Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador
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0:09 - 0:12Acho que meu coração
nunca bateu tão forte na vida. -
0:12 - 0:15É uma experiência
bastante única estar aqui. -
0:15 - 0:18Em primeiro lugar, eu queria
agradecer a oportunidade -
0:18 - 0:19de compartilhar minha história.
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0:19 - 0:23Nas últimas três semanas, eu refleti
bastante sobre a contribuição -
0:23 - 0:26que eu teria a trazer aqui pra vocês.
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0:27 - 0:29Deixei de dormir algumas noites por isso.
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0:29 - 0:31Eu chamei minha fala
de "Um caminho de consciência", -
0:31 - 0:35porque eu acredito que,
como esse é o tema do evento, -
0:35 - 0:39o caminho de consciência só começa
quando a gente passa a se aceitar -
0:39 - 0:42e, mais do que isso, fazer algo positivo
da nossa própria identidade. -
0:43 - 0:45Eu nunca consegui falar sobre isso
abertamente na minha vida, -
0:45 - 0:48é a primeira vez que eu trago
esse assunto publicamente, -
0:48 - 0:52e é preciso ter bastante coragem
pra falar sobre assuntos como este. -
0:52 - 0:55Mas o fato de eu ter sofrido
violência pela minha natureza, -
0:55 - 0:57ela sempre foi um divisor
de águas na minha vida. -
0:57 - 0:59Pra mim existiam dois Tiagos:
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0:59 - 1:01um Tiago que ao longo
do seu desenvolvimento -
1:01 - 1:06procurava ser um profissional de destaque
e ser respeitado pelas suas ações; -
1:06 - 1:10e um Tiago do foro íntimo,
que não se aceitava, -
1:10 - 1:12que se considerava uma pessoa
não merecedora de felicidade. -
1:13 - 1:15E enquanto esses dois Tiagos
não se encontrassem, -
1:15 - 1:19eu jamais conseguiria encontrar
um caminho pra ser feliz. -
1:19 - 1:22E eu queria trazer,
aqui pra vocês, uma imagem -
1:22 - 1:28que transmitisse um pouco da mensagem
que eu quero passar neste momento. -
1:28 - 1:30E eu encontrei essa imagem
na minha pré-adolescência. -
1:30 - 1:33Eu tinha 12 anos, e foi
na minha primeira-comunhão. -
1:34 - 1:37Como eu sou de uma cidade pequena,
os meus pais não são religiosos, -
1:37 - 1:39mas era um ritual importante a ser vivido.
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1:40 - 1:42E a minha mãe decidiu, então,
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1:42 - 1:45ao invés de alugar
ou comprar um traje social, -
1:45 - 1:47como a maioria das famílias faz,
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1:47 - 1:48ela comprou uma roupa nova,
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1:48 - 1:51pra que eu pudesse utilizar
depois, na minha vida. -
1:52 - 1:54Só que tinha um problema:
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1:54 - 1:56eu tinha os cabelos
levemente compridos, -
1:56 - 1:58traços angelicais,
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1:58 - 2:01e os detalhes da roupa eram rosa.
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2:02 - 2:06Ao chegar na frente da igreja, eu estava
me achando superbonito, diferente, -
2:06 - 2:08mas a professora da catequese pediu
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2:08 - 2:11que eu entrasse na igreja
separado dos demais. -
2:11 - 2:15Enquanto os meninos entraram
ao lado das meninas, por ordem de tamanho, -
2:15 - 2:19e eu de longe era o mais alto da turma,
eu entrei sozinho na igreja. -
2:20 - 2:24E ao entrar na igreja, os olhares
foram de surpresa, de espanto, -
2:24 - 2:25e eu acho que até de julgamento.
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2:25 - 2:27E eu me assustei com aquilo.
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2:27 - 2:29Eu não sabia como lidar
com aquela situação. -
2:29 - 2:35Levei uns três anos pra olhar de novo
essas fotos, e rasguei todas elas. -
2:35 - 2:39E, por algum motivo,
esta foto acabou se salvando. -
2:39 - 2:41Eu também demorei
um bom tempo pra compreender -
2:41 - 2:43o comportamento da minha mãe.
