Sobre estarmos errados
-
0:02 - 0:04Estamos em 1995,
-
0:04 - 0:06estou na faculdade,
-
0:06 - 0:08e uma amiga e eu fazemos uma viagem
-
0:08 - 0:10de Providence, Rhode Island
até Portland, Oregon. -
0:10 - 0:12
-
0:12 - 0:15Sabem como é,
somos jovens e desempregadas, -
0:15 - 0:18portanto, viajamos
por rodovias secundárias, -
0:18 - 0:19pelos parques estaduais
e florestas nacionais, -
0:19 - 0:22-
-
0:22 - 0:25enfim, o maior trajeto
que podemos escolher. -
0:27 - 0:29Algures, no meio de Dakota do Sul,
-
0:30 - 0:32dirijo-me à minha amiga
e faço-lhe uma pergunta -
0:32 - 0:34
-
0:34 - 0:36que estava a incomodar-me
há mais de 3000 km. -
0:40 - 0:43"Que se passa com este símbolo chinês?
-
0:43 - 0:45"Estou sempre a vê-lo ao lado da estrada".
-
0:47 - 0:51A minha amiga olhou para mim
de olhos arregalados. -
0:53 - 0:54Está um senhor ali na primeira fila
que imita perfeitamente o olhar dela. -
0:54 - 0:56
-
0:56 - 0:58(Risos)
-
1:00 - 1:03E eu: "Sabes, aqueles sinais todos
que estamos a ver -
1:03 - 1:04"com um símbolo chinês."
-
1:04 - 1:06
-
1:08 - 1:10Ela ficou olhar para mim
por instantes, -
1:11 - 1:13depois desatou a rir,
-
1:13 - 1:15porque percebeu de que é
que es estava a falar. -
1:16 - 1:19E eu estava a falar disto.
-
1:19 - 1:22(Risos)
-
1:26 - 1:29O famoso símbolo chinês
para um local de piqueniques. -
1:29 - 1:30(Risos)
-
1:30 - 1:34Dediquei os últimos cinco anos
da minha vida -
1:34 - 1:37a pensar em situações
exatamente como esta. -
1:37 - 1:39-
-
1:39 - 1:41Porque é que às vezes interpretamos mal
os sinais que nos rodeiam? -
1:41 - 1:43
-
1:43 - 1:46Como nos comportamos quando isso acontece?
-
1:46 - 1:49O que é que tudo isso revela
sobre a natureza humana? -
1:50 - 1:52Por outras palavras
— como Chris vos disse — -
1:52 - 1:54dediquei os últimos cinco anos
-
1:54 - 1:56a pensar sobre estarmos errados.
-
1:58 - 2:00Isto pode pareder
uma mudança de carreira estranha, -
2:00 - 2:03mas, na verdade,
tem uma grande vantagem: -
2:03 - 2:05não há competição profissional.
-
2:05 - 2:07(Risos)
-
2:07 - 2:10De facto, nós, na maioria,
fazemos todo o possível -
2:10 - 2:13para evitar pensar em estarmos errados
-
2:13 - 2:15ou, pelo menos, para tentar evitar
pensar na possibilidade -
2:15 - 2:17de que estamos errados.
-
2:17 - 2:19Aceitamos a ideia em abstrato.
-
2:19 - 2:22Sabemos que todos nós
neste auditório fazemos erros. -
2:22 - 2:25A espécie humana, em geral,
é falível — tudo bem. -
2:26 - 2:29Mas quando se fala do eu, neste momento,,
-
2:29 - 2:31de todas as crenças que tenho,
-
2:31 - 2:34aqui, no presente do indicativo,
-
2:34 - 2:38de repente toda esta abstração da falibilidade
-
2:38 - 2:40desaparece pela janela fora.
-
2:41 - 2:44Não consigo pensar em nada
em que eu esteja errado. -
2:45 - 2:48O caso é que nós vivemos
no presente do indicativo. -
2:49 - 2:51Vamos a encontros
no presente do indicativo. -
2:51 - 2:53Vamos de férias com a família
no presente do indicative. -
2:53 - 2:56Vamos às urnas e votamos
no presente do indicativo. -
2:57 - 3:00Portanto, nós "passamos" pela vida,
-
3:00 - 3:02presos nesta pequena bolha
-
3:02 - 3:05a sentir que estamos certos
sobre todas as coisas. -
3:06 - 3:08Acho que este é o problema.
