A nossa linguagem corporal modela quem somos
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0:01 - 0:04Quero começar por vos oferecer
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0:04 - 0:07um truque grátis, não tecnológico.
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0:07 - 0:09Só vos é exigido o seguinte:
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0:09 - 0:13que mudem a vossa postura
durante dois minutos. -
0:13 - 0:16Mas antes de o revelar,
quero pedir-vos que, agora mesmo, -
0:16 - 0:20façam um pequeno exame ao vosso corpo
e ao que estão a fazer com ele. -
0:20 - 0:23Quantos de vocês estão a parecer
mais encolhidos? -
0:23 - 0:25Talvez estejam curvados,
de pernas cruzadas, -
0:25 - 0:27talvez com os tornozelos cruzados.
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0:27 - 0:30Às vezes, envolvemo-nos
com os braços, assim. -
0:30 - 0:33Às vezes espreguiçamo-nos.
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0:33 - 0:34(Risos)
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0:34 - 0:36Estou a ver-vos.
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0:36 - 0:39Quero que prestem atenção
ao que estão a fazer agora mesmo. -
0:39 - 0:41Voltaremos a isso dentro
de alguns minutos. -
0:41 - 0:44Espero que, se aprenderem a ajustar
um bocadinho esse comportamento, -
0:44 - 0:48isso possa mudar significativamente
a maneira como a vossa vida se desenrola. -
0:49 - 0:52Sentimos um enorme fascínio
pela linguagem corporal, -
0:52 - 0:54e estamos particularmente interessados
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0:54 - 0:57na linguagem corporal das outras pessoas.
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0:57 - 0:58Estamos interessados...
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0:59 - 1:00(Risos)
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1:00 - 1:05... numa interação constrangedora
ou num sorriso, -
1:05 - 1:09num olhar de desprezo, ou talvez
numa piscar de olho muito estranho, -
1:09 - 1:12ou talvez até algo como um aperto de mãos.
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1:12 - 1:15(Vídeo) Ei-los a chegar ao n.º 10, e vejam,
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1:15 - 1:18este agente felizardo a receber
um aperto de mão do Presidente -
1:18 - 1:20dos Estados Unidos da América.
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1:20 - 1:23Oh, e aqui vem o primeiro-ministro.
Eles ...? Não. -
1:23 - 1:25(Risos)
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1:25 - 1:27(Aplausos)
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1:28 - 1:31Um aperto de mão
ou a ausência de um aperto de mão, -
1:31 - 1:34pode pôr-nos a falar
durante semanas e semanas. -
1:34 - 1:37Até a BBC e o The New York Times.
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1:37 - 1:40Obviamente, quando pensamos
em comportamento não verbal -
1:40 - 1:42ou linguagem corporal
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1:42 - 1:44— os cientistas sociais,
chamam-lhe "não-verbais" — -
1:44 - 1:46pensamos em comunicação.
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1:46 - 1:49Quando pensamos em comunicação,
pensamos em interações. -
1:49 - 1:52O que está a vossa linguagem corporal
a comunicar-me? -
1:52 - 1:54O que está a minha a comunicar-vos?
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1:54 - 1:57Há muitas razões para acreditar
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1:57 - 1:59que esta é uma maneira válida
de ver este assunto. -
1:59 - 2:02Os cientistas sociais
têm dedicado muito tempo -
2:02 - 2:05a observar os efeitos no julgamento
da nossa linguagem corporal, -
2:05 - 2:07ou da linguagem corporal
das outras pessoas. -
2:07 - 2:10Fazemos juízos e inferências gerais
a partir da linguagem corporal. -
2:10 - 2:14E esses juízos podem predizer
ocorrências realmente significativas, -
2:14 - 2:18como quem contratamos ou promovemos,
quem convidamos para um encontro. -
2:18 - 2:22Por exemplo, Nalini Ambady,
uma investigadora da Universidade Tufts, -
2:22 - 2:27mostra que, quando as pessoas
veem um clip de 30 segundos, sem som, -
2:27 - 2:30de interações reais entre
um médico e o seu doente, -
2:30 - 2:33os seus juízos sobre a simpatia do médico
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2:33 - 2:35predizem se aquele médico
vai ser processado ou não. -
2:35 - 2:38Não tem tanto que ver
com o facto de aquele médico -
2:38 - 2:41ser ou não incompetente
mas antes se gostamos daquela pessoa -
2:41 - 2:43e como é que ela interage?
