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Rubens, Chegada (ou Desembarque) de Maria de Médici em Marselha, 1621-25

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    Estamos no Louvre,
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    observando o monumental Ciclo de Maria
    de Médici, pintado por Peter Paul Rubens.
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    São 24 telas pintadas por Rubens por mais
    de quatro anos com a ajuda de seu ateliê.
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    De acordo com o contrato, ele deveria
    pintar todas as pessoas
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    mas seus assistentes
    poderiam pintar o resto.
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    Essa foi uma grande encomenda feita por
    uma das mulheres mais poderosas
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    da Europa àquele tempo,
    senão a mais poderosa.
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    Seu pai era o duque da Toscana,
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    e seu marido era
    Henrique IV, rei da França.
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    Este ciclo é uma comemoração
    aos maiores eventos de sua vida.
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    Mas eu preciso dizer,
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    é um absurdo em sua pompa.
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    É um exagero completo.
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    Esta é uma mulher que teve eventos
    significativos em sua vida,
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    e certamente foi extremamente
    rica e poderosa.
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    Mesmo assim, Rubens teve que se esforçar
    e trazer cada elemento mitológico que pode
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    para completar um ciclo que só podemos
    descrever como dedicado ao ego dela.
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    Na realidade, ela teve uma vida
    interessante e problemática.
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    Houveram vários escândalos, como por
    exemplo com seu filho,que seria Luís XIII.
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    Ele era muito novo para
    assumir o trono e, por isso,
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    ela estava governando a
    França como regente.
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    Mas quando ele atingiu a idade
    necessária, ela continuou governando.
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    Não deixou que ele assumisse o trono
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    e quando ele estava velho e com autoridade
    o suficiente para dizer "Não, é minha vez"
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    ele a baniu da França e não
    deixou que voltasse por anos.
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    E é possível entender porquê,
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    Maria era extremamente
    ambiciosa e poderosa
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    seria difícil governar em sua presença.
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    Em sua sombra.
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    Vamos dar uma olhada na nona
    pintura nesta série de 24.
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    É de quando ela está indo para
    França a partir da Itália
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    e é chamada "O Desembarque em Marselha",
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    e por mais que sair de um barco não seja
    visto como um momento triunfante,
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    Rubens consegue fazer com que
    a cena, por si só, pareça triunfante.
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    Sim, ela é a rainha,
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    Vitória está acima dela com
    trombetas anunciando sua chegada.
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    Isso. E não apenas uma,
    mas duas trombetas.
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    Este é o começo da realização de
    seu destino como rainha da França.
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    E vemos também França
    personificada em uma pessoa
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    que parece estar se preparando
    para ajoelhar frente à ela,
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    usando uma capa azul com
    flores de lis douradas.
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    Que é o símbolo da
    família real da França.
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    Atrás dela há um cavaleiro
    de Malta que observa a cena.
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    Há esse navio incrível,
    fortemente forjado.
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    O céu está, do modo mais barroco possível,
    vibrando e cheio de energia
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    mas não há nada que se compare com
    o que está acontecendo abaixo da prancha.
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    Isso mesmo. Temos três nereidas ou
    ninfas do mar abaixo dela
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    junto com os deuses dos mares,
    que estão se contorcendo.
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    É quase como se eles fossem o próprio mar.
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    Como se seus corpos fossem as ondas.
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    Há essa tremenda carga
    de energia e beleza.
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    Observe o trabalho das cores
    e as torções dos corpos
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    A dramaticidade de suas poses
    contrasta com a magnificência
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    e pompa de Maria de Médici logo acima.
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    É possível notar que eles estão a ajudando
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    segurando firme o navio para que
    ela possa andar mais facilmente.
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    Esses deuses e deusas pagãs
    e figuras de vitória
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    estão todos à serviço do destino de
    Maria de Médici como rainha.
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    E é curioso que ela está
    em pouca evidência
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    se comparada às ninfas, que
    ocupam mais que um terço da tela.
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    Agora que deixamos claro que
    a obra é completamente exagerada,
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    vamos dar uma olhada
    mais de perto na pintura.
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    Ok.
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    Então, a tela está pendurada a
    um metro e vinte do chão,
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    de modo que, olhando para cima,
    vemos os deuses do mar e as ninfas,
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    No jeito característico de
    Rubens de lidar com a tinta,
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    há uma carga muito grande
    de movimento e energia.
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    Os cabelos e barba grisalhos
    do deus do mar logo à frente
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    me chamaram muito a atenção.
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    Se olhar logo abaixo dele,
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    é possível ver algumas pinceladas fortes.
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    Este é o tipo de força e
    energia que Rubens tem.
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    E observe a coloração das nereidas.
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    Elas tem muitos tons de
    rosa, amarelo, verde e azul.
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    E observe também toda
    a perspectiva aplicada.
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    Há um poste que uma das
    Nereidas está segurando
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    e tentando amarrar uma corda que
    está se movendo para o nosso espaço.
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    O deus do mar mencionado há pouco está
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    esticando seu braço para o fundo.
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    Tudo na parte de baixo desta
    tela está em movimento.
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    Fico encantado com o modo que seus
    olhos estão absolutamente vivos com
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    pontos de tinta branca transformando-se
    nessa bela superfície espelhada.
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    É possível ver isso nas pérolas
    nos cabelos das mulheres
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    e nas gotas de água que
    escorrem de seus corpos.
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    Essas 24 telas não estavam, claro,
    dispostas originalmente no Louvre.
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    Elas estavam no Palácio do
    Luxemburgo, que era,
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    na verdade, o palácio de Maria de Médici,
    construído em semelhança ao de Florença.
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    É bastante divertido ir
    de uma tela para outra
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    e ler a história dos grandes
    momentos de sua vida.
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    [música]
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    Legendado por Lucas Nabesima
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    Este vídeo foi possível por uma
    contribuição de Tania Odessa.
Title:
Rubens, Chegada (ou Desembarque) de Maria de Médici em Marselha, 1621-25
Description:

Peter Paul Rubens, Chegada (ou Desembarque) de Maria de Médici em Marselha, 1621-25, óleo em tela, 394 x 295 cm (Museu do Louvre, Paris)

Palestrantes: Drs. Beth Harris e Steven Zucker

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Video Language:
English
Duration:
05:24

Portuguese, Brazilian subtitles

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