Sobre estarmos errados
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0:02 - 0:04Estamos em 1995,
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0:04 - 0:06estou na faculdade,
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0:06 - 0:08e uma amiga e eu fazemos uma viagem
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0:08 - 0:12de Providence, Rhode Island
até Portland, Oregon. -
0:12 - 0:15Sabem como é,
somos jovens e desempregadas, -
0:15 - 0:18portanto, viajamos
por rodovias secundárias, -
0:18 - 0:22pelos parques estaduais
e florestas nacionais, -
0:22 - 0:25enfim, o maior trajeto
que podemos escolher. -
0:27 - 0:29Algures, no meio de Dakota do Sul,
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0:30 - 0:34dirijo-me à minha amiga
e faço-lhe uma pergunta -
0:34 - 0:38que estava a incomodar-me
há mais de 3000 km. -
0:40 - 0:43"Que se passa com este símbolo chinês?
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0:43 - 0:45"Estou sempre a vê-lo ao lado da estrada".
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0:47 - 0:51A minha amiga olhou para mim
sem perceber patavina. -
0:53 - 0:56Está um senhor ali na primeira fila
que imita perfeitamente o olhar dela. -
0:56 - 0:58(Risos)
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1:00 - 1:03E eu: "Sabes, aqueles sinais todos
que estamos a ver -
1:03 - 1:06"com um símbolo chinês."
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1:08 - 1:10Ela ficou olhar para mim
por instantes, -
1:11 - 1:13depois desatou a rir,
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1:13 - 1:15porque percebeu de que é
que eu estava a falar. -
1:16 - 1:19E eu estava a falar disto.
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1:19 - 1:22(Risos)
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1:26 - 1:29O famoso símbolo chinês
para um local de piqueniques. -
1:29 - 1:30(Risos)
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1:31 - 1:34Dediquei os últimos cinco anos
da minha vida -
1:34 - 1:37a pensar em situações
exatamente como esta. -
1:39 - 1:42Porque é que às vezes interpretamos mal
os sinais que nos rodeiam? -
1:43 - 1:46Como nos comportamos quando isso acontece?
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1:46 - 1:49O que é que tudo isso revela
sobre a natureza humana? -
1:50 - 1:52Por outras palavras
— como Chris vos disse — -
1:52 - 1:54dediquei os últimos cinco anos
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1:54 - 1:56a pensar sobre estarmos errados.
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1:58 - 2:00Isto pode parecer
uma mudança de carreira estranha, -
2:00 - 2:03mas, na verdade,
tem uma grande vantagem: -
2:03 - 2:05não há competição profissional.
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2:05 - 2:07(Risos)
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2:07 - 2:10De facto, nós, na maioria,
fazemos todo o possível -
2:10 - 2:12para evitar pensar em estarmos errados
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2:12 - 2:15ou, pelo menos, para tentar evitar
pensar na possibilidade -
2:15 - 2:17de que estamos errados.
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2:17 - 2:19Aceitamos a ideia em abstrato.
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2:19 - 2:22Sabemos que todos nós
neste auditório fazemos erros. -
2:22 - 2:25A espécie humana, em geral,
é falível — tudo bem. -
2:26 - 2:29Mas quando se fala do eu, neste momento,
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2:29 - 2:31de todas as crenças que tenho,
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2:31 - 2:34aqui, no presente do indicativo,
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2:34 - 2:38de repente toda esta abstração
da falibilidade -
2:38 - 2:40desaparece pela janela fora.
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2:41 - 2:44Não consigo pensar em nada
em que eu esteja errada. -
2:45 - 2:48O caso é que nós vivemos
no presente do indicativo. -
2:49 - 2:51Vamos a encontros
no presente do indicativo. -
2:51 - 2:54Vamos de férias com a família
no presente do indicativo. -
2:54 - 2:56Vamos às urnas e votamos
no presente do indicativo. -
2:57 - 3:00Portanto, nós "passamos" pela vida,
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3:00 - 3:02presos nesta pequena bolha
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3:02 - 3:05a sentir que estamos certos
sobre todas as coisas. -
3:06 - 3:08Acho que este é o problema.