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2:43 - 2:46Ainda mais dramático é o que nos mostrou
Alex Todorov, de Princeton, : -
2:46 - 2:50Os juízos formados, num segundo,
sobre as caras dos candidatos políticos, -
2:50 - 2:54predizem 70% do Senado dos EUA
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2:54 - 2:57e os resultados da eleições
para governador. -
2:57 - 2:59Também — passemos para o campo digital —
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2:59 - 3:03os "emoticons", se bem usados,
em negociações on-line, -
3:03 - 3:06podem levar-nos a retirar mais dividendos
na negociação em questão. -
3:06 - 3:09Usá-los mal é má ideia.
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3:09 - 3:13Quando pensamos em "não-verbais",
pensamos em como julgamos os outros, -
3:13 - 3:15como eles nos julgam
e quais são os resultados. -
3:15 - 3:18Mas tendemos a esquecer o outro público
-
3:18 - 3:21que é influenciado
pelos nossos "não-verbais". -
3:21 - 3:24Também somos influenciados por eles,
pelos nossos pensamentos, -
3:24 - 3:27pelos nossos sentimentos
e pela nossa fisiologia. -
3:27 - 3:29De que comportamentos não-verbais
estou eu a falar? -
3:29 - 3:31Sou psicóloga social.
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3:31 - 3:35Estudo o preconceito e ensino
numa escola de gestão competitiva. -
3:36 - 3:39Era inevitável que me interessasse
por dinâmicas de poder. -
3:40 - 3:43Interessei-me especialmente
por expressões não-verbais -
3:43 - 3:45de poder e domínio.
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3:46 - 3:48O que são expressões não-verbais
de poder e domínio? -
3:48 - 3:50São isto.
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3:50 - 3:53No reino animal, têm que ver com expansão.
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3:53 - 3:56Têm que ver com
tornar-se maior, esticar-se, -
3:56 - 3:59ocupar mais espaço, basicamente, abrir-se.
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3:59 - 4:02Têm que ver com abrir-se.
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4:02 - 4:06Isto é verdade em todo o reino animal,
não se limita aos primatas. -
4:07 - 4:09E os humanos fazem o mesmo.
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4:09 - 4:13Fazem-no quando têm poder,
digamos que, cronicamente, -
4:13 - 4:16e também quando estão a sentir-se
poderosos num dado momento. -
4:16 - 4:18Este caso é especialmente interessante
-
4:18 - 4:21porque nos mostra
quanto estas expressões de poder -
4:21 - 4:23são antigas e universais.
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4:23 - 4:26Esta expressão,
que é conhecida como orgulho, -
4:26 - 4:28foi estudada por Jessica Tracy.
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4:28 - 4:31Ela mostra que as pessoas
que nascem com visão -
4:31 - 4:33e as pessoas invisuais de nascença
-
4:33 - 4:36fazem isto quando ganham
uma competição física. -
4:36 - 4:39Fazem isto, quando cortam
a linha de chegada e ganham, -
4:39 - 4:41mesmo que nunca tenham visto
ninguém a fazer isto. -
4:41 - 4:44Os braços levantados em V,
o queixo ligeiramente erguido. -
4:45 - 4:47O que fazemos quando
nos sentimos sem poder? -
4:47 - 4:51Fazemos exatamente o contrário.
Fechamo-nos. Envolvemo-nos. -
4:51 - 4:54Tornamo-nos mais pequenos.
Não queremos bater na pessoa ao lado. -
4:55 - 4:58Novamente, tanto os animais como
os humanos fazem a mesma coisa. -
4:58 - 5:01E isto é o que acontece quando
juntamos alto poder e baixo poder. -
5:01 - 5:04O que temos tendência a fazer,
em relação ao poder, -
5:04 - 5:08é que complementamos
as expressões não-verbais dos outros. -
5:08 - 5:10Se alguém se mostra poderoso
em relação a nós, -
5:10 - 5:12tendemos a tornar-nos mais pequenos.
-
5:12 - 5:15Não funcionamos como espelho,
fazemos o contrário. -
5:15 - 5:18Eu observo este comportamento
na sala de aula, -
5:18 - 5:20e o que é que noto?
