Precisamos de melhores drogas, já!
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0:01 - 0:03Peço-vos que respondam levantando as vossas mãos.
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0:03 - 0:07Quantas pessoas têm acima de 48 anos?
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0:07 - 0:10Bem, parecem ser bastantes.
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0:10 - 0:12Ora, parabéns,
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0:12 - 0:16porque se observarem este slide particular da esperança de vida nos EUA,
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0:16 - 0:19vocês estão agora acima da esperança média de vida
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0:19 - 0:22de alguém que nasceu em 1900.
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0:22 - 0:25Mas vejam o que aconteceu no decurso desse século.
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0:25 - 0:27Se seguirem a curva,
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0:27 - 0:30verão que se inicia ali em baixo.
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0:30 - 0:32Ali está aquela inflexão relativa à gripe de 1918.
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0:32 - 0:35E aqui estamos em 2010,
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0:35 - 0:38a esperança média de vida de uma criança nascida hoje
é 79 anos -
0:38 - 0:40e ainda não terminamos.
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0:40 - 0:41Estas são as boas notícias.
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0:41 - 0:43Mas ainda existe muito trabalho a fazer.
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0:43 - 0:44Então, por exemplo, se perguntarem
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0:44 - 0:47a quantas doenças é que hoje conhecemos
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0:47 - 0:49a base molecular exacta?
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0:49 - 0:53Acontece que são cerca de 4.000, o que é espantoso,
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0:53 - 0:55porque a maioria destas descobertas moleculares
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0:55 - 0:58ocorreu apenas nos últimos tempos.
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0:58 - 1:01É entusiasmante ver isso do ponto de vista
do que aprendemos -
1:01 - 1:03mas quantas dessas 4.000 doenças
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1:03 - 1:05têm tratamento disponível neste momento?
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1:05 - 1:07Apenas cerca de 250.
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1:07 - 1:10Temos então este enorme desafio, esta enorme lacuna.
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1:10 - 1:13Poderiam pensar que isto não seria muito difícil,
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1:13 - 1:14que simplesmente teríamos a capacidade
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1:14 - 1:17de pegar nesta informação fundamental
que estamos a aprender -
1:17 - 1:20sobre como é que essa biologia básica nos ensina
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1:20 - 1:22sobre as causas das doenças
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1:22 - 1:25e construir uma ponte sobre esta lacuna abismal
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1:25 - 1:28entre aquilo que aprendemos sobre ciência básica
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1:28 - 1:29e a sua aplicação prática,
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1:29 - 1:32uma ponte que se assemelharia a isto,
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1:32 - 1:36onde teriam de construir uma bela e brilhante via
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1:36 - 1:39para chegar de uma à outra margem.
[Conhecimento fundamental]
[Aplicação desse conhecimento fundamental] -
1:39 - 1:42Bem, não seria fantástico se fosse assim tão fácil?
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1:42 - 1:44Infelizmente, não é.
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1:44 - 1:46Na realidade, tentar partir do conhecimento fundamental
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1:46 - 1:49para a sua aplicação é mais assim.
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1:49 - 1:51Não existem pontes brilhantes.
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1:51 - 1:52Vocês a modo que colocam apostas.
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1:52 - 1:54Talvez tenham um nadador e um barco a remos
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1:54 - 1:56e um barco à vela e um rebocador
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1:56 - 1:58e estes são largados ao seu destino,
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1:58 - 2:00e vêm as chuvas e os trovões relampejam,
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2:00 - 2:02e oh senhores, existem tubarões na água
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2:02 - 2:04e o nadador fica em apuros,
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2:04 - 2:05e, hum, o nadador afoga-se
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2:05 - 2:09e o barco à vela vira-se,
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2:09 - 2:10e aquele rebocador, bem, ele vai contra as rochas,
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2:10 - 2:13e talvez se tiverem sorte, algum consegue atravessar.
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2:13 - 2:15Bem, como é que isto é na realidade?
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2:15 - 2:17Bem, o que é que custa afinal construir
um método terapêutico? -
2:17 - 2:20O que é uma droga? Uma droga é feita
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2:20 - 2:22de pequenas moléculas de hidrogénio, carbono,
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2:22 - 2:25oxigénio, azoto e mais alguns outros átomos
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2:25 - 2:27todos conjugados de uma certa forma,
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2:27 - 2:29e são essas formas específicas que determinam
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2:29 - 2:33se aquela droga particular vai de facto atingir o alvo.
