 4:10
    Espero que sim.
    Pode sentar-se. Está a ir muito bem.
  • 4:10 - 4:12
    Olá, como está?
  • 4:12 - 4:14
    É bom vê-lo. Tem um anel, um relógio.
  • 4:14 - 4:16
    Tem uma carteira?
    Joe: Não tenho.
  • 4:16 - 4:18
    AR: Vamos arranjar-lhe uma.
  • 4:18 - 4:19
    Venha por aqui, Joe.
  • 4:19 - 4:20
    Dêem ao Joe uma salva de palmas.
  • 4:20 - 4:22
    Venha Joe. Vamos jogar um jogo.
  • 4:22 - 4:25
    (Aplausos)
  • 4:27 - 4:28
    Com licença.
  • 4:29 - 4:31
    Acho que já não preciso deste comando.
  • 4:31 - 4:33
    Muito obrigado. Agradeço.
  • 4:33 - 4:35
    Venha para o palco Joe.
    Vamos jogar um jogo.
  • 4:35 - 4:38
    Tem alguma coisa nos bolsos da frente?
    Joe: Dinheiro.
  • 4:38 - 4:41
    AR: Dinheiro. Muito bem,
    vamos tentar isso.
  • 4:41 - 4:43
    Pode passar para este lado?
  • 4:43 - 4:45
    Volte-se e, vejamos,
  • 4:45 - 4:47
    se eu lhe der uma coisa que me pertence,
  • 4:47 - 4:51
    é só uma coisa que tenho aqui,
    uma ficha de poquer.
  • 4:51 - 4:53
    Estenda a mão. Olhe-a de perto.
  • 4:53 - 4:55
    Esta é uma tarefa para se concentrar.
  • 4:55 - 4:58
    - Tem o dinheiro aqui no bolso da frente?
    - Tenho.
  • 4:59 - 5:01
    AR: Eu não vou meter a mão no seu bolso.
  • 5:01 - 5:03
    Não quero correr riscos.
  • 5:03 - 5:05
    Uma vez um tipo tinha um buraco no bolso
  • 5:05 - 5:06
    e fiquei traumatizado.
  • 5:06 - 5:08
    Queria a carteira dele,
    deu-me o número de telefone.
  • 5:08 - 5:10
    Grande falta de comunicação.
  • 5:10 - 5:11
    (Risos)
  • 5:11 - 5:13
    Vamos fazer isto de forma simples.
    Aperte bem a sua mão.
  • 5:13 - 5:15
    - Sente a ficha na sua mão?
    - Sinto.
  • 5:15 - 5:19
    AR: Ficava admirado
    se eu conseguisse tirar-lha?
  • 5:19 - 5:19
    - Muito.
    - Muito bem.
  • 5:19 - 5:21
    Abra a mão. Muito obrigado.
  • 5:21 - 5:23
    Eu faço batota se me der hipótese.
  • 5:23 - 5:26
    Dificulte-me a vida. Use a sua mão.
  • 5:26 - 5:27
    Agarre o meu pulso, mas aperte com força.
  • 5:27 - 5:29
    Viu-a desaparecer?
  • 5:29 - 5:31
    - Não.
    - Mas não está aqui. Abra a mão.
  • 5:31 - 5:32
    Vê, estávamos focados na mão,
  • 5:32 - 5:34
    e ela está no seu ombro.
  • 5:35 - 5:37
    Força, tire-a de lá.
  • 5:37 - 5:38
    Espere, vamos tentar de novo.
  • 5:38 - 5:40
    Estenda a mão. Abra-a completamente.
  • 5:40 - 5:43
    Levante-a um pouco,
    mas fique atento a ela, Joe.
  • 5:43 - 5:45
    Vê, se o fiz devagar, estará no seu ombro.
  • 5:46 - 5:48
    (Risos)
  • 5:48 - 5:51
    Joe, vamos continuar
    até você perceber.
  • 5:51 - 5:52
    Acabará por perceber. Tenho fé em si.
  • 5:52 - 5:55
    Aperte com força.
    Você é um ser humano, não é lento.
  • 5:55 - 5:56
    Está outra vez no seu ombro.
  • 5:56 - 5:59
    Estava concentrado na mão,
    por isso distraiu-se.
  • 5:59 - 6:02
    Enquanto estava a ver isto,
    não consegui tirar-lhe o relógio.
  • 6:02 - 6:04
    Mas você tinha uma coisa no bolso.
  • 6:04 - 6:05
    Lembra-se do que era?
  • 6:05 - 6:06
    Joe: Dinheiro.
  • 6:06 - 6:08
    AR: Verifique o bolso. Ainda aí está?
  • 6:08 - 6:10
    (Risos)
  • 6:10 - 6:12
    Ah, era aí que estava. Pode guardar.
  • 6:12 - 6:13
    Andamos só às compras.
  • 6:13 - 6:15
    Este truque é sobre o "timing".
  • 6:15 - 6:16
    Vou tentar empurrá-lo para a sua mão.
  • 6:16 - 6:18
    Ponha a outra mão por cima, pode ser?
  • 6:18 - 6:19
    (Risos)
  • 6:19 - 6:21
    É incrivelmente óbvio, não é?
  • 6:21 - 6:23
    Isto parece-se com o relógio
    que eu tinha, não é?
  • 6:23 - 6:26
    (Risos) (Aplausos)
  • 6:26 - 6:27
    Joe: Isso é muito bom. Muito bom.
    AR: Oh, obrigado.
  • 6:30 - 6:32