-
5:20 - 5:24Noto que os estudantes de MBA
-
5:24 - 5:27exibem a gama completa
das expressões não-verbais. -
5:27 - 5:30Temos pessoas que são
como que caricaturas de alfas, -
5:30 - 5:34entram na sala, vão para o meio da sala,
antes mesmo de a aula começar -
5:34 - 5:36como se quisessem ocupar espaço.
-
5:37 - 5:39Quando se sentam,
como que se esparramam. -
5:39 - 5:41Levantam a mão assim.
-
5:41 - 5:44Temos outras pessoas que,
praticamente, colapsam quando entram. -
5:44 - 5:46Vemos isso, logo que entram.
-
5:46 - 5:48Vemos-lhes isso nas faces, nos corpos,
-
5:48 - 5:50sentam-se na cadeira
e fazem-se minúsculas, -
5:50 - 5:53e fazem assim,
quando levantam a mão. -
5:53 - 5:55Há coisas que me chamam a atenção.
-
5:55 - 5:57Uma, não vos deve surpreender:
-
5:57 - 5:59parece estar relacionado
com o sexo. -
5:59 - 6:04É mais provável que as mulheres façam
este tipo de coisas do que os homens. -
6:04 - 6:07Normalmente, as mulheres sentem
menos poder do que os homens, -
6:07 - 6:09pelo que isto não causa surpresa.
-
6:09 - 6:11Outra coisa que notei
-
6:11 - 6:14também parecia relacionada
com a quantidade e qualidade -
6:14 - 6:17da participação dos estudantes.
-
6:17 - 6:20E isto é muito importante na aula do MBA,
-
6:20 - 6:23porque a participação conta
para metade da nota. -
6:24 - 6:27As escolas de gestão têm-se debatido
com esta diferença de notas entre sexos. -
6:27 - 6:30Entram mulheres e homens,
igualmente qualificados, -
6:30 - 6:33e depois temos estas
diferenças nas notas, -
6:33 - 6:36que parecem, em parte,
atribuíveis à participação. -
6:36 - 6:38Então, eu comecei a questionar-me:
-
6:38 - 6:42Ok, temos pessoas que entram assim,
e participam. -
6:42 - 6:45Seria possível conseguirmos
que as pessoas fingissem, -
6:45 - 6:47e que isso as levasse
a participar mais? -
6:48 - 6:52Então, a minha principal colaboradora,
Dana Carney, que está em Berkeley, e eu -
6:52 - 6:56quisemos saber se seria possível
fingirmos até o fazermos a sério. -
6:56 - 6:58Ou seja, podemos fazer isto
durante algum tempo -
6:58 - 7:02e obtermos um resultado comportamental
que nos faça parecer mais poderosos? -
7:02 - 7:05Sabemos que as nossas expressões
não-verbais comandam a forma -
7:05 - 7:07como os outros pensam
e sentem em relação a nós. -
7:07 - 7:11Mas a nossa questão era:
será que as nossas expressões não-verbais -
7:11 - 7:14comandam a maneira como pensamos
e nos sentimos em relação a nós próprios? -
7:14 - 7:16Há alguns indícios nesse sentido.
-
7:17 - 7:21Por exemplo, sorrimos
quando nos sentimos felizes, -
7:21 - 7:23mas também, quando somos
forçados a sorrir, -
7:23 - 7:25segurando uma caneta, com os dentes,
-
7:25 - 7:27isso faz-nos sentir felizes.
-
7:27 - 7:29Portanto, funciona nos dois sentidos.
-
7:29 - 7:33Quando se trata do poder,
também funciona nos dois sentidos. -
7:33 - 7:37Quando nos sentirmos poderosos,
é mais provável que façamos isto, -
7:37 - 7:43mas também é possível que,
quando nos fingimos poderosos, -
7:43 - 7:47tenhamos mais probabilidades
de nos sentirmos poderosos. -
7:48 - 7:50A segunda questão era:
-
7:50 - 7:53Sabemos que a nossa mente
muda o nosso corpo, -
7:53 - 7:57mas será também verdade que o nosso corpo
muda a nossa mente? -
7:57 - 8:00E quando digo mente,
no caso dos poderosos, -
8:00 - 8:01de que estou eu a falar?
-
8:01 - 8:04Estou a falar de
pensamentos e sentimentos -
8:04 - 8:06e do tipo de coisas fisiológicas
que compõem -
8:06 - 8:09os nossos pensamentos e sentimentos
e, no meu caso, das hormonas. -
8:09 - 8:11Eu analiso as hormonas.