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2:43 - 2:46Inicialmente eu achei
que ela tinha me exposto demais, -
2:46 - 2:49mas na verdade, hoje, eu entendo
que aquele movimento dela -
2:49 - 2:52era um movimento de aceitação
da minha sexualidade; -
2:52 - 2:55que pra ela, apesar
dos olhares da sociedade, -
2:55 - 2:57eu era uma criança linda
e uma criança normal. -
2:59 - 3:03Na sequência da minha vida, eu passei
por uma série de situações de "bullying", -
3:03 - 3:06como muitos homossexuais passam.
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3:06 - 3:12Eu sofri bullying na escola, na faculdade,
no trabalho, mas, na verdade, -
3:12 - 3:15não é exatamente sobre bullying
que eu gostaria de falar aqui, -
3:15 - 3:17porque eu acho
que a gente precisa aprender -
3:17 - 3:20a fazer, das coisas negativas
que acontecem na nossa vida, -
3:20 - 3:24algo positivo, pra que a gente seja
seres humanos melhores. -
3:25 - 3:28Mas é evidente que situações
de preconceito e de violência -
3:28 - 3:31têm consequências no nosso comportamento.
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3:31 - 3:36E até meus 30 anos eu era uma pessoa
antissocial, reprimida, agressiva, -
3:36 - 3:38e eu não conseguia me compreender.
-
3:38 - 3:41E, com isso, eu também
não conseguia compreender o outro. -
3:41 - 3:43Por eu ter sofrido preconceito,
-
3:43 - 3:48eu absorvi esse preconceito dentro de mim,
e eu me tornei uma pessoa preconceituosa. -
3:48 - 3:52Eu fui preconceituoso comigo,
com outros homossexuais, -
3:52 - 3:55eu era preconceituoso
com as pessoas em geral. -
3:55 - 3:57Pra mim, era meio que a lei
da ação e da reação. -
3:57 - 3:59Como eu recebi violência,
-
3:59 - 4:02eu achava que eu deveria
devolver violência para o mundo, -
4:02 - 4:07que eu deveria reprimir meu comportamento
e todos os meus trejeitos de homossexual, -
4:07 - 4:10pra que eu não sofresse
mais violência com isso. -
4:10 - 4:12Mas é evidente que esse
modelo não se sustenta. -
4:13 - 4:15Eu me sentia, também,
uma pessoa sozinha no mundo. -
4:15 - 4:17Como venho de uma cidade
de 20 mil habitantes, -
4:17 - 4:21e na minha época de adolescente
a internet ainda não era popular, -
4:21 - 4:23eu achava que eu era
o único homossexual do mundo, -
4:23 - 4:25e que por isso eu não era
merecedor de felicidade, -
4:25 - 4:28que eu realmente era
uma pessoa anormal. -
4:28 - 4:32Com o tempo, e com os dados e informações
sendo compartilhadas na internet, -
4:32 - 4:35eu tive acesso a informações como esta.
-
4:35 - 4:37Uma pesquisa da Fipe,
com 500 escolas brasileiras, -
4:37 - 4:42revelou que 26% dos alunos
declaram que não nos aceitam, -
4:42 - 4:4725% dos alunos acreditam
que nós não somos pessoas confiáveis, -
4:47 - 4:50e 23% acreditam que nós somos doentes.
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4:50 - 4:52Tudo isso eu já pensei sobre mim.
