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Como os EUA abandonam os novos pais — e os seus bebés | Jessica Shortall | TEDxSMU

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    Qual o aspeto de uma mãe que trabalha?
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    Se procurarem na Internet
    é isto que vos mostram.
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    Não admira que seja isto que produzimos
  • 0:24 - 0:25
    (Risos)
  • 0:25 - 0:28
    se tentarmos trabalhar ao computador
    com um bebé ao colo.
  • 0:28 - 0:29
    (Risos)
  • 0:29 - 0:32
    Mas não, esta não é uma mãe trabalhadora.
  • 0:32 - 0:36
    Hão de reparar num aspeto destas fotos.
    Vamos ver muitas como estas.
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    É uma imagem com uma luminosidade
    natural assombrosa.
  • 0:38 - 0:41
    que, como todos sabemos,
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    é a marca da imagem
    de todos os locais de trabalho americanos.
  • 0:44 - 0:45
    (Risos)
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    Há milhares de imagens como estas.
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    Basta pôr a expressão "working mother"
    em qualquer motor de busca Google
  • 0:52 - 0:54
    para encontrarmos estas fotos.
  • 0:54 - 0:55
    A Internet está cheia delas,
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    encabeçam as publicações
    de blogues e noticias
  • 0:57 - 1:02
    e eu sinto-me obcecada por elas
    e pela mentira que nos impingem
  • 1:02 - 1:04
    e o conforto que nos transmitem
  • 1:04 - 1:07
    de que, em relação
    às mães trabalhadoras nos EUA,
  • 1:07 - 1:09
    tudo corre bem.
  • 1:09 - 1:11
    Mas nada corre bem.
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    Enquanto país, pomos milhões
    de mulheres a voltar ao trabalho
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    todos os anos, demasiado cedo
    e de forma terrível,
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    logo depois de elas darem à luz.
  • 1:20 - 1:21
    É um problema moral
  • 1:21 - 1:25
    mas hoje também vos vou dizer
    porque é que é um problema económico.
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    Fico tão irritada e obcecada
    com o irrealismo destas imagens
  • 1:29 - 1:31
    que não se parecem
    nada com a minha vida,
  • 1:31 - 1:36
    que decidi fotografar e ser a estrela
    numa série humorística de fotografias
  • 1:36 - 1:38
    que espero que o mundo comece a usar
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    só para mostrar a terrível realidade
    de ter de voltar ao trabalho
  • 1:43 - 1:47
    quando a fonte alimentar do bebé
    está pendurada no nosso peito.
  • 1:47 - 1:49
    Vou mostrar apenas duas delas.
  • 1:50 - 1:52
    (Risos)
  • 1:52 - 1:55
    Nada melhor para conseguir uma promoção
    do que uma mancha de leite
  • 1:55 - 1:57
    no nosso vestido,
    durante uma apresentação.
  • 1:57 - 2:00
    Hão de reparar que não há
    nenhum bebé nesta foto
  • 2:00 - 2:02
    porque não é assim que as coisas funcionam
  • 2:02 - 2:04
    para a maioria das mães trabalhadoras.
  • 2:05 - 2:07
    Sabiam — isto vai dar cabo do vosso dia —
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    que, sempre que descarregamos
    um autoclismo,
  • 2:09 - 2:12
    o conteúdo passa a aerossol
    e é transportado no ar durante horas?
  • 2:12 - 2:15
    No entanto, para muitas mães trabalhadoras
  • 2:15 - 2:18
    é o único sítio durante o dia
    em que podem bombar o leite,
  • 2:18 - 2:20
    para os seus bebés recém-nascidos.
  • 2:21 - 2:24
    Eu divulguei estas coisas,
    umas dezenas delas, por todo o mundo.
  • 2:24 - 2:26
    Queria chamar a atenção.
