Elogio à lentidão
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0:01 - 0:03Gostaria de começar com uma nota.
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0:03 - 0:06Se aprendi alguma coisa
ao longo do último ano -
0:06 - 0:07foi que a suprema ironia
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0:07 - 0:09de publicar um livro sobre a lentidão
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0:09 - 0:12é ter de andar por aí
a promovê-lo depressa. -
0:12 - 0:14Parece que tenho passado
a maior parte do tempo -
0:14 - 0:17andando de cidade em cidade,
de estúdio em estúdio -
0:17 - 0:19de entrevista em entrevista,
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0:19 - 0:21servindo o meu livro em pequenos pedaços.
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0:22 - 0:25Porque, hoje em dia, toda a gente
quer saber como abrandar -
0:25 - 0:28mas querem saber como abrandar
muito depressa. -
0:28 - 0:30Assim, há dias apareci na CNN
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0:30 - 0:34e demorei mais tempo na maquilhagem
do que no ar a falar. -
0:34 - 0:37Mas creio que isto não é muito
surpreendente, pois não? -
0:37 - 0:39Porque é esse o mundo
em que vivemos hoje, -
0:39 - 0:41um mundo sempre em velocidade máxima.
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0:41 - 0:43Um mundo obcecado pela rapidez,
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0:43 - 0:46em fazer tudo rapidamente,
atulhando sempre mais -
0:46 - 0:48em cada vez menos tempo.
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0:48 - 0:52Sentimos cada momento do dia
como uma corrida contrarrelógio. -
0:52 - 0:54Para usar uma expressão de Carrie Fisher
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0:54 - 0:56— que está nessa biografia,
que vou lançar: -
0:56 - 0:59"Nestes dias até a gratificação
instantânea demora demasiado tempo". -
0:59 - 1:01(Risos)
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1:01 - 1:04Se pensarmos em fazer as coisas
mais rápido, o que fazemos? -
1:04 - 1:06Aceleramos, não é? Antes discávamos,
agora usamos um botão. -
1:06 - 1:08Antes líamos, agora lemos rapidamente.
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1:08 - 1:10Caminhávamos, agora corremos.
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1:10 - 1:12E, claro, namorávamos
e agora temos encontros rápidos. -
1:12 - 1:15Até as coisas lentas por natureza
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1:15 - 1:17também tentamos acelerá-las.
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1:17 - 1:20Recentemente, estive em Nova Iorque
e passei por um ginásio -
1:20 - 1:23com um anúncio na janela
para um novo curso noturno. -
1:23 - 1:26Era para — adivinharam — ioga rápido.
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1:27 - 1:30Esta é a solução perfeita
para profissionais com pouco tempo -
1:30 - 1:31que querem saudar o sol,
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1:31 - 1:34mas dedicar apenas
20 minutos para o fazer. -
1:34 - 1:36Estes exemplos são algo extremos,
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1:36 - 1:38são divertidos e fazem-nos rir.
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1:38 - 1:40Mas há um assunto muito sério
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1:40 - 1:43e creio que, na corrida diária da vida,
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1:43 - 1:46por vezes perdemos a vista dos danos
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1:46 - 1:50que esta forma de vida
apressada nos causa. -
1:50 - 1:52Estamos tão submersos
na cultura da velocidade -
1:52 - 1:54que praticamente não vemos o seu impacto
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1:54 - 1:56em todos os aspetos das nossas vidas,
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1:56 - 1:58na saúde, na dieta e no trabalho,
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1:58 - 2:02nas relações, no ambiente e na comunidade.
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2:02 - 2:03E por vezes é necessário
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2:03 - 2:05um despertador "não faças isso",
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2:05 - 2:08para nos alertar que estamos
a apressar as nossas vidas, -
2:08 - 2:10em vez de as viver;
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2:10 - 2:12que estamos a viver uma vida rápida
e não uma vida boa. -
2:12 - 2:14Penso que, para muitas pessoas,
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2:14 - 2:16esse despertar assume
a forma de uma doença. -
2:16 - 2:19Um esgotamento, ou então o corpo diz:
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2:19 - 2:21"Não aguento mais" e desiste.