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4:52 - 4:56Hoje, graças a Deus,
eu não penso mais isso. -
4:56 - 4:59Eu também desenvolvi
uma certa raiva pelo modelo escolar, -
4:59 - 5:04eu tinha muita ira com as escolas
e com o que acontecia nas salas de aula. -
5:04 - 5:08Mas, com o tempo, eu também ressignifiquei
essa raiva e entendi que, na verdade, -
5:08 - 5:11as escolas nada mais são
do que reflexo da sociedade. -
5:11 - 5:15E enquanto a sociedade não mudar,
a escola também não vai mudar. -
5:15 - 5:18Nesse sentido, eu trago
mais uma informação importante: -
5:18 - 5:22segundo dados do Disque Denúncia,
nos últimos quatro anos, -
5:22 - 5:26o índice de denúncia em relação
à homofobia aumentou em 460%. -
5:26 - 5:31E essa informação tem dois olhares:
um positivo, que é, nós, homossexuais, -
5:31 - 5:35estamos conseguindo falar mais sobre isso
e reivindicar nossos direitos; -
5:35 - 5:38e o outro, que pode ser
que a intolerância tenha aumentado. -
5:38 - 5:40Independente da interpretação
que a gente faça desse dado, -
5:40 - 5:42eu acho que, na sociedade brasileira,
-
5:42 - 5:47a gente ainda precisa discutir muito
tolerância e aceitação do outro. -
5:48 - 5:53Eu pergunto pra vocês, não só em relação
à aceitação dos homossexuais, -
5:53 - 5:57em relação a aceitação do outro,
independente de quem ele seja. -
5:57 - 6:00E quando vocês se olham no espelho,
o que vocês veem? -
6:02 - 6:05Vocês aceitam o cabelo de vocês,
e no meu caso, a falta dele? -
6:05 - 6:09Vocês aceitam o peso de vocês,
o gênero de vocês? -
6:09 - 6:11E vocês aceitam o do outro?
-
6:11 - 6:14E até que ponto a gente contribui
pra que esses preconceitos velados -
6:14 - 6:16continuem acontecendo na nossa sociedade?
-
6:16 - 6:20Será que não está na hora
de a gente ressignificar tudo isso? -
6:20 - 6:24Como na situação da comunhão que eu trouxe
pra vocês, em que aquilo aconteceu comigo -
6:24 - 6:27e, por eu ser diferente, tive olhares
de julgamento, ainda acho que a sociedade -
6:27 - 6:31está muito esquematizada
pra privilegiar algumas pessoas. -
6:31 - 6:35São os héteros, os brancos, os ricos...
-
6:35 - 6:38E como a gente sai,
conscientemente, desses modelos? -
6:38 - 6:42A gente foi educado pra aceitar
certos comportamentos, e não questionar: -
6:42 - 6:43a roupa que a gente usa,
-
6:43 - 6:46os brinquedos, que são
definidos por gênero, -
6:46 - 6:49as tarefas domésticas,
que são associadas às mulheres, -
6:49 - 6:50o jeito de se portar.
-
6:50 - 6:52Quem definiu tudo isso?
-
6:52 - 6:56Será que não está na hora de a gente
ressignificar e mudar essas coisas? -
6:57 - 7:00Eu aprendi, a duras penas,
que quanto mais eu julgasse o outro, -
7:00 - 7:02menos eu seria compreendido.
-
7:02 - 7:05Quando eu comecei a oferecer
compreensão para o mundo, -
7:05 - 7:07o mundo também começou a me compreender.
-
7:08 - 7:11Isso virou um mantra na minha vida,
e todos os dias eu tento falar isso: -
7:11 - 7:16"Julgamento afasta, compreensão aproxima.
Julgamento afasta, compreensão aproxima". -
7:16 - 7:19E, com isso, eu entendi que, na verdade,
-
7:19 - 7:22ser gay não deveria ser um assunto
a ser discutido na sociedade. -
7:22 - 7:24Isso não deveria ser relevante.
-
7:24 - 7:26Eu precisei de dois anos de terapia
pra compreender isso, -
7:26 - 7:31e entender que eu sou o Tiago,
sou um ser humano, uma pessoa de bem, -
7:31 - 7:35com erros e acertos, e que eu mereço
ser feliz, assim como todos vocês merecem. -
7:36 - 7:42E eu aprendi isso, com uma das pessoas
que me trouxe mais aprendizado na vida. -
7:42 - 7:46Esta pessoa está aqui hoje,
com seus 80 anos, me assistindo. -
7:46 - 7:49(Aplausos)
-
7:58 - 7:59Obrigado.
-
7:59 - 8:03Foi na cozinha da minha vó,
Massimília Conceição da Câmara, -
8:03 - 8:05que eu aprendi a ser gente.
