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Explorando a identidade preta com Kerry James Marshall | Art 21

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    Nós estamos no século 21,
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    na cabeça de um passado que se expandiu
    para sempre
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    ou de uma história que se
    expandiu pra sempre.
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    Nós só chegamos no século 21
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    com os fundamentos das coisas
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    que já se estabeleceram
    há muito, muito tempo.
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    Os princípios que ditam a forma
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    que a representação visual funciona
    continuam sendo os mesmos princípios
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    que ditaram como eles funcionaram há
    500 anos, há mil anos, há dois mil anos.
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    Faz todo sentido pra mim
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    voltar para as origens dessas coisas
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    e continuar de lá,
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    de aceitar o desafio, realmente
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    de encontrar outro jeito de fazer essas
    coisas parecerem novas,
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    mesmo que elas não sejam.
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    A pintura "Muitas mansões",
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    que eu terminei em 1995,
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    possui uma estrutura muito clássica
    sobre a qual a imagem está pendurada.
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    Quando eu comecei, os artistas
    que eu realmente admirava,
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    pessoas como Géricault, todo esse gênero
    de pintura histórica,
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    aquele grande estilo narrativo de pintar
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    era algo com o qual eu realmente queria
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    posicionar meu trabalho.
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    Então, para atingir uma autoridade similar
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    que essas pinturas tinham,
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    eu tive que adotar uma forma estrutural
    similar.
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    Eu acho que em geral
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    as pinturas foram bem recebidas,
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    mas há uma controvérsia persistente
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    em volta desse inequivocamente preto,
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    dessas figuras enfaticamente pretas.
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    Eu não teria feito elas se eu não tivesse
    sentido isso,
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    mas eu sou inclinado a pensar que esse
    extremo de cor,
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    esse tom de preto, é incrivelmente lindo.
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    E poderoso.
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    A primeira pintura que eu fiz foi lá em
    1980,
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    foi uma pintura chamada "O retrato do
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    artista como uma sobra seu antigo eu".
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    e essa foi a primeira vez que eu usei
    essa forma simplificada,
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    redutiva representação de uma
    figura preta.
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    Então essa pintura foi aquela que
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    estabeleceu a figura preta
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    como um modo de operar para mim.
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    O que eu estava pensando em fazer
    com a minha imagem
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    era recuperar a imagem da negritude
    como um emblema de poder.
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    E eu acho que ainda funciona
    praticamente da mesma forma.
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    (música de órgão sombria)
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    Eu faço um monte de coisas diferentes,
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    mas eu não acho nenhuma delas
    incompativéis,
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    porque todas elas, de certa forma,
    reforçam umas as outras.
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    é como se eu estivesse usado filme,
    vídeo, ou algo assim,
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    ou estou trabalhando com um
    conjunto de convenções
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    que já foram bem prescritas,
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    ou contrariando convenções
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    que já foram bem pescritas,
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    mas a fonte primária
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    das minhas ideias sobre representação
    visual
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    viessem da representação pictórica
    através da pintura.
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    Essa luz na verdade vai ficar
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    perto daqui com um grande sol nela.
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    (cliques no interruptor de luz)
    Assim, ela terá sua própria luz.
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    Oi, pode me ajudar?
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    Porque eu quero empurrar isso
    de volta.
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    Essas casas são parte de
    um projeto que estou fazendo
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    para um show no Museu Columbus,
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    intitulada "ilusões do Eden".
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    O tema que eu escolhi trabalhar é
    o tema do lar,
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    e encená-lo essencialmente.
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    O que eu estou olhando, de certa forma,
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    é como impenetrável esses lugares sao
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    para pessoas que não estão dentro.
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    Toda a ideia de nós sermos realmente,
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    de certa forma, obcecados, nesse caso,
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    em penetrar essa parede,
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    descobrir o que as outras pessoas
    estão fazendo,
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    o que está passando em suas vidas,
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    o que está passando nas suas casas.
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    E o que está passando em suas casas
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    que nós esperamos que esteja?
