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Pamela Meyer: Como detectar um mentiroso

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    Ora bem, eu não quero alarmar ninguém aqui nesta sala,
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    mas chegou ao meu conhecimento
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    que a pessoa sentada à vossa direita é um mentiroso.
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    (Risos)
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    Além disso, a pessoa sentada à vossa esquerda é um mentiroso.
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    Além disso, a pessoa sentada no vosso próprio lugar é um mentiroso.
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    Somos todos mentirosos.
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    O que vou fazer hoje
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    é mostrar-vos o que os estudos dizem sobre por que somos todos mentirosos,
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    sobre como podemos tornar-nos detectores de mentiras
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    e porque poderemos querer ir mais além
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    e ir da detecção de mentiras até à procura da verdade,
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    e, em última instância, à construção da confiança.
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    Agora, falando de confiança,
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    desde que escrevi este livro, "Liespotting,"
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    nunca mais ninguém me quis conhecer pessoalmente, não, não, não, não, não.
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    Dizem, "Tudo bem, mandamos um e-mail."
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    (Risos)
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    Nem sequer consigo marcar um encontro no Starbucks.
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    O meu marido diz, "Querida, engano?
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    Talvez pudesses ter-te especializado em culinária. Que tal culinária francesa?"
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    Por isso, antes de começar, o que vou fazer
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    é clarificar o meu objectivo junto de vós,
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    que não é ensinar um jogo de Apanhei-te.
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    Os apanhadores de mentiras (Liespotters) não são aqueles miúdos picuinhas,
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    aqueles miúdos na última fila da sala de aulas a gritar, "Apanhei-te! Apanhei-te!
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    A tua sobrancelha estremeceu. A tua narina dilatou.
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    Vi aquele programa de TV 'Lie To Me' (Mente-me). Sei que estás a mentir."
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    Não, os apanhadores de mentiras estão armados
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    com conhecimento científico sobre como detectar o engano.
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    Usam-no para chegar à verdade,
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    e fazem o que os líderes maduros fazem todos os dias;
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    têm conversas difíceis com pessoas difíceis,
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    por vezes durante tempos muito difíceis.
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    E iniciam esse caminho
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    aceitando uma premissa fundamental,
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    e essa premissa é a seguinte:
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    Mentir é um acto cooperativo.
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    Pensem nisso, uma mentira não tem qualquer poder com a sua simples expressão.
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    O seu poder emerge
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    quando outra pessoa concorda em acreditar na mentira.
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    Por isso sei que pode soar a amor duro,
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    mas olhem, se a dada altura vos mentem,
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    é porque concordaram que vos mentissem.
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    Verdade número um acerca da mentira: Mentir é um acto cooperativo.
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    Ora, nem todas as mentiras são prejudiciais.
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    Às vezes somos participantes voluntários no engano
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    para o bem da dignidade social,
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    talvez para manter um segredo que deve ser mantido secreto, secreto.
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    Dizemos, "Bela canção."
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    "Querida, o vestido não te faz parecer gorda, não."
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    Ou dizemos, desculpa favorita dos amantes de informática,
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    "Sabes, só agora encontrei esse e-mail na minha pasta de spam.
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    Desculpa lá."
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    Mas há alturas em que somos participantes involuntários no engano.
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    E isso pode ter custos dramáticos para nós.
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    No ano passado houve 997 mil milhões de dólares
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    em fraude empresarial só nos Estados Unidos.
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    É uma migalha menos que um bilião de dólares.
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    São sete por cento das receitas.
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    O engano pode custar biliões.
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    Pensem na Enron, no Madoff, na crise das hipotecas.
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    Ou nos casos dos agentes duplos e dos traidores,
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    como Robert Hanssen ou Aldrich Ames,
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    as mentiras podem trair o nosso país,
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    podem comprometer a nossa segurança, podem sabotar a democracia,
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    podem causar a morte daqueles que nos defendem.
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    O engano é na verdade um assunto sério.
