Estudando o Coronavírus: Dos Vetores às Vacinas
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0:03 - 0:04Meu nome é Tracey Goldstein,
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0:04 - 0:07trabalho na Escola de Medicina
Veterinária da UC Davis. -
0:07 - 0:09Sou professora
do Departamento de Patologia, -
0:09 - 0:11Microbiologia e Imunologia,
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0:11 - 0:14e Diretora Associada
do One Health Institute. -
0:14 - 0:18Estamos estudando as doenças em animais,
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0:18 - 0:22tentando entender como elas podem
extrapolar de animais para pessoas. -
0:23 - 0:26Um bom exemplo é essa epidemia
atual do coronavírus, -
0:26 - 0:27que está afetando pessoas,
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0:27 - 0:31e entendemos que teve
uma provável origem em animais. -
0:31 - 0:33Meu nome é Kon Van Rompay.
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0:33 - 0:37Trabalho no California National Primate
Research Center em UC Davis. -
0:37 - 0:40O que estamos tentando fazer é criar
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0:40 - 0:41vacinas mais efetivas.
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0:41 - 0:44E tentamos desenvolver drogas antivirais
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0:44 - 0:46para tratar pessoas
que já foram infectadas. -
0:47 - 0:49Quando surge uma nova doença viral,
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0:49 - 0:52a primeira coisa que precisamos saber
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0:52 - 0:53é que vírus é esse.
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0:53 - 0:56Queremos saber quem é
o verdadeiro inimigo. -
0:56 - 0:59Antigamente, os métodos eram muito lentos,
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0:59 - 1:03com técnicas como microscopia eletrônica.
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1:03 - 1:05Hoje, com o sequenciamento
do genoma viral, -
1:05 - 1:08em poucos dias conseguimos identificar
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1:08 - 1:11que tipo de vírus está causando
uma nova epidemia. -
1:11 - 1:14Então, quando sequenciamos o genoma,
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1:14 - 1:17passamos a buscar em que parte
podem existir mutações, -
1:17 - 1:20que irá nos mostrar quais partes
do genoma viral -
1:20 - 1:23são importantes, por exemplo,
para invadir as células humanas. -
1:23 - 1:27Muitos dos vírus animais são capazes
de infectar células animais, -
1:27 - 1:31mas não tem o mesmo mecanismo
para infectar células humanas. -
1:31 - 1:35Mas os vírus ARN, como o ebola
ou o coronavírus, -
1:35 - 1:38possuem genomas
um pouco mais instáveis. -
1:38 - 1:40Estão, digamos, sempre mudando.
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1:40 - 1:42Provavelmente essas grandes
mudanças no genoma -
1:42 - 1:45acontecem a todo instante,
e às vezes são aleatórias, -
1:45 - 1:47mas de vez em quando,
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1:47 - 1:50uma mudança pode ocorrer
em partes do genoma -
1:50 - 1:55tornando-as, de repente,
infecciosas aos humanos. -
1:58 - 2:01Para desenvolver uma vacina contra
um novo agente infeccioso, -
2:01 - 2:05podemos aprender muito
com a natureza biológica do vírus. -
2:05 - 2:07Para que um vírus infecte
uma célula humana, -
2:07 - 2:10ele precisa ser capaz de se ligar
ao que chamamos de receptor. -
2:11 - 2:13Análogo a uma fechadura e uma chave.
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2:13 - 2:15Quando pensamos no coronavírus,
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2:15 - 2:19o espigão de proteínas, as proteínas
que ficam na parte externa do vírus, -
2:19 - 2:21sabemos que essa
é a parte importante do vírus -
2:21 - 2:23que o faz capaz de invadir
células humanas. -
2:24 - 2:26Um vez ciente disso, queremos descobrir
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2:26 - 2:29qual parte do vírus deveríamos usar
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2:29 - 2:31na construção da vacina.
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2:32 - 2:34O que tentamos fazer com a vacina
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2:34 - 2:36é elaborar uma estratégia
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2:36 - 2:41que simule uma resposta
imunológica natural à infecção. -
2:41 - 2:45Podemos fazer isso usando
uma versão viva, porém atenuada do vírus, -
2:45 - 2:48ou tomando partes
de uma de suas proteínas. -
2:48 - 2:50Nós queremos chegar a algo
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2:50 - 2:52que seja muito específico contra o vírus,
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2:52 - 2:55e que tenha a menor reação cruzada
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2:55 - 2:57na proteína hospedeira normal,
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2:57 - 3:01para minimizar as chances
de qualquer efeito colateral. -
3:03 - 3:07Em 2016, quando o vírus da Zika surgiu,
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3:07 - 3:10começamos a trabalhar em vários centros
de estudos em primatas. -
3:10 - 3:14Algo semelhante começou agora
para o novo coronavírus. -
3:14 - 3:16Pessoas têm se aproximado mais,
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3:16 - 3:19trazendo novas informações
logo que se tornam públicas, -
3:19 - 3:22compartilhando-as antes mesmo
de serem publicadas. -
3:22 - 3:25Estamos fazendo reuniões
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3:25 - 3:27para compartilhar nosso progresso
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3:27 - 3:29e fazer brainstorms
para desenhar experimentos. -
3:29 - 3:34Logo, um dos primeiros centros irá
infectar alguns macacos com coronavírus. -
3:35 - 3:38Queremos estudar doenças
em animais modelos -
3:38 - 3:41que simulem a doença humana.
