Flexibilidade psicológica: como o amor transforma a dor em propósito | Steven Hayes | TEDxUniversidadedeNevada
-
0:20 - 0:23A vida nos faz perguntas.
-
0:24 - 0:25E provavelmente
-
0:25 - 0:28uma das mais importantes
perguntas que ela nos faz é: -
0:28 - 0:33“O que você vai fazer a respeito
de pensamentos e sentimentos difíceis?” -
0:34 - 0:40Se você está se sentindo
envergonhado ou ansioso, -
0:40 - 0:43a vida simplesmente te fez uma pergunta.
-
0:44 - 0:47Se você estivesse aqui em pé,
prestes a dar uma palestra TEDx -
0:47 - 0:49e sua mente estivesse
ficando muito tagarela, -
0:50 - 0:53o que você vai fazer a respeito?
-
0:55 - 0:57Boa pergunta.
-
0:57 - 0:58(Risadas)
-
0:59 - 1:03E a resposta para essa pergunta
e outras semelhantes -
1:03 - 1:06diz muito sobre as trajetórias
de nossas vidas, -
1:06 - 1:08se elas vão ou não se desenrolar
numa direção positiva -
1:08 - 1:13que avança para a prosperidade,
o amor, a liberdade, a colaboração, -
1:13 - 1:19ou se move para baixo,
na direção da patologia e do desespero. -
1:20 - 1:25Estou aqui para argumentar
que você tem dentro de si -
1:25 - 1:27uma grande resposta a essa questão
-
1:27 - 1:30ou, ao menos, uma semente dela.
-
1:30 - 1:32Mas você também tem
entre suas orelhas -
1:32 - 1:35essa mente arrogante,
contadora de histórias, -
1:35 - 1:41solucionadora de problemas, analítica,
julgadora, que não tem a resposta -
1:41 - 1:43e está constantemente lhe tentando
-
1:44 - 1:47para seguir na direção errada.
-
1:50 - 1:51Meu nome é Steve Hayes
-
1:51 - 1:53e nos últimos 30 anos
-
1:53 - 1:56eu e meus colegas temos estudado
-
1:56 - 1:59um pequeno conjunto
de processos psicológicos -
1:59 - 2:02- palavras chiques para coisas
que as pessoas fazem - -
2:02 - 2:05chamado de flexibilidade psicológica.
-
2:07 - 2:11É um conjunto de respostas
para essa questão. -
2:12 - 2:15E em mais de mil estudos,
-
2:15 - 2:17nós temos demonstrado
que a flexibilidade psicológica -
2:17 - 2:20prevê se vamos desenvolver
um problema de saúde mental -
2:20 - 2:22– ansiedade, depressão, trauma –
-
2:22 - 2:26Se você tem algum, ela prevê
se, em seguida, você terá dois. -
2:27 - 2:29Ela prevê quão graves eles são,
-
2:29 - 2:30quão crônicos eles serão.
-
2:30 - 2:31Mas não apenas isso.
-
2:31 - 2:34Ela prevê todo tipo de outras coisas
importantes para nós, -
2:34 - 2:37mesmo que não se trate de psicopatologia,
-
2:37 - 2:41tais como: que tipo de pai
ou mãe você será? -
2:41 - 2:43Que tipo de trabalhador você será?
-
2:43 - 2:46Você poderia suportar os desafios
comportamentais da doença física? -
2:46 - 2:50Poderia manter seu programa de exercícios?
-
2:50 - 2:53A todo lugar que a mente humana vá,
-
2:54 - 2:58a flexibilidade psicológica é relevante.
-
3:00 - 3:03O que eu quero fazer nesta palestra
-
3:04 - 3:08é guiá-los através da ciência
da flexibilidade psicológica, -
3:08 - 3:12porque aprendemos a mudar esses processos
-
3:12 - 3:15em muitas centenas de estudos
-
3:15 - 3:17usando a Terapia
de Aceitação e Compromisso -
3:17 - 3:19ou ACT, mas não apenas ACT,
-
3:19 - 3:21métodos que buscam flexibilidade psicológica,
-
3:21 - 3:23nós temos demonstrado
que podemos modificá-la, -
3:23 - 3:24e quando nós a mudamos,
-
3:24 - 3:27aquelas trajetórias de vida
que são negativas se tornam positivas, -
3:27 - 3:32com resultados em todas as áreas
que eu acabei de mencionar, e muito mais. -
3:34 - 3:36Então, eu quero guiá-los
-
3:36 - 3:42através do que são os elementos
da flexibilidade psicológica. -
3:42 - 3:45Eu vou levá-los de volta
-
3:45 - 3:48a um momento em minha vida, 34 anos atrás,
-
3:49 - 3:52quando eu me virei com força
na direção deles -
3:52 - 3:53pela primeira vez,
-
3:55 - 3:57décadas atrás.