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2:21 - 2:23Ou então uma relação que se desvanece
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2:23 - 2:27porque não tivemos o tempo,
a paciência, ou a tranquilidade, -
2:27 - 2:29para estar com a outra pessoa e ouvi-la.
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2:29 - 2:32O meu despertador tocou
quando comecei a ler histórias -
2:32 - 2:34para adormecer o meu filho
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2:34 - 2:36e descobri que, ao fim do dia,
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2:36 - 2:39eu ia ao quarto dele
e não conseguia abrandar, -
2:39 - 2:42lia "O Gato do Chapéu" muito rapidamente.
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2:42 - 2:43Saltava umas linhas aqui,
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2:43 - 2:46uns parágrafos ali,
às vezes uma página inteira -
2:46 - 2:49e claro, o meu filho conhecia bem
todo o livro e discutíamos. -
2:49 - 2:51E o que devia ser o momento
mais relaxante e mais íntimo, -
2:52 - 2:53o momento mais ternurento do dia,
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2:53 - 2:56quando um pai se senta
para ler ao seu filho, -
2:56 - 2:59tornou-se numa luta
de vontades entre gladiadores, -
2:59 - 3:04um choque entre a minha velocidade
e a lentidão dele. -
3:04 - 3:06Isto continuou durante algum tempo,
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3:06 - 3:08até que li de relance um artigo de jornal
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3:08 - 3:10com dicas de poupança de tempo
para pessoas rápidas. -
3:10 - 3:12Uma referia-se
a uma série de livros chamada -
3:13 - 3:15"Histórias de um minuto para adormecer."
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3:15 - 3:17Hoje estremeço ao dizer estas palavras,
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3:17 - 3:19mas a minha primeira reação
foi muito diferente. -
3:19 - 3:21O primeiro reflexo foi dizer:
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3:21 - 3:23"Aleluia! Que grande ideia!
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3:23 - 3:26"É exatamente disto que preciso
para acelerar a hora de ir dormir." -
3:26 - 3:29Mas ainda bem que uma lâmpada
se acendeu por cima da minha cabeça -
3:29 - 3:31e a minha reação mudou.
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3:31 - 3:33Dei um passo atrás e pensei:
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3:33 - 3:35"Já chegou a este ponto?
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3:35 - 3:37"Estou com tanta pressa
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3:37 - 3:41"que despacho o meu filho
com um chavão ao fim do dia?" -
3:41 - 3:43Pousei o jornal
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3:43 - 3:45— estava a entrar num avião— sentei-me
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3:45 - 3:48e fiz algo que não fazia há muito
— ou seja, não fiz nada. -
3:48 - 3:50Só pensei, e pensei muito.
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3:50 - 3:53Quando saí do avião, decidi que queria
fazer algo para resolver isto. -
3:53 - 3:56Queria investigar esta cultura acelerada,
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3:56 - 3:59e o impacto em mim e nos outros.
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3:59 - 4:01Tinha duas questões na minha cabeça.
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4:01 - 4:04A primeira era:
como ficámos tão rápidos? -
4:04 - 4:06E a segunda: será possível,
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4:06 - 4:09ou sequer desejável, desacelerar?
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4:09 - 4:12Se pensarem como o nosso mundo
acelerou tanto -
4:12 - 4:14aparecem os suspeitos do costume.
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4:14 - 4:16Pensamos na urbanização,
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4:16 - 4:19no consumismo, na tecnologia,
nos locais de trabalho. -
4:19 - 4:22Mas, se analisarmos bem estas forças,
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4:22 - 4:26chegamos ao que poderá ser
a causa fundamental, -
4:26 - 4:27o cerne da questão,
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4:27 - 4:29que é a forma como pensamos no tempo.
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4:29 - 4:32Noutras culturas, o tempo é cíclico.
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4:32 - 4:35É visto como estando em movimento
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4:35 - 4:37em círculos lentos e enormes.
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4:37 - 4:39É refrescante e rejuvenescedor.
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4:39 - 4:41No ocidente, o tempo é linear.
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4:41 - 4:43É um recurso finito;
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4:43 - 4:45está sempre a diminuir.