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3:08 - 3:11Acho que é um problema
para cada um de nós como indivíduos, -
3:11 - 3:13na nossa vida pessoal e profissional,
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3:14 - 3:17e acho que é um problema de todos nós,
coletivamente, enquanto cultura. -
3:17 - 3:19Portanto o que quero fazer hoje,
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3:19 - 3:22em primeiro lugar, é falar do porquê
de ficarmos presos -
3:22 - 3:24dentro deste sentimento de estar certo.
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3:24 - 3:27Em segundo lugar,
porque é que isto é um problema. -
3:27 - 3:30E finalmente, quero convencê-los
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3:30 - 3:33de que é possível libertarmo-nos
desse sentimento, -
3:34 - 3:37e, se conseguirmos, será o maior salto
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3:37 - 3:40moral, intelectual e criativo
que podemos realizar. -
3:42 - 3:44Então, porque é que estamos presos
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3:44 - 3:46neste sentimento de estar certo?
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3:46 - 3:50Uma das razões relaciona-se
com o sentimento de estarmos errados. -
3:50 - 3:52Então, vou perguntar uma coisa
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3:52 - 3:55— ou melhor — vou perguntar-vos
a vocês deste lado: -
3:55 - 3:58Qual é a sensação, emocionalmente,
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3:58 - 4:01qual é a sensação de estar errado?
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4:02 - 4:03Terrível.
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4:03 - 4:04Polegares para baixo.
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4:04 - 4:06Embaraçoso. Ótimo, maravilhoso, bom.
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4:06 - 4:08Terrível, para baixo, embaraçoso.
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4:08 - 4:11Obrigada, são ótimas respostas,
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4:11 - 4:14mas são respostas para uma outra pergunta.
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4:14 - 4:16Vocês estão a responder
à seguinte pergunta: -
4:16 - 4:19Qual a sensação de perceber
que estão errados? -
4:20 - 4:23(Risos)
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4:23 - 4:26Perceber que estamos errados
faz-nos perceber tudo isso -
4:26 - 4:27e muito mais outras coisas.
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4:27 - 4:29Pode ser devastador, pode ser revelador,
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4:29 - 4:31até pode ser muito divertido,
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4:31 - 4:34como o meu estúpido erro
sobre o símbolo chinês. -
4:34 - 4:37Mas o facto de estar errado, por si só,
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4:37 - 4:39não nos dá qualquer sensação.
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4:39 - 4:41Vou fazer uma analogia.
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4:42 - 4:44Lembram dos desenhos animados
do Loony Tunes -
4:44 - 4:46em que há um coiote patético
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4:46 - 4:49que anda sempre a perseguir
mas nunca apanha o Bip-bip? -
4:49 - 4:51Na maioria dos capítulos
deste desenho animado, -
4:51 - 4:54há um momento em que o coiote
persegue o Bip-bip -
4:54 - 4:55e o Bip-bip salta de um penhasco,
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4:55 - 4:58o que está certo,
ele é um pássaro, pode voar. -
4:59 - 5:02Mas o caso é que o coiote
salta do penhasco atrás dele. -
5:02 - 5:04O que é engraçado
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5:04 - 5:06— pelo menos quando se tem seis anos —
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5:06 - 5:08é que o coiote também está muito bem.
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5:08 - 5:10Continua a correr,
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5:10 - 5:13até ao momento em que olha para baixo
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5:13 - 5:15e descobre que está no ar.
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5:16 - 5:17É aí que ele cai.
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5:19 - 5:21Quando estamos errados
sobre qualquer coisa -
5:21 - 5:24— não quando o descobrimos,
mas antes disso — -
5:25 - 5:27somos como o coiote,
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5:27 - 5:30depois de ter saltado do penhasco
e antes de olhar para baixo. -
5:32 - 5:34Nós já estamos errados,
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5:34 - 5:36nós já estamos em apuros,
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5:36 - 5:39mas sentimo-nos
como se estivéssemos em terra firme. -
5:40 - 5:43Então tenho que corrigir uma coisa
que disse há bocado. -
5:43 - 5:47Dá a sensação de que uma coisa errada
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5:47 - 5:49se sente como se estivesse certa.