-
3:58 - 4:01Trinta e quatro anos atrás
e, às duas da manhã, -
4:01 - 4:04em um tapete felpudo marrom e dourado,
-
4:04 - 4:07com meu corpo quase
literalmente nesta postura, -
4:07 - 4:10e minha mente certamente nesta postura.
-
4:11 - 4:15Eu tinha, por dois ou três anos,
-
4:15 - 4:17entrado numa espiral descendente
-
4:18 - 4:20para o inferno do transtorno do pânico.
-
4:23 - 4:25Começou em uma terrível
reunião de departamento, -
4:25 - 4:27onde eu fui forçado a assistir
-
4:27 - 4:29a professores titulares brigarem
-
4:29 - 4:31de um modo que só animais selvagens
-
4:31 - 4:34e professores titulares são capazes.
-
4:34 - 4:36(Risadas)
-
4:39 - 4:43E tudo que eu queria
era implorar que eles parassem, -
4:44 - 4:47mas em vez disso,
eu tive meu primeiro ataque de pânico, -
4:47 - 4:51e quando eles me chamaram,
-
4:54 - 4:56eu não conseguia fazer som algum
-
4:57 - 4:59sair de minha boca.
-
5:00 - 5:03E em meio ao choque, horror e embaraço
-
5:03 - 5:06daquele primeiro - e público -
ataque de pânico, -
5:08 - 5:10eu fiz todas as coisas lógicas, razoáveis,
-
5:10 - 5:12sensíveis e patológicas
-
5:12 - 5:14que nossas mentes nos mandam fazer.
-
5:15 - 5:17Eu tentei fugir da ansiedade.
-
5:18 - 5:21Eu tentei lutar contra a ansiedade.
-
5:21 - 5:24Eu tentei me esconder da ansiedade.
-
5:25 - 5:26Eu sentei próximo à porta.
-
5:26 - 5:27Eu assisti a sua chegada.
-
5:27 - 5:29Eu analisei possíveis saídas.
-
5:29 - 5:30Eu tomei os tranquilizantes
-
5:30 - 5:32e enquanto fazia essas coisas,
-
5:32 - 5:34o ataque de pânico aumentava
-
5:34 - 5:37em frequência e intensidade.
-
5:38 - 5:40Primeiro no trabalho,
-
5:40 - 5:42mas depois durante viagens
-
5:43 - 5:44e então em restaurantes,
-
5:44 - 5:45e então em cinemas,
-
5:45 - 5:46e então em elevadores,
-
5:46 - 5:48e então em telefonemas,
-
5:49 - 5:52depois na segurança do lar,
-
5:52 - 5:55e finalmente até ao ser acordado,
-
5:56 - 5:59às duas da manhã, de um sono profundo,
-
5:59 - 6:02já com ataque de pânico.
-
6:04 - 6:08Mas nessa noite, naquele tapete
felpudo marrom e dourado, -
6:09 - 6:11essa noite,
-
6:11 - 6:14enquanto eu assistia,
com ondas de ansiedade, -
6:16 - 6:18às minhas sensações corporais,
-
6:18 - 6:19foi diferente.
-
6:19 - 6:23Essa noite estava ainda mais terrível,
-
6:23 - 6:25mas era de algum modo gratificante,
-
6:27 - 6:30porque eu não estava tendo
um ataque de pânico. -
6:31 - 6:35Eu estava morrendo
de um ataque do coração. -
6:37 - 6:38Eu tinha todas as evidências.
-
6:38 - 6:40Havia o peso no peito.
-
6:40 - 6:42Tinha as dores agudas descendo pelo braço.
-
6:42 - 6:44Eu suava copiosamente.
-
6:44 - 6:47Meu coração estava acelerado
e pulando selvagemente. -
6:47 - 6:50E aquela mesma voz de aranha que vinha
-
6:50 - 6:52e dizia: “Você tem que correr,
-
6:52 - 6:56você tem que lutar, você tem
que se esconder da ansiedade” -
6:56 - 6:58agora me dizia:
-
6:58 - 6:59"Telefone!
-
6:59 - 7:02Você não pode dirigir nessas condições.