-
3:08 - 3:11Acho que é um problema
para cada um de nós como indivíduos, -
3:11 - 3:13na nossa vida pessoal e profissional,
-
3:14 - 3:17e acho que é um problema de todos nós,
coletivamente, enquanto cultura. -
3:17 - 3:19Portanto o que quero fazer hoje,
-
3:19 - 3:22em primeiro lugar, é falar do porquê
de ficarmos presos -
3:22 - 3:24dentro deste sentimento de estar certo.
-
3:24 - 3:27Em segundo lugar,
porque é que isto é um problema. -
3:27 - 3:30E finalmente, quero convencê-los
-
3:30 - 3:31de que é possível libertarmo-nos
desse sentimento, -
3:31 - 3:33
-
3:34 - 3:35e, se conseguirmos, será o maior salto
-
3:37 - 3:40moral, intelectual e criativo
que podemos realizar. -
3:42 - 3:44Então, porque é que estamos presos
-
3:44 - 3:46neste sentimento de estar certo?
-
3:46 - 3:49Uma das razões relaciona-se
com o sentimento de estarmos errados. -
3:49 - 3:52Então, vou perguntar uma coisa
-
3:52 - 3:55— ou melhor — vou perguntar-vos
a vocês deste lado: -
3:55 - 3:58Qual é a sensação, emocionalmente,
-
3:58 - 4:01qual é a sensação de estar errado?
-
4:02 - 4:03Terrível.
-
4:03 - 4:04Polegares para baixo.
-
4:04 - 4:06Enbaraçado. Ótimo, maravilhoso, bom.
-
4:06 - 4:08Terrível, para baixo, embaraçados.
-
4:08 - 4:11Obrigada, são ótimas respostas,
-
4:11 - 4:14mas são respostas para uma outra pergunta.
-
4:14 - 4:16Vocês estão a responder
à seguinte pergunta: -
4:16 - 4:19Qual a sensação de perceber
que estão errados? -
4:20 - 4:23(Risos)
-
4:23 - 4:27Perceber que estamos errados faz-nos perceber
tudo isso e muito mais outras coisas? -
4:27 - 4:29Pode ser devastador, pode ser revelador,
-
4:29 - 4:31até pode ser muito divertido,
-
4:31 - 4:34como o meu estúpido erro
sobre o símbolo chinês. -
4:34 - 4:37Mas o facto de estar errado, por si só,
-
4:37 - 4:39não nos dá qualquer sensação.
-
4:39 - 4:41Vou fazer uma analogia.
-
4:42 - 4:44Lembram dos desenhos animados
do Loony Tunes -
4:44 - 4:46em que há um coiote patético
-
4:46 - 4:49que anda sempre a perseguir
mas nunca apanha o Bip-bip? -
4:49 - 4:51Na maioria dos capítulos
deste desenho animado, -
4:51 - 4:54há um momento em que o coiote
persegue o Bip-bip -
4:54 - 4:55e o Bip-bip salta de um penhasco,
-
4:55 - 4:58o que está certo,
ele é um pássaro, pode voar. -
4:59 - 5:02Mas o caso é que, o coiote
salta do penhasco atrás dele. -
5:02 - 5:04O que é engraçado
-
5:04 - 5:06— pelo menos quando se tem seis anos —
-
5:06 - 5:08é que o coiote também está muito bem.
-
5:08 - 5:10Continua a correr
-
5:10 - 5:13até ao momento em que olha para baixo
-
5:13 - 5:15e descobre que está no ar.
-
5:16 - 5:17É aí que ele cai.
-
5:19 - 5:21Quando estamos errados sobre qualquer coisa
-
5:21 - 5:24— não quando o descobrimos,
mas antes disso — -
5:25 - 5:27somos como o coiote,
-
5:27 - 5:30depois de ter saltado do penhasco
e antes de olhar para baixo. -
5:32 - 5:34Nós já estamos errados,
-
5:34 - 5:36nós já estamos em apuros,
-
5:36 - 5:39mas sentimo-nos
como se estivéssemos em terra firme. -
5:40 - 5:43Então devia corrigir qualquer coisa
que disse momentos atrás. -
5:43 - 5:46Dá a sensação de que uma coisa errada
-
5:46 - 5:49se sente como se estivesse certa.