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3:41 - 3:45Fomos de ratos e camundongos
a espécies mais evoluídas. -
3:45 - 3:48A mais próxima dos humanos
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3:48 - 3:50são os primatas não humanos
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3:50 - 3:52como macacos-rhesus.
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3:52 - 3:55Eles costumam ser a etapa final
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3:55 - 3:58antes de passarmos
para os testes clínicos em humanos. -
3:59 - 4:02Testes em humanos são realizados
em etapas diferentes. -
4:02 - 4:05A Fase 1 do teste responde: "É segura"?
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4:05 - 4:08Se for promissor, seguimos para a Fase 2,
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4:08 - 4:11em que testamos mais pessoas.
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4:11 - 4:12E chegamos à Fase 3,
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4:12 - 4:15a primeira onde realmente
esperamos responder -
4:15 - 4:17se a vacina funciona.
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4:17 - 4:20Ela nos protege contra a infecção?
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4:21 - 4:25Se pudermos nos comunicar
e colaborar muito rapidamente, -
4:25 - 4:29compartilhando protocolos,
podemos progredir com mais rapidez. -
4:32 - 4:35Penso que durante uma epidemia
se exige uma resposta diária, -
4:35 - 4:37tentando entender
como nos antecipar à curva -
4:37 - 4:39e controlar o problema.
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4:39 - 4:43Mas depois disso é quando, de fato,
o trabalho pesado começa. -
4:43 - 4:46Muitas dessas doenças que causam pandemias
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4:46 - 4:48vêm do meio selvagem.
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4:48 - 4:50Nosso mundo está mudando muito rápido.
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4:51 - 4:54Estamos morando em lugares onde não íamos
antes, levando nossos animais. -
4:54 - 4:57Derrubando florestas,
dando lugar à fazendas, -
4:57 - 5:00ou entrando em cavernas para minerá-las.
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5:00 - 5:03Provavelmente nosso comportamento
está facilitando a contaminação. -
5:03 - 5:07Estamos coletando amostras
de todas as partes, ao redor do mundo. -
5:07 - 5:10Focamos em morcegos, roedores e primatas.
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5:10 - 5:13O que queríamos fazer
era buscar e identificar -
5:13 - 5:14quantos coronavírus diferentes
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5:14 - 5:17conseguiríamos encontrar
em diferentes espécies. -
5:17 - 5:18O interessante é que,
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5:18 - 5:22apesar de termos amostrado
todos esses táxons diferentes, -
5:22 - 5:25cerca de 98% de todos os
coronavírus que encontramos -
5:25 - 5:27foram em morcegos.
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5:28 - 5:31Depois mapeamos a diversidade
de espécies de morcegos -
5:31 - 5:34nos quais encontramos esses coronavírus.
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5:34 - 5:35Então, criamos um mapa de calor.
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5:35 - 5:38Isso nos mostrou onde os vírus estão,
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5:38 - 5:40e depois colorimos os lugares
onde encontramos -
5:40 - 5:42grande diversidade
de espécies de morcegos. -
5:42 - 5:44Isso é útil, porque nos ajuda a projetar
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5:44 - 5:47onde podemos encontrar outros coronavírus,
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5:47 - 5:50se soubermos onde essas espécies estão.
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5:50 - 5:52O investimento que fazemos
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5:52 - 5:54em pesquisas de doenças
infecciosas vale a pena, -
5:54 - 5:58não só estudando uma doença em particular,
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5:58 - 6:01mas melhorando todo
conhecimento científico -
6:01 - 6:03sobre doenças infecciosas
do nosso sistema imunológico. -
6:03 - 6:07O que deve haver é um apoio
sustentado à pesquisa -
6:07 - 6:11para estas coisas antes, durante
e após os surtos. -
6:11 - 6:13O surto acaba e os financiamentos também,
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6:13 - 6:16e as vacinas ficam paradas
nos laboratórios -
6:16 - 6:19sem serem finalizadas e testadas.
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6:19 - 6:21Precisamos buscar meios para evitar isso,
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6:21 - 6:23não ter esses altos e baixos,
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6:23 - 6:26mas sempre apoiar esse tipo de trabalho.