-
7:02 - 7:04Você está morrendo.
-
7:04 - 7:05Ligue para a emergência.
-
7:05 - 7:07Chame a ambulância.
-
7:07 - 7:09Isso não é brincadeira.
Faça essa ligação”. -
7:11 - 7:14Mesmo assim, minuto
após minuto foi passando, -
7:14 - 7:17e eu não telefonei.
-
7:18 - 7:20Eu tive uma sensação de sair do meu corpo
-
7:20 - 7:23e, enquanto olhava para mim mesmo ali,
-
7:24 - 7:26eu imaginava o que aconteceria
-
7:26 - 7:28se eu telefonasse,
-
7:29 - 7:30como uma séria de cenas,
-
7:30 - 7:32pequenos fragmentos
como em um trailer, -
7:32 - 7:34como quando você vai ao cinema,
-
7:34 - 7:36para o próximo filme.
-
7:37 - 7:40Eu pude ouvir o som
das equipes de emergência -
7:40 - 7:41subindo as escadas,
-
7:41 - 7:44o palpitar na fina porta vazada,
-
7:45 - 7:47o passeio na ambulância,
-
7:47 - 7:48os tubos e fios,
-
7:48 - 7:51e o olhar preocupado
nos rostos dos enfermeiros -
7:51 - 7:53enquanto eu entrava
na sala de emergência, -
7:55 - 7:57e finalmente o último
pequeno fragmento, -
7:57 - 8:00a última pequena cena desse trailer,
-
8:00 - 8:04quando eu percebia de repente
sobre o que era esse filme. -
8:06 - 8:07E eu olhava e dizia:
-
8:07 - 8:09“Oh, meu Deus, por favor, isso não.
-
8:09 - 8:11Por favor, por favor”.
-
8:13 - 8:15Nessa cena final,
-
8:15 - 8:17deitado na maca numa sala de emergência,
-
8:17 - 8:19eis que um jovem médico surgia
-
8:19 - 8:21na minha imaginação,
-
8:21 - 8:23caminhando de modo casual demais,
-
8:26 - 8:27e enquanto se aproximava,
-
8:27 - 8:30eu podia ver um sorriso
afetado em seu rosto, -
8:31 - 8:33e eu sabia o que viria a seguir.
-
8:35 - 8:37Ele se aproximava e dizia:
-
8:37 - 8:39“Dr. Hayes,
-
8:41 - 8:43você não está tendo um ataque do coração”,
-
8:44 - 8:46e então o sorriso afetado se alargava.
-
8:47 - 8:49“Você está tendo um ataque de pânico”.
-
8:52 - 8:54E eu sabia que era verdade.
-
8:56 - 9:00Isso era apenas outro degrau
inferno abaixo. -
9:01 - 9:03E um berro saía da minha boca,
-
9:03 - 9:08um som bizarro, ofegante, estranho.
-
9:09 - 9:11Soava mais ou menos assim.
-
9:13 - 9:17(Berro)
-
9:20 - 9:23Enquanto eu tocava o fundo,
-
9:23 - 9:25uma outra porta se abriu.
-
9:28 - 9:29Não sei quanto tempo durou,
-
9:29 - 9:33mas foi alguns minutos depois
de uma parte raramente visitada, -
9:33 - 9:35mas muito profunda, de mim,
-
9:35 - 9:37a parte de mim que está
por trás de seus olhos, -
9:37 - 9:39uma parte mais espiritual,
-
9:39 - 9:42bem da minha alma,
se você quiser chamá-la assim, -
9:42 - 9:43que saíram palavras.
-
9:43 - 9:44Eu tenho certeza.
-
9:44 - 9:48Eu disse em voz alta para ninguém,
às duas da manhã. -
9:49 - 9:50Eu disse:
-
9:51 - 9:53“Eu não sei quem você é,
-
9:54 - 9:58mas aparentemente você pode me machucar.
-
9:58 - 10:00Você pode me fazer sofrer.
-
10:01 - 10:04Eu vou lhe dizer uma coisa
que você não pode fazer. -
10:05 - 10:10Você não pode me afastar
de minha experiência. -
10:11 - 10:13Isso você não pode fazer”.
-
10:19 - 10:23E meu corpo, então mais jovem,
doía enquanto se levantava, -
10:26 - 10:32e a contar pelas trilhas secas e ardentes
das lágrimas no meu rosto, -
10:32 - 10:34eu havia estado lá por muito tempo.