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5:49 - 5:52(Risos)
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5:53 - 5:55Esta é uma razão, uma razão estrutural,
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5:55 - 5:58para o facto de ficarmos presos
nesta sensação de estarmos certos. -
5:58 - 6:00Eu chamo a isto "cegueira ao erro".
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6:00 - 6:04Na maior parte das vezes,
não temos nenhuma pista interior -
6:04 - 6:07que nos permita saber
que estamos errados sobre qualquer coisa, -
6:07 - 6:09até ser tarde demais.
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6:09 - 6:12Mas há uma segunda razão
para ficarmos presos neste sentimento, -
6:12 - 6:14e é uma razão cultural.
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6:15 - 6:17Pensem nos tempos da escola primária.
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6:18 - 6:20Estamos na sala de aula,
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6:20 - 6:22o professor está a devolver as provas
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6:23 - 6:25e uma delas tem este aspeto.
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6:25 - 6:27A propósito, esta prova não é minha.
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6:27 - 6:29(Risos)
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6:29 - 6:32Então, estamos na escola primária
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6:32 - 6:34e sabemos exatamente no que pensar
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6:34 - 6:37sobre o aluno que recebeu aquela prova.
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6:37 - 6:39É o burro, o arruaceiro,
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6:39 - 6:42o que nunca faz os trabalhos de casa.
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6:43 - 6:46Quando se tem nove anos,
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6:46 - 6:48já aprendemos, primeiro que tudo,
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6:48 - 6:50que as pessoas que fazem erros
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6:50 - 6:53são retardadas, preguiçosas,
irresponsáveis. -
6:53 - 6:55E, em segundo lugar,
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6:55 - 6:57que para se ter sucesso na vida
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6:57 - 7:00nunca se podem fazer erros.
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7:01 - 7:05Nós aprendemos muito bem estas más lições.
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7:06 - 7:08E muitos de nós
-
7:08 - 7:11— e suspeito, especialmente muitos
de nós aqui no auditório — -
7:11 - 7:15resolvemos isto tornando-nos
alunos perfeitos de nota máxima., -
7:16 - 7:19perfecionistas, alunos acima da média.
-
7:19 - 7:21Não é?
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7:21 - 7:24O senhor técnico oficia de contas,
astrofísico, ultramaratonista? -
7:25 - 7:29(Risos)
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7:32 - 7:36Parece-me que todos vocês são TOCs,
astrofísicos e ultramaratonistas. -
7:36 - 7:40Tudo bem, exceto que nos passamos
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7:40 - 7:43com a possibilidade
de fazermos algum erro. -
7:43 - 7:46Porque, de acordo com aquilo,
-
7:46 - 7:48fazer um erro
-
7:48 - 7:50significa que há algo de errado connosco.
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7:51 - 7:53Portanto insistimos que estamos certos,
-
7:53 - 7:56porque isso faz-nos sentir
inteligentes e responsáveis -
7:56 - 7:58virtuosos e em segurança.
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8:00 - 8:01Vou contar uma história.
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8:02 - 8:03Há uns anos,
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8:03 - 8:06uma mulher deu entrada no centro médico
Beth Israel Deaconess -
8:06 - 8:07para uma cirurgia.
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8:07 - 8:09O Beth Israel fica em Boston.
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8:09 - 8:12É um hospital universitário de Harvard,
um dos melhores hospitais do país. -
8:13 - 8:16Esta mulher dá entrada
é levada para a sala de operações. -
8:16 - 8:18É anestesiada, o cirurgião opera-a,
-
8:18 - 8:21sutura-a e encaminha-a
para a sala de recuperação. -
8:21 - 8:23Parece que correu tudo bem.
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8:23 - 8:27Aí ela acorda, olha para si mesma
e pergunta: -
8:28 - 8:31"Porque é que as ligaduras
estão do lado errado do meu corpo?' -
8:31 - 8:33O corpo dela tem as ligaduras
do lado errado -
8:33 - 8:35porque o cirurgião operou-a
-
8:35 - 8:38à perna esquerda em vez da direita.
-
8:39 - 8:44Quando o vice-presidente da qualidade
do centro de saúde Beth Israel -
8:44 - 8:45comentou o incidente,
-
8:45 - 8:48disse uma coisa muito interessante.
