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Como amar e compreender os teus antepassados quando nunca os conheceste?

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    (despertar do sino)
  • 0:07 - 0:13
    (Sino)
  • 0:32 - 0:34
    (Irmã): Querido Thay,
  • 0:34 - 0:39
    temos duas perguntas sobre como
    compreender os antepassados
  • 0:39 - 0:41
    que nós nunca conhecemos.
  • 0:43 - 0:45
    Elas estão expressas na seguinte questão
  • 0:45 - 0:49
    Como posso curar
    o sofrimento dos meus antepassados
  • 0:49 - 0:52
    quando não sei
    o que eles sofreram?
  • 0:54 - 0:58
    Como podemos lidar com os antepassados
    no caso de sermos orfãos
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    que cresceram sem ter qualquer contacto
    com a família de sangue?
  • 1:04 - 1:08
    (Thay): Eu penso que estas duas questões
    estão interligadas.
  • 1:17 - 1:21
    Nós não compreendemos
    o sofrimento dos nossos antepassados.
  • 1:21 - 1:27
    Como podemos ajudar
  • 1:33 - 1:38
    se nunca conhecemos físicamente
  • 1:38 - 1:41
    o nosso pai, a nossa mãe?
  • 1:42 - 1:50
    Não temos nenhuma conexão com eles.
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    Como podemos amá-los
    e compreendê-los?
  • 1:56 - 2:01
    Há pessoas que
    ainda têm o seu pai vivo,
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    a sua mãe viva.
  • 2:09 - 2:12
    E, no entanto, não conseguem conectar com eles.
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    Não conseguem falar com eles,
    não conseguem comunicar com eles
  • 2:20 - 2:27
    E há aqueles que perderam
    o pai, a mãe,
  • 2:29 - 2:32
    que não souberam
    quem era o seu pai,
  • 2:33 - 2:36
    quem era a sua mãe.
  • 2:37 - 2:41
    Não há hipóteses de se conectarem
    porque eles já não estão entre nós.
  • 2:43 - 2:45
    Como podemos conectar com eles?
  • 2:46 - 2:49
    Como podemos compreender
    o seu sofrimento, a sua alegria?
  • 2:51 - 2:57
    Como podemos criar raízes
    com os nossos antepassados?
  • 2:59 - 3:02
    Porque uma pessoa sem raízes
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    não pode ser uma pessoa feliz.
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    Então as duas questões
    estão relacionadas uma com a outra.
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    Através da prática da meditação
    observando profundamente,
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    nós podemos conectar-nos
    com o nosso pai, a nossa mãe,
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    mesmo que ele já cá não esteja,
    mesmo que ele recuse ver-nos.
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    Nós temos um monástico aqui,
    na nossa comunidade,
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    cujo pai ainda é vivo
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    mas se recusa a vê-la.
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    Ele tem uma posição elevada na sociedade.
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    mas ele quer esquecer,
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    negar inteiramente o passado.
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    Ela escreveu-lhe.
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    "Pai, sou a tua filha.
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    Quero conhecer-te, conectar contigo,
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    Falar contigo e sentar-me ao pé de ti."
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    Ele recusou.
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    Há aqueles de nós que são orfãos,
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    que não tiveram a oportunidade
    de ver o nosso pai,
  • 4:26 - 4:31
    que não sabem verdadeiramente
    quem é o nosso pai, quem é a nossa mãe.
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    Mas com esta prática podemos conectar-nos.
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    Porque olhando para o teu corpo,
    os teus sentimentos, o teu sofrimento,
  • 4:42 - 4:47
    vês o corpo, o sofrimento
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    as esperanças dos teus pais.
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    Porque o facto é que
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    tu és a continuação
    do teu pai, da tua mãe.
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    Tal como uma planta de milho
    é a continuação da semente do milho.
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    Apesar da planta de milho
    não ver a semente na maçaroca,
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    ela sabe que é a continuação
    da semente da maçaroca.
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    A semente da maçaroca.
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    Ela sabe que em todas as células da planta
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    está existência da semente da maçaroca
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    Então com alguém que
    pratica plena consciência, meditação,
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    ela pode tocar no seu pai, na sua mãe,
  • 5:47 - 5:52
    muito mais profundamente do que aqueles
    que ainda têm os seus pais vivos
  • 5:52 - 5:55
    e não podem falar com eles.
  • 5:55 - 6:00
    Eles têm a impressão que sabem
    quem é o seu pai,
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    que sabem quem é a sua mãe,
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    mas de facto, não sabem nada.
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    A conexão é impossível
    mesmo quando o pai ainda é vivo,
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    a mãe ainda é viva.
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    A resposta é que se
    tu praticares observar profundamente,
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    podes ver o teu pai em ti,
    a tua mãe em ti.
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    Tu pareces-te muito com o teu pai.