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2:33 - 2:35Vai aterrar onde é suposto?
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2:35 - 2:38Olhem então esta figura aqui - uma série de formas a dançar para vocês.
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2:38 - 2:40O que precisam de fazer, se estão
a tentar desenvolver -
2:40 - 2:42um novo tratamento para o autismo
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2:42 - 2:44ou a doença de Alzheimer ou o cancro
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2:44 - 2:46é encontrar a forma certa dentro desta mistura
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2:46 - 2:49que vai provocar o benefício desejado e que é segura.
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2:49 - 2:52E quando observam o que acontece naquele gargalo,
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2:52 - 2:53começam com talvez milhares,
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2:53 - 2:55dezenas de milhar de compostos.
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2:55 - 2:57Vão seleccionando ao longo de vários passos
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2:57 - 2:59que fazem muitas destas formas falhar o objectivo.
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2:59 - 3:02Em última análise, talvez possam realizar um estudo clínico com quatro ou cinco destas formas,
-
3:02 - 3:05e se tudo correr bem, 14 anos depois de começarem,
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3:05 - 3:07recebem uma aprovação.
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3:07 - 3:09E custar-vos-à muitos milhares de milhões de dólares
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3:09 - 3:11para conseguir aquele sucesso único.
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3:11 - 3:14Então, temos de olhar para aquele gargalo do modo que um engenheiro olharia,
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3:14 - 3:16e dizer "Como podemos fazer fazer isto melhor?"
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3:16 - 3:18E este é o tema central que quero falar convosco
esta manhã. -
3:18 - 3:20Como podemos fazer isto andar mais rápido?
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3:20 - 3:23Como podemos tornar isto mais bem sucedido?
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3:23 - 3:25Bem, deixem-me falar-vos de alguns exemplos
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3:25 - 3:27em que isto já resultou.
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3:27 - 3:30Um deles, que aconteceu nos últimos meses,
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3:30 - 3:33é a aprovação de uma droga para a fibrose quística.
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3:33 - 3:35Mas demorou bastante para chegar lá.
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3:35 - 3:40A fibrose quística teve a sua causa molecular
descoberta em 1989 -
3:40 - 3:42pelo meu grupo de trabalho colaborar com
outro grupo de Toronto, -
3:42 - 3:44pela descoberta da mutação que ocorria num gene particular
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3:44 - 3:46no cromossoma 7.
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3:46 - 3:48A imagem que vêem ali?
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3:48 - 3:50Aqui está. Este é o mesmo miúdo.
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3:50 - 3:53Este é Danny Bessette, 23 anos depois,
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3:53 - 3:55porque este é o ano,
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3:55 - 3:57e é também o ano em que o Danny casou,
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3:57 - 4:00onde tivemos, pela primeira vez, a aprovação da FDA
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4:00 - 4:04de uma droga que atingia especificamente
o defeito da fibrose quística -
4:04 - 4:06baseada em todo este conhecimento molecular.
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4:06 - 4:07Estas são as boas notícias.
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4:07 - 4:11as más notícias são que esta droga não trata ainda
todos os casos de fibrose quística, -
4:11 - 4:13e não funciona com o Danny, e estamos ainda à espera
-
4:13 - 4:15daquela próxima geração para ajudá-lo.
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4:15 - 4:19Mas demorou 23 anos para chegar até aqui.
É demasiado tempo. -
4:19 - 4:20Como avançamos mais rápido?
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4:20 - 4:23Bem, uma forma de avançar mais rapidamente é
tirar partido da tecnologia, -
4:23 - 4:26e uma tecnologia mais importante da qual dependemos
-
4:26 - 4:28para tudo isto é o genoma humano,
-
4:28 - 4:30a capacidade de olhar para um cromossoma,
-
4:30 - 4:33desenrolá-lo, extrair todo o ADN,
-
4:33 - 4:36e ser capaz de ler todas as letras daquele código de ADN,
-
4:36 - 4:38os A's, C's, G's e os T's
-
4:38 - 4:41que são o nosso manual de instruções
e o manual de instruções de todos os seres vivos, -
4:41 - 4:43e o custo de fazer isto,
-
4:43 - 4:46que era de centenas de milhões de dólares,
-
4:46 - 4:48caiu no decurso da última década
-
4:48 - 4:50mais rápido que a Lei de Moore, até ao ponto
-
4:50 - 4:54de custar hoje menos de 10.000 dólares para sequenciar
todo o vosso genoma, ou o meu, -
4:54 - 4:58e estamos a caminhar relativamente rápido para o genoma de 1.000 dólares.
