O que é um "squillo" e porque é que os cantores de ópera precisam dele? — Ming Luke
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0:07 - 0:09Dominada por uma paixão vingativa,
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0:09 - 0:12a Rainha da Noite chora no meio do palco.
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0:12 - 0:15Começa a cantar a sua ária principal,
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0:15 - 0:18uma das partes mais conhecidas
da adorada ópera de Mozart, -
0:18 - 0:19"A Flauta Mágica".
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0:20 - 0:22A orquestra enche a sala de música,
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0:22 - 0:26mas a voz da rainha destaca-se
acima dos instrumentos. -
0:26 - 0:29A sua melodia ressoa por entre
milhares de admiradores, -
0:29 - 0:31chegando aos lugares
à distância de 40 metros, -
0:31 - 0:34tudo sem a ajuda de um microfone.
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0:34 - 0:38Como é possível que uma simples voz
possa ser ouvida tão nitidamente, -
0:38 - 0:41por cima do poder
de dezenas de instrumentos? -
0:41 - 0:44A resposta está na física da voz humana
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0:44 - 0:48e na técnica cuidadosamente afinada
por um cantor de ópera experiente. -
0:49 - 0:52Toda a música neste teatro
provém das vibrações -
0:52 - 0:54criadas pelos instrumentos,
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0:54 - 0:58quer se trate das cordas de um violino,
ou das cordas vocais dum executante. -
0:58 - 1:03Essas vibrações enviam ondas pelo ar,
interpretadas pelo nosso cérebro como som. -
1:03 - 1:05A frequência dessas vibrações
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1:05 - 1:08— especificamente, o número
de ondas por segundo — -
1:08 - 1:12representa como o nosso cérebro
determina a intensidade duma só nota. -
1:12 - 1:14Com efeito, cada nota que escutamos
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1:14 - 1:17é uma combinação de múltiplas vibrações.
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1:17 - 1:21Imaginem a corda duma guitarra
que vibra na frequência mais baixa. -
1:21 - 1:23Chama-se a isso "tom fundamental"
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1:23 - 1:26e esta intensidade baixa
é o que os nossos ouvidos usam -
1:26 - 1:28para identificar uma nota.
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1:28 - 1:31Mas esta vibração mais baixa
provoca frequências adicionais -
1:31 - 1:33chamadas "sobretons".
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1:33 - 1:36que formam uma camada
por cima do tom fundamental. -
1:36 - 1:39Esses sobretons decompõem-se
em frequências específicas -
1:39 - 1:41chamadas harmónicas, ou parciais.
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1:41 - 1:46É manipulando-as que os cantores
de ópera fazem a sua magia. -
1:46 - 1:50Cada nota tem um conjunto de frequências
que abrange a sua série harmónica. -
1:51 - 1:55O primeiro parcial vibra com o dobro
da frequência do tom fundamental. -
1:55 - 1:58O parcial seguinte
é o triplo da frequência -
1:58 - 2:00do tom fundamental, e por aí adiante.
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2:00 - 2:02Praticamente todos
os instrumentos acústicos -
2:02 - 2:04produzem séries harmónicas
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2:04 - 2:06mas a forma e o material
de cada instrumento -
2:06 - 2:08altera o equilíbrio das suas harmónicas.
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2:08 - 2:13Por exemplo, uma flauta realça
os primeiros parciais -
2:15 - 2:18mas, no registo mais baixo
de um clarinete, -
2:18 - 2:21os parciais de número ímpar
ressoam mais fortemente. -
2:21 - 2:23A força dos diversos parciais
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2:23 - 2:27faz parte do que dá a cada instrumento
a sua assinatura sonora especial. -
2:27 - 2:29Também afeta a capacidade
de um instrumento -
2:29 - 2:32de se destacar no meio duma multidão,
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2:32 - 2:34porque os nossos ouvidos estão
mais fortemente sintonizados -
2:35 - 2:37numas frequências do que noutras.