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    Este burlão, Henry Oberlander,
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    era um burlão tão eficiente
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    que as autoridades britânicas dizem
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    que ele pode ter sabotado todo o sistema bancário do mundo ocidental.
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    E vocês não conseguem encontrar este tipo no Google; não conseguem encontrá-lo em lado nenhum.
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    Foi entrevistado uma vez, e disse o seguinte.
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    Disse: "Olhem, tenho uma regra."
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    E esta era a regra de Henry, disse ele:
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    "Olhem, toda a gente está disposta a dar-nos algo.
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    Estão prontas a dar-nos algo em troca daquilo por que estão sedentas, seja isso o que for."
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    E é esse o busílis, o ponto essencial.
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    Se não querem ser enganados, têm de saber,
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    de que é que estão sedentos?
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    E todos nós, de alguma forma, detestamos admiti-lo.
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    Gostaríamos de ser melhores maridos, melhores esposas,
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    mais espertos, mais poderosos,
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    mais altos, mais ricos --
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    a lista continua.
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    Mentir é uma tentativa para colmatar essa lacuna,
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    para ligar os nossos desejos e as nossas fantasias
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    acerca de quem desejamos ser, como desejamos ser,
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    com o que realmente somos.
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    E estamos mesmo dispostos a preencher essas lacunas das nossas vidas com mentiras.
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    A cada dia que passa, os estudos mostram que podem mentir-nos
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    desde 10 a 200 vezes.
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    É garantido, muitas delas são mentiras inofensivas.
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    Mas noutro estudo
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    é mostrado que os estranhos mentem três vezes mais
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    nos primeiros 10 minutos após se conhecerem.
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    (Risos)
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    Ora, quando escutamos estes dados pela primeira vez, recuamos.
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    Não conseguimos acreditar quão prevalente é a mentira.
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    Somos fundamentalmente contra a mentira.
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    Mas se olharmos mais atentamente,
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    na verdade, o enredo complica-se.
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    Mentimos mais a desconhecidos do que a colegas de trabalho.
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    Os extrovertidos mentem mais do que os introvertidos.
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    Os homens mentem oito vezes mais acerca deles próprios
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    do que acerca de outras pessoas.
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    As mulheres mentem mais para proteger outras pessoas.
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    No perfil médio das pessoas casadas,
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    mente-se ao cônjuge
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    em uma de cada 10 interacções.
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    Ora, podem pensar que isso é mau.
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    Se não forem casados, o número desce para três.
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    A mentira é complexa.
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    Está misturada no tecido das nossas vidas quotidianas e profissionais.
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    Somos profundamente ambivalentes acerca da verdade.
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    Analisamo-la sintacticamente quando precisamos,
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    às vezes por razões muito boas,
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    outras vezes simplesmente porque não entendemos as lacunas nas nossas vidas.
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    É a verdade número dois acerca da mentira.
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    Somos contra a mentira,
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    mas somos, secretamente, a seu favor
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    em formas que a nossa sociedade sancionou
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    durante séculos e séculos e séculos.
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    É tão antigo como o respirar.
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    Faz parte da nossa cultura, faz parte da nossa história.
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    Pensem em Dante, em Shakespeare,
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    na Bíblia, no News of the World.
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    (Risos)
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    Mentir tem valor evolucionário para nós enquanto espécie.
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    Os investigadores sabem há muito tempo
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    que quanto mais inteligente é a espécie,
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    quanto maior é o neocórtex,
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    maior é a probabilidade de a espécie ser enganadora.
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    Talvez se lembrem de Koko.
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    Alguém se lembra do gorila Koko a quem foi ensinada a língua gestual?
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    Koko aprendeu a comunicar com a língua gestual.
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    Aqui está a Koko com o seu gatinho.
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    É o seu lindo gatinho, o seu gatinho fofinho de estimação.
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    Koko uma vez culpou o seu gatinho
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    por arrancar um lavatório da parede.
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    (Risos)
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    Estamos programados para nos tornarmos líderes do grupo.