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4:58 - 4:59Bem, isso é excitante!
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4:59 - 5:03O que significa isso em termos da sua aplicação
para uma doença? -
5:03 - 5:05Quero fala-vos de outro problema.
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5:05 - 5:07Este é um problema que é bastante raro.
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5:07 - 5:10Denomina-se Progeria ou Síndrome de Hutchinson-Gilford,
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5:10 - 5:14e é a forma mais dramática de envelhecimento precoce.
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5:14 - 5:17Apenas um em cada 4 milhões de crianças
tem esta doença, -
5:17 - 5:21e de um modo simples, o que acontece é que,
-
5:21 - 5:23por causa de uma mutação num gene particular,
-
5:23 - 5:26é construída uma proteína tóxica para a célula
-
5:26 - 5:28e isso causa o envelhecimento nestes indivíduos
-
5:28 - 5:31a uma taxa sete vezes superior ao normal.
-
5:31 - 5:34Deixem que vos mostre um vídeo sobre
o que isto faz à célula. -
5:34 - 5:37Uma célula normal, ao ser observada ao microscópio,
-
5:37 - 5:40teria o núcleo localizado no meio da célula,
-
5:40 - 5:44que é bonito e redondo e com limites lisos
-
5:44 - 5:46assemelhando-se a algo como isto.
-
5:46 - 5:48Uma célula com progeria, por outro lado,
-
5:48 - 5:51por causa da proteína tóxica chamada progerina,
-
5:51 - 5:53apresenta estes altos e lombas.
-
5:53 - 5:56Então o que gostaríamos de fazer após descobrir isto
-
5:56 - 5:58em 2003
-
5:58 - 6:01é arranjar uma forma de corrigir isto.
-
6:01 - 6:04Outra vez, ao saber algo sobre os caminhos moleculares,
-
6:04 - 6:06foi possível escolher
-
6:06 - 6:09um destes muitos, muitos compostos que poderiam ser úteis
-
6:09 - 6:10e experimentá-lo.
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6:10 - 6:13Numa experiência realizada numa cultura de células
-
6:13 - 6:15e aqui mostrada num vídeo
-
6:15 - 6:18se pegarmos nesse composto particular
-
6:18 - 6:21e o adicionarmos àquela célula que tem progeria,
-
6:21 - 6:23e observarmos o que acontece,
-
6:23 - 6:26em apenas 72 horas, aquela célula torna-se
-
6:26 - 6:28para todos os efeitos que podemos determinar,
-
6:28 - 6:30quase uma célula normal.
-
6:30 - 6:34Bem isso foi entusiasmante,
mas resultaria realmente num ser humano? -
6:34 - 6:38Isto conduziu, no espaço de apenas 4 anos
-
6:38 - 6:41desde o momento em que o gene foi descoberto até ao início de um estudo clínico,
-
6:41 - 6:44a um teste àquele composto específico.
-
6:44 - 6:45E as crianças que aqui vêm
-
6:45 - 6:48voluntariaram-se todas para fazer parte disto,
-
6:48 - 6:4928 ao todo,
-
6:49 - 6:53e podem ver assim que a imagem surge
-
6:53 - 6:56que são de facto um grupo de jovens fantástico
-
6:56 - 6:57todos afectados por esta doença,
-
6:57 - 7:00todos apresentando semelhanças entre si.
-
7:00 - 7:01E em vez de vos dizer mais sobre o assunto,
-
7:01 - 7:05vou convidar um deles, Sam Berns de Boston,
-
7:05 - 7:08que está aqui esta manhã, para subir ao palco
-
7:08 - 7:10e nos falar acerca da sua experiência
-
7:10 - 7:12como uma criança afectada com progeria.
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7:12 - 7:16O Sam tem 15 anos. Os seus pais, Scott Berns e Leslie Gordon,
-
7:16 - 7:18ambos médicos, estão também aqui connosco esta manhã.