-
8:11 - 8:13Qual é a diferença
entre a mente do poderoso -
8:13 - 8:15e a mente do que não tem poder?
-
8:15 - 8:19As pessoas poderosas tendem a ser
— não surpreendentemente — -
8:19 - 8:23mais assertivas, mais confiantes,
mais otimistas. -
8:23 - 8:26Elas realmente sentem que vão ganhar,
mesmo em jogos de sorte. -
8:26 - 8:30Também tendem a conseguir pensar
de forma mais abstrata. -
8:30 - 8:33Portanto, há muitas diferenças.
Correm mais riscos. -
8:33 - 8:35Há imensas diferenças
entre as pessoas poderosas -
8:35 - 8:36e as que não têm poder.
-
8:36 - 8:40Fisiologicamente, também há diferenças
em duas hormonas-chave: -
8:40 - 8:43na testosterona,
que é a hormona do domínio, -
8:43 - 8:46e no cortisol, que é a hormona do stress.
-
8:47 - 8:52Descobrimos que os machos alfa
de grande poder -
8:52 - 8:54nas hierarquias primatas
-
8:54 - 8:57têm alto nível de testosterona
e baixo nível de cortisol, -
8:57 - 9:00e os líderes poderosos
e eficazes também têm -
9:00 - 9:03a testosterona alta
e o cortisol baixo. -
9:03 - 9:05O que é que isto significa?
-
9:05 - 9:06Quando se pensa em poder,
-
9:06 - 9:08as pessoas pensam apenas na testosterona,
-
9:08 - 9:10por se relacionar com o domínio.
-
9:10 - 9:13Mas o poder também
tem que ver com a reação ao stress. -
9:13 - 9:16Acaso queremos um líder de alto poder
que seja dominante, -
9:16 - 9:19com alta testosterona, mas que
reaja muito ao stress? -
9:19 - 9:20Provavelmente não, não é?
-
9:20 - 9:23Queremos a pessoa que é poderosa,
assertiva e dominante, -
9:23 - 9:27mas não muito reativa ao stress,
uma pessoa descontraída. -
9:28 - 9:32Sabemos que, nas hierarquias dos primatas,
-
9:32 - 9:37se um alfa precisa de assumir,
se um individuo precisa de assumir -
9:37 - 9:39um papel de alfa repentinamente,
-
9:39 - 9:43em poucos dias a testosterona
desse indivíduo sobe significativamente -
9:43 - 9:46e o seu cortisol baixa significativamente.
-
9:46 - 9:50Portanto, temos este indício,
de que o corpo pode enformar a mente -
9:50 - 9:51— pelo menos a nível facial —
-
9:51 - 9:55mas também que as mudanças de papel
podem enformar a mente. -
9:55 - 9:58O que acontece
— certo, mudamos de papel — -
9:58 - 10:01o que acontece se fizermos isso
a um nível mínimo, -
10:01 - 10:03como esta pequena manipulação,
esta pequena intervenção? -
10:03 - 10:07Digo: "Durante dois minutos,
quero que fiquem de pé. -
10:07 - 10:09"Isso vai fazer-vos sentir
mais poderosos." -
10:10 - 10:11Foi o que fizemos.
-
10:11 - 10:15Decidimos levar pessoas para o laboratório
e fazer uma pequena experiência, -
10:15 - 10:19e essas pessoas adotaram,
durante dois minutos, -
10:19 - 10:23poses de grande poder
ou poses de baixo poder, -
10:23 - 10:25Vou mostrar-vos cinco dessas poses,
-
10:25 - 10:27embora eles tenham adotado apenas duas.
-
10:28 - 10:29Esta é uma delas.
-
10:30 - 10:32Mais algumas.
-
10:32 - 10:36Esta recebeu dos "media" a alcunha
de "Mulher-Maravilha". -
10:37 - 10:38Estas são mais algumas.
-
10:38 - 10:41Pode-se estar de pé ou sentado.
-
10:41 - 10:43Estas são poses de baixo poder.
-
10:43 - 10:45A pessoa está dobrada,
a tornar-se pequena. -
10:46 - 10:48Esta é de muito baixo poder.