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    Começa mesmo muito, muito cedo.
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    Quão cedo?
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    Bem, os bebés fingem o choro,
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    param, esperam para ver quem vem
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    e depois voltam a chorar.
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    Os bebés de um ano aprendem a dissimulação.
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    (Risos)
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    Os de dois anos aprendem o bluff.
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    Os de cinco anos a mentira descarada.
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    Manipulam através do elogio.
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    Os de nove anos, são mestres do encobrimento.
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    Pela altura em que se entra na universidade,
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    iremos mentir à nossa mãe uma vez em cada cinco interacções.
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    Pela altura em que entramos neste mercado de trabalho e somos chefes de família,
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    entramos num mundo que está simplesmente atulhado
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    de spam, falsos amigos digitais,
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    media parciais,
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    engenhosos ladrões de identidades,
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    burlões do esquema Ponzi de classe mundial,
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    uma epidemia de engano --
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    em resumo, o que um autor chama
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    uma sociedade pós-verdade.
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    Tem sido muito confuso
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    durante muito tempo.
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    O que é que se faz?
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    Bem, há medidas que podemos tomar
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    para navegar através do pântano.
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    Os apanhadores de mentiras experientes chegam à verdade 90% das vezes.
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    Os restantes só acertamos 54% das vezes.
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    Porque é que é tão fácil de aprender?
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    Há bons mentirosos e há maus mentirosos. Não há verdadeiros mentirosos originais.
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    Todos cometemos os mesmos erros. Todos usamos as mesmas técnicas.
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    Por isso, o que vou fazer
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    é mostrar-vos dois padrões de engano.
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    E a seguir vamos olhar para os pontos-chave e ver se conseguimos encontrá-los sozinhos.
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    Vamos começar pelo discurso.
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    (Vídeo) Bill Clinton: "Quero que me escutem.
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    Vou dizê-lo de novo.
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    Não tive relações sexuais
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    com aquela mulher, a senhora Lewinsky.
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    Nunca disse a ninguém para mentir,
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    nem uma única vez, nunca.
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    E estas alegações são falsas.
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    E preciso de regressar ao trabalho pelo povo americano.
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    Obrigado."
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    Pamela Meyer: Ok, onde estão os sinais denunciadores?
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    Bem, primeiro ouvimos o que é conhecido como uma negação não-contraída.
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    Estudos mostram que as pessoas com uma determinação acima da média na sua negação
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    irão recorrer a linguagem formal em vez de linguagem informal.
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    Também ouvimos linguagem de distanciamento: "aquela mulher."
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    Sabemos que os mentirosos inconscientemente irão distanciar-se
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    do seu assunto
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    usando a linguagem como ferramenta.
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    Ora se Bill Clinton tivesse dito, "Bem, para dizer a verdade..."
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    ou a favorita do Richard Nixon, "Com toda a candura..."
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    teria sido de caras um indicador
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    para qualquer apanhar de mentiras que sabe
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    que a linguagem qualificativa, como é chamada, linguagem qualificativa como essa,
  • 8:18 - 8:20
    descredibiliza ainda mais o sujeito.
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    Ora, se ele tivesse repetido a questão na sua totalidade,
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    ou se ele tivesse temperado o seu relato com demasiados detalhes --
  • 8:27 - 8:29
    e estamos todos muito gratos que não o tenha feito --
  • 8:29 - 8:31
    ter-se-ia descredibilizado ainda mais.
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    Freud tinha razão.
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    Freud disse, olhem, há muito mais para além do discurso:
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    "Nenhum mortal consegue manter um segredo.
  • 8:39 - 8:42
    Se os seus lábios estão silenciosos, ele palra com as pontas dos dedos."
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    E todos o fazemos, não importa quão poderosos somos.
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    Todos palramos com as pontas dos nossos dedos.
  • 8:47 - 8:50
    Vou mostrar-vos Dominique Strauss-Kahn com Obama
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    palrando com as pontas dos dedos.