-
7:18 - 7:21Sam, por favor senta-te.
-
7:21 - 7:28(Aplausos)
-
7:28 - 7:30Então Sam, conta lá a estas pessoas
-
7:30 - 7:33como é ser afectado com esta doença chamada progeria?
-
7:33 - 7:37Sam Burns: Bem, a progeria limita-me de variadas formas.
-
7:37 - 7:41Não posso praticar desportos ou realizar actividades físicas,
-
7:41 - 7:44mas tenho-me interessado por coisas
-
7:44 - 7:47que a progeria, felizmente, não me limita.
-
7:47 - 7:50Mas quando há algo que eu realmente gostava de fazer
-
7:50 - 7:53que a progeria me impede de fazer,
como integrar uma banda marcial -
7:53 - 7:56arbitrar, encontramos sempre uma forma de o fazer,
-
7:56 - 8:00e isso só mostra que a progeria não controla a minha vida.
-
8:00 - 8:02(Aplausos)
-
8:02 - 8:04Francis Collins: Então o que gostarias de
dizer aos investigadores -
8:04 - 8:07aqui presentes no auditório e outros que ouçam
esta conversa? -
8:07 - 8:09O que gostarias de dizer a ambos acerca da investigação
sobre a progeria -
8:09 - 8:11e talvez também sobre outras doenças?
-
8:11 - 8:14SB: Bem, a investigação sobre a progeria evoluiu tanto
-
8:14 - 8:17nos últimos 15 anos,
-
8:17 - 8:21e isso mostra a determinação que
os investigadores podem ter -
8:21 - 8:24para chegar tão longe, e isso significa realmente muito
-
8:24 - 8:28para mim e outros miúdos com progeria,
-
8:28 - 8:30e demonstra que essa determinação existe,
-
8:30 - 8:33qualquer um pode curar qualquer doença,
-
8:33 - 8:37e tenho esperança que a progeria possa ser curável
num futuro próximo, -
8:37 - 8:41e possamos assim eliminar aquelas 4.000 doenças
-
8:41 - 8:44que o Francis estava a falar há pouco.
-
8:44 - 8:47FC: Excelente. Então o Sam fez hoje folga na escola
-
8:47 - 8:52para estar aqui, e aqui está
(Aplausos) -
8:52 - 8:57Ele está aqui, já agora, como um
aluno de excelência do 9º ano -
8:57 - 8:58na sua escola em Boston.
-
8:58 - 9:00Por favor, juntem-se a mim no agradecimento e na congratulação ao Sam.
-
9:00 - 9:04SB: Muito obrigado.
FC: Muito bem. Muito bem, amigo. -
9:04 - 9:16(Aplausos)
-
9:17 - 9:19Ora, quero apenas dizer mais umas coisinhas
-
9:19 - 9:22sobre aquela história particular, e depois tentar generalizar
-
9:22 - 9:24sobre como podemos ter histórias de sucesso
-
9:24 - 9:28por todo o lado para estas doenças, como disse o Sam,
-
9:28 - 9:30estas 4.000 que estão à espera de respostas.
-
9:30 - 9:32Vocês podem ter notado que o medicamento
-
9:32 - 9:35que está agora em estudo clínico para a progeria
-
9:35 - 9:37não é uma droga desenvolvida para esse efeito.
-
9:37 - 9:40É uma doença tão rara, que seria muito difícil
para uma empresa -
9:40 - 9:43justificar o gasto de centenas de milhões de dólares
para criar o medicamento. -
9:43 - 9:45Este é um medicamento que foi
desenvolvido para o cancro. -
9:45 - 9:48Mas afinal, não resultou muito bem
no tratamento do cancro, -
9:48 - 9:50mas tem as propriedades exactas, a forma certa,
-
9:50 - 9:53para funcionar para a progeria, e foi isso que aconteceu.
-
9:53 - 9:56Não seria espectacular se pudéssemos fazer isto mais sistematicamente?
-
9:56 - 10:00Poderíamos, de facto, encorajar todas as empresas por aí
-
10:00 - 10:02que têm drogas nos seus frigoríficos
-
10:02 - 10:04que se sabe serem seguras para o ser humano
-
10:04 - 10:06mas nunca foram verdadeiramente efectivas
-
10:06 - 10:09no tratamento para o qual foram concebidas e testadas?