-
10:48 - 10:52Quando tocamos no pescoço,
estamos a proteger-nos. -
10:53 - 10:54A coisa passa-se assim:
-
10:54 - 10:57Eles entram, cospem para um frasco,
-
10:57 - 11:00dizemos: "Durante dois minutos,
têm de fazer isto ou isto". -
11:00 - 11:01Eles não veem imagens das poses.
-
11:01 - 11:04Não queremos incutir-lhes
um conceito de poder. -
11:04 - 11:05Queremos que sintam poder.
-
11:05 - 11:07Fazem isto durante dois minutos.
-
11:07 - 11:10Depois, perguntamos-lhes:
"Quão poderoso se sente?" -
11:10 - 11:13e, em seguida,
damos-lhes a oportunidade de jogar, -
11:13 - 11:16após o que voltamos a recolher
uma amostra de saliva. -
11:16 - 11:18E pronto. Esta é a experiência.
-
11:18 - 11:21Descobrimos isto: quanto à tolerância
ao risco — que é o jogo — -
11:21 - 11:24descobrimos que quando
estamos na pose de alto poder, -
11:24 - 11:2786% das pessoas arrisca.
-
11:28 - 11:30Quando estamos na posse de baixo poder,
-
11:30 - 11:33apenas 60%, e essa diferença
é bastante significativa. -
11:33 - 11:36Isto é o que encontramos
a respeito da testosterona. -
11:36 - 11:39A partir da linha de base, quando entram,
as pessoas do alto poder -
11:39 - 11:42experimentam um aumento
de cerca de 20%. -
11:42 - 11:46e as pessoas do baixo poder experimentam
uma descida de cerca de 10%. -
11:46 - 11:49Repito, bastam dois minutos
e observamos estas mudanças. -
11:49 - 11:52Isto é o que obtivemos quanto ao cortisol.
-
11:52 - 11:55As pessoas do alto poder experimentam
uma descida de cerca de 25%, -
11:55 - 11:59e as pessoas de baixo poder experimentam
um aumento de cerca de 15%. -
11:59 - 12:02Dois minutos levam
a estas mudanças hormonais -
12:02 - 12:04que basicamente configuram
o nosso cérebro, -
12:04 - 12:08quer para ser assertivo,
confiante e confortável, -
12:08 - 12:13quer para ser bastante reativo ao stress
e sentir-se como que desligado. -
12:13 - 12:16Já todos tivemos essa sensação, não é?
-
12:16 - 12:18Parece que as nossas expressões
não verbais comandam -
12:18 - 12:21a forma como pensamos e nos sentimos
a respeito de nós próprios. -
12:21 - 12:24Não são só os outros,
mas também nós mesmos. -
12:24 - 12:26Igualmente, o nosso corpo
altera a nossa mente. -
12:26 - 12:28Mas a próxima questão,
evidentemente, é: -
12:28 - 12:30A pose de poder,
durante alguns minutos, -
12:30 - 12:32pode mudar a nossa vida
de modo significativo? -
12:32 - 12:34Isto passa-se no laboratório.
-
12:34 - 12:37É uma tarefa pequena,
durante alguns minutos apenas. -
12:37 - 12:40Onde podemos aplicar isto de forma útil?
-
12:40 - 12:44Pensamos que o que nos interessa
-
12:44 - 12:48é usar isto em situações de avaliação,
como situações de ameaça social, -
12:48 - 12:51em que estejamos a ser avaliados
até pelos nossos amigos, -
12:51 - 12:54como acontece com os adolescentes
à mesa da cantina. -
12:54 - 12:58Há pessoas que podem ter que falar
numa reunião do conselho escolar. -
12:58 - 13:00Podem ter que fazer um discurso
-
13:00 - 13:02ou uma palestra como esta,
-
13:02 - 13:05ou irem a uma entrevista para um emprego.
-
13:05 - 13:08Pensámos que a situação com que a maioria
das pessoas se identificaria, -
13:08 - 13:11seria a entrevista de emprego.
-
13:11 - 13:15Depois, publicámos estas descobertas,
e os "media" disseram: -
13:15 - 13:17"Muito bem, então isto é
o que devemos fazer -
13:17 - 13:19"quando vamos a uma entrevista
de emprego?" -
13:19 - 13:20(Risos)
-
13:20 - 13:22Claro que ficámos horrorizadas
e dissemos: -
13:22 - 13:25"Céus! Não era nada disso
que queríamos dizer. -
13:25 - 13:27"Por inúmeras razões, não façam isso!"