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6:27 - 6:30Se pudéssemos sequenciar genomas
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6:30 - 6:33de, digamos, uma infinidade
de diferentes coronavírus, -
6:33 - 6:36quantos tipos diferentes de células
poderiam infectar? -
6:36 - 6:38E o que precisaríamos fazer
para alterá-las? -
6:38 - 6:41Com o tempo, potencialmente poderíamos,
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6:41 - 6:44gerar dados que talvez pudessem
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6:44 - 6:47dar indícios de coisas
que poderíamos prever. -
6:47 - 6:49Podemos utilizar esse
banco de conhecimento -
6:49 - 6:51para realizarmos intervenções
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6:51 - 6:54muito mais rápidas
no combate às novas doenças. -
6:54 - 6:57Se pudermos entender mais sobre os vírus
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6:57 - 6:58que estão lá fora,
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6:58 - 7:02e desenvolver terapias e vacinas
e preparar outras coisas, -
7:02 - 7:04podemos nos preparar melhor para responder
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7:04 - 7:05ao próxima desafio
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7:05 - 7:08em vez de ficarmos lutando toda vez
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7:08 - 7:10que algo novo surge.
- Title:
- Estudando o Coronavírus: Dos Vetores às Vacinas
- Description:
-
https://www.ibiology.org/human-disease/coronaviruses
Os pesquisadores de doenças infecciosas, a Dra. Tracey Goldstein e o Dr. Koen Van Rompay, discutem o processo de detectar e identificar um novo coronavírus e as etapas necessárias para desenvolver uma vacina.
Quando ocorre um surto de uma doença infecciosa, profissionais de saúde e médicos se mobilizam, mas também há equipes de pesquisadores que entram em ação. A Dra. Tracey Goldstein e o Dr. Koen Van Rompay estão ativamente envolvidos em iniciativas diferentes para encontrar respostas sobre a pandemia do COVID-19. Eles falam sobre o processo de estudar o coronavírus e outras doenças infecciosas, as etapas seguidas quando surge um surto, e como esse processo pode ser melhorado. O mundo em mudança no qual vivemos torna a previsão de surtos um desafio, mas eles nos ensinam sobre como entender e responder ao próximo surto.
Para saber mais sobre nossas conversas com a Dra. Goldstein e o Dr. Van Rompay, leia a entrevista completa em:
Continuing the Conversation: Dr. Tracey Goldstein on One Health, Bats, and Looking Ahead
https://www.ibiology.org/continuing-conversation-tracey-goldstein
Continuing the Conversation: Dr. Koen Van Rompay on Vaccine Development and Animal Models
https://www.ibiology.org/continuing-conversation-koen-van-rompayBiografia dos Palestrantes:
Tracey Goldstein, PhD
Tracey Goldstein é Professora no Department of Pathology, Immunology and Microbiology e Diretora Associada do One Health Institute. A Dra. Goldstein é Co-Diretora Investigadora e líder na Detecção de Patogenia do PREDICT, um projeto do programa USAID Emerging Pandemic Threats. Ela supervisiona o One Health Institute Laboratory e o Marine Ecosystem Health Diagnostic and Surveillance Laboratory. A Dra. Goldstein recebeu seu B.S em Aquatic Biology na UC Santa Barbara e seu PhD em Comparative Pathology na UC Davis.Koen Van Rompay, DVM, PhD
Koen Van Rompay é pesquisar veterinário da Bélgica, e concluiu seu PhD na UC Davis. É o Cientista Principal na Infectious Disease Unit na California National Primate Research Center (CNPRC) na UC Davis. O conhecimento do Dr. Van Rompay é em primatas não humanos para infecções virais, principalmente em HIV e Zika vírus, mas recentemente também em COVID-19. Sua pesquisa se concentra principalmente em vacinas e drogas antivirais para prevenir ou tratar infecções desses vírus. Também fundou a ONG Sahaya International.Créditos:
Além da equipe do iBiology, este vídeo foi viabilizado através de:
•Edição: Isabel Ponte e Adam Bolt, The Edit Center
•Design e Gráficos: Chris George e Maggie Hubbard
•Videografia: Jeremy Poulos, UC Davis Academic Technology Services
•Imagens e Gravações: NSF, NIH, UC Davis School of Veterinary Medicine, California National Primate Research Center, Nigel Walker
•Música: APM Music (“Idea Space”), Jingle Punks (“Needle Drop”), e iSpy Music - Video Language:
- English
- Team:
Captions Requested
- Duration:
- 07:38
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Julia Yada edited Portuguese, Brazilian subtitles for Studying Coronaviruses: Vectors to Vaccines | |
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Natalia Padilla edited Portuguese, Brazilian subtitles for Studying Coronaviruses: Vectors to Vaccines |