-
5:49 - 5:52(Risos)
-
5:53 - 5:55Esta é uma razão, uma razão estrutural,
-
5:55 - 5:58porque nós ficamos presos
nesta sensação de estarmos certos. -
5:58 - 6:00Eu chamo a isto "cegueira ao erro".
-
6:00 - 6:02Na maior parte das vezes,
-
6:02 - 6:04não temos nenhuma pista interior
-
6:04 - 6:07que nos permita saber
que estamos errados sobre qualquer coisa, -
6:07 - 6:09até ser tarde demais.
-
6:09 - 6:12Mas há uma segunda razão
para ficarmos presos neste sentimento, -
6:12 - 6:14e esta é cultural.
-
6:15 - 6:17Pensem nos tempos da escola primária.
-
6:18 - 6:20Estamos na sala de aula,
-
6:20 - 6:22o professor está a devolver as provas
-
6:23 - 6:25e uma delas tem este aspeto.
-
6:25 - 6:27A propósito, esta prova não é minha.
-
6:27 - 6:29(Risos)
-
6:29 - 6:32Então, estamos lá na escola primária
-
6:32 - 6:34e sabemos exatamente no que pensar
-
6:34 - 6:37sobre o aluno que recebeu aquela prova.
-
6:37 - 6:39É o burro, o arruaceiro,
-
6:39 - 6:42o que nunca faz os trabalhos de casa.
-
6:43 - 6:46Quando se tem nove anos,
-
6:46 - 6:48já aprendemos, primeiro que tudo,
-
6:48 - 6:50que as pessoas que fazem erros
-
6:50 - 6:53são retardadas, preguiçosas, irresponsáveis.
-
6:53 - 6:55E, em segundo lugar,
-
6:55 - 6:57que para se ter sucesso na vida
-
6:57 - 7:00nunca se podem fazer erros.
-
7:01 - 7:05Nós aprendemos muito bem estas más lições.
-
7:06 - 7:08E muitos de nós
-
7:08 - 7:11— e suspeito, especialmente muitos
de nós aqui no auditório — -
7:11 - 7:15resolvemos isto tornando-nos
alunos perfeitos de nota máxima., -
7:15 - 7:16
-
7:16 - 7:19perfecionistas, alunos acima da média.
-
7:19 - 7:21Não é?
-
7:21 - 7:24O senhor CFO, astrofísico,
ultramaratonista? -
7:25 - 7:28(Risos)
-
7:32 - 7:36Parece-me que todos vocês
são CFO, astrofísicos e ultramaratonistas. -
7:36 - 7:38Tudo bem, exceto que nos apavoramos
-
7:38 - 7:40
-
7:40 - 7:43com a possibilidade
de fazermos algum erro. -
7:43 - 7:46Porque, de acordo com aquilo,
-
7:46 - 7:48fazer um erro
-
7:48 - 7:50significa que há algo de errado connosco.
-
7:51 - 7:53Portanto insistimos que estamos certos,
-
7:53 - 7:56porque isso faz-nos sentir
inteligentes e responsáveis -
7:56 - 7:58virtuosos e seguros.
-
8:00 - 8:01Vou contar uma história.
-
8:02 - 8:03Há auns anos,
-
8:03 - 8:06uma mulher deu entrada no centro médico
Beth Israel Deaconess -
8:06 - 8:07para uma cirurgia.
-
8:07 - 8:09O Beth Israel fica em Boston.
-
8:09 - 8:10É um hospital universitário de Harvard,
um dos melhores hospitais do país. -
8:13 - 8:16Essa mulher dá entrada
é levada para a sala de operações. -
8:16 - 8:18É anestesiada, o cirurgião opera-a,
-
8:18 - 8:21sutura-a e encaminha-a
para a sala de recuperação. -
8:21 - 8:23Parece que correu tudo bem.
-
8:23 - 8:26Aí ela acorda, olha para si mesma
e pergunta: -
8:28 - 8:31"Porque é que as ligaduras
estão do lado errado do meu corpo?' -
8:31 - 8:33O corpo dela está com as ligaduras
do lado errado -
8:33 - 8:35porque o cirurgião operou-a
-
8:35 - 8:38à perna esqueda em vez da direita.
-
8:39 - 8:43Quando o vice-presidente da qualidade
do centro de saúde Beth Israel -
8:43 - 8:45comentou o incidente,
-
8:45 - 8:48disse uma coisa muito interessante.