-
13:27 - 13:30Repito, isto não tem que ver convosco
a falar com os outros. -
13:30 - 13:31São vocês a falar convosco.
-
13:31 - 13:34O que é que fazem quando vão
a uma entrevista de emprego? -
13:34 - 13:36Estão sentados,
a olhar para o vosso iPhone -
13:36 - 13:39ou para o vosso Android,
tentando não excluir ninguém. -
13:39 - 13:41Estão a olhar para as vossas notas,
-
13:41 - 13:43estão curvados, a fazer-se pequenos,
-
13:43 - 13:47quando deviam estar a fazer isto,
por exemplo, na casa de banho -
13:47 - 13:49Façam isso, durante dois minutos.
-
13:49 - 13:51É isso que pretendemos testar.
-
13:51 - 13:52Levámos as pessoas para o laboratório,
-
13:52 - 13:55elas voltam a fazer poses,
de alto-poder, de baixo-poder, -
13:55 - 13:58e são submetidas a uma entrevista
de emprego muito stressante. -
13:58 - 14:02Tem a duração de 5 minutos.
Estão a ser filmados. -
14:02 - 14:04Também estão a ser julgados,
-
14:04 - 14:08e os juízes estão preparados
para não terem reações não-verbais, -
14:08 - 14:10por isso têm este aspeto.
-
14:10 - 14:13Imaginem que esta é a pessoa
que vos está a entrevistar. -
14:13 - 14:17Durante 5 minutos, nada, e isso é pior
do que ser-se interrogado publicamente. -
14:17 - 14:19As pessoas detestam isto.
-
14:19 - 14:23É aquilo a que Marianne LaFrance chama
"estar de pé em areia movediça social". -
14:23 - 14:25Isto provoca-nos picos de cortisol.
-
14:25 - 14:27Esta é a entrevista de emprego
a que os sujeitámos, -
14:27 - 14:29porque queríamos ver o que acontecia.
-
14:29 - 14:32Depois, quatro codificadores
analisam estas gravações. -
14:32 - 14:35Eles ignoram a hipótese colocada.
Ignoram as condições. -
14:35 - 14:38Não fazem ideia das poses
adotadas por cada um. -
14:38 - 14:43Quando acabam de analisar
todo o conjunto de gravações, dizem: -
14:43 - 14:44"Queremos contratar estas pessoas"
-
14:44 - 14:46— os que adotaram poses de alto-poder.
-
14:46 - 14:48"Não queremos contratar estas.
-
14:48 - 14:52"A nossa avaliação daquelas pessoas
é muito mais positiva globalmente." -
14:52 - 14:56Mas o que é que leva a isto?
Não é o conteúdo do discurso. -
14:56 - 14:59É a presença que trazem para o discurso.
-
14:59 - 15:01Nós classificámo-los
em todas estas variáveis -
15:01 - 15:04relacionadas com a competência,
como o grau de estruturação -
15:04 - 15:07do seu discurso, a sua qualidade,
quais as suas qualificações. -
15:07 - 15:10Não houve efeito quanto a estas coisas.
Isto é que foi afetado. -
15:10 - 15:13Este tipo de coisas.
As pessoas mostram-se como são. -
15:13 - 15:15Mostram-se a si próprias.
-
15:15 - 15:17Apresentam as suas ideias,
mas como elas próprias, -
15:17 - 15:20sem qualquer resíduo sobre si.
-
15:20 - 15:24Isto é o que dirige o efeito,
ou medeia o efeito. -
15:24 - 15:29Quando digo às pessoas,
que o nosso corpo muda a nossa mente -
15:29 - 15:31e a nossa mente pode mudar
o nosso comportamento, -
15:31 - 15:34e que o nosso comportamento pode
mudar os resultados, dizem-me: -
15:34 - 15:36"Eu não... parece falso".
-
15:36 - 15:39Eu digo: "Finjam até que se torne real."
"Eu não... não sou eu. -
15:39 - 15:43"Não quero chegar lá e depois
continuar a sentir que sou uma fraude. -
15:43 - 15:45"Não quero sentir-me como um impostor.