-
10:37 - 10:41Mas eu levantei com uma promessa:
-
10:43 - 10:49“Nunca mais eu fugirei de mim”.
-
10:53 - 10:56Eu não sabia como manter essa promessa.
-
10:56 - 10:58Pra ser honesto,
eu ainda estou aprendendo. -
10:58 - 11:03Eu não tinha ideia
de como levar essa promessa -
11:03 - 11:06para a vida de outras pessoas.
-
11:06 - 11:09Eu aprenderia isso somente
no trabalho que temos feito -
11:09 - 11:12em Terapia de Aceitação e Compromisso,
-
11:12 - 11:14ou ACT, e que estava além de mim.
-
11:14 - 11:16Mas nesses 34 anos,
-
11:16 - 11:18nem um dia se passou
-
11:20 - 11:23sem que eu tenha me lembrado
dessa promessa. -
11:24 - 11:27E quando você fica aqui assim,
-
11:27 - 11:29do modo que você já sabe
-
11:29 - 11:32que é o melhor lugar para se ficar
-
11:32 - 11:34com a dor e o sofrimento,
-
11:34 - 11:35as coisas começam a acontecer.
-
11:36 - 11:37Eu posso colocar agora em palavras
-
11:37 - 11:40o que a ciência demonstra,
o que é essa postura. -
11:41 - 11:43É abertura emocional.
-
11:43 - 11:45Nós vamos sentir o que
está lá para ser sentido, -
11:45 - 11:47mesmo quando é difícil.
-
11:47 - 11:51É ser capaz de olhar para os pensamentos,
não só a partir dos pensamentos. -
11:51 - 11:54Quando você pensa
que eles não são simplesmente assim, -
11:54 - 11:57então você não pode ver mais nada,
você pode percebê-los lá fora. -
11:57 - 12:00É se conectar com essa parte
mais espiritual de você -
12:00 - 12:04e, a partir daí, ser capaz
de direcionar sua atenção -
12:04 - 12:06– flexivelmente, fluidamente,
voluntariamente – -
12:06 - 12:08para o que está ali para ser focado
-
12:09 - 12:12e, quando você vê algo importante,
-
12:12 - 12:15ser capaz de se mover nessa direção
com suas mãos e braços livres, -
12:15 - 12:17de modo que você possa sentir e fazer,
-
12:17 - 12:19contribuir e participar.
-
12:20 - 12:23Isso é flexibilidade psicológica.
-
12:26 - 12:28E isso constrói o que aquela semente é,
-
12:28 - 12:31que você sabe, porque se você
colocar isso em uma palavra, -
12:31 - 12:35eu penso que você pode
ver por que essa deveria ser a palavra, -
12:35 - 12:38a simples palavra que eu diria: “amor”.
-
12:38 - 12:40Quando você fica consigo mesmo
-
12:40 - 12:46de um modo autocompassivo,
gentil e amoroso, a vida se abre, -
12:47 - 12:50e então você pode se mover
na direção de significado e propósito, -
12:50 - 12:53e de como levar amor, participação,
-
12:53 - 12:55beleza e colaboração
-
12:55 - 12:57à vida dos outros.
-
12:59 - 13:00No início, eu não via
-
13:00 - 13:04que esse eixo na direção
de dor e sofrimento -
13:05 - 13:07na verdade, estava colado na base
-
13:07 - 13:10desse eixo na direção
de significado e propósito. -
13:10 - 13:11Eu não via isso no início.
-
13:11 - 13:14Mas eu comecei a ver em meus clientes,
-
13:14 - 13:16conforme eu comecei o trabalho com ACT.
-
13:16 - 13:18Eu comecei a ver na minha própria vida.
-
13:20 - 13:21E em poucos anos,
-
13:21 - 13:23isso me atingiu com força.
-
13:24 - 13:28Até então, eu tinha feito alguns estudos
randomizados em ACT -
13:28 - 13:30e estava começando a dar treinamentos,
-
13:30 - 13:34me deslocando em encontros
com grupos pequenos de clínicos -
13:34 - 13:36e ensinando sobre o trabalho
que estávamos fazendo. -
13:37 - 13:39Eu estava dando um workshop
-
13:39 - 13:41e tive uma dessas ondas de ansiedade,
-
13:41 - 13:43o que era totalmente normal.
-
13:43 - 13:47Até hoje, eu fico ansioso dando palestras.
-
13:48 - 13:50Até aí, tudo bem. Eu estou aberto a isso.