  • 2:26 - 2:29
    Mas não sabia que também
    estava a abrir uma porta,
  • 2:29 - 2:33
    porque agora, pessoas totalmente
    desconhecidas, de todas as condições,
  • 2:33 - 2:35
    estão sempre a escrever-me
  • 2:35 - 2:39
    só para me dizerem como é
    para elas voltarem ao trabalho
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    dias ou semanas depois
    de terem um bebé.
  • 2:42 - 2:44
    Vou contar-vos 10 das suas histórias.
  • 2:44 - 2:48
    São totalmente reais,
    algumas delas muito cruas,
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    e nenhuma delas se parece com isto.
  • 2:52 - 2:54
    Esta é a primeira.
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    "Eu era um membro de serviço
    no ativo, numa prisão federal.
  • 2:58 - 3:01
    "Regressei ao trabalho
    depois do máximo de oito semanas
  • 3:01 - 3:02
    permitidas para uma cesariana.
  • 3:02 - 3:06
    "Um colega estava aborrecido
    por eu ter estado 'de férias',
  • 3:06 - 3:10
    "e abriu a porta de propósito,
    quando eu estava a tirar o leite
  • 3:10 - 3:13
    "e postou-se na porta
    com os presos no meio do pátio".
  • 3:14 - 3:17
    A maioria das histórias que estas
    mulheres, desconhecidas me enviam
  • 3:17 - 3:19
    nem sequer são sobre a amamentação.
  • 3:20 - 3:22
    Uma mulher escreveu-me para dizer:
  • 3:22 - 3:26
    "Dei luz a gémeos e voltei ao trabalho
    depois de sete semanas sem vencimento.
  • 3:26 - 3:28
    "Emocionalmente, eu estava um farrapo.
  • 3:28 - 3:32
    "Fisicamente, tive uma grave hemorragia
    durante o parto e uma grave rotura,
  • 3:32 - 3:35
    "por isso quase não podia
    estar de pé, sentada ou a andar.
  • 3:35 - 3:39
    "O meu patrão disse-me que não podia
    usar os meus dias de férias
  • 3:39 - 3:41
    "porque estava-se na altura do orçamento".
  • 3:42 - 3:46
    Acabei por pensar que não podemos
    olhar para situações destas
  • 3:46 - 3:48
    porque ficamos horrorizadas,
  • 3:48 - 3:51
    e, se ficamos horrorizadas,
    temos de fazer algo quanto a isso.
  • 3:51 - 3:54
    Portanto, optamos por olhar
    e acreditar nestas imagens.
  • 3:55 - 3:57
    Eu não sei o que se passa nesta foto
  • 3:57 - 4:00
    porque acho-a esquisita
    e um pouco assustadora.
  • 4:00 - 4:02
    (Risos)
  • 4:02 - 4:03
    O que é que ela está a fazer?
  • 4:05 - 4:07
    Mas sei o que nos diz,
  • 4:07 - 4:09
    diz-nos que está tudo bem.
  • 4:10 - 4:13
    Esta mãe trabalhadora, todas elas
    e todos os seus bebés estão ótimos.
  • 4:14 - 4:16
    Aqui não há nada para ver.
  • 4:16 - 4:18
    Afinal, foram as mulheres que escolheram,
  • 4:19 - 4:21
    por isso, o problema não é nosso.
  • 4:21 - 4:24
    Eu quero dividir esta coisa
    de escolha em duas partes.
  • 4:24 - 4:28
    A primeira escolha diz
    que as mulheres escolheram trabalhar.
  • 4:28 - 4:30
    Isso não é verdade.
  • 4:30 - 4:34
    Hoje, nos EUA, as mulheres
    constituem 47% da força de trabalho
  • 4:35 - 4:37
    e em 40% das famílias norte-americanas
  • 4:37 - 4:41
    uma mulher é o único
    ou o principal ganha-pão.
  • 4:41 - 4:45
    O nosso trabalho pago é uma parte,
    uma enorme parte, do motor da economia
  • 4:45 - 4:48
    e é essencial para as nossas famílias.
  • 4:48 - 4:52
    A nível nacional,
    o nosso trabalho pago não é opcional.