-
8:05 - 8:10Pra ela, a minha sexualidade
nunca precisou ser pauta a ser discutida. -
8:10 - 8:13Ela nunca me fez essa pergunta,
e não foi por medo da resposta, -
8:13 - 8:17foi porque, pra ela, eu sempre
fui o neto dela, o Tiago, -
8:17 - 8:22um ser humano que merece respeito,
cuidado, afeto e aceitação, -
8:22 - 8:25como todo ser humano, não só eu.
-
8:25 - 8:30Foi o amor da minha vó que eu acho
que me salvou do vício e da autoagressão. -
8:30 - 8:34E a partir desse gesto dela, eu entendi
que o que a humanidade precisa -
8:34 - 8:37não é da nossa agressividade,
e nem dos nossos medos, -
8:37 - 8:40mas, sempre que a gente
conseguir alcançar isso, o amor: -
8:40 - 8:43o amor-próprio, o amor pelo outro,
-
8:43 - 8:46e o amor inclusive pelas pessoas
que a gente não consegue compreender. -
8:49 - 8:52E foi só nesse momento
que eu consegui me libertar. -
8:52 - 8:54Eu consegui me libertar do meu emprego,
-
8:54 - 8:57e dos meus preconceitos mais densos
que estavam dentro de mim. -
8:57 - 8:59E quando eu consegui me libertar
-
8:59 - 9:01dessa carga pesada
que existia dentro de mim, -
9:01 - 9:03eu consegui fazer com que o amor entrasse.
-
9:03 - 9:06E foi daí que surgiu
meu projeto empreendedor. -
9:06 - 9:08Foi dessa libertação
que eu consegui entender -
9:08 - 9:12o meu talento e as coisas positivas
que eu poderia fazer na minha vida. -
9:12 - 9:14Foi na cozinha da minha vó
que eu me descobri. -
9:14 - 9:18Foi a partir da sensibilidade dela,
que eu desenvolvi a minha sensibilidade. -
9:18 - 9:20Eu não precisei fazer
cursos de gastronomia, -
9:20 - 9:21não precisei fazer nada,
-
9:21 - 9:26eu simplesmente precisei deixar
sair de dentro, aquilo que já existia, -
9:26 - 9:28a partir da relação que eu tive com ela.
-
9:28 - 9:30E aí as coisas começaram
a ser leves, na vida. -
9:30 - 9:34As coisas começaram a sair de uma maneira
muito tranquila e muito bonita. -
9:35 - 9:37E hoje eu não acho que eu tenha uma marca,
-
9:37 - 9:39uma empresa que pode virar
uma empresa internacional, -
9:39 - 9:41que com isso eu posso ser milionário.
-
9:41 - 9:43Isso pra mim, na verdade, nem importa.
-
9:43 - 9:45O que eu considero é
que eu tenho um projeto de vida, -
9:45 - 9:47que eu compartilho com os outros.
-
9:47 - 9:51E a partir do momento em que eu me aceitei
e me entendi como ser humano, -
9:51 - 9:55eu passei a desenvolver um sentimento
bastante importante, hoje, no mundo, -
9:55 - 9:56que é a empatia.
-
9:56 - 9:59Hoje eu consigo compreender
o sofrimento do outro, -
9:59 - 10:02eu consigo compreender
o desenvolvimento do outro, -
10:02 - 10:06e a importância de a gente conseguir
despertar o nosso talento e o do outro. -
10:06 - 10:08Eu procuro fazer isso no meu projeto.
