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Nós estamos no século 21,
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na cabeça de um passado que se expandiu
para sempre
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ou de uma história que se
expandiu pra sempre.
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Nós só chegamos no século 21
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com os fundamentos das coisas
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que já se estabeleceram
há muito, muito tempo.
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Os princípios que ditam a forma
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que a representação visual funciona
continuam sendo os mesmos princípios
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que ditaram como eles funcionaram há
500 anos, há mil anos, há dois mil anos.
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Faz todo sentido pra mim
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voltar para as origens dessas coisas
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e continuar de lá,
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de aceitar o desafio, realmente
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de encontrar outro jeito de fazer essas
coisas parecerem novas,
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mesmo que elas não sejam.
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A pintura "Muitas mansões",
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que eu terminei em 1995,
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possui uma estrutura muito clássica
sobre a qual a imagem está pendurada.
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Quando eu comecei, os artistas
que eu realmente admirava,
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pessoas como Géricault, todo esse gênero
de pintura histórica,
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aquele grande estilo narrativo de pintar
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era algo com o qual eu realmente queria
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posicionar meu trabalho.
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Então, para atingir uma autoridade similar
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que essas pinturas tinham,
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eu tive que adotar uma forma estrutural
similar.
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Eu acho que em geral
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as pinturas foram bem recebidas,
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mas há uma controvérsia persistente
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em volta desse inequivocamente preto,
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dessas figuras enfaticamente pretas.
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Eu não teria feito elas se eu não tivesse
sentido isso,
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mas eu sou inclinado a pensar que esse
extremo de cor,
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esse tom de preto, é incrivelmente lindo.
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E poderoso.
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A primeira pintura que eu fiz foi lá em
1980,
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foi uma pintura chamada "O retrato do
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artista como uma sobra seu antigo eu".
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e essa foi a primeira vez que eu usei
essa forma simplificada,
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redutiva representação de uma
figura preta.
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Então essa pintura foi aquela que
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estabeleceu a figura preta
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como um modo de operar para mim.
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O que eu estava pensando em fazer
com a minha imagem
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era recuperar a imagem da negritude
como um emblema de poder.
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E eu acho que ainda funciona
praticamente da mesma forma.
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(música de órgão sombria)
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Eu faço um monte de coisas diferentes,
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mas eu não acho nenhuma delas
incompativéis,
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porque todas elas, de certa forma,
reforçam umas as outras.
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é como se eu estivesse usado filme,
vídeo, ou algo assim,
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ou estou trabalhando com um
conjunto de convenções
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que já foram bem prescritas,
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ou contrariando convenções
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que já foram bem pescritas,
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mas a fonte primária
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das minhas ideias sobre representação
visual
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viessem da representação pictórica
através da pintura.
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Essa luz na verdade vai ficar
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perto daqui com um grande sol nela.
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(cliques no interruptor de luz)
Assim, ela terá sua própria luz.
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Oi, pode me ajudar?
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Porque eu quero empurrar isso
de volta.
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Essas casas são parte de
um projeto que estou fazendo
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para um show no Museu Columbus,
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intitulada "ilusões do Eden".
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O tema que eu escolhi trabalhar é
o tema do lar,
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e encená-lo essencialmente.
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O que eu estou olhando, de certa forma,
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é como impenetrável esses lugares sao
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para pessoas que não estão dentro.
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Toda a ideia de nós sermos realmente,
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de certa forma, obcecados, nesse caso,
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em penetrar essa parede,
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descobrir o que as outras pessoas
estão fazendo,
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o que está passando em suas vidas,
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o que está passando nas suas casas.
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E o que está passando em suas casas
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que nós esperamos que esteja?
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(trem passando)
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Isto é ao vivo, totalmente ao vivo.
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é mesmo.
(conversa inaudível)
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(conversa inaudível)
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(conversa inaudível)
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(convidados rindo)
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Alguém tem que defender a sua mãe.
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— Sim!
— Lá vamos nós.
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Mas eu não sabia disso no começo.
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Convidada: Agora... Kerry, eu não
tenho eles...
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Vá em frente, vá em frente.
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Esse é um favorito.
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(Kerry rindo)
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Isso foi para o meu 74º aniversário de
Kerry,
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e diz "O que você deu de aniversário para
Super T?"
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Você vê o quão super eu sou?
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Super T!
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Ele diz "muitos amores",
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"muitos amores", e eu gosto disso.
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A experiencia definidora que eu tive
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que me fez entender
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que ser um artista era o que eu queria
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foi porque minha professora do jardim de
infância
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mantinha um álbum de recortes de velhas
fotografias
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que ela recortou de revistas,
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cartões de natal, de dia dos namorados,
sabe,
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todo tipo de cartões,
propagandas e coisas desse tipo.
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E ela tinha esse álbum de recortes,
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e isso era algo que ela só disponibilizava
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para a criança que melhor se comportava
no dia.
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E se você se comportasse muito bem,
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você podia olhar o álbum
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enquanto todos os outros tiravam uma
soneca após o intervalo.
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E aquele realmente era o livro.