  • 4:52 - 4:55
    A escolha número dois diz
    que as mulheres escolhem ter filhos,
  • 4:55 - 4:59
    por isso, só as mulheres devem suportar
    as consequências dessa decisão.
  • 5:00 - 5:02
    Isto é uma daquelas coisas
  • 5:02 - 5:04
    que, quando ouvimos de passagem,
    podem parecer corretas.
  • 5:04 - 5:06
    "Eu não lhe disse para ter um filho.
  • 5:06 - 5:09
    "Nem estava lá quando isso aconteceu.
  • 5:10 - 5:14
    Mas essa posição
    ignora uma verdade fundamental:
  • 5:14 - 5:18
    a nossa procriação,
    à escala nacional, não é uma opção.
  • 5:19 - 5:23
    Os bebés que muitas das mulheres
    trabalhadoras estão a ter hoje,
  • 5:23 - 5:27
    serão um dia a nossa força de trabalho,
    protegerão as nossas costas,
  • 5:27 - 5:29
    formarão a nossa base de impostos.
  • 5:29 - 5:32
    A nossa procriação,
    à escala nacional, não é uma opção.
  • 5:33 - 5:34
    Não se trata de escolhas.
  • 5:34 - 5:38
    Precisamos de mulheres a trabalhar,
    precisamos que elas tenham filhos.
  • 5:38 - 5:41
    Devemos fazer com que
    estas coisas, ao mesmo tempo,
  • 5:41 - 5:43
    sejam minimamente agradáveis.
  • 5:43 - 5:45
    Ok, vamos a um teste relâmpago:
  • 5:46 - 5:49
    Qual é a percentagem de mulheres
    trabalhadoras nos EUA
  • 5:49 - 5:52
    que não têm acesso a licença
    de maternidade paga?
  • 5:53 - 5:55
    88%.
  • 5:56 - 5:59
    88% de mães trabalhadoras
    não recebem um minuto de licença paga
  • 5:59 - 6:01
    depois de terem um bebé.
  • 6:01 - 6:04
    Vocês agora devem estar a pensar
    na licença não paga.
  • 6:04 - 6:08
    Existe nos EUA, chama-se FMLA
    mas não funciona.
  • 6:08 - 6:11
    Dada a forma como está estruturada,
    com todo o tipo de exceções.
  • 6:11 - 6:14
    metade das mães
    não podem beneficiar dela.
  • 6:15 - 6:17
    É assim que é:
  • 6:18 - 6:20
    "Adotámos o nosso filho.
  • 6:20 - 6:23
    "Quando recebi a chamada,
    no dia em que ele nasceu,
  • 6:23 - 6:24
    "tive de sair do trabalho.
  • 6:24 - 6:28
    "Não tinha trabalhado tempo suficiente
    para beneficiar do FMLA,
  • 6:28 - 6:30
    "por isso não tive direito
    à licença não paga.
  • 6:30 - 6:33
    "Quando saí do trabalho para receber
    o meu filho recém-nascido,
  • 6:33 - 6:35
    "perdi o emprego".
  • 6:36 - 6:40
    Estas fotos escondem outra
    realidade, outra faceta.
  • 6:41 - 6:44
    Dentre as que têm acesso
    a essa licença não paga,
  • 6:44 - 6:47
    a maioria das mulheres
    não podem gozar a maior parte dela.
  • 6:47 - 6:49
    Uma enfermeira disse-me:
  • 6:49 - 6:51
    "Não me qualifiquei
    para incapacidade a curto prazo
  • 6:51 - 6:55
    "porque a minha gravidez foi considerada
    como uma situação pré-existente.
  • 6:55 - 6:58
    "Usámos todo o crédito fiscal
    e metade das nossas poupanças
  • 6:58 - 7:00
    "durante as seis semanas não pagas.
  • 7:00 - 7:01
    "Não podíamos aguentar mais tempo.
  • 7:02 - 7:04
    "Fisicamente foi difícil
    mas emocionalmente ainda foi pior.