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2:37 - 2:41Este é o segredo do poder de projeção
de um cantor de ópera. -
2:41 - 2:43Uma soprano lírica
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2:43 - 2:45— a mais alta das quatro vozes padrão —
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2:45 - 2:48pode produzir notas
com frequências fundamentais, -
2:48 - 2:53que vão das 250 às 1500
vibrações por segundo. -
2:53 - 2:56Os ouvidos humanos são
mais sensíveis às frequências -
2:56 - 3:00entre as 2000 e as 5000
vibrações por segundo. -
3:00 - 3:04Assim, se o cantor pode fazer realçar
os parciais nesta gama, -
3:04 - 3:08pode visar um belo local sensorial
onde seja mais provável ser ouvido. -
3:08 - 3:11Os parciais mais altos também
são vantajosos -
3:11 - 3:14porque há menos competição
por parte da orquestra -
3:14 - 3:17cujos sobretons são mais fracos
nessas frequências. -
3:17 - 3:20O resultado de realçar esses parciais
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3:20 - 3:24é um timbre distinto de campainha
chamado o "squillo" dum cantor. -
3:25 - 3:27Os cantores de ópera
trabalham durante décadas -
3:27 - 3:29para criar o seu "squillo".
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3:29 - 3:31Podem produzir frequências mais altas
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3:31 - 3:35modificando a forma e a tensão
das suas cordas vocais e do trato vocal. -
3:35 - 3:39Alterando a posição
da língua e dos lábios, -
3:39 - 3:42acentuam alguns sobretons
enquanto aprofundam outros. -
3:43 - 3:46Os cantores também aumentam
a gama de parciais com o "vibrato" -
3:47 - 3:51— um efeito musical em que uma nota
oscila levemente de intensidade. -
3:51 - 3:54Isso cria um som mais cheio
que ressoa por cima dos "vibratos", -
3:54 - 3:57comparativamente estreitos,
dos instrumentos. -
3:57 - 3:59Depois de terem os parciais adequados,
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3:59 - 4:02empregam outras técnicas
para reforçar o seu volume. -
4:02 - 4:06Os cantores expandem a capacidade
dos pulmões e aperfeiçoam a postura -
4:06 - 4:09para um fluxo de ar
consistente e controlado. -
4:09 - 4:11A sala de concertos também ajuda
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4:11 - 4:14com superfícies rígidas que refletem
as ondas de som para a audiência. -
4:15 - 4:17Todos os cantores tiram partido
destas técnicas -
4:17 - 4:21mas as diversas assinaturas vocais
exigem diferentes preparativos físicos. -
4:22 - 4:24Um cantor wagneriano
precisa de criar resistência -
4:24 - 4:28para alimentar a epopeia
de quatro horas do compositor. -
4:28 - 4:32Enquanto os cantores de "bel canto"
exigem cordas vocais versáteis -
4:32 - 4:35para saltitar entre as árias acrobáticas.
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4:35 - 4:37A biologia também estabelece
alguns limites -
4:37 - 4:40— nem todas as técnicas são adequadas
para todos os tipos de músculos -
4:40 - 4:43e a voz muda à medida
que os cantores envelhecem. -
4:43 - 4:46Mas, seja numa sala de ópera,
seja no chuveiro, -
4:46 - 4:49estas técnicas podem transformar
vozes sem amplificação -
4:49 - 4:52em retumbantes obras-primas musicais.
- Title:
- O que é um "squillo" e porque é que os cantores de ópera precisam dele? — Ming Luke
- Speaker:
- Ming Luke
- Description:
-
Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/what-s-a-squillo-and-why-do-opera-singers-need-it-ming-luke
Uma orquestra enche um teatro de ópera com música, mas a voz de um cantor destaca-se acima dos instrumentos. A sua melodia ressoa por entre milhares de admiradores — tudo sem a ajuda de um microfone. Como é possível que uma simples voz pode ser ouvida tão nitidamente? A resposta está na física da voz humana. Ming Luke explica a técnica cuidadosamente estudada de um experiente cantor de ópera.
Lição de Ming Luke, realização de Franz Palomares.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:52
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