-
8:49 - 8:51"Deve ter havido qualquer razão
-
8:52 - 8:53"para o cirurgião ter sentido
que estava no lado certo da doente.' -
8:53 - 8:55
-
8:56 - 8:58(Risos)
-
8:58 - 9:00A moral da história
-
9:01 - 9:04é que confiar demasiado na sensação
-
9:04 - 9:08de estar do lado certo de qualquer coisa,
-
9:09 - 9:11pode ser muito perigoso.
-
9:12 - 9:14Esta sensação interior de certeza
que tantas vezes experimentamos, -
9:14 - 9:16
-
9:16 - 9:18não é um guia fiável para o que está
a acontecer no mundo. -
9:18 - 9:21
-
9:21 - 9:23E quando agimos como se fosse
-
9:23 - 9:27e não pensamos na possibilidade
de estarmo errados, -
9:27 - 9:29é quando acabamos por fazer coisas
-
9:29 - 9:32como derramar 200 milhões de galões
de petróleo no Golfo do México, -
9:33 - 9:36ou a arrasar a economia mundial.
-
9:37 - 9:40Isto é um grande problema prático.
-
9:40 - 9:43Mas também é um grande problema social.
-
9:43 - 9:47Pensem por instantes no que significa
achar que estamos certos. -
9:47 - 9:50Significa que achamos que a nossa crença
-
9:50 - 9:52reflete perfeitamente a realidade.
-
9:52 - 9:55E quando nos sentimos assim
temos um problema a resolver, -
9:55 - 9:56
-
9:56 - 9:59que é: como vamos explicar isso
-
9:59 - 10:01a todas as pessoas que discordam de nós?
-
10:02 - 10:05Acontece que muitos de nós explicamos
a essas pessoas da mesma maneira, -
10:05 - 10:08recorrendo a uma série
de infelizes suposições. -
10:08 - 10:12A primeira coisa que fazemos, geralmente,
quando alguém discorda de nós -
10:12 - 10:14é assumirmos que elas são ignorantes,
-
10:14 - 10:17que não tem acesso
às informações que nós temos, -
10:17 - 10:20e que, se, generosamente partilharmos
as informações com elas, -
10:20 - 10:22elas verão a luz
e passarão para o nosso lado. -
10:23 - 10:25Quando isto não funciona,
-
10:25 - 10:28quando percebemos que essas pessoas
têm acesso às informações que temos -
10:28 - 10:30e continuam a discordar de nós,
-
10:30 - 10:32passamos para uma segunda hipótese,
-
10:32 - 10:34a de que elas são idiotas.
-
10:34 - 10:35(Risos)
-
10:35 - 10:37Elas têm todas as peças do puzzle,
-
10:37 - 10:40mas são muito burros
para montá-lo corretamente. -
10:41 - 10:43Quando isso não funciona,
-
10:43 - 10:45quando descobrimos que as pessoas
que discordam de nós -
10:45 - 10:48têm os mesmos dados que nós
-
10:48 - 10:51são muito inteligentes
-
10:51 - 10:53pasamos a uma terceira hipótese:
-
10:55 - 10:56elas conhecem a verdade,
-
10:56 - 10:58e estão deliberadamente a distorcê-la
-
10:58 - 11:01com algum objetivo malévolo,
-
11:02 - 11:04Isto é uma catástrofe.
-
11:05 - 11:07Este apego às nossas certezas
-
11:07 - 11:09impede-nos de prever erros
quando mais precisamos -
11:09 - 11:11
-
11:11 - 11:15e isso leva-nos a tratarmo-no
uns aos outros pessimamente. -
11:15 - 11:18Para mim, o que é mais desconcertante
-
11:18 - 11:21o mais trágico de tudo isso,
-
11:21 - 11:24é que perde todo o sentido do ser humano.
-
11:24 - 11:26É como se acreditássemos
-
11:26 - 11:29que as nossas mentes são estas janelas
perfeitamente transparentes -
11:29 - 11:31que olhamos através delas
-
11:31 - 11:34e vemos o mundo exatamente como ele é.
-
11:34 - 11:36Queremos que todos vejam as coisas do mesmo prisma
-
11:36 - 11:39e vejam exatamente a mesma coisa.