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É como, o dia em que eu pude
ver aquele livro
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realmente mudou a minha vida,
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porque sentei-me olhando o livro,
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quer dizer, com lágrimas nos olhos,
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literalmente com lágrimas nos meus olhos,
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pensando: "Uau, isso é tão fantástico,
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e é isso o que eu quero fazer.
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Eu quero fazer imagens como essas.
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Eu quero fazer imagens que afetem outras
pessoas
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como essas imagens estão me afetando.
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Eu não tenho uma data para essa carta,
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mas é uma colagem antiga,
só diz "bonito",
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e tem uma figura preta.
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E eu me lembro de perguntar a Kerry
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se ele queria colocar isso aqui.
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Mas ele queria
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(Risadas)
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E então foi assim que eu comecei
a entender
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as muitas complexidades.
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Quando eu estava no ensino fundamental,
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eu ganhei uma bolsa de verão para
um curso de desenho
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no Instituto de arte Otis
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O professor de desenho tinha um livro
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que ele colocava no projetor opaco.
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E era "Imagens de Dignidade: Os Desenhos
de Charles White"
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e ele mostrou esses desenhos para nós,
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e eu nunca vi nada como isso antes
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porque antes disso, quase todos os
artistas
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que eu encontrei nos livros de história
da arte eram europeus.
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Eu pensei: "Uau, isso é fantástico".
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Ele disse: "Bom, vocês sabem,
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Charles White tem um estúdio no andar
de cima"
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E ele disse que estava tudo bem visitar
o estúdio
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e ver alguns trabalhos em progresso.
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Vocês tinham que ver o processo.
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Vocês tinham que ver o quão feio
um desenho pode parecer
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antes de ficarem nesse ponto
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de refinamento e acabemento.
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Era isso o que realmente me interessava.
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Quer dizer, ver esses estágios
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E então, é, isso...
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Vamos ver o que acontece.
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Estudante: Você tem certeza?
Bom, você não tem nada a perder.
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Artista: As imagens iniciais,
as imagens subjacentes
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todos vem de fotografias da minha família
em Cuba.
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Elas começam por volta de 38 e vão até
a revolução.
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Kerry: como você pretende incorporar
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o momento presente?
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Isso é mesmo importante?
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Essa é uma boa pergunta.
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É provavelmente uma pergunta boba,
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mas eu realmente não tinha pensado nisso
tudo.
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Isso não é uma coisa boba a se dizer,
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mas é só o tipo de questão
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que eu gostaria de fazer
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e ouvir uma reflexão a respeito.
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Parte do que eu sempre me interesso em
ver
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quando eu venho ao museu
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não é o quão refinado ou
finalizado um trabalho pode ser,
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mas eu estou mesmo interessando em
mostrar,
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especialmente para os meus estudantes,
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evidências dos pensamentos dos artistas
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e evidências dos processos dos artistas.
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Algumas das coisas que são evidentes em
uma pintura como essa,
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uma pintura não finalizada, é que ela
sempre
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me lembra do quão difícil é fazer
uma pintura.
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Isso confirma a suspeita que eu
sempre tive
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que essas coisas não vêm para existência
por mágica.
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Eu vou tirar isso, em partes porque,
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quando você está pensando sobre como
organizar a pintura,
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há algumas considerações estruturais
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que você deve ter em mente.
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Isso é definitivamente os tipos de imagens
que você está trabalhando.
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Elas vão , na verdade, te dizer como fazer
a sua pintura.
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Isso é essencialmente como eu faço o meu
trabalho.
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Eu estou sempre me referindo a outras
fontes
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para me dar algumas pistas sobre como
as coisas no meu próprio trabalho
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podem ser organizadas.
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Bom, o que eu estou fazendo agora é
na verdade,
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Eu estou fazendo uma história em
quadrinhos em formato de jornal
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que posso usar para uma instalação
específica
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no Carnegie.
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O que eu abordei como assunto foi a ideia
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de que quando você vai para os museus para
ver arte africana,
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essas representações simbólicas
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dos heróis parecem bem inertes.
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A tradição da qual eles vieram
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não têm o mesmo tipo de aceitação
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que a tradição mitológica dos heróis
gregos tem,
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embora haja paralelos entre essas duas
tradições.
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E então eu pensei que poderia
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pegar essas esculturas africanas
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e reanimá-las, num certo sentido
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e transformá-las em super heróis
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para torna-las como um novo Luke Skywalker
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ou um novo Darth Vader, ou novo Batman,
ou um novo Super homem.
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Agora, quando eu estava crescendo lendo
as HQ's da Marvel,
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os X-Men, o incrível Hulk, Homem-Aranha,
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todos esses personagens eram personagens
fantásticos pra mim.
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Então, o que eu estou fazendo,
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é meio que voltar a minha infância,
eu acho.
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Eu pensei que o que eu faria com esse
projeto
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seria assumir a forma que, num certo
sentido,
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é subvalorizado na America,
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tomar um assunto que é sub-representado
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e tentar achar um jeito, em que
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nós podemos carregar essas tradições
para o futuro
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para que elas não tenham que simplesmente
dissipar e morrer.