  • 8:53 - 8:56
    (Risos)
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    Isto traz-nos ao nosso próximo padrão,
  • 8:59 - 9:02
    que é a linguagem corporal.
  • 9:02 - 9:05
    Com a linguagem corporal, eis o que temos de fazer.
  • 9:05 - 9:08
    Na verdade, temos simplesmente de deitar fora os nossos pressupostos.
  • 9:08 - 9:10
    Deixem a ciência temperar um pouco o vosso conhecimento.
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    Porque pensamos que os mentirosos estão constantemente irrequietos.
  • 9:13 - 9:16
    Pois bem, são conhecidos por paralisar a parte superior do corpo quando estão a mentir.
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    Pensamos que os mentirosos não nos olham nos olhos.
  • 9:19 - 9:21
    Pois bem, eles olham-nos nos olhos um pouco demais
  • 9:21 - 9:23
    para poderem compensar esse mito.
  • 9:23 - 9:25
    Pensamos que cordialidade e sorrisos
  • 9:25 - 9:27
    transmitem honestidade, sinceridade.
  • 9:27 - 9:29
    Mas um apanhador de mentiras experiente
  • 9:29 - 9:31
    consegue detectar um sorriso falso a um quilómetro de distância.
  • 9:31 - 9:34
    Aqui, conseguem todos detectar um sorriso falso?
  • 9:35 - 9:37
    Conseguimos contrair conscientemente
  • 9:37 - 9:40
    os músculos das bochechas.
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    Mas o sorriso real é nos olhos, nos pés de galinha dos olhos.
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    Não é possível contraí-los conscientemente,
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    especialmente se exageraram no Botox.
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    Não exagerem no Botox; ninguém vai acreditar que são honestos.
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    Agora vamos observar os pontos-chave.
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    Conseguem ver o que está a acontecer numa conversa?
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    Conseguem começar a descobrir os pontos-chave
  • 9:57 - 9:59
    para ver as discrepâncias
  • 9:59 - 10:01
    entre as palavras de alguém e as suas acções?
  • 10:01 - 10:03
    Eu sei que parece muito óbvio,
  • 10:03 - 10:05
    mas quando estamos a ter uma conversa
  • 10:05 - 10:08
    com alguém que suspeitamos estar a enganar-nos,
  • 10:08 - 10:11
    a atitude é, de longe, o indicador mais negligenciado e, no entanto, mais revelador.
  • 10:11 - 10:13
    Uma pessoa honesta será cooperativa.
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    Irá mostrar que está do vosso lado.
  • 10:15 - 10:17
    Será entusiástica.
  • 10:17 - 10:19
    Será prestável e estará disposta a fazer-vos chegar à verdade.
  • 10:19 - 10:22
    Irão estar dispostos a fazer brainstorm, nomear suspeitos,
  • 10:22 - 10:24
    fornecer detalhes.
  • 10:24 - 10:26
    Irão dizer, "Olhe,
  • 10:26 - 10:29
    talvez tenham sido aqueles tipos nos pagamentos que falsificaram os cheques."
  • 10:29 - 10:32
    Irão ficar furiosos se sentirem que foram acusados injustamente
  • 10:32 - 10:34
    no decurso de toda a entrevista, não apenas em alguns momentos,
  • 10:34 - 10:37
    irão ficar furiosos durante toda a entrevista.
  • 10:37 - 10:39
    E se perguntarem a alguém honesto
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    o que deve acontecer a alguém que falsificou os cheques,
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    uma pessoa honesta mais provavelmente
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    recomenda uma punição severa do que uma punição leve.
  • 10:48 - 10:50
    Agora imaginemos que estão a ter exactamente a mesma conversa
  • 10:50 - 10:52
    com alguém enganoso.
  • 10:52 - 10:54
    Essa pessoa pode ser esquiva,
  • 10:54 - 10:56
    olhar para baixo, baixar a voz,
  • 10:56 - 10:58
    fazer pausas, ser imprevisível.