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4:45 - 4:47Ou o usamos, ou o perdemos.
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4:47 - 4:50"Tempo é dinheiro,"
disse Benjamin Franklin. -
4:50 - 4:52E o que isso nos faz, psicologicamente,
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4:52 - 4:55é que cria uma equação.
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4:55 - 4:56O tempo é escasso, então o que fazemos?
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4:57 - 4:58Aumentamos a velocidade, não é?
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4:58 - 5:00Tentamos fazer cada vez mais
em menos tempo. -
5:00 - 5:04Tornamos cada momento do dia
numa corrida até à meta, -
5:05 - 5:07uma meta a que nunca chegamos,
-
5:07 - 5:09mas ainda assim uma meta.
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5:10 - 5:11Creio que a questão é:
-
5:11 - 5:13será possível libertarmo-nos
dessa forma de pensar? -
5:13 - 5:16Ainda bem que a resposta é sim,
porque descobri, -
5:16 - 5:17quando comecei a olhar em redor,
-
5:17 - 5:20que há uma revolta global
contra esta cultura que nos diz -
5:20 - 5:24que mais rápido é sempre melhor
e que estar mais ocupado é o melhor. -
5:24 - 5:26Em todo o mundo as pessoas
estão a fazer o impensável: -
5:26 - 5:28estão a desacelerar, e a descobrir que,
-
5:28 - 5:32apesar de a sabedoria convencional dizer
que os mais lentos são trucidados, -
5:32 - 5:33na verdade é o oposto:
-
5:33 - 5:35ao desacelerar nos momentos certos,
-
5:35 - 5:37as pessoas percebem que fazem tudo melhor.
-
5:37 - 5:40Comem melhor; fazem amor melhor,
fazem exercício melhor; -
5:40 - 5:43trabalham melhor, vivem melhor.
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5:43 - 5:46Nesta espécie de caldeirão
-
5:46 - 5:50de momentos e lugares
e atos de desaceleração, -
5:50 - 5:52jaz o que muitas pessoas dizem ser
-
5:52 - 5:54o "Movimento 'Slow' Internacional."
-
5:54 - 5:58Agora, se me permitirem
um pequeno ato de hipocrisia, -
5:59 - 6:03vou dar-vos uma visão rápida
do que se passa no Movimento 'Slow'. -
6:03 - 6:05Se pensarem em comida,
-
6:05 - 6:07muitos de vocês conhecem
o movimento Comida Lenta -
6:07 - 6:10que começou em Itália
e se espalhou pelo mundo, -
6:10 - 6:13e agora tem 100 000 membros
em 50 países. -
6:13 - 6:16É norteado por uma mensagem
simples e sensata: -
6:16 - 6:20Obtemos mais prazer e mais saúde
da nossa comida -
6:20 - 6:25quando cultivamos, cozinhamos
e consumimos a um ritmo razoável. -
6:25 - 6:28Penso também que a explosão
da agricultura biológica -
6:28 - 6:31e o renascimento
dos mercados de agricultores, -
6:31 - 6:33são outros exemplos do facto
-
6:33 - 6:35de que as pessoas estão desesperadas
-
6:35 - 6:38para deixar de comer, de cozinhar
e de cultivar a sua comida -
6:38 - 6:40ao ritmo industrial.
-
6:40 - 6:43Essas pessoas querem voltar
a ritmos mais lentos. -
6:43 - 6:46Do movimento Comida Lenta cresceu algo
-
6:46 - 6:49a que chamamos movimento Cidades Lentas,
com início em Itália, -
6:49 - 6:52mas que se espalhou
pela Europa e para além dela. -
6:52 - 6:54Estas cidades começaram a repensar
-
6:54 - 6:56como organizam a paisagem urbana,
-
6:56 - 6:59para as pessoas serem
incentivadas a desacelerar, -
6:59 - 7:01a cheirar as rosas e a ligar-se entre si.
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7:01 - 7:03Poderão reduzir o tráfego automóvel,
-
7:03 - 7:06ou instalar um banco num parque,
ou num espaço verde. -
7:06 - 7:09De certa forma, estas mudanças
são maiores do que a soma das partes -
7:09 - 7:12porque uma Cidade Lenta que se torna
oficialmente numa Cidade Lenta -
7:13 - 7:14é como uma declaração filosófica.
