Porque é que os concorrentes abrem as suas lojas ao pé umas das outras? — Jac de Haan

Vejam a lição complete em ed.ted.com - http://ed.ted.com/lessons/why-do-competitors-open-their-stores-next-to-one-another-jac-de-haan

Porque é que todas as bombas de gasolina, os cafés e restaurantes se concentram num só local? Quando dois primos em competição pretendem dominar a venda de gelados, numa pequena praia, descubram como a teoria dos jogos e o Equilíbrio de Nash influenciam estes pontos cruciais de venda a retalho.

Lição de Jac de Haan, animação de Luke Rowsell.

Porque é que as bombas de gasolina são
sempre construídas perto umas das outras?

Porque é que conduzimos quilómetros
sem encontrar um café

e depois tropeçamos em três
na mesma esquina?

Porque é que as mercearias,
as oficinas e os restaurantes

parecem existir, sempre, aos grupos

em vez de se espalharem
por toda a comunidade?

Embora existam inúmeros fatores

que influenciam a decisão
de onde abrir um negócio,

podemos explicar a aglomeração empresarial
através de uma simples história,

chamada Modelo de Concorrência
Espacial de Hotelling.

Imagina que vendes gelados numa praia.

A praia tem 1 km de comprimento
e não há concorrentes.

Onde colocarias o carrinho
para venderes a maior quantidade possível?

No centro.

500 m de caminho talvez
seja longe demais

para as pessoas que estão
no fim da praia,

mas o carrinho servirá o maior
número possível de pessoas.

Um dia apareces para trabalhar

e vês o primo Teddy a chegar à praia
com o seu carrinho de gelados.

Ele está a vender
o mesmo tipo de gelados que tu.

Vocês concordam
em dividir a praia ao meio.

Para garantir que os clientes
não têm de caminhar muito,

colocas o carrinho 250 metros
a sul do centro da praia,

mesmo no centro do teu território.

O Teddy instala-se a 250 metros
a norte do centro,

no meio do seu território.

Tu vendes gelados
aos que estão a sul do teu carrinho

e Teddy vende aos que estão a norte dele.

A outra metade de banhistas entre ambos
compra no carrinho mais próximo.

Ninguém caminha mais de 250 metros,

e ambos os vendedores vendem gelados
a metade dos banhistas.

Segundo a Teoria dos Jogos
esta é uma solução socialmente ótima.

Minimiza o máximo número de passos
que qualquer cliente tem de dar

para alcançar um carrinho de gelados.

No dia seguinte,
quando chegas ao trabalho,

o Teddy tem o carrinho no meio da praia.

Tu vais para o teu local
a 250 metros a sul do centro

e ficas com os clientes
dos 25% de território a sul.

Teddy tem todos os clientes
dos 50% de território a norte.

E agora dividem os clientes dos 25%
de território entre os dois carrinhos.

No terceiro dia da guerra dos gelados,
tu chegas à praia mais cedo

e colocas-te mesmo no centro
do território de Teddy,

com a intenção de vender aos banhistas
dos 75% de território a sul,

deixando ao teu primo os clientes
dos 25% de território a norte.

Quando Teddy chega,
instala-se mesmo a sul do teu carrinho,

roubando-te todos os clientes a sul

e deixando-te um pequeno grupo
de pessoas a norte.

Para não ficares atrás,
mudas-te 10 passos para sul de Teddy,

para recuperar os teus clientes.

Quando fazes um intervalo ao meio-dia,

Teddy muda-se 10 passos para sul de ti

e rouba de novo todos os clientes
até ao fim da praia.

Durante todo o dia

continuam os dois a mover-se para sul,
periodicamente

na direção da maior parte
dos clientes dos gelados,

até que acabam os dois
no centro da praia,

costas contra costas,

vendendo gelados aos banhistas
de 50% do território cada um.

Nesta altura, tu e o teu primo concorrente

chegaram ao ponto a que os teóricos
dos jogos chamam Equilíbrio de Nash

— o ponto em que nenhum dos dois
pode melhorar a sua posição

desviando-se da vossa estratégia em curso.

A vossa estratégia inicial,

em que cada um estava a 250 metros
do meio da praia,

não durou, porque não era
um Equilíbrio de Nash.

Nenhum podia mover o carrinho
na direção do outro

para vender mais gelados.

Com ambos no centro da praia,

não podes reposicionar o carrinho
mais perto dos clientes mais afastados

sem piorares a situação
dos clientes atuais.

Mas deixaram de ter uma solução
socialmente ótima,

porque os clientes em cada ponta da praia

têm que andar mais do que o necessário
para comprar um gelado.

Pensem nas cadeias de "fast food",

lojas de roupas e quiosques
de telemóveis nos centros comerciais.

Os clientes podiam ser mais bem servidos

com serviços distribuídos pela comunidade.

mas isso deixa os negócios vulneráveis
a uma competição agressiva.

No mundo real, os clientes
chegam de várias direções

e os comerciantes podem
competir com estratégias de "marketing"

diferenciando a sua linha de produtos
e fazendo descontos.

Mas no centro da sua estratégia,

as empresas gostam de se manter

tão perto quanto possível
dos concorrentes.