  • 10:58 - 11:00
    Peçam a uma pessoa enganosa para contar a sua história,
  • 11:00 - 11:03
    e ela vai temperá-la com demasiados detalhes
  • 11:03 - 11:06
    em todos os momentos mais irrelevantes.
  • 11:06 - 11:09
    E vai ainda contar a sua história em ordem cronológica estricta.
  • 11:09 - 11:11
    E o que um interrogador experiente faz
  • 11:11 - 11:13
    é fazer a abordagem de forma subtil
  • 11:13 - 11:15
    ao longo de várias horas
  • 11:15 - 11:18
    irão pedir a essa pessoa para contar a sua história de trás para a frente,
  • 11:18 - 11:20
    e depois ficam a vê-los a espernear,
  • 11:20 - 11:23
    e identificar que perguntas produzem o maior volume de indicadores de engano.
  • 11:23 - 11:26
    Porque é que eles fazem isso? Bem, todos nós fazemos a mesma coisa.
  • 11:26 - 11:28
    Ensaiamos as nossas palavras,
  • 11:28 - 11:30
    mas raramente ensaiamos os nossos gestos.
  • 11:30 - 11:32
    Dizemos "sim", abanamos a cabeça "não".
  • 11:32 - 11:35
    Contamos histórias muito convincentes, abanamos ligeiramente os ombros.
  • 11:35 - 11:37
    Cometemos crimes terríveis,
  • 11:37 - 11:40
    e sorrimos perante o prazer de sairmos impunes.
  • 11:40 - 11:43
    Ora este sorriso é conhecido no nosso ofício como o "deleite da engano".
  • 11:43 - 11:46
    E vamos vê-lo em vários vídeos mais à frente,
  • 11:46 - 11:48
    mas vamos começar -- para aqueles que não o conhecem,
  • 11:48 - 11:51
    este é o candidato presidencial John Edwards
  • 11:51 - 11:54
    que chocou a América ao assumir a paternidade de um filho fora do casamento.
  • 11:54 - 11:57
    Vamos ouvi-lo a falar sobre fazer um teste de paternidade.
  • 11:57 - 11:59
    Vejam se conseguem detectar
  • 11:59 - 12:01
    quando diz, "sim" ao mesmo tempo que abana a cabeça "não",
  • 12:01 - 12:03
    ligeiramente encolhendo os ombros.
  • 12:03 - 12:05
    (Vídeo) John Edwards: Tenho todo o prazer em participar num [teste].
  • 12:05 - 12:08
    Sei que não é possível que esta criança seja minha,
  • 12:08 - 12:10
    por causa da altura em que aconteceram os eventos.
  • 12:10 - 12:12
    Por isso sei que não é possível.
  • 12:12 - 12:14
    Todo o gosto em fazer um teste de paternidade,
  • 12:14 - 12:16
    e gostaria muito de vê-lo acontecer.
  • 12:16 - 12:19
    Entrevistador: Irá fazê-lo em breve? Há alguém --
  • 12:19 - 12:22
    JE: Bem, sou apenas uma das partes. Sou apenas uma das partes do teste.
  • 12:22 - 12:25
    Mas tenho todo o gosto em participar.
  • 12:25 - 12:27
    PM: Ok, aqueles abanares de cabeça são muito mais fáceis de detectar
  • 12:27 - 12:29
    assim que sabemos procurar por eles.
  • 12:29 - 12:31
    Vai haver alturas
  • 12:31 - 12:33
    em que alguém faz uma expressão
  • 12:33 - 12:36
    ao mesmo tempo que mascara outra que escapa num instante.
  • 12:37 - 12:39
    Os assassinos são conhecidos por deixarem escapar tristeza.
  • 12:39 - 12:41
    O vosso novo parceiro de negócios de risco pode dar-vos um aperto de mão,
  • 12:41 - 12:43
    celebrar, ir jantar convosco
  • 12:43 - 12:46
    e depois deixar escapar uma expressão de raiva.