    É só o começo. Vamos tentar outra vez,
    um pouco diferente.
  • 6:32 - 6:35
    Junte as mãos.
    Ponha a outra mão por cima.
  • 6:35 - 6:37
    Se está a olhar para esta ficha,
  • 6:37 - 6:40
    obviamente ela tornou-se
    num alvo, um chamariz.
  • 6:40 - 6:42
    Se a olharmos de perto,
    parece que desaparece.
  • 6:42 - 6:44
    Agora está de novo no seu ombro.
  • 6:44 - 6:46
    Cai do céu, aterra na sua mão.
  • 6:46 - 6:48
    Viu-a cair?
  • 6:48 - 6:52
    Engraçado. Temos ali um tipo.
    Trabalha lá em cima o dia todo.
  • 6:52 - 6:55
    Devagar, se for diretamente,
    aterra no seu bolso.
  • 6:55 - 6:56
    Estará neste bolso?
  • 6:56 - 6:58
    Não procure no bolso.
    Essa é outra cena.
  • 7:00 - 7:02
    É muito estranho.
    Há injecções para isso.
  • 7:02 - 7:05
    Posso mostrar-lhes? Esquisito.
    Isto é seu?
  • 7:05 - 7:08
    Não faço ideia de como isso trabalha.
    Deixamo-mo-lo aqui.
  • 7:08 - 7:09
    Preciso de ajuda com este.
  • 7:09 - 7:11
    Passe para aqui.
  • 7:11 - 7:14
    Não fuja. Você tinha alguma coisa
    no bolso das calças.
  • 7:14 - 7:16
    Procurei no meu. Não encontrei nada.
  • 7:16 - 7:17
    Mas você tem aqui uma coisa.
  • 7:17 - 7:19
    Posso apalpar por fora?
  • 7:19 - 7:22
    Reparei nisto aqui. É seu?
  • 7:22 - 7:24
    Não faço ideia. É um camarão.
  • 7:24 - 7:26
    Joe: Sim. Estou a guardá-lo para depois.
  • 7:26 - 7:29
    AR: Você entreteve estas pessoas
    duma forma maravilhosa,
  • 7:29 - 7:31
    mais do que imagina.
  • 7:31 - 7:33
    Por isso, quero oferecer-lhe
    este relógio de presente.
  • 7:33 - 7:35
    (Risos)
  • 7:35 - 7:37
    Espero que goste dele.
  • 7:37 - 7:38
    Temos mais umas coisas,
  • 7:38 - 7:40
    algum dinheiro, outras coisas.
  • 7:40 - 7:42
    Todas elas lhe pertencem,
  • 7:42 - 7:44
    assim como um grande aplauso
    dos seus amigos.
  • 7:44 - 7:45
    (Aplausos)
  • 7:45 - 7:47
    Joe, muito obrigado.
  • 7:47 - 7:50
    (Aplausos)
  • 7:54 - 7:57
    A mesma pergunta que vos fiz há bocado
  • 7:57 - 7:59
    mas, desta vez,
    não têm de fechar os olhos.
  • 8:00 - 8:02
    O que é que eu tenho vestido?
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:05 - 8:08
    (Aplausos)
  • 8:11 - 8:13
    A atenção é uma coisa poderosa.
  • 8:13 - 8:16
    Como disse, modela a vossa realidade.
  • 8:16 - 8:19
    Gostava de vos fazer esta pergunta:
  • 8:19 - 8:21
    Se pudessem controlar a atenção de alguém,
  • 8:21 - 8:22
    o que é que fariam com isso?
  • 8:23 - 8:25
    Obrigado.
  • 8:24 - 8:28
    (Aplausos)
Title:
A arte da desorientação
Speaker:
Apollo Robbins
Description:

Considerado o maior carteirista do mundo, Apollo Robbins estuda as peculariedades do comportamento humano enquanto vos rouba o relógio.
Numa demonstração hilariante, Robbins experimenta o banquete que é a audiência da TEDGlobal 2013, demonstrando como as falhas na nossa percepção tornam possível surripiar uma carteira e deixá-la no ombro do seu proprietário, sem que ele dê por isso.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:47
Rafael Galupa edited Portuguese subtitles for The art of misdirection
Rafael Galupa edited Portuguese subtitles for The art of misdirection
Rafael Galupa edited Portuguese subtitles for The art of misdirection
Rafael Galupa approved Portuguese subtitles for The art of misdirection
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The art of misdirection
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The art of misdirection
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The art of misdirection
Rafael Galupa approved Portuguese subtitles for The art of misdirection
Show all

Portuguese subtitles

Revisions