-
8:49 - 8:52"Deve ter havido qualquer razão
-
8:52 - 8:56"para o cirurgião ter sentido
que estava no lado certo da doente.' -
8:56 - 8:58(Risos)
-
8:58 - 9:00A moral da história
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9:01 - 9:04é que confiar demasiado na sensação
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9:04 - 9:07de estar do lado certo de qualquer coisa,
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9:09 - 9:11pode ser muito perigoso.
-
9:12 - 9:16Esta sensação interior de certeza
que tantas vezes experimentamos, -
9:16 - 9:20não é um guia fiável para o que está
a acontecer no mundo. -
9:21 - 9:23E quando agimos como se fosse
-
9:23 - 9:27e não pensamos na possibilidade
de estarmos errados, -
9:27 - 9:29é quando acabamos por fazer coisas
-
9:29 - 9:32como derramar 200 milhões de galões
de petróleo no Golfo do México, -
9:33 - 9:36ou a arrasar a economia mundial.
-
9:37 - 9:40Isto é um grande problema prático.
-
9:40 - 9:43Mas também é um grande problema social.
-
9:43 - 9:47Pensem por instantes no que significa
achar que estamos certos. -
9:47 - 9:50Significa que achamos que a nossa crença
-
9:50 - 9:52reflete perfeitamente a realidade.
-
9:53 - 9:56E quando nos sentimos assim
temos um problema a resolver, -
9:56 - 9:59que é: como vamos explicar isso
-
9:59 - 10:01a todas as pessoas que discordam de nós?
-
10:02 - 10:05Acontece que muitos de nós explicamos
a essas pessoas da mesma maneira, -
10:05 - 10:08recorrendo a uma série
de infelizes suposições. -
10:08 - 10:12A primeira coisa que fazemos, geralmente,
quando alguém discorda de nós -
10:12 - 10:14é assumirmos que elas são ignorantes,
-
10:14 - 10:17que não têm acesso
às informações que nós temos, -
10:17 - 10:20e que, se, generosamente partilharmos
as informações com elas, -
10:20 - 10:22elas verão a luz
e passarão para o nosso lado. -
10:23 - 10:25Quando isto não funciona,
-
10:25 - 10:28e percebemos que as pessoas
têm as informações que temos -
10:28 - 10:30mas continuam a discordar de nós,
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10:30 - 10:32passamos para uma segunda hipótese,
-
10:32 - 10:34a de que elas são idiotas.
-
10:34 - 10:35(Risos)
-
10:35 - 10:37Elas têm todas as peças do puzzle,
-
10:37 - 10:40mas são muito burros
para montá-lo corretamente. -
10:41 - 10:43Quando isso não funciona,
-
10:43 - 10:45quando descobrimos que as pessoas
que discordam de nós -
10:45 - 10:48têm os mesmos dados que nós
-
10:48 - 10:50e até são muito inteligentes
-
10:51 - 10:53passamos a uma terceira hipótese:
-
10:55 - 10:56elas conhecem a verdade,
-
10:56 - 10:58e estão deliberadamente a distorcê-la
-
10:58 - 11:01com algum objetivo malévolo,
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11:02 - 11:04Isto é uma catástrofe.
-
11:05 - 11:07Este apego às nossas certezas
-
11:07 - 11:11impede-nos de prever erros
quando mais precisamos -
11:11 - 11:15e isso leva-nos a tratarmo-nos
uns aos outros pessimamente. -
11:15 - 11:18Para mim, o que é mais desconcertante
-
11:18 - 11:21o mais trágico de tudo isso,
-
11:21 - 11:24é que se perde todo o sentido
do ser humano. -
11:24 - 11:26É como se acreditássemos
-
11:26 - 11:29que as nossas mentes são estas janelas
perfeitamente transparentes -
11:29 - 11:31que olhamos através delas
-
11:31 - 11:34e vemos o mundo exatamente como ele é.
-
11:34 - 11:37Queremos que todos vejam
as coisas pelo mesmo prisma -
11:37 - 11:39e vejam exatamente a mesma coisa.