-
15:45 - 15:48"Não quero chegar lá para depois
sentir apenas que não devia estar ali." -
15:48 - 15:50Isso encontrou eco em mim,
-
15:50 - 15:53porque... quero contar-vos
uma pequena história -
15:53 - 15:56sobre ser-se um impostor
e sentir-se que não se devia estar ali. -
15:56 - 15:59Quando eu tinha 19 anos, sofri um acidente
de automóvel muito grave. -
15:59 - 16:02Fui projetada para fora do carro,
dei várias voltas. -
16:02 - 16:06Fui projetada para fora do carro
e acordei numa ala de reabilitação -
16:06 - 16:08para doentes com traumatismo craniano.
-
16:08 - 16:15Saí da faculdade e soube que o meu QI
tinha descido dois desvios-padrão, -
16:15 - 16:18o que foi muito traumatizante.
-
16:18 - 16:21Eu conhecia o meu QI, porque
tinha sido classificada como inteligente -
16:21 - 16:23e em criança tinham-me
declarado sobredotada. -
16:23 - 16:26Saio da faculdade, tento sempre
regressar, mas dizem-me: -
16:26 - 16:28"Não vais conseguir terminar a faculdade.
-
16:28 - 16:30"Há outras coisas que podes fazer,
-
16:30 - 16:33"mas isso não vai resultar contigo."
-
16:33 - 16:36Debati-me com isto e, devo dizer,
-
16:36 - 16:39ser-nos roubada a identidade,
a nossa mais profunda identidade -
16:39 - 16:41— que para mim era ser inteligente —
-
16:41 - 16:45não há nada que nos faça sentir
com menos poder do que isso. -
16:45 - 16:47Eu sentia-me completamente impotente.
-
16:47 - 16:51Trabalhei muito e tive sorte,
trabalhei e tive sorte. -
16:51 - 16:53Acabei por me formar na faculdade.
-
16:53 - 16:56Levei mais quatro anos
do que os meus colegas, -
16:56 - 17:00mas convenci alguém,
o meu anjo conselheiro, Susan Fiske, -
17:00 - 17:03a levar-me, e acabei em Princeton.
-
17:03 - 17:05Eu sentia: eu não devia estar aqui.
-
17:06 - 17:07Sou uma impostora.
-
17:07 - 17:10Na noite anterior à minha
palestra do primeiro ano -
17:10 - 17:13— em Princeton, é uma palestra
de 20 minutos, para 20 pessoas — -
17:13 - 17:16eu tinha tanto medo de ser
desmascarada no dia seguinte, -
17:16 - 17:19que lhe telefonei e disse:
"Desisto". -
17:19 - 17:21Ela disse:
"Não vais nada desistir, -
17:21 - 17:23porque eu apostei em ti,
e vais ficar. -
17:23 - 17:26Vais ficar, e vais fazer o seguinte:
-
17:26 - 17:27vais fingir.
-
17:27 - 17:31Vais fazer todas as palestras
que te pedirem para fazeres. -
17:31 - 17:33Vais fazer e voltar a fazer,
-
17:33 - 17:35mesmo que estejas
aterrorizada e paralisada -
17:35 - 17:38e a ter uma experiência
fora-do-corpo, -
17:38 - 17:41até chegar o momento em que dizes:
"Meu Deus, estou a fazer isto. -
17:41 - 17:44"Ou seja, tornei-me nisto.
Estou realmente a fazer isto." -
17:44 - 17:46Foi isso que fiz.
Cinco anos de pós-graduação, -
17:46 - 17:48alguns anos, sabem,
estou em Northwestern, -
17:48 - 17:51mudei-me para Harvard,
estou em Harvard. -
17:51 - 17:54Já não penso mais nisso agora,
mas durante muito tempo pensei: -
17:54 - 17:57"Não devia estar aqui.
Não devia estar aqui". -
17:57 - 17:59No fim do meu primeiro ano em Harvard,
-
17:59 - 18:04uma aluna que não tinha falado na aula
durante todo o semestre, -
18:04 - 18:07a quem eu tinha dito:
"Tens que participar senão reprovas", -
18:07 - 18:09veio ao meu gabinete.
Na realidade eu não a conhecia. -
18:09 - 18:14Ela vinha extremamente abatida,
e disse: -
18:14 - 18:16"Eu não devia estar aqui".
-
18:20 - 18:24Aquele momento foi importante para mim.
Porque aconteceram duas coisas. -
18:24 - 18:25A primeira, foi que compreendi:
-
18:25 - 18:28"Meu Deus, já não me sinto assim.