-
10:09 - 10:11Agora, estamos a aprender acerca de todos estes novos caminhos moleculares,
-
10:11 - 10:14alguns dos quais podem ser
reposicionados e redesignados -
10:14 - 10:17ou qualquer outra palavra que queiram usar,
para novas aplicações, -
10:17 - 10:20basicamente ensinando novos truques
a velhos medicamentos. -
10:20 - 10:23Esta poderia ser uma actividade valorosa e fenomenal.
-
10:23 - 10:26Temos muitas discussões agora entre
o Ministério da Saúde (NIH) e as empresas -
10:26 - 10:28sobre por isto em prática,
que se apresentam promissoras. -
10:28 - 10:30E podemos colocar bastantes esperanças nisto.
-
10:30 - 10:33Existem um grande número de histórias de sucesso
que podem ser apontadas -
10:33 - 10:36sobre como isto levou a avanços significativos.
-
10:36 - 10:38O primeiro medicamento para o VIH/SIDA
-
10:38 - 10:40não foi desenvolvido para o VIH/SIDA.
-
10:40 - 10:42Foi desenvolvido para o cancro. Foi o AZT.
-
10:42 - 10:44Não funcionava muito bem com o cancro, mas tornou-se
-
10:44 - 10:46o primeiro antiretroviral com sucesso,
-
10:46 - 10:49e podem ver pelo quadro que há ainda outros.
-
10:49 - 10:52Então como podemos generalizar mais este esforço?
-
10:52 - 10:55Bem, temos de criar parcerias
-
10:55 - 10:58entre Universidades, Governo, o sector privado,
-
10:58 - 11:00e as organizações de doentes para torná-lo realidade.
-
11:00 - 11:02No Ministério da Saúde, criamos o
-
11:02 - 11:05Centro Nacional para o Avanço nas Ciências Interpretativas.
-
11:05 - 11:08Começou no último Dezembro, e este é
um dos seus objectivos. -
11:08 - 11:10Deixem que vos diga outra coisa que poderíamos fazer.
-
11:10 - 11:13Não seria agradável poder testar-se um medicamento
-
11:13 - 11:15para verificar a sua eficácia e segurança
-
11:15 - 11:17sem colocar pacientes em risco,
-
11:17 - 11:20porque da primeira vez nunca se tem bem a certeza?
-
11:20 - 11:22Como saberemos, por exemplo, se os medicamentos
são seguros -
11:22 - 11:25antes de os dar a pessoas? Testamo-los em animais.
-
11:25 - 11:28E isso não é assim tão fiável, é custoso,
-
11:28 - 11:30e consome muito tempo.
-
11:30 - 11:32Suponham que podíamos fazê-lo em células humanas.
-
11:32 - 11:35Provavelmente sabem, se estiveram a prestar atenção
-
11:35 - 11:36a alguma da literatura científica
-
11:36 - 11:38que pode agora usar-se uma célula da pele
-
11:38 - 11:41e levá-la a tornar-se uma célula do fígado
-
11:41 - 11:44ou uma célula cardíaca ou uma célula renal
ou uma célula cerebral em qualquer um de nós. -
11:44 - 11:47Então e se usássemos essas células como alvo dos testes
-
11:47 - 11:50para saber se o medicamento vai resultar
e se vai ser seguro? -
11:50 - 11:54Aqui vêem uma imagem de um pulmão num chip.
-
11:54 - 11:57Isto é algo criado pelo Instituto Wiss em Boston,
-
11:57 - 12:01e o que eles fizeram aqui, se pudermos passar o curto vídeo,
-
12:01 - 12:03foi pegar nas células de um indivíduo,
-
12:03 - 12:06torná-las nos tipos de célula que estão presentes no pulmão,
-
12:06 - 12:08e determinar o que aconteceria
-
12:08 - 12:11se as sugeitássemos a variados
compostos medicamentosos -
12:11 - 12:13para verificar se são tóxicos ou seguros.
-
12:13 - 12:16Podem ver que este chip até respira.
-
12:16 - 12:18Tem um canal aéreo. Tem um vaso sanguíneo.
-
12:18 - 12:20E tem células entre eles
-
12:20 - 12:22que permitem observar o que acontece quando se adiciona um composto.