-
10:08 - 10:11As pessoas que trabalham
comigo não são funcionários, -
10:11 - 10:14são pessoas sonhadoras,
que sonham os sonhos delas, junto comigo. -
10:15 - 10:17Ontem à noite, eles gravaram
uma mensagem pra mim, -
10:17 - 10:20porque durante a semana perceberam
que eu estava um pouco tenso -
10:20 - 10:24de estar aqui nesse palco,
porque eu não escondo mais o meu jeito. -
10:24 - 10:27E eles mandaram uma mensagem
de positividade pra mim. -
10:27 - 10:31E não tem nada mais bacana na vida
do que receber gesto de carinho. -
10:31 - 10:35E esse gesto de carinho, sou muito grato
por hoje conseguir ter encontrado. -
10:35 - 10:38E foi só a partir do respeito
e aceitação, a mim e ao outro, -
10:38 - 10:40que eu entendi que o mundo
pode ser mais leve. -
10:40 - 10:44As coisas não precisam ser densas
e pesadas, não importa o barulho de fora, -
10:44 - 10:46quando a gente consegue se ouvir,
-
10:46 - 10:49todo esse barulho
se transforma em silêncio. -
10:50 - 10:53E eu sei que o caminho de encontrar
nossa consciência, de se autoaceitar, -
10:53 - 10:55é um caminho bastante complexo, denso,
-
10:55 - 10:58eu levei 18, 20 anos
pra conseguir me encontrar. -
10:58 - 11:01Mas acho que mais importante
que isso é a gente ser do bem, -
11:01 - 11:03e procurar transmitir o bem para o outro.
-
11:03 - 11:06Eu me sinto um pouco pastor
dizendo essas coisas, -
11:06 - 11:08(Risos)
-
11:08 - 11:09mas eu virei uma pessoa otimista,
-
11:09 - 11:13porque eu acredito no ser humano
e no nosso potencial como ser humano. -
11:14 - 11:17Eu acho que o movimento deve vir
de dentro pra fora, sempre. -
11:17 - 11:19Hoje se fala muito
sobre empoderamento do outro, -
11:19 - 11:21o quanto se pode empoderar outras pessoas,
-
11:21 - 11:24mas acho que a gente não pode empoderar
ninguém, o máximo que se pode fazer -
11:24 - 11:28é mostrar a essas pessoas que a gente
está ao lado delas nessa caminhada, -
11:28 - 11:30porque o empoderamento
vem de dentro pra fora. -
11:30 - 11:33E pras pessoas que hoje ainda sofrem
algum tipo de preconceito, -
11:33 - 11:35que se sentem menos
que os outros por isso, -
11:35 - 11:39que acham que não são merecedoras
de felicidade, como já aconteceu comigo, -
11:39 - 11:43e acabam caindo no vício das drogas,
do álcool, do endividamento, -
11:43 - 11:45e uma série de outros vícios,
-
11:45 - 11:47o que eu tenho pra dizer pra vocês
-
11:47 - 11:51é que a ansiedade e as dificuldades
só vão sair de dentro de vocês, -
11:51 - 11:54quando vocês começarem a ouvir
o que têm dentro do coração de vocês, -
11:54 - 11:57quando vocês começarem a compreender
quem vocês são no mundo, -
11:57 - 12:00e como vocês podem
ser bacanas para o mundo. -
12:01 - 12:04Eu acho que todos nós podemos
muito mais do que imaginamos. -
12:04 - 12:07Hoje, a partir do meu projeto
e da minha liberdade conquistada, -
12:07 - 12:11eu consigo apoiar a causa
dos homossexuais como eu, sem medo, -
12:11 - 12:14a causa negra, a causa
das pessoas mais velhas, -
12:14 - 12:16e a causa de qualquer ser humano.
-
12:16 - 12:18Hoje acho que é a partir
das microrrevoluções -
12:18 - 12:20que a gente consegue transformar o mundo.
-
12:20 - 12:24E eu procuro fazer isso todos os dias,
com diferentes gestos na minha vida. -
12:25 - 12:29Hoje eu acho que nós somos todos iguais,
eu olho para aquela foto da minha comunhão -
12:29 - 12:31e eu não me incomodo mais com aquilo.
-
12:31 - 12:33Eu acho bonito o jeito
que eu estava vestido. -
12:33 - 12:35Eu tenho saudades dos meus cabelos.
-
12:35 - 12:36(Risos)
-
12:36 - 12:38(Aplausos)
-
12:38 - 12:39Obrigado.
-
12:42 - 12:45Eu acho que a nossa essência
fala muito de quem a gente é. -
12:45 - 12:48Eu precisei revisitar
a relação com a minha vó, -
12:48 - 12:52a relação com a minha mãe, a aceitação
da minha família e da minha história, -
12:52 - 12:54pra poder reconstruir
o ser humano que eu sou, -
12:54 - 12:57e ser um ser humano melhor com isso.