-
18:28 - 18:31Já não sinto aquilo, mas ela sente,
e eu sei qual é essa sensação. -
18:31 - 18:33A segunda foi: "Ela tem que estar aqui!"
-
18:33 - 18:36Ela pode fingir, ela pode conseguir ser.
-
18:36 - 18:39Então, disse-lhe: "Sim, deves!
Tu deves estar aqui! -
18:39 - 18:43"E amanhã vais fingir,
vais fazer-te poderosa e vais... -
18:44 - 18:47(Aplausos)
-
18:49 - 18:53"... vais entrar na sala de aula,
-
18:53 - 18:55"e vais fazer o melhor
comentário de sempre." -
18:55 - 18:58Sabem? Ela fez o melhor
comentário de sempre, -
18:58 - 19:00e as pessoas voltavam-se e diziam:
-
19:00 - 19:03"Meu Deus, eu nem sequer tinha reparado
que ela estava ali sentada" -
19:03 - 19:06Ela veio ter comigo uns
meses mais tarde, e eu compreendi -
19:06 - 19:08que ela tinha fingido
até conseguir fazer, -
19:08 - 19:11e também tinha fingido
até se tornar nisso. -
19:11 - 19:13Portanto, ela tinha mudado.
-
19:13 - 19:17E quero dizer-vos,
não finjam até conseguirem fazer. -
19:17 - 19:19Finjam até se tornarem nisso.
-
19:19 - 19:23Façam-no até se tornarem verdadeiramente
nisso e interiorizarem-no. -
19:23 - 19:26A última coisa com que vos deixo é isto:
-
19:26 - 19:30Pequenos ajustes podem conduzir
a grandes mudanças. -
19:30 - 19:33Portanto, são dois minutos.
-
19:33 - 19:35Dois minutos, dois minutos,
dois minutos. -
19:35 - 19:38Antes de irem para a próxima situação
de avaliação stressante, -
19:38 - 19:42tentem fazer isto, durante dois minutos,
no elevador, na casa de banho, -
19:42 - 19:44à vossa secretária, com a porta fechada.
-
19:44 - 19:45É o que vocês querem fazer.
-
19:45 - 19:49Configurem o cérebro para lidar
o melhor possível com aquela situação. -
19:49 - 19:51Elevem a vossa testosterona.
Baixem o vosso cortisol. -
19:51 - 19:55Não saiam daquela situação a sentir
que não mostraram quem são. -
19:55 - 19:58Saiam dali a sentir:
"Oh, apetece-me dizer quem sou -
19:58 - 19:59"e mostrar quem sou."
-
19:59 - 20:01Então, quero pedir-vos,
-
20:01 - 20:05primeiro, que tentem poses de poder,
-
20:05 - 20:07e também quero pedir-vos
-
20:07 - 20:10que partilhem a ciência,
porque isto é simples. -
20:10 - 20:12O meu ego não está aqui envolvido.
-
20:12 - 20:14Divulguem. Partilhem com as pessoas,
-
20:14 - 20:17porque as pessoas que mais podem
beneficiar com isto -
20:17 - 20:22são as que não têm recursos,
nem tecnologia, nem status, nem poder. -
20:22 - 20:25Deem-lhes isto, porque podem
fazê-lo em privado. -
20:25 - 20:28Só precisam do corpo,
privacidade e dois minutos. -
20:28 - 20:31Isso pode mudar significativamente
a vida delas. -
20:31 - 20:32Obrigada.
-
20:32 - 20:35(Aplausos)
- Title:
- A nossa linguagem corporal modela quem somos
- Speaker:
- Amy Cuddy
- Description:
-
A linguagem corporal influencia o modo como os outros nos veem, mas pode também mudar a forma como nos vemos a nós próprios. A psicóloga social Amy Cuddy argumenta que "adotar poses de poder" — assumir uma postura confiante, mesmo quando não nos sentimos confiantes — pode aumentar a autoconfiança e ter impacto nas nossas hipóteses de sucesso. (Nota: Algumas das descobertas apresentadas nesta palestra têm sido referidas num debate que decorre atualmente entre sociólogos sobre a robustez e a reprodutibilidade. Leia a resposta de Amy Cuddy em "Saiba mais", abaixo.)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 21:02
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Your body language may shape who you are | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Your body language may shape who you are | ||
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