-
11:39 - 11:43Isso não é verdade, mas se fosse,
a vida seria incrivelmente maçadora. -
11:44 - 11:47O milagre da nossa mente
-
11:47 - 11:49não está no facto de podermos
ver o mundo como ele é. -
11:51 - 11:54Está no facto de podermos
ver o mundo como ele não é. -
11:54 - 11:57Podemos recordar o passado,
-
11:57 - 11:59podemos pensar no futuro,
-
11:59 - 12:04e podemos imaginar como é
ser outra pessoa noutro lugar. -
12:04 - 12:07Todos nós fazemos isto
de modo levemente diferente, -
12:07 - 12:09por isso cada um de nós
olha à noite para o mesmo céu -
12:09 - 12:11e vê isto
-
12:11 - 12:12e isto também
-
12:13 - 12:15e isto também.
-
12:16 - 12:19Sim, é por isso que nós
assumimos coisas erradas. -
12:19 - 12:221200 anos antes Descartes
dizer a famosa frase -
12:22 - 12:24'Penso, logo existo',
-
12:24 - 12:26Santo Agostinho, sentou-se e escreveu:
-
12:26 - 12:28"Fallor ergo sum"
-
12:29 - 12:31Erro, logo existo.
-
12:32 - 12:36Agostinho entendeu
que a nossa capacidade de errar, -
12:36 - 12:40não é um defeito vergonhoso
do sistema humano, -
12:41 - 12:44uma cosia que possamos
erradicar ou superar. -
12:44 - 12:46É inerente ao que somos.
-
12:47 - 12:49Porque, ao contrário de Deus,
-
12:49 - 12:51não sabemos o que acontece lá fora.
-
12:52 - 12:55E ao contrário de todos os outros animais,
-
12:55 - 12:58somos obcecados por tentar saber.
-
12:58 - 13:00Para mim, esta obsessão
-
13:00 - 13:05é a fonte e raiz de toda
a nossa produtividade e criatividade. -
13:06 - 13:09No ano passado, por vários motivos,
-
13:09 - 13:11ouvi vários episódios
na rádio estatal, do programa -
13:11 - 13:13"This American Life"
[Esta vida americana] -
13:13 - 13:15Ouvi e ouvi,
-
13:15 - 13:18e a determinado momento,
comecei a sentir -
13:18 - 13:21que todas as histórias
eram sobre estar errado. -
13:22 - 13:25O meu primeiro pensamento foi,
"Enlouqueci -
13:26 - 13:29"Tornei-me na louca dos erros,
vejo erros por toda a parte", -
13:30 - 13:32o que é um facto.
-
13:32 - 13:34Mas uns meses depois,
-
13:34 - 13:37entrevistei Ira Glass,
que apresenta o programa. -
13:37 - 13:39Comentei isto com ele,
e ele disse: -
13:39 - 13:41"Sim, de facto, é verdade".
-
13:42 - 13:44"Na verdade, enquanto equipa,
-
13:44 - 13:47"nós dizemos, por piada,
que cada episódios do programa -
13:47 - 13:50tem o mesmo tema oculto.
-
13:50 - 13:52E o tema oculto é:
-
13:52 - 13:55"Pensei que ia acontecer uma coisa
-
13:55 - 13:58"e, em vez disso, aconteceu outra coisa".
-
13:58 - 14:01"O que acontece", diz Ira Glass,
"nós precisamos disso. -
14:01 - 14:06"Precisamos destes momentos
de surpresa, de reveses e erros -
14:06 - 14:08"para fazer a história funcionar.'
-
14:08 - 14:12Quanto a nós, o público,
os ouvintes, os leitores, -
14:13 - 14:15devoramos tudo isso.
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14:15 - 14:17Adoramos reviravoltas
-
14:17 - 14:20pistas falsas e finais inesperados.
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14:21 - 14:23Quando se trata das nossas histórias,
-
14:23 - 14:25adoramos estar errados.
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14:26 - 14:29Mas as nossas histórias são assim
-
14:29 - 14:31porque a nossa vida é assim.
-
14:32 - 14:35Nós achamos que vai acontecer uma coisa
-
14:35 - 14:37e, em vez disso, acontece outra coisa.