  • 12:46 - 12:49
    E não vamos todos tornar-nos peritos em expressões faciais de um dia para o outro,
  • 12:49 - 12:52
    mas há uma que posso ensinar que é muito perigosa, e é fácil de aprender,
  • 12:52 - 12:55
    e que é a expressão de desprezo.
  • 12:55 - 12:58
    Com a raiva, temos duas pessoas num plano de jogo equilibrado.
  • 12:58 - 13:00
    Ainda é de certa forma uma relação saudável.
  • 13:00 - 13:02
    Mas quando a raiva se transforma em desprezo,
  • 13:02 - 13:04
    é porque foram rejeitados.
  • 13:04 - 13:06
    Está associada à superioridade moral.
  • 13:06 - 13:09
    E por essa razão, é muito, muito difícil de recuperar dela.
  • 13:09 - 13:11
    É este o seu aspecto.
  • 13:11 - 13:13
    É marcada por um canto do lábio
  • 13:13 - 13:15
    puxado para cima e para dentro.
  • 13:15 - 13:18
    É a única expressão assimétrica.
  • 13:18 - 13:20
    E quando na presença de desprezo,
  • 13:20 - 13:22
    quer se siga ou não o engano --
  • 13:22 - 13:24
    e isso nem sempre acontece --
  • 13:24 - 13:26
    olhem para o outro lado, sigam noutro sentido,
  • 13:26 - 13:28
    pensem de novo no negócio,
  • 13:28 - 13:32
    digam, "Não, obrigado. Não vou aparecer só para mais uma bebida. Obrigado".
  • 13:32 - 13:34
    A ciência trouxe à superfície
  • 13:34 - 13:36
    muitos, muitos mais indicadores.
  • 13:36 - 13:38
    Sabemos, por exemplo,
  • 13:38 - 13:40
    que os mentirosos mudam o ritmo com que piscam os olhos,
  • 13:40 - 13:42
    apontam os pés na direcção da saída.
  • 13:42 - 13:44
    Que usam objectos barreira
  • 13:44 - 13:47
    e os colocam entre eles e a pessoa que os está a entrevistar.
  • 13:47 - 13:49
    Que alteram o tom de voz,
  • 13:49 - 13:52
    muitas vezes fazendo o seu tom de voz muito mais grave.
  • 13:52 - 13:54
    Ora bem, isto agora é importante.
  • 13:54 - 13:57
    Estes comportamentos são apenas comportamentos.
  • 13:57 - 13:59
    Não são prova de engano.
  • 13:59 - 14:01
    São bandeiras vermelhas.
  • 14:01 - 14:03
    Somos seres humanos.
  • 14:03 - 14:06
    Fazemos gestos de engano por todo o lado durante todo o dia.
  • 14:06 - 14:08
    Eles não significam nada em si mesmos.
  • 14:08 - 14:11
    Mas quando vemos grupos desses gestos, é esse o nosso sinal.
  • 14:11 - 14:14
    Observem, escutem, sondem, façam algumas perguntas difíceis,
  • 14:14 - 14:17
    saiam desse muito confortável modo de conhecimento,
  • 14:17 - 14:20
    entrem no modo curiosidade, façam mais perguntas,
  • 14:20 - 14:23
    tenham um pouco de dignidade, tratem a pessoa com quem estão a falar com empatia.
  • 14:23 - 14:26
    Não tentem ser como aquelas pessoas nas séries sobre policiais
  • 14:26 - 14:28
    que espancam os seus suspeitos até à submissão.
  • 14:28 - 14:31
    Não sejam demasiado agressivos, não funciona.
  • 14:31 - 14:33
    Agora já falámos um pouco
  • 14:33 - 14:35
    sobre como falar com alguém que está a mentir
  • 14:35 - 14:37
    e sobre como detectar uma mentira.
  • 14:37 - 14:40
    E como prometi, vamos agora olhar para o aspecto que tem a verdade.
  • 14:40 - 14:42
    Mas vou mostrar-vos dois vídeos,
  • 14:42 - 14:45
    duas mães -- uma está a mentir, uma está a dizer a verdade.