-
13:50 - 13:52Fala sério. É bacana.
-
13:54 - 13:56Mas daí veio outra onda.
-
13:56 - 13:58E de repente, eu senti
como se eu fosse soluçar -
13:58 - 14:01na frente desses clínicos,
-
14:02 - 14:05que eu ia começar a chorar
incontrolavelmente. -
14:06 - 14:07Eu disse: “O quê?”
-
14:08 - 14:10O momento passou e eu dei o workshop.
-
14:11 - 14:14Não pensei mais sobre isso
até o próximo workshop -
14:14 - 14:16– exatamente a mesma coisa aconteceu.
-
14:16 - 14:20Nessa hora, tive a clareza
de notar que eu me sentia muito jovem. -
14:21 - 14:24E eu me perguntei,
ali mesmo dando o workshop: -
14:24 - 14:25“Quantos anos você tem?”
-
14:25 - 14:28E a resposta chegou: “8 ou 9”.
-
14:29 - 14:32E então, uma memória surgiu
-
14:32 - 14:35de algo sobre o qual eu não pensava
desde que tinha acontecido, -
14:35 - 14:38quando eu tinha 8 ou 9 anos.
-
14:38 - 14:41Eu não tive tempo de elaborar no workshop,
-
14:41 - 14:43mas à noite no hotel, eu o fiz.
-
14:45 - 14:47Estava sob minha cama,
-
14:48 - 14:51ouvindo meus pais brigarem na outra sala.
-
14:52 - 14:58Meu pai tinha chegado bêbado
e tarde em casa novamente. -
14:59 - 15:02Minha mãe o atacava
-
15:03 - 15:07por gastar os escassos recursos
familiares em seu vício, -
15:07 - 15:10por suas inadequações como marido e pai.
-
15:11 - 15:12E ele dizia:
-
15:12 - 15:16“Cale a boca! É melhor
você calar a boca, senão...”. -
15:16 - 15:18E eu sabia que seus punhos
estavam cerrados. -
15:19 - 15:22Então ouvi um terrível estrondo,
-
15:22 - 15:24e minha mãe gritava.
-
15:26 - 15:29Eu descobriria apenas mais tarde
que era a mesinha de centro -
15:29 - 15:31cruzando a sala de estar.
-
15:32 - 15:33E eu pensava:
-
15:34 - 15:35“Vai ter sangue?
-
15:36 - 15:38Ele está batendo nela?”
-
15:38 - 15:40E então, o garotinho da minha mente
-
15:40 - 15:43me deu estas palavras com clareza:
-
15:44 - 15:46“Vou fazer alguma coisa”.
-
15:50 - 15:53E me dei conta de que não havia
nada que eu pudesse fazer, -
15:53 - 15:55nada seguro.
-
15:56 - 15:58Então, corri para mais longe
-
15:58 - 16:00e me segurei e chorei.
-
16:04 - 16:05Dá para entender?
-
16:06 - 16:10Eu estou sentando olhando aqueles
velhos búfalos brigarem -
16:10 - 16:12no departamento de psicologia
-
16:12 - 16:14e, sim, eu estou aterrorizado
-
16:15 - 16:17e, sim, estou me sentindo ansioso,
-
16:18 - 16:21mas na realidade, tudo que eu
queria era simplesmente chorar... -
16:22 - 16:25Em um departamento de psicologia?
-
16:25 - 16:28(Risadas)
-
16:29 - 16:30Sério mesmo?
-
16:32 - 16:35Mas eu não o acessava.
-
16:36 - 16:37Eu não tinha espaço para ele.
-
16:39 - 16:42Ele é a razão de eu ser um psicólogo,
-
16:43 - 16:46mas eu nem sabia disso.
-
16:47 - 16:51E eu fui capturado pelos artigos,
-
16:51 - 16:53no currículo, nas verbas, nas realizações.
-
16:53 - 16:55Uhull!
-
16:57 - 17:01Mas eu tinha chegado aqui
porque ele tinha me pedido -
17:02 - 17:04– para fazer alguma coisa.
-
17:05 - 17:08E em vez disso, o que eu disse a ele
-
17:09 - 17:12equivale a botar pra baixo e dizer:
-
17:12 - 17:15“Fica quieto. Vá embora. Cale a boca”,
-
17:17 - 17:21enquanto eu fugia, lutava e me escondia.