-
11:39 - 11:40Isso não é verdade,
-
11:40 - 11:43e se fosse, a vida seria
incrivelmente maçante. -
11:44 - 11:46O milagre da nossa mente
-
11:46 - 11:49não está no facto de podermos
ver o mundo como ele é. -
11:51 - 11:54Está no facto de podermos
ver o mundo como ele não é. -
11:54 - 11:57Podemos recordar o passado,
-
11:57 - 11:59podemos pensar no futuro,
-
11:59 - 12:01e podemos imaginar como é
ser outra pessoa noutro lugar. -
12:01 - 12:04
-
12:05 - 12:07Todos nós fazemos isto
de modo ligeiramente diferente, -
12:07 - 12:09por isso cada um de nós
olha à noite para o mesmo céu -
12:09 - 12:10e vê isto
-
12:11 - 12:12e isto
-
12:13 - 12:15e isto.
-
12:16 - 12:19Sim, é por isso que nós
assumimos coisas erradas. -
12:19 - 12:221200 anos antes Descartes dizer a famosa frase
-
12:22 - 12:24'Penso, logo existo',
-
12:24 - 12:26Santo Agostinho, sentou-se e escreveu:
-
12:26 - 12:28"Fallor ergo sum" — Erro, logo existo.
-
12:28 - 12:32
-
12:32 - 12:34Agostinho entendeu
-
12:34 - 12:36que nossa capacidade de estragar,
-
12:36 - 12:38não um defeito vergonhoso
-
12:38 - 12:40do sistema humano
-
12:40 - 12:43algo que podemos erradicar ou superar.
-
12:43 - 12:46É inerente ao que somos.
-
12:46 - 12:48Pois, diferente de Deus,
-
12:48 - 12:51não sabemos o que acontece lá fora.
-
12:51 - 12:54E diferente de todos os outros animais,
-
12:54 - 12:58somos obssecados em tentar entender.
-
12:58 - 13:00Para mim, esta obsessão
-
13:00 - 13:02é a fonte e raiz
-
13:02 - 13:05de toda nossa produtividade e criatividade.
-
13:05 - 13:08Ano passado, por vários motivos,
-
13:08 - 13:10escutei vários episódios
-
13:10 - 13:12na rádio estatal do programa 'This American Life' (Esta vida americana).
-
13:12 - 13:15Escutei, escutei
-
13:15 - 13:18e em determinado momento, eu comecei a perceber
-
13:18 - 13:21que todas as histórias eram sobre estar equivocado.
-
13:22 - 13:24Meu primeiro pensamento foi,
-
13:24 - 13:26'Enlouqueci
-
13:26 - 13:28Tornei-me a louca dos equivocos
-
13:28 - 13:30vejo equivocos em todo lugar,'
-
13:30 - 13:32o que é um fato.
-
13:32 - 13:34Mas alguns meses depois,
-
13:34 - 13:36tive a oportunidade de entrevistar Ira Glass, que apresenta o programa.
-
13:36 - 13:38Comentei isto com ele,
-
13:38 - 13:41e ele disse, 'Sim, de facto
-
13:41 - 13:43é verdade'
-
13:43 - 13:45'como membro da equipa, nós brincamos
-
13:45 - 13:47que cada episódios do programa
-
13:47 - 13:50tem o mesmo tema oculto.
-
13:50 - 13:52E o tema oculto é:
-
13:52 - 13:55'Pensei que ia acontecer uma coisa
-
13:55 - 13:58e em vez disso aconteceu outra coisa aconteceu.'
-
13:58 - 14:01e de facto, fala Ira Glass, 'nós precisamos disso.
-
14:01 - 14:03Precisamos destes momentos
-
14:03 - 14:05de surpresa, de reveses e equívocos
-
14:05 - 14:07para fazer a história funcionar.'
-
14:07 - 14:09E os demais, a audiência,
-
14:09 - 14:12ouvintes, leitores
-
14:12 - 14:14devoramos tudo isso.
-
14:14 - 14:17Adoramos reviravoltas
-
14:17 - 14:20pistas falsas e finais inesperados.
-
14:20 - 14:23Quando se trata de nossas histórias,
-
14:23 - 14:26adoramos estar equivocados.
-
14:26 - 14:28Mas, nossas histórias são assim
-
14:28 - 14:31porque nossas vidas são assim.
-
14:31 - 14:34Nós achamos que uma coisa vai acontecer
-
14:34 - 14:37mas outra coisa acontece no lugar.