-
7:14 - 7:17Está a dizer ao mundo,
e às pessoas nessa cidade, -
7:17 - 7:19que acreditamos que, no século XXI,
-
7:19 - 7:23a lentidão tem um papel a desempenhar.
-
7:23 - 7:26Na medicina, creio que muitas
pessoas estão muito desiludidas -
7:26 - 7:29com a mentalidade de resolução rápida
da medicina convencional. -
7:29 - 7:31Milhões em todo o mundo estão a virar-se
-
7:31 - 7:34para formas de medicina
complementar e alternativa, -
7:34 - 7:36que tendem a recorrer a formas de cura
-
7:36 - 7:39mais lentas, mais suaves
e mais abrangentes. -
7:39 - 7:43Muitas destas terapias complementares
ainda não viram provada a sua eficácia, -
7:43 - 7:45e eu pessoalmente duvido
que o clister de café -
7:46 - 7:48algum dia ganhe aprovação geral.
-
7:48 - 7:50Mas outros tratamentos,
-
7:50 - 7:53como massagens e até mesmo o relaxamento,
-
7:53 - 7:55claramente têm alguns benefícios.
-
7:55 - 7:57As escolas médicas
de referência, por todo o lado, -
7:57 - 8:00estão a começar a estudar estas
coisas para ver como funcionam, -
8:00 - 8:02e o que poderemos aprender com elas.
-
8:02 - 8:04O sexo. Há muito sexo rápido, não é?
-
8:04 - 8:07Eu estava a vir
-
8:07 - 8:09— bem, trocadilho não intencional.
-
8:10 - 8:13Estava a vir lentamente para Oxford,
-
8:13 - 8:15passei por um quiosque e vi uma revista,
-
8:15 - 8:17uma revista masculina que dizia na capa:
-
8:17 - 8:20"Como dar um orgasmo à tua
parceira em 30 segundos." -
8:21 - 8:24Como veem, até o sexo
está a ser cronometrado. -
8:24 - 8:28Bem, eu gosto de uma rapidinha
como toda a gente, -
8:28 - 8:31mas creio que temos muito a ganhar
com sexo lento, -
8:31 - 8:34sendo mais lentos no quarto.
-
8:34 - 8:36Recorremos a essas correntes
espirituais, emocionais -
8:36 - 8:40psicológicas, mais profundas,
-
8:40 - 8:43e temos um orgasmo melhor
com esta acumulação.. -
8:43 - 8:45Obtemos uma melhor
relação qualidade-preço. -
8:45 - 8:47As Pointer Sisters disseram-no muito bem,
-
8:47 - 8:51quando cantaram em louvor
do "amante com a mão lenta." -
8:51 - 8:54Todos nos rimos com o Sting
há uns anos com o tantrismo, -
8:54 - 8:57mas anos mais tarde vemos
casais de todas as idades -
8:57 - 9:01a afluir a "workshops",
ou talvez sozinhos nos seus quartos, -
9:01 - 9:05a encontrar formas
de travar e ter melhor sexo. -
9:05 - 9:07Em Itália — onde parece
que os italianos -
9:07 - 9:09sabem sempre onde encontrar o seu prazer —
-
9:09 - 9:12foi lançado um movimento oficial
Sexo Lento. -
9:13 - 9:15O local de trabalho.
-
9:15 - 9:17Em todo o mundo
-
9:17 - 9:20— sendo a grande exceção
a América do Norte — -
9:20 - 9:22as horas de trabalho têm diminuído.
-
9:22 - 9:24A Europa é um exemplo disso,
-
9:24 - 9:26as pessoas veem a sua
qualidade de vida aumentar -
9:26 - 9:28quando trabalham menos,
-
9:28 - 9:30e a sua produtividade horária
também aumenta. -
9:30 - 9:32Claramente há problemas
-
9:32 - 9:34com a semana de 35 horas em França
-
9:34 - 9:37— demasiado curta, demasiado cedo,
demasiado rígido. -
9:37 - 9:39Mas outros países europeus,
nomeadamente os países nórdicos, -
9:39 - 9:43mostram que é possível
ter uma economia forte -
9:43 - 9:45sem sermos viciados em trabalho.