-
17:22 - 17:26Era tão cruel e tão pouco
amável. Com quem? -
17:26 - 17:29Comigo e com as partes de mim
-
17:30 - 17:34que me conectam inclusive
com o propósito de minha vida. -
17:36 - 17:39Porque sofremos quando nos importamos,
-
17:40 - 17:42e quando nos importamos, sofremos.
-
17:43 - 17:48Esses dois eixos, esses dois
“se voltar para” são a mesma coisa. -
17:49 - 17:51Quando você fica ao seu lado,
-
17:51 - 17:53mesmo quando é difícil,
-
17:53 - 17:55está fazendo algo amoroso por si mesmo,
-
17:55 - 17:59e fora disso, então,
você pode correr o risco -
17:59 - 18:03de ir na direção de trazer amor ao mundo,
-
18:03 - 18:05beleza ao mundo, comunicação,
-
18:05 - 18:08colaboração para o mundo.
-
18:08 - 18:12E ao ver isso, eu fiz outra promessa.
-
18:13 - 18:17Nunca mais eu vou afastar você,
-
18:19 - 18:24nem sua mensagem sobre nosso propósito.
-
18:25 - 18:27Eu não vou pedir para você dar o workshop,
-
18:28 - 18:30nem tampouco fazer a palestra TEDx...
-
18:30 - 18:32(Risadas)
-
18:33 - 18:36mas quero você aqui comigo,
-
18:37 - 18:39porque você me suaviza.
-
18:40 - 18:46Você entende o porquê
de minha vida ser feita disso. -
18:47 - 18:49Desse modo, minha mensagem para você é:
-
18:51 - 18:55olhe para a ciência
da flexibilidade psicológica, sim, -
18:55 - 18:59mas só para informá-lo
daquilo que você já sabe: -
19:00 - 19:03trazer amor a si mesmo,
-
19:03 - 19:05mesmo quando é difícil,
-
19:05 - 19:07o ajudará a levar amor ao mundo,
-
19:08 - 19:12do jeito que você quer levá-lo ao mundo.
-
19:14 - 19:16E isso é importante.
-
19:17 - 19:18Você sabe disso.
-
19:18 - 19:21O menino de 8 anos
que chora dentro de você sabe. -
19:23 - 19:25Nós todos sabemos disso.
-
19:27 - 19:29Porque o amor não é tudo.
-
19:30 - 19:32É a única coisa.
-
19:33 - 19:35Obrigado. Espero ter sido útil pra vocês.
-
19:35 - 19:37(Aplausos)
- Title:
- Flexibilidade psicológica: como o amor transforma a dor em propósito | Steven Hayes | TEDxUniversidadedeNevada
- Description:
-
Como nós podemos prosperar quando nos deparamos com a dor e o sofrimento em nossas vidas? Mais de mil estudos sugerem que uma grande parte da resposta é "aprendendo flexibilidade psicológica". Steven C. Hayes é um dos pesquisadores que deram início à identificação desse processo e o colocaram em ação na forma de um método popular de aceitação e Mindfulness chamado Terapia Aceitação e Compromisso. Nesta palestra emocional, Hayes destila a essência da flexibilidade psicológica em algumas poucas sentenças fáceis de serem compreendidas. Ele leva os espectadores a uma jornada perturbadora dentro de seu próprio transtorno do pânico, até o momento de sua vida em que ele fez uma escolha transformadora: eu não vou fugir de mim mesmo. Hayes mostra como fazer essa escolha permite uma conexão com nosso mais profundo senso de sentido e propósito, argumentando que ter uma postura amorosa com nossa própria dor nos permite trazer amor e contribuição ao mundo.
Steven C. Hayes é professor emérito no Departamento de Psicologia da Universidade de Nevada. Autor de 38 livros e mais de 540 artigos científicos, ele tem demonstrado em suas pesquisas como a linguagem e o pensamento levam o ser humano ao sofrimento, e tem desenvolvido a "Terapia de Aceitação e Compromisso", um método terapêutico útil em diversas áreas. Seu livro popular "Get Out of Your Mind and Into Your Life (sem tradução em português)" foi destaque na revista Time, entre vários outros grandes meios de comunicação, e por um tempo foi o número um entre os livros de auto-ajuda mais vendidos nos Estados Unidos. Dr. Hayes foi presidente de várias sociedades científicas e recebeu vários prêmios nacionais, como o Lifetime Achievement Award da Association for Behavioral Cognitive Therapy (Associação de Terapia Comportamental Cognitiva).
Esta palestra foi dada em um evento TEDx usando o formato de conferência TED, mas organizada de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:40