  • 14:45 - 14:47
    E quem as trouxe à superfície
  • 14:47 - 14:49
    foi o investigador David Matsumoto na Califórnia.
  • 14:49 - 14:51
    E penso que são um excelente exemplo
  • 14:51 - 14:53
    do aspecto que a verdade tem.
  • 14:53 - 14:55
    Esta mãe, Diane Downs,
  • 14:55 - 14:57
    disparou sobre os seus filhos à queima-roupa,
  • 14:57 - 14:59
    conduziu-os até ao hospital
  • 14:59 - 15:01
    enquanto eles sangravam por todo o carro,
  • 15:01 - 15:03
    e afirmou que foi um desconhecido magricela e cabeludo que o fez.
  • 15:03 - 15:05
    E irão ver quando virem o vídeo,
  • 15:05 - 15:07
    que ela nem sequer consegue fingir ser uma mãe em sofrimento.
  • 15:07 - 15:09
    Aquilo que devem procurar aqui
  • 15:09 - 15:11
    é uma incrível discrepância
  • 15:11 - 15:13
    entre os eventos horrorosos que ela descreve
  • 15:13 - 15:15
    e o seu comportamento muito, muito calmo.
  • 15:15 - 15:18
    E se olharem atentamente, irão ver o deleite do engano ao longo deste vídeo
  • 15:18 - 15:20
    (Vídeo) Diane Downs: À noite, quando fecho os olhos,
  • 15:20 - 15:23
    vejo a Christie esticando a sua mão na minha direcção enquanto conduzo,
  • 15:23 - 15:26
    e o sangue continuava a sair da sua boca.
  • 15:26 - 15:28
    E isso -- talvez isso também se desvaneça com o tempo --
  • 15:28 - 15:30
    mas penso que não.
  • 15:30 - 15:33
    Isso é o que me perturba mais.
  • 15:40 - 15:42
    PM: Agora vou mostrar-vos um vídeo
  • 15:42 - 15:44
    de uma verdadeira mãe em luto, Erin Runnion,
  • 15:44 - 15:48
    confrontando o assassino e torturador da sua filha no tribunal.
  • 15:48 - 15:50
    Aqui não vão ver emoções falsas,
  • 15:50 - 15:53
    apenas a expressão autentica de uma mãe em sofrimento.
  • 15:53 - 15:55
    (Vídeo) Erin Runnion: Escrevi esta declaração no terceiro aniversário
  • 15:55 - 15:57
    da noite em que me tiraste a minha bebé,
  • 15:57 - 15:59
    e a magoaste,
  • 15:59 - 16:01
    e a esmagaste,
  • 16:01 - 16:05
    e a aterrorizaste até que o coração dela parou.
  • 16:05 - 16:08
    E ela lutou, eu sei que ela lutou contra ti.
  • 16:08 - 16:10
    Mas eu sei que ela olhou para ti
  • 16:10 - 16:12
    com aqueles incríveis olhos castanhos,
  • 16:12 - 16:15
    e ainda assim quiseste matá-la.
  • 16:15 - 16:17
    E não compreendo,
  • 16:17 - 16:20
    e nunca hei-de compreender.
  • 16:20 - 16:24
    PM: Ok, não há dúvida quanto à veracidade daquelas emoções.
  • 16:24 - 16:27
    A tecnologia à volta do aspecto da verdade
  • 16:27 - 16:30
    está a progredir, a ciência sobre isso.
  • 16:30 - 16:32
    Sabemos, por exemplo,
  • 16:32 - 16:35
    que agora temos rastreadores de olhos especializados e digitalizadores cerebrais de infravermelhos,
  • 16:35 - 16:38
    ressonâncias magnéticas que conseguem descodificar os sinais que os nossos corpos enviam
  • 16:38 - 16:40
    quando estamos a tentar enganar.