-
9:45 - 9:48E a Noruega, a Suécia,
a Dinamarca e a Finlândia -
9:48 - 9:50figuram hoje no top 6
-
9:50 - 9:52dos países mais competitivos
de todo o mundo, -
9:52 - 9:55com horas de trabalho
que fazem o americano médio -
9:55 - 9:56chorar de inveja.
-
9:56 - 10:01Se passarmos dos países para o nível
das microempresas, -
10:01 - 10:03cada vez mais empresas se apercebem
-
10:03 - 10:07que devem permitir aos seus colaboradores
trabalhar menos horas ou desligar -
10:07 - 10:10— ter um intervalo para almoço,
ou sentar-se numa sala silenciosa, -
10:10 - 10:14para desligar os seus Blackberrys
e portáteis — vocês aí atrás — -
10:15 - 10:16os telemóveis,
-
10:16 - 10:19durante o dia ou fim de semana,
para terem tempo para recarregar -
10:20 - 10:24e para o cérebro poder entrar
num modo criativo de pensamento. -
10:25 - 10:28Mas, hoje em dia,
não são apenas os adultos -
10:28 - 10:31que trabalham demasiado,
são também as crianças. -
10:31 - 10:34Tenho 37 anos e a minha infância
terminou em meados dos anos 80. -
10:34 - 10:36Agora vejo os miúdos e fico surpreendido
-
10:36 - 10:39como correm com mais trabalhos de casa,
-
10:39 - 10:41mais explicações, mais
atividades extracurriculares -
10:41 - 10:43em que nunca pensaríamos há uma geração.
-
10:44 - 10:46Algumas das mensagens mais comoventes
-
10:46 - 10:48que recebo no meu "website"
-
10:48 - 10:50vêm de adolescentes
-
10:50 - 10:54à beira do esgotamento, implorando-me
que escreva aos pais deles, -
10:54 - 10:57para os ajudar a desacelerar,
para os deixar sair -
10:57 - 11:00desta esteira a todo o vapor.
-
11:00 - 11:02Felizmente, também há uma resistência
por parte dos pais -
11:03 - 11:04e vemos que há cidades nos EUA
-
11:04 - 11:07que estão a acabar com
atividades extracurriculares -
11:07 - 11:11num certo dia do mês
para poderem descomprimir, -
11:11 - 11:13ter tempo para a família e desacelerar.
-
11:13 - 11:15Os trabalhos de casa é outra coisa.
-
11:15 - 11:19Aparecem proibições de trabalhos de casa
por todo o mundo desenvolvido -
11:19 - 11:22em escolas que até ali exageravam
na quantidade de trabalhos de casa -
11:22 - 11:24e estão a descobrir
que menos pode ser mais. -
11:25 - 11:26Recentemente, houve um caso na Escócia
-
11:26 - 11:29onde uma escola privada paga e exigente
-
11:29 - 11:32proibiu trabalhos de casa
para alunos com menos de 13 anos, -
11:32 - 11:34e os pais exigentes
assustaram-se e disseram: -
11:34 - 11:37"Os nossos filhos vão fracassar,"
mas o diretor disse: -
11:37 - 11:39"Não, os vossos filhos têm
de desacelerar ao fim do dia." -
11:39 - 11:42No mês passado foram conhecidos
os resultados dos testes -
11:42 - 11:45e, em matemática e ciências,
as notas aumentaram 20% em média -
11:45 - 11:47em relação ao ano passado.
-
11:47 - 11:49Creio que é muito revelador
-
11:49 - 11:52que as universidades de elite,
normalmente referidas como a razão -
11:52 - 11:55para as pessoas pressionarem
tanto os seus filhos, -
11:55 - 11:57começam a notar que a qualidade dos alunos
-
11:57 - 11:59que chegam até eles está a diminuir.
-
11:59 - 12:01Esses miúdos têm notas fantásticas,
-
12:01 - 12:03têm CV cheios de atividades
extracurriculares, -
12:03 - 12:05ao ponto de nos fazerem chorar
-
12:05 - 12:07Mas falta-lhes uma centelha.
