Rashid Johnson Mantém A Calma | Art21 "New York Close Up"
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0:00 - 0:03(música)
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0:04 - 0:06Certo, beleza.
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0:07 - 0:08(música continua)
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0:12 - 0:17Como estudante de fotografia
com interesse em cinema, -
0:17 - 0:19eu ouvi por acaso uma conversa entre
alguns dos meus professores -
0:19 - 0:24sobre uma exibição que iria abrir
em uma galeria chamada Martha Schneider. -
0:24 - 0:29E o título era
"Novos Artistas, Velhos Processos" -
0:29 - 0:32e eu senti que eu me encaixava bem.
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0:32 - 0:35Então eu decidi levar
um portfólio para a galeria. -
0:35 - 0:40E eu acho que nessa época, eu tinha,
talvez, 19 anos. Talvez estava no segundo ano. -
0:41 - 0:45Eles não estavam interessados em olhar
para o trabalho de um artista que veio da rua. -
0:45 - 0:51Mas depois de implorar um pouco,
ela deu uma olhada no meu portfólio, -
0:51 - 0:54e na semana seguinte,
ela me deu um show solo. (risos) -
0:54 - 0:56naquele espaço.
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0:57 - 1:04Do show solo, algumas obras foram compradas
pelo Instituto de Arte de Chicago e pelo Whitney Museum. -
1:05 - 1:06(entrevistador)
Então, você é bem corajoso? -
1:06 - 1:10(Johnson) Bom, eu acho que é
mais ingenuidade do que culhões. -
1:10 - 1:11Eu acho que eu era só um idiota.
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1:11 - 1:14Assim, se eu tivesse...
Eu não faria essa escolha hoje. -
1:14 - 1:16Eu não vou entrar
em uma galeria... (risos) -
1:16 - 1:18Eu não vou entrar no MoMA
com um portfólio e dizer: -
1:18 - 1:22"Ei, aqui as minhas coisas.
Você devia dar uma olhada nelas." -
1:28 - 1:34("Rashid Johnson Keeps His Cool")
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1:36 - 1:37(Johnson) Ele entra.
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1:38 - 1:42(Hauser & Wirth, Upper East Side)
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1:44 - 1:47(Marc Payot, Galerista)
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1:48 - 1:51(Payot) Especialmente no seu caso,
os trabalhos negros, -
1:51 - 1:53É impossível de enxergar.
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1:53 - 1:56Fica sem vida na fotografia.
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1:56 - 1:58(Johnson) É legal quando
as pessoas veem as fotos -
1:58 - 2:00e então elas veem
as obras de verdade -
2:00 - 2:03o quanto as texturas reais são viscerais
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2:03 - 2:05Mas as pessoas olham para as fotos.
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2:05 - 2:06(todos riem)
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2:07 - 2:09Eu estava trabalhando
com muitos, digamos, -
2:09 - 2:13materiais do processo fotográfico
do século dezenove. -
2:13 - 2:15E, quando se trabalha
com esses materiais, -
2:15 - 2:18muito do que você faz é, na verdade,
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2:18 - 2:22aplicar fisicamente a química
fotossensível ao papel. -
2:22 - 2:24E isso me deixou, de certa forma,
muito interessado no papel. -
2:24 - 2:28Me deixou muito interessado em materiais,
e em como eles são aplicados, -
2:28 - 2:31e como, fisicamente,
eu participava disso; -
2:31 - 2:36o que, eu acho, que mais tarde, me levou
a derreter sabão preto e cera e a despejá-los. -
2:36 - 2:40Então eu acho que foi uma progressão
muito natural pra mim. -
2:51 - 2:57Eu estava muito interessado em ser dono
de alguns materiais diferentes-- -
2:57 - 3:00algumas coisas que eu não tinha visto serem
realmente usadas como objetos de arte -
3:00 - 3:04que eu boteria, de certa forma,
essencialmente, tornar minhas. -
3:06 - 3:10Quando eu tinhas uns 22 anos, comecei a ir
para a casa de banho turca russa o tempo todo, -
3:10 - 3:13e eu estava só, sabe,
sentado lá e suando, -
3:13 - 3:20e encontrando uma forma de relaxar,
porque eu sou meio nervoso e... -
3:20 - 3:21(risos)
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3:21 - 3:24Então virou mesmo quase
que um templo para mim, -
3:24 - 3:26quase como um local religioso.