-
12:22 - 12:24Estão aquelas células bem ou não?
-
12:24 - 12:27Pode usar-se este mesmo tipo de tecnologia de chip
-
12:27 - 12:29para rins, coração, músculos,
-
12:29 - 12:32todos os locais onde se pretenda verificar
se a acção de um medicamento -
12:32 - 12:34vai constituir um problema, para o fígado.
-
12:34 - 12:37E por fim, porque se pode fazer isto individualmente,
-
12:37 - 12:39podemos antever que isto caminhará para o ponto
-
12:39 - 12:43em que a capacidade de desenvolvimento
e teste de medicamentos -
12:43 - 12:46será consigo num chip.
O que estamos a tentar promover é -
12:46 - 12:49a individualização do processo de
desenvolvimento dos medicamentos -
12:49 - 12:52e do seu teste de segurança.
-
12:52 - 12:53Deixem-me então resumir.
-
12:53 - 12:56Estamos num momento fantástico.
-
12:56 - 12:58Para mim, no Ministério da Saúde há quase 20 anos,
-
12:58 - 13:00nunca houve um momento em que houvesse
mais entusiasmo -
13:00 - 13:03sobre o potencial que se estende à nossa frente.
-
13:03 - 13:05Foram feitas todas estas descobertas
-
13:05 - 13:07vindas de laboratórios de todo o mundo.
-
13:07 - 13:10O que poderemos fazer para capitalizar tudo isto?
Primeiro, precisamos de recursos. -
13:10 - 13:14Isto é investigação de alto risco,
por vezes com grandes custos. -
13:14 - 13:16O lucro é enorme, tanto em termos de saúde
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13:16 - 13:19como em termos de crescimento económico.
Precisamos de apoiar tudo isso. -
13:19 - 13:21Segundo, precisamos de novos tipos de parcerias
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13:21 - 13:23entre as Universidades, os Governos e o sector privado
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13:23 - 13:27e organizações de doentes, como a que estive aqui a descrever,
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13:27 - 13:30de modo a que possamos promover o redesígnio de novos compostos.
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13:30 - 13:33E terceiro, e talvez o mais importante,
precisamos de talento. -
13:33 - 13:36Precisamos dos melhores e mais brilhantes
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13:36 - 13:38das mais variadas disciplinas, que venham
colaborar neste esforço, -
13:38 - 13:41de todas as idades, de diferentes grupos,
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13:41 - 13:43porque este é o momento, amigos.
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13:43 - 13:47Esta é a Biologia do século XXI que tanto aguardavam,
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13:47 - 13:49e temos a oportunidade de agarrar isso
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13:49 - 13:52e torná-lo em algo que irá, de facto,
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13:52 - 13:54acabar com a doença. Esse é o meu objectivo.
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13:54 - 13:56Espero que seja o vosso objectivo.
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13:56 - 13:58Penso que será o objectivo dos poetas e dos ignoantes
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13:58 - 14:00e dos surfistas e dos banqueiros
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14:00 - 14:03e de todas as outras pessoas que se juntem neste palco
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14:03 - 14:05e pensem sobre o que estamos a tentar fazer aqui
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14:05 - 14:06e porque é que isso é importante.
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14:06 - 14:08É importante para agora. É importante assim que possível.
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14:08 - 14:12Se não acreditam em mim, perguntem ao Sam.
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14:12 - 14:13Muito obrigado.
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14:13 - 14:18(Aplausos)
- Title:
- Precisamos de melhores drogas, já!
- Speaker:
- Francis Collins
- Description:
-
Hoje conhecemos a causa molecular de 4.000 doenças, mas só há tratamentos disponíveis para 250 delas. Então, porquê a demora? O geneticista e médico Francis Collins explica a razão pela qual a descoberta sistemática de novos medicamentos é imperativa, mesmo para doenças raras e complexas, e apresenta algumas soluções, como ensinar novos truques a velhos medicamentos.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:40
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for We need better drugs -- now | |
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Dimitra Papageorgiou approved Portuguese subtitles for We need better drugs -- now | |
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Christof Pereira accepted Portuguese subtitles for We need better drugs -- now | |
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Edgar Fernandes edited Portuguese subtitles for We need better drugs -- now | |
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