-
12:07 - 12:10Falta-lhes a capacidade de pensar
de forma criativa e original. -
12:10 - 12:12Eles não sabem sonhar.
-
12:12 - 12:15Por isso, as escolas de elite,
e Oxford e Cambridge e outras, -
12:15 - 12:18estão a dizer aos pais e estudantes
que têm de travar um pouco. -
12:18 - 12:23Em Harvard, por exemplo, enviam uma
carta aos estudantes caloiros -
12:23 - 12:26dizendo que têm de ter uma vida
mais completa, fora de Harvard, -
12:26 - 12:29se travarem, se fizerem menos,
-
12:29 - 12:31dando tempo às coisas,
-
12:31 - 12:33o tempo necessário
para delas disfrutarem e saborearem, -
12:33 - 12:35mesmo que, por vezes,
eles não façam nada. -
12:35 - 12:38Aquela carta chama-se
— de forma reveladora — -
12:38 - 12:40"Desacelera!" com um ponto
de exclamação no fim. -
12:40 - 12:43Para onde quer que olhemos,
a mensagem parece ser a mesma: -
12:43 - 12:45Com frequência, menos é mais,
-
12:45 - 12:49Frequentemente, mais devagar é melhor.
-
12:49 - 12:52Dito isto, claro que
desacelerar não é fácil. -
12:52 - 12:54Eu fui multado por excesso de velocidade
-
12:54 - 12:57quando trabalhava no livro
sobre os benefícios da lentidão. -
12:57 - 12:58e é verdade, mas há mais.
-
12:58 - 13:00Estava a caminho de um jantar
-
13:00 - 13:02organizado pela Comida Lenta nessa altura.
-
13:02 - 13:05E se isso não é vergonhoso
que baste, essa multa foi em Itália. -
13:05 - 13:08Se já conduziram
numa autoestrada em Itália, -
13:08 - 13:11terão uma boa ideia
da velocidade a que eu seguia. -
13:11 - 13:12(Risos)
-
13:14 - 13:16Por que razão é tão difícil desacelerar?
-
13:16 - 13:17Penso que há várias razões.
-
13:17 - 13:20Uma é que a velocidade
é divertida e sensual. -
13:20 - 13:23É a adrenalina. É difícil desistir.
-
13:23 - 13:25Creio que há uma dimensão metafísica
-
13:25 - 13:28— essa velocidade torna-se numa
forma de nos protegermos -
13:28 - 13:30dos problemas maiores e mais profundos.
-
13:30 - 13:31Enchemos a cabeça com distrações,
-
13:31 - 13:34ocupamo-nos para não termos de perguntar:
-
13:34 - 13:36"Estou bem? Sou feliz?
Os meus filhos estão a crescer bem? -
13:36 - 13:39"Os políticos estão a tomar
boas decisões por mim?" -
13:40 - 13:42Outra razão — creio que
a mais poderosa — -
13:42 - 13:45que torna difícil desacelerar
é o tabu cultural -
13:46 - 13:48que criámos contra desacelerarmos.
-
13:48 - 13:50"Lento" é uma palavra feia
na nossa cultura. -
13:50 - 13:52É sinónimo de "preguiçoso",
de "indolente," -
13:52 - 13:54representa alguém que desiste.
-
13:54 - 13:56"Ele é um pouco lento"
-
13:56 - 13:59é sinónimo de pouca inteligência.
-
13:59 - 14:01Creio que o propósito do Movimento "Slow",
-
14:01 - 14:04o seu objetivo principal,
é lidar com o tabu, -
14:04 - 14:08e dizer que sim, por vezes
lentidão não é a resposta, -
14:08 - 14:10que existe "lentidão má."
-
14:10 - 14:13Recentemente, fiquei engarrafado
na autoestrada M25, -
14:13 - 14:15a estrada em redor de Londres,
-
14:15 - 14:16e passei lá três horas e meia.