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    (trem passando)
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    Isto é ao vivo, totalmente ao vivo.
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    é mesmo.
    (conversa inaudível)
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    (conversa inaudível)
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    (conversa inaudível)
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    (convidados rindo)
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    Alguém tem que defender a sua mãe.
  • 5:52 - 5:54
    — Sim!
    — Lá vamos nós.
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    Mas eu não sabia disso no começo.
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    Convidada: Agora... Kerry, eu não
    tenho eles...
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    Vá em frente, vá em frente.
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    Esse é um favorito.
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    (Kerry rindo)
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    Isso foi para o meu 74º aniversário de
    Kerry,
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    e diz "O que você deu de aniversário para
    Super T?"
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    Você vê o quão super eu sou?
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    Super T!
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    Ele diz "muitos amores",
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    "muitos amores", e eu gosto disso.
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    A experiencia definidora que eu tive
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    que me fez entender
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    que ser um artista era o que eu queria
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    foi porque minha professora do jardim de
    infância
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    mantinha um álbum de recortes de velhas
    fotografias
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    que ela recortou de revistas,
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    cartões de natal, de dia dos namorados,
    sabe,
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    todo tipo de cartões,
    propagandas e coisas desse tipo.
  • 6:43 - 6:46
    E ela tinha esse álbum de recortes,
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    e isso era algo que ela só disponibilizava
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    para a criança que melhor se comportava
    no dia.
  • 6:52 - 6:54
    E se você se comportasse muito bem,
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    você podia olhar o álbum
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    enquanto todos os outros tiravam uma
    soneca após o intervalo.
  • 6:58 - 7:00
    E aquele realmente era o livro.
  • 7:00 - 7:02
    É como, o dia em que eu pude
    ver aquele livro
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    realmente mudou a minha vida,
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    porque sentei-me olhando o livro,
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    quer dizer, com lágrimas nos olhos,
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    literalmente com lágrimas nos meus olhos,
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    pensando: "Uau, isso é tão fantástico,
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    e é isso o que eu quero fazer.
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    Eu quero fazer imagens como essas.
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    Eu quero fazer imagens que afetem outras
    pessoas
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    como essas imagens estão me afetando.
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    Eu não tenho uma data para essa carta,
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    mas é uma colagem antiga,
    só diz "bonito",
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    e tem uma figura preta.
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    E eu me lembro de perguntar a Kerry
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    se ele queria colocar isso aqui.
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    Mas ele queria
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    (Risadas)
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    E então foi assim que eu comecei
    a entender
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    as muitas complexidades.
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    Quando eu estava no ensino fundamental,
  • 8:02 - 8:06
    eu ganhei uma bolsa de verão para
    um curso de desenho
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    no Instituto de arte Otis
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    O professor de desenho tinha um livro
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    que ele colocava no projetor opaco.
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    E era "Imagens de Dignidade: Os Desenhos
    de Charles White"
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    e ele mostrou esses desenhos para nós,
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    e eu nunca vi nada como isso antes
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    porque antes disso, quase todos os
    artistas
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    que eu encontrei nos livros de história
    da arte eram europeus.
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    Eu pensei: "Uau, isso é fantástico".
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    Ele disse: "Bom, vocês sabem,
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    Charles White tem um estúdio no andar
    de cima"
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    E ele disse que estava tudo bem visitar
    o estúdio
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    e ver alguns trabalhos em progresso.
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    Vocês tinham que ver o processo.
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    Vocês tinham que ver o quão feio
    um desenho pode parecer
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    antes de ficarem nesse ponto
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    de refinamento e acabemento.
  • 8:54 - 8:56
    Era isso o que realmente me interessava.
  • 8:56 - 8:59
    Quer dizer, ver esses estágios
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    E então, é, isso...
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    Vamos ver o que acontece.
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    Estudante: Você tem certeza?
    Bom, você não tem nada a perder.
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    Artista: As imagens iniciais,
    as imagens subjacentes
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    todos vem de fotografias da minha família
    em Cuba.
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    Elas começam por volta de 38 e vão até
    a revolução.