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3:26 - 3:30E eu sempre quis achar
algum material que eu pudesse usar -
3:30 - 3:33para ter uma discussão
sobre, tipo, purificação, -
3:33 - 3:37sabe, tanto uma purificação psicológica
quanto uma purificação física. -
3:37 - 3:40[David Kordansky Gallery, Los Angeles]
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3:42 - 3:43Shea butter, pra mim...
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3:43 - 3:46Quando eu era jovem, a minha mãe
trazia quando voltava da África Ocidental, -
3:46 - 3:48e a gente tinha em casa.
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3:49 - 3:51E com o passar do tempo,
eu comecei a pensar, -
3:51 - 3:54"Nós estamos colocando
a África na gente, né?" -
3:54 - 3:58Tipo, estamos essencialmente
nos cobrindo com esse produto africano. -
3:59 - 4:02Eu sempre tive interesse no domestico,
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4:02 - 4:05e sobre, meio que, sequestrar, sabe,
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4:05 - 4:07coisas que nós são familiar,
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4:07 - 4:10e, sabe, meio que,
essencialmente, ocupá-las -
4:10 - 4:13ou traduzi-las por filtros diferentes.
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4:16 - 4:19[Venice Biennale, Italy]
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4:22 - 4:24Um dos meus professores costumava dizer:
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4:24 - 4:27"de manhã, você ia se levantar,
e antes de sair de casa, -
4:27 - 4:32você ia olhar no espelho e iria mudar
alguma coisa pequena sobre si mesmo, -
4:32 - 4:33e isso é quem você
pensou que você era. -
4:33 - 4:35Isso é quem o seu personagem
"de agora" era. -
4:35 - 4:39Sabe, e então, dois minutos depois
que você sai do espelho, essa coisa mudou. -
4:39 - 4:40[Risos] Tá entendendo?
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4:40 - 4:42E por isso, com as obras do espelhos,
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4:42 - 4:47que meio que viraram esses veículos
para desconstruir o que foi refletido neles;;; -
4:47 - 4:49Pra mim, foi interessante
fazer um objeto de arte -
4:49 - 4:54em que você pode encontrar
o seu espaço de agora de novo, sabe, -
4:54 - 4:56enquanto você está participando
de verdade com o objeto. -
4:56 - 4:58Você pode ser
esse personagem "de agora". -
5:02 - 5:06Minha negritude
—ou os problemas ligados a isso– -
5:06 - 5:08tem um efeito forte no como
o meu trabalho nasce -
5:08 - 5:13e sobre a conversa que
inevitavelmente vai acontecer, -
5:13 - 5:17mas eu não acho que isso é a soma
do que todo o meu trabalho é. -
5:17 - 5:21Acho, formalmente, que eu estou tentando
abordar o fazer artístico -
5:21 - 5:26de uma forma que é parte
de uma história maior da arte. -
5:37 - 5:39Nova Iorque é uma fera, sabia?
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5:39 - 5:42É um lugar difícil de se realizar como um artista.
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5:42 - 5:43Não tem muita gente segurando a sua mão.
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5:43 - 5:48Sabe, eu tive vários estúdios
que eram uma porcaria e... (risos) -
5:48 - 5:51Cê sabe, mas eu acho que
uma coisa foi consistente-- -
5:51 - 5:56que eu sabia que eu
queria continuar a trabalhar, -
5:56 - 5:59e ver o quão longe eu posso
levar o meu trabalho. -
5:59 - 6:05É um lugar que eu acho que se chega
quando se decide que você quer mesmo ser um artista, -
6:05 - 6:08e que você vai fazer o que for necessário
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6:08 - 6:14para permitir que o trabalho receba
a atenção que você acha que ele merece. -
6:15 - 6:17(Johnson) Alguém tem
um cigarro que me empreste? -
6:18 - 6:20(Homem) Parabéns, cara.
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6:20 - 6:21(Johnson) Obrigado.
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6:22 - 6:24Eles dizem, eu acho,
que Nova Iorque treme, -
6:24 - 6:27e se você não tiver
com os pés no chão nela (risos) -
6:27 - 6:30você sabe que pode cair de cima
dessa filha da puta. (risos) -
6:30 - 6:32(Entrevistador) Você chegou mais perto?
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6:32 - 6:33Estou bem.
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6:33 - 6:35Estou ok, sabe.
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