-
14:37 - 14:40George Bush pensou
que ia invadir o Iraque -
14:40 - 14:43e encontrar um monte de armas
de destruição em massa, -
14:43 - 14:45libertar o povo e levar a democracia
para o Oriente Médio. -
14:45 - 14:48Mas, em vez disso, aconteceu outra coisa.
-
14:49 - 14:51Hosni Mubarak pensou que ia a ser
o ditador do Egito -
14:51 - 14:54até ao fim da vida,
até ficar velhinho e muito doente -
14:55 - 14:57e poder passar
as rédeas do poder ao seu filho. -
14:58 - 15:00Mas, em vez disso, aconteceu outra coisa.
-
15:01 - 15:06Talvez vocês pensassem que iam crescer
e casar com a namorada do liceu -
15:06 - 15:09voltar para a vossa cidade natal
e criar um monte de crianças juntos. -
15:09 - 15:12Mas, em vez disso, aconteceu outra coisa.
-
15:13 - 15:15Tenho de vos contar.
-
15:15 - 15:17Julguei que estava a escrever
um incrível livro "nerd" -
15:17 - 15:19sobre um assunto que todos odeiam
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15:19 - 15:21para um público que nunca apareceria.
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15:22 - 15:24Mas, em vez disso, aconteceu outra coisa.
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15:24 - 15:25(Risos)
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15:26 - 15:28Quer dizer, isto é a vida!
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15:28 - 15:30Para o bem e para o mal,
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15:30 - 15:33nós criamos histórias incríveis
sobre o mundo que nos cerca, -
15:35 - 15:38e depois, o mundo gira e surpreende-nos.
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15:41 - 15:43Sem ofensa, mas toda essa conferência
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15:43 - 15:47é um incrível monumento à nossa capacidade
de fazermos erros. -
15:48 - 15:50Nós passámos a semana toda
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15:50 - 15:53a falar de inovações, de avanços,
de melhoramentos. -
15:53 - 15:56mas sabemos porque é que
precisamos dessas inovações, -
15:56 - 15:58desses avanços e melhorias?
-
15:58 - 16:03Porque metade dessas coisas
incríveis e de vanguarda -
16:03 - 16:05— TED 1998 —
-
16:06 - 16:07hmm...
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16:08 - 16:10(Risos)
-
16:11 - 16:14não aconteceram como previsto, pois não?
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16:14 - 16:15(Risos)
-
16:16 - 16:18Onde está a minha mochila a jato, Chris?
-
16:19 - 16:21(Risos)
-
16:23 - 16:26(Aplausos)
-
16:28 - 16:30E aqui estamos nós de novo
-
16:30 - 16:32E é assim que acontece.
-
16:32 - 16:34Temos outra ideia.
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16:35 - 16:37Contamos outra história.
-
16:38 - 16:40Fazemos outra conferência.
-
16:41 - 16:44O tema desta, como já ouviram
sete milhões de vezes -
16:44 - 16:46é sobre a redescoberta da maravilha.
-
16:47 - 16:51Quanto a mim, se queremos mesmo
redescobrir a maravilha, -
16:52 - 16:56precisamos de sair
desse espaço de certezas -
16:56 - 16:58estreito e aterrador
-
16:59 - 17:02e olhar em volta, uns para os outros
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17:02 - 17:05fitar a vastidão,
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17:06 - 17:07a complexidade,
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17:08 - 17:10e o mistério do universo
-
17:11 - 17:13e ser capaz de dizer:
-
17:14 - 17:15"Uau,
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17:16 - 17:17"Não sei.
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17:18 - 17:20"Talvez esteja errada."
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17:21 - 17:22Obrigada.
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17:22 - 17:25(Aplausos)
-
17:26 - 17:27Obrigada a todos.
-
17:27 - 17:30(Aplausos)
- Title:
- Sobre estarmos errados
- Speaker:
- Kathryn Schulz
- Description:
-
Muitos de nós fazemos tudo para evitarmos estar errados. E se estivermos errados a este respeito? A "errologista" Kathryn Schulz apresenta argumentos convincentes não só para reconhecermos, mas para apostarmos na nossa falibilidade.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:31
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for On being wrong | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for On being wrong | |
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Wanderley Jesus added a translation |