  • 16:40 - 16:43
    E estas tecnologias estão a tentar ser vendidas a todos nós
  • 16:43 - 16:45
    como panaceias para o engano,
  • 16:45 - 16:48
    e um dia irão provar ser incrivelmente úteis.
  • 16:48 - 16:50
    Mas entretanto temos de nos perguntar a nós mesmos:
  • 16:50 - 16:52
    Quem é que queremos ao nosso lado na reunião,
  • 16:52 - 16:55
    alguém que está treinado na obtenção da verdade
  • 16:55 - 16:57
    ou um tipo que arrasta consigo um electroencefalograma de 200 quilos
  • 16:57 - 16:59
    através da porta?
  • 16:59 - 17:03
    Os apanhadores de mentiras apoiam-se nas ferramentas humanas.
  • 17:03 - 17:05
    Sabem, como alguém uma vez disse,
  • 17:05 - 17:07
    "O carácter é quem tu és no escuro."
  • 17:07 - 17:09
    E o que é interessante
  • 17:09 - 17:11
    é que hoje em dia temos tão pouca escuridão.
  • 17:11 - 17:14
    O nosso mundo está aceso 24 horas por dia.
  • 17:14 - 17:16
    É transparente
  • 17:16 - 17:18
    com blogues e redes sociais
  • 17:18 - 17:20
    transmitindo o burburinho de toda uma nova geração de pessoas
  • 17:20 - 17:23
    que fizeram a escolha de viver as suas vidas em público.
  • 17:23 - 17:27
    É um mundo muito mais barulhento.
  • 17:27 - 17:29
    Por isso um desafio que temos
  • 17:29 - 17:31
    é o de lembrar que,
  • 17:31 - 17:34
    partilhar demais, isso não é honestidade.
  • 17:34 - 17:36
    O nosso uso do twitter e envio de sms's maníaco
  • 17:36 - 17:38
    pode cegar-nos para o facto
  • 17:38 - 17:41
    que as subtilezas da decência humana -- a integridade de carácter --
  • 17:41 - 17:44
    são ainda o que importa, são o que há-de sempre importar.
  • 17:44 - 17:46
    Por isso, neste mundo muito mais barulhento,
  • 17:46 - 17:48
    talvez faça sentido para nós
  • 17:48 - 17:50
    ser um pouco mais explícito
  • 17:50 - 17:53
    acerca do nosso código moral.
  • 17:53 - 17:55
    Quando combinamos a ciência do reconhecimento do engano
  • 17:55 - 17:57
    com a arte da observação, da escuta,
  • 17:57 - 18:00
    retiramo-nos da colaboração numa mentira.
  • 18:00 - 18:02
    Começamos aquele caminho
  • 18:02 - 18:04
    de ser apenas um pouco mais explícito,
  • 18:04 - 18:06
    porque damos um sinal a todos à nossa volta,
  • 18:06 - 18:09
    dizemos, "Olhem, o meu mundo, o nosso mundo,
  • 18:09 - 18:11
    vai ser um mundo honesto.
  • 18:11 - 18:13
    O meu mundo vai ser um mundo em que a verdade será fortalecida
  • 18:13 - 18:16
    e a falsidade será reconhecida e marginalizada".
  • 18:16 - 18:18
    E quando o fazemos,
  • 18:18 - 18:21
    o chão à vossa volta começa a mover-se um pouco.
  • 18:21 - 18:24
    E essa é a verdade. Obrigado.
  • 18:24 - 18:29
    (Aplausos)
Title:
Pamela Meyer: Como detectar um mentiroso
Speaker:
Pamela Meyer
Description:

A cada dia que passa mentem-nos entre 10 a 200 vezes, e as pistas para detectar essas mentiras podem ser subtis e contra-intuitivas. Pamela Meyer, autora de Liespotting, mostra-nos os meios e os pontos chave usados por aqueles que são treinados para reconhecer o engano -- e argumenta que a sinceridade é um valor que vale a pena preservar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:30
Nuno Miranda Ribeiro added a translation

Portuguese subtitles

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