-
14:16 - 14:18Posso dizer-vos que é mesmo
uma má lentidão. -
14:19 - 14:20Mas a nova ideia,
-
14:20 - 14:22a ideia revolucionária,
do Movimento "Slow", -
14:22 - 14:24é que também existe uma lentidão boa.
-
14:24 - 14:26A lentidão boa é ter tempo
-
14:26 - 14:29para uma refeição com a família,
com a TV desligada. -
14:29 - 14:33Ou ter tempo para ver um problema
sob todas as perspetivas, no escritório, -
14:33 - 14:36para tomar a melhor decisão no trabalho.
-
14:37 - 14:38Ou então ter tempo
-
14:38 - 14:42para desacelerar e saborear a vida.
-
14:42 - 14:45Uma das coisas mais inspiradoras
-
14:45 - 14:48sobre tudo o aconteceu em redor do livro
-
14:48 - 14:51desde que saiu, é a reação ao mesmo.
-
14:51 - 14:53Eu sabia que, quando o meu livro
sobre lentidão saísse, -
14:53 - 14:56seria bem acolhido pela brigada "New Age,"
-
14:56 - 14:58mas também foi bem recebido,
de forma entusiástica, -
14:58 - 15:00pelo mundo corporativo,
-
15:00 - 15:02pelas publicações empresariais,
-
15:02 - 15:04pelas grandes empresas
e organizações de liderança. -
15:04 - 15:08Porque as pessoas no cimo da pirâmide,
pessoas como vocês, creio, -
15:08 - 15:11começam a aperceber-se
que há demasiada rapidez no sistema, -
15:11 - 15:14andamos demasiado ocupados,
e é o momento de encontrar, -
15:14 - 15:18ou de voltar à arte perdida
de mudar de velocidade. -
15:18 - 15:20Creio que outro sinal encorajador
-
15:20 - 15:24é que não é apenas no mundo desenvolvido
que esta ideia foi adotada. -
15:24 - 15:25No mundo em desenvolvimento,
-
15:25 - 15:29nos países que estão prestes a dar o salto
para o estatuto de primeiro mundo -
15:29 - 15:31— a China, o Brasil,
a Tailândia, a Polónia, etc. — -
15:31 - 15:34muitas pessoas destes países
adotaram a ideia -
15:34 - 15:36do Movimento "Slow".
-
15:36 - 15:39Há um debate
nos meios de comunicação, nas ruas. -
15:39 - 15:41Creio que olham para o ocidente e dizem:
-
15:41 - 15:44"Gostamos de aspetos
daquilo que vocês têm, -
15:44 - 15:46"mas não temos muitas
certezas sobre isso." -
15:47 - 15:49Tendo dito tudo isto,
-
15:49 - 15:51pergunto... será possível?
-
15:51 - 15:54Essa é a principal questão
hoje perante nós. -
15:54 - 15:56Será possível desacelerar?
-
15:56 - 15:58Agrada-me poder dizer-vos
-
15:58 - 16:01que a resposta é um claro sim.
-
16:01 - 16:03Apresento-me como Prova A,
-
16:04 - 16:06uma espécie de viciado em velocidade,
-
16:06 - 16:08reformado e reabilitado.
-
16:08 - 16:10Ainda adoro a velocidade.
-
16:10 - 16:12Vivo em Londres
e trabalho como jornalista. -
16:12 - 16:14Adoro a pressão e estar sempre ocupado,
-
16:14 - 16:16e a subida de adrenalina que daí advém.
-
16:16 - 16:19Jogo "squash" e hóquei no gelo,
-
16:19 - 16:22dois desportos muito velozes,
e nunca desistiria deles por nada. -
16:22 - 16:27No ano passado, mantive-me em contacto
com a minha tartaruga interior. -
16:27 - 16:29(Risos)
-
16:29 - 16:34Isso significa que deixei
de me sobrecarregar -
16:35 - 16:36desnecessariamente.
-
16:36 - 16:41O meu modo normal já não é
ser viciado na pressa. -
16:42 - 16:46Deixei de ouvir a carruagem alada
do tempo a aproximar-se -
16:46 - 16:48ou, pelo menos, não tanto como dantes.