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    Tu sentes muito como o teu pai.
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    Nós somos feitos de
    forma, sentimentos, percepções.
  • 6:39 - 6:42
    E o teu pai transmitiu-te
  • 6:42 - 6:48
    muita desta forma,
    sentimentos e percepções.
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    Então podes sentir-te connectado de imediato.
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    Tu és a continuação do teu pai.
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    Tu és o teu pai.
  • 6:59 - 7:05
    Lembro-me de há muitos anos atrás,
    ao caminhar nas ruas de Londres,
  • 7:06 - 7:10
    ver na montra de uma livraria
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    um livro com o título:
    "A minha mãe, eu própria".
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    Não comprei o livro.
  • 7:23 - 7:24
    (Gargalhadas)
  • 7:24 - 7:28
    Porque tive a impressão que sabia
    o que dizia o livro.
  • 7:28 - 7:30
    (Gargalhadas)
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    Nós somos a continuação da nossa mãe
    nós somos a nossa mãe,
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    A conexão existe sempre.
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    Só temos que ter essa consciência.
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    Por isso podes começar a falar
    com o teu pai em ti:
  • 7:46 - 7:48
    "Pai, eu sei que tu estás aí.
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    Estou cheio de ti no meu corpo.
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    Tu tiveste sofrimentos,
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    tiveste dificuldades que se
    transmitiram para mim.
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    Agora eu encontrei o Dharma
    e nós vamos praticar juntos
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    e transformar as coisas negativas em nós
  • 8:05 - 8:08
    e desenvolveremos
    as coisas maravilhosas em nós
  • 8:08 - 8:12
    que tu me transmitiste
  • 8:12 - 8:14
    Talvez durante o teu tempo de vida
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    não tenhas tido a oportunidade de desenvolver
    qualidades positivas e maravilhosas em ti.
  • 8:20 - 8:24
    Mas elas ainda estão aí
    e foram-me transmitidas.
  • 8:24 - 8:27
    Agora com o Dharma, com a Sangha.
  • 8:27 - 8:32
    nós vamos praticar juntos,
    e fazê-las manifestar.
  • 8:33 - 8:38
    Nós vamos respirar juntos,
    andar juntos, sentarmo-nos juntos
  • 8:38 - 8:42
    e a paz, a cura
    a transformação, a alegria de que precisamos.
  • 8:43 - 8:46
    Por isso podes falar
    com o teu pai, com a tua mãe,
  • 8:46 - 8:52
    mesmo que nunca tenhas estado fisicamente com o teu pai.
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    É como com os nossos antepassados espirituais.
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    Tu não viste Jesus pessoalmente.
  • 9:05 - 9:09
    Tu nunca conheceste Buda pessoalmente.
  • 9:09 - 9:14
    Mas recebeste os seus ensinamentos.
  • 9:15 - 9:17
    Puseste em prática
    os seus ensinamentos.
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    Tens o corpo do Dharma em ti.
  • 9:21 - 9:24
    Então Jesus ainda vive
    em cada célula do teu corpo.
  • 9:24 - 9:27
    Buda está vivo
    em cada célula do teu corpo.
  • 9:28 - 9:30
    Podes falar com eles.
  • 9:30 - 9:33
    "Jesus, eu sei que tu
    estás aí, em mim."
  • 9:33 - 9:36
    Não tens que ir procurar Jesus
    em lugar nenhum.
  • 9:38 - 9:42
    Ele é o teu antepassado
    e tu és a sua continuação.
  • 9:42 - 9:45
    Devias saber como andar como ele,
  • 9:46 - 9:48
    a fazer o pão como ele
  • 9:48 - 9:52
    a servir o vinho como ele, em plena consciência.
  • 9:55 - 9:58
    A caminho de Emmaus,
  • 9:59 - 10:03
    três viajantes não reconheceram Jesus.
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    Mas quando chegaram ao albergue,
  • 10:09 - 10:15
    e a outra pessoa encomendou o jantar,
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    partiu o pão e serviu o vinho,
  • 10:18 - 10:21
    ao olhar para ele reconheceram
    que Jesus não estava morto.
  • 10:21 - 10:24
    ele ainda está vivo.
  • 10:24 - 10:28
    Então se tu sabes
    comer o teu pão em plena consciência,
  • 10:28 - 10:34
    desfrutado de cada bocadinho de pão nas tuas mãos,
  • 10:35 - 10:39
    podes tocar no corpo de Jesus.
  • 10:39 - 10:43
    Essa é a essência da Eucaristia.
  • 10:44 - 10:49
    Jesus está disponível para ti
    24h por dia
  • 10:49 - 10:52
    se tu sabes andar como ele.
  • 10:52 - 10:56
    sentar-te como ele, respirar como ele,
  • 10:56 - 10:59
    partir o pão como ele.
  • 11:00 - 11:03
    Então, estás com ele todo o tempo.
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    Essa é a conexão mais forte.
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    Isso aplica-se aos teus antepassados de sangue
    antepassados biológicos.
  • 11:11 - 11:14
    e aos teus antepassados espirituais também.
  • 11:14 - 11:16
    Eu nunca me queixei
  • 11:16 - 11:21
    de ter nascido um pouco tarde demais,
  • 11:22 - 11:25
    2500 anos depois de Buda.
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    Eu nunca me queixei dessa maneira.
  • 11:28 - 11:29
    (Gargalhadas)
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    Porque eu sei que Buda está disponível
    no aqui e no agora.
  • 11:34 - 11:37
    O teu pai também
    A tua mãe também.
  • 11:37 - 11:39
    É esse o discernimento que tu ganhas
  • 11:40 - 11:43
    quando praticas
    concentração e plena consciência.
  • 11:46 - 11:48
    A resposta é boa o suficiente?
  • 11:48 - 11:50
    (Gargalhada)
  • 11:53 - 11:55
    (Despertar do Sino)
  • 11:58 - 12:04
    (Sino)
Title:
Como amar e compreender os teus antepassados quando nunca os conheceste?
Description:

Questões e respostas com o Mestre Zen Thich Nhat Hahn, Maio 2014.

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Video Language:
English
Duration:
12:30

Portuguese subtitles

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