-
14:37 - 14:39George Bush pensou que ia invadir o Iraque,
-
14:39 - 14:41e encontrar um monte de armas de destruição em massa,
-
14:41 - 14:44libertar o povo e levar a democracia para o Oriente Médio.
-
14:45 - 14:47Mas aconteceu algo diferente.
-
14:48 - 14:50Hosni Mubarak
-
14:50 - 14:52pensou que ele ia a ser o ditador do Egito pelo resto de sua vida,
-
14:52 - 14:54até ficar velhinho e muito doente
-
14:54 - 14:57e transmitir as rédeas do poder para seu filho.
-
14:57 - 15:00Mas aconteceu algo diferente.
-
15:01 - 15:03Talvez você pense
-
15:03 - 15:05que iriamos crescer e se casar com nossa namorada do colégio
-
15:05 - 15:08voltar para nossa cidade natal e criar um monte de crianças juntos.
-
15:09 - 15:12Mas aconteceu algo diferente.
-
15:12 - 15:14Tenho de contar para vocês
-
15:14 - 15:16pensei que estava a escrever um incrível livro nerd
-
15:16 - 15:18sobre um assunto que todos odeiam
-
15:18 - 15:21para um público que nunca apareceria.
-
15:21 - 15:23Mas aconteceu algo diferente.
-
15:23 - 15:25(Risos)
-
15:25 - 15:27Quero dizer, que isto é a vida.
-
15:27 - 15:29Para o bem e para o mal,
-
15:29 - 15:32nós criamos histórias incríveis
-
15:32 - 15:34sobre o mundo que nos cerca,
-
15:34 - 15:37e daí o mundo gira e nos surpreende.
-
15:40 - 15:43sem ofensas, mas toda essa conferência
-
15:43 - 15:45é um inacreditável monumento
-
15:45 - 15:47à nossa capacidade de ver as coisas erradas.
-
15:47 - 15:49Nós passamos a semana toda
-
15:49 - 15:51falando sobre inovações, avanços
-
15:51 - 15:53e melhorias,
-
15:53 - 15:56mas sabemos por que precisamos dessas inovações,
-
15:56 - 15:58avanços e melhorias?
-
15:58 - 16:00Porque metade dessas coisas
-
16:00 - 16:03inacreditáveis e de vanguarda -
-
16:03 - 16:05TED 1998 -
-
16:05 - 16:07ihhh
-
16:07 - 16:11(Risos)
-
16:11 - 16:13Não aconteceram como previsto, não é.
-
16:13 - 16:15(Risos)
-
16:15 - 16:18Onde está a minha mochila a jato, Chris?
-
16:18 - 16:22(Risos)
-
16:22 - 16:27(Aplausos)
-
16:27 - 16:30E aqui estamos nós de novo
-
16:30 - 16:32E é assim que acontece.
-
16:32 - 16:34Teremos outra idéia.
-
16:34 - 16:37Contaremos outra história.
-
16:37 - 16:40Daremos outra conferência.
-
16:40 - 16:42O tema desta,
-
16:42 - 16:44como vocês já ouviram sete milhões de vezes,
-
16:44 - 16:46é sobre a redescoberta da maravilha.
-
16:46 - 16:48E para mim,
-
16:48 - 16:51se você quer realmente redescobrir a maravilha,
-
16:51 - 16:53você precisa sair
-
16:53 - 16:59desse estreito, aterrador espeço das certezas
-
16:59 - 17:02e olhar ao redor, uma para o outro
-
17:02 - 17:05fitar a vastidão
-
17:05 - 17:08a complexidade o mistério
-
17:08 - 17:11do universo
-
17:11 - 17:14e ser capaz de dizer:
-
17:14 - 17:18"Opa, não sei.
-
17:18 - 17:20Talvez eu esteja equivocada."
-
17:20 - 17:22Obrigada.
-
17:22 - 17:25(Aplausos)
-
17:25 - 17:27Obrigada a todos.
-
17:27 - 17:30(Aplausos)
- Title:
- Sobre estarmos errados
- Speaker:
- Kathryn Schulz
- Description:
-
Muitos de nós fazemos tudo para evitarmos estar errados. E se estivermos errados a este respeito? A "errologista" Katheryn Schulz apresenta argumentos convincentes não só para reconhecermos, mas para apostarmos na nossa falibilidade.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:31
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for On being wrong | |
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for On being wrong | |
![]() |
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for On being wrong | |
![]() |
Wanderley Jesus added a translation |