-
16:48 - 16:51Até consigo ouvi-la, porque vejo
que o meu tempo vai-se esgotando. -
16:52 - 16:54O lado positivo disto tudo
-
16:54 - 16:57é que me sinto mais feliz, mais saudável,
-
16:57 - 17:00mais produtivo do que nunca.
-
17:00 - 17:03Sinto que estou a viver a minha vida,
-
17:03 - 17:06e não simplesmente
a passá-la numa correria. -
17:06 - 17:08E, talvez a medida mais importante
-
17:08 - 17:10do sucesso disto tudo
-
17:10 - 17:13é que sinto que as minhas relações
são mais profundas, -
17:13 - 17:15mais ricas e mais fortes.
-
17:16 - 17:18Para mim, creio que o teste decisivo
-
17:18 - 17:20sobre se isto funciona
e o que poderá significar -
17:20 - 17:23foi sempre as histórias de adormecer,
-
17:23 - 17:25porque foi aí que a viagem teve início.
-
17:25 - 17:28Também aí há boas notícias.
-
17:28 - 17:30No final do dia, vou
ao quarto do meu filho. -
17:30 - 17:32Não uso relógio.
-
17:32 - 17:34Desligo o meu computador,
para não ouvir "emails" a chegar, -
17:35 - 17:38reduzo a velocidade
para o seu ritmo e lemos. -
17:38 - 17:41Como as crianças têm o seu
ritmo e relógio interno, -
17:41 - 17:43elas não funcionam com tempo de qualidade
-
17:43 - 17:46em que agendamos 10 minutos
para eles se abrirem connosco. -
17:46 - 17:48Elas precisam que nos
movamos ao ritmo deles. -
17:48 - 17:52Descubro que, ao fim de 10 minutos
duma história, o meu filho diz de repente: -
17:52 - 17:55"Hoje aconteceu uma coisa
no recreio que me aborreceu." -
17:55 - 17:57E continuamos a conversa
sobre esse assunto. -
17:57 - 18:00Agora vejo que as histórias de adormecer
-
18:00 - 18:02costumavam ser
-
18:02 - 18:05uma caixa na minha lista de afazeres,
algo que eu temia, -
18:05 - 18:08porque era muito lento e tinha
de despachar rapidamente -
18:08 - 18:10Agora é a minha recompensa
ao final do dia, -
18:10 - 18:12algo a que dou bastante valor.
-
18:12 - 18:14Tenho uma espécie de final à Hollywood
-
18:14 - 18:16para a minha apresentação desta tarde,
-
18:16 - 18:17e que é mais ou menos assim:
-
18:18 - 18:20há uns meses, estava a preparar-me
-
18:20 - 18:23para mais uma digressão de um livro
e tinha as malas prontas. -
18:23 - 18:26Estava junto à porta da rua
à espera do táxi, -
18:26 - 18:28o meu filho desceu as escadas.
-
18:28 - 18:30Tinha feito um cartão para mim
— levava-o consigo. -
18:30 - 18:32Agrafara dois cartões, como estes,
-
18:32 - 18:35e pusera na frente um autocolante
-
18:35 - 18:38da sua personagem favorita, Tintin.
-
18:38 - 18:39E disse-me,
-
18:39 - 18:41ou melhor, deu-mo e eu li.
-
18:41 - 18:44Dizia: "Para o papá,
com amor, Benjamim." -
18:44 - 18:46Eu pensei: "Oh, que bonito.
-
18:46 - 18:49"Isto é um cartão para me desejares
boa sorte na minha digressão?" -
18:49 - 18:51E ele disse: "Não, papá, isto é um cartão
-
18:51 - 18:54"para o melhor leitor
de histórias do mundo." -
18:54 - 18:56E pensei: "Isto de desacelerar
de facto funciona." -
18:56 - 18:57Muito obrigado.
- Title:
- Elogio à lentidão
- Speaker:
- Carl Honoré
- Description:
-
Carl Honoré, jornalista, acredita que a ênfase que o mundo ocidental coloca na velocidade prejudica a saúde, a produtividade e a qualidade de vida. Mas está a ocorrer uma reação, com pessoas todos os dias a desacelerar as suas vidas-demasiado-modernas.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:57
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