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    Kerry: como você pretende incorporar
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    o momento presente?
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    Isso é mesmo importante?
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    Essa é uma boa pergunta.
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    É provavelmente uma pergunta boba,
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    mas eu realmente não tinha pensado nisso
    tudo.
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    Isso não é uma coisa boba a se dizer,
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    mas é só o tipo de questão
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    que eu gostaria de fazer
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    e ouvir uma reflexão a respeito.
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    Parte do que eu sempre me interesso em
    ver
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    quando eu venho ao museu
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    não é o quão refinado ou
    finalizado um trabalho pode ser,
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    mas eu estou mesmo interessando em
    mostrar,
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    especialmente para os meus estudantes,
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    evidências dos pensamentos dos artistas
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    e evidências dos processos dos artistas.
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    Algumas das coisas que são evidentes em
    uma pintura como essa,
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    uma pintura não finalizada, é que ela
    sempre
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    me lembra do quão difícil é fazer
    uma pintura.
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    Isso confirma a suspeita que eu
    sempre tive
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    que essas coisas não vêm para existência
    por mágica.
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    Eu vou tirar isso, em partes porque,
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    quando você está pensando sobre como
    organizar a pintura,
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    há algumas considerações estruturais
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    que você deve ter em mente.
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    Isso é definitivamente os tipos de imagens
    que você está trabalhando.
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    Elas vão , na verdade, te dizer como fazer
    a sua pintura.
  • 10:55 - 10:59
    Isso é essencialmente como eu faço o meu
    trabalho.
  • 10:59 - 11:01
    Eu estou sempre me referindo a outras
    fontes
  • 11:01 - 11:04
    para me dar algumas pistas sobre como
    as coisas no meu próprio trabalho
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    podem ser organizadas.
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    Bom, o que eu estou fazendo agora é
    na verdade,
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    Eu estou fazendo uma história em
    quadrinhos em formato de jornal
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    que posso usar para uma instalação
    específica
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    no Carnegie.
  • 11:40 - 11:45
    O que eu abordei como assunto foi a ideia
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    de que quando você vai para os museus para
    ver arte africana,
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    essas representações simbólicas
  • 11:50 - 11:53
    dos heróis parecem bem inertes.
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    A tradição da qual eles vieram
  • 11:55 - 11:58
    não têm o mesmo tipo de aceitação
  • 11:58 - 12:03
    que a tradição mitológica dos heróis
    gregos tem,
  • 12:03 - 12:07
    embora haja paralelos entre essas duas
    tradições.
  • 12:09 - 12:10
    E então eu pensei que poderia
  • 12:10 - 12:13
    pegar essas esculturas africanas
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    e reanimá-las, num certo sentido
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    e transformá-las em super heróis
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    para torna-las como um novo Luke Skywalker
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    ou um novo Darth Vader, ou novo Batman,
    ou um novo Super homem.
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    Agora, quando eu estava crescendo lendo
    as HQ's da Marvel,
  • 12:33 - 12:36
    os X-Men, o incrível Hulk, Homem-Aranha,
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    todos esses personagens eram personagens
    fantásticos pra mim.
  • 12:39 - 12:41
    Então, o que eu estou fazendo,
  • 12:41 - 12:43
    é meio que voltar a minha infância,
    eu acho.
  • 12:49 - 12:51
    Eu pensei que o que eu faria com esse
    projeto
  • 12:51 - 12:53
    seria assumir a forma que, num certo
    sentido,
  • 12:53 - 12:56
    é subvalorizado na America,
  • 12:57 - 13:00
    tomar um assunto que é sub-representado
  • 13:01 - 13:02
    e tentar achar um jeito, em que
  • 13:02 - 13:05
    nós podemos carregar essas tradições
    para o futuro
  • 13:05 - 13:09
    para que elas não tenham que simplesmente
    dissipar e morrer.
Title:
Explorando a identidade preta com Kerry James Marshall | Art 21
Description:

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
14:25

Portuguese, Brazilian subtitles

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