-
12:57 - 13:00E hoje eu desenvolvi gratidão
por toda essa caminhada, -
13:00 - 13:03porque se eu não tivesse passado
pela situação da comunhão, -
13:03 - 13:06pelas situações de bullying,
e pela violência que recebi, -
13:06 - 13:08não teria me tornado
o ser humano que sou hoje, -
13:08 - 13:11por isso acho tão importante ressignificar
-
13:11 - 13:14as coisas negativas que acontecem na vida.
-
13:14 - 13:17E o que eu digo é que hoje eu me sinto
o melhor ser humano do mundo. -
13:17 - 13:21Eu não acho que só eu sou o melhor
ser humano do mundo, eu acho que todos nós -
13:21 - 13:23somos os melhores seres humanos do mundo.
-
13:23 - 13:24E a gente precisa acreditar nisso,
-
13:24 - 13:26porque o mundo já tem
bastante intolerância, -
13:26 - 13:30o Brasil já está bastante polarizado,
e enquanto a gente não entender -
13:30 - 13:35que só a partir do empoderamento próprio
a gente vai conseguir transformar o mundo, -
13:35 - 13:37a gente não vai sair desse status.
-
13:37 - 13:40E eu acho que é mais honesto
a gente ser como a gente é, -
13:40 - 13:42do que como os outros
esperam que a gente seja. -
13:42 - 13:45E aqui eu cito dois homossexuais
que, ao longo da história, pra mim, -
13:45 - 13:49foram bastante significativos,
sofreram preconceito também, -
13:49 - 13:51mas conseguiram fazer algo bom disso.
-
13:51 - 13:54Um deles foi o Harvey Milk,
nos Estados Unidos, -
13:54 - 13:58que acabou sendo vítima de assassinato
por defender a causa dos homossexuais, -
13:58 - 13:59na década de 60.
-
13:59 - 14:03E o outro, um incompreendido
à sua época, o Caio Fernando Abreu. -
14:03 - 14:06Gaúcho, acabou sendo vítima da AIDS,
-
14:06 - 14:09e hoje tem seus textos
popularizados na internet. -
14:10 - 14:14E pra finalizar o meu recado,
o que eu queria dizer pra vocês -
14:14 - 14:16é colocar esta pergunta:
-
14:16 - 14:18por qual motivo o meu afeto te afeta?
-
14:18 - 14:21Por qual motivo a gente é tão intolerante?
-
14:21 - 14:22Eu espero que a partir disso
-
14:22 - 14:25a gente consiga desenvolver
um pouco mais de empatia -
14:25 - 14:27e fazer do mundo
algo muito mais significativo. -
14:27 - 14:28Obrigado.
-
14:28 - 14:32(Aplausos)
- Title:
- Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador
- Description:
-
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
Tiago Schmitz é jornalista, pós-graduado em marketing pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas foi na cozinha da sua avó que descobriu a essência e o sentido da sua vida.
Tiago aprendeu que um caminho de consciência só começa no momento em que aceitamos a nós mesmos e agimos de forma positiva sobre a nossa própria identidade. Esta palestra nos convida a refletir sobre a não aceitação da condição do outro, seja ele quem for. Até que ponto todos nós colaboramos para a construção do preconceito? E o que fazemos para mudar isso? A palestra nos deixa uma pergunta: por qual motivo o meu afeto te afeta? Talvez, se conseguirmos refletir melhor sobre isso, a tolerância aconteça e consigamos ser pessoas melhores para o mundo.
Tiago Schmitz se define como um sonhador que acredita no poder da transformação de si e do outro para melhorar o mundo. Em 2014, depois de dez anos no mercado corporativo da área de marketing, resolveu tirar do papel seu projeto pessoal e iniciou a história da Charlie Brownie, uma marca de doces que busca ser inspiradora, tornando o dia das pessoas mais feliz.
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:36
Leonardo Silva edited Portuguese, Brazilian subtitles for Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador | ||
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Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador | ||
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