  • 7:04 - 7:07
    "Sofri durante meses
    por estar longe do meu filho".
  • 7:07 - 7:10
    Esta decisão de voltar
    ao trabalho tão cedo
  • 7:10 - 7:14
    é uma decisão racional económica
    motivada pelas finanças da família,
  • 7:14 - 7:16
    mas é fisicamente terrível
  • 7:16 - 7:20
    porque pôr um ser humano
    no mundo é complicado.
  • 7:20 - 7:22
    Uma empregada de mesa disse-me:
  • 7:22 - 7:25
    "Com o primeiro filho, voltei ao trabalho
    cinco semanas depois do parto.
  • 7:25 - 7:28
    "Com o segundo, tive de fazer
    uma grande cirurgia depois do parto,
  • 7:28 - 7:31
    "por isso esperei seis semanas
    para voltar ao trabalho.
  • 7:31 - 7:34
    "Tive rasgões de terceiro grau".
  • 7:35 - 7:38
    23% das mães trabalhadoras nos EUA
  • 7:38 - 7:42
    voltam ao trabalho
    duas semanas depois do parto.
  • 7:44 - 7:49
    "Eu trabalhava num bar e cozinhava,
    75 horas por semana, enquanto grávida.
  • 7:49 - 7:52
    "Tive de voltar ao trabalho
    antes de o meu bebé ter um mês,
  • 7:52 - 7:54
    "e trabalhava 60 horas por semana.
  • 7:54 - 7:58
    "Uma das minhas colegas
    só pôde estar 10 dias com o bebé dela".
  • 7:59 - 8:03
    Claro, isto não é só um cenário
    com implicações económicas e físicas.
  • 8:03 - 8:05
    Um parto é, e será sempre,
  • 8:05 - 8:08
    um acontecimento
    extremamente psicológico.
  • 8:08 - 8:10
    Uma professora disse-me:
  • 8:10 - 8:13
    "Regressei ao trabalho oito semanas
    depois de o meu filho nascer.
  • 8:13 - 8:15
    "Já sofria de ansiedade,
  • 8:15 - 8:18
    "mas os ataques de pânico que eu tive
    antes de voltar ao trabalho
  • 8:18 - 8:20
    "eram insuportáveis".
  • 8:20 - 8:22
    Falando estatisticamente,
  • 8:22 - 8:25
    quanto mais curta é a licença
    de uma mulher depois do parto,
  • 8:25 - 8:28
    mais provavelmente ela sofrerá
    de perturbações pós-parto,
  • 8:28 - 8:30
    como depressão e ansiedade.
  • 8:30 - 8:34
    Entre as muitas possíveis consequências
    dessas perturbações,
  • 8:34 - 8:37
    o suicídio é a segunda causa
    mais comum de morte
  • 8:38 - 8:40
    das mulheres, no primeiro ano pós-parto.
  • 8:41 - 8:43
    Atenção a esta história:
  • 8:43 - 8:47
    Eu nunca conheci esta mulher
    mas é difícil esquecê-la.
  • 8:47 - 8:51
    "Senti uma dor e uma fúria tremenda
    por ter perdido o essencial,
  • 8:51 - 8:55
    "um tempo irrepetível e formativo
    com o meu filho.
  • 8:55 - 8:59
    "O trabalho de parto deixou-me
    totalmente abalada.
  • 8:59 - 9:03
    "Durante meses, só me lembro
    dos gritos: cólicas, diziam.
  • 9:04 - 9:06
    "Por dentro, estava a afogar-me.
  • 9:06 - 9:08
    "Todas as manhãs,
    perguntava a mim mesma
  • 9:08 - 9:10
    quanto tempo eu ia aguentar.
  • 9:10 - 9:12
    "Permitiram-me levar
    o meu bebé para o trabalho.
  • 9:13 - 9:16
    "Fechava a porta do gabinete
    embalava-o e tentava calá-lo.
  • 9:16 - 9:19
    "Implorava-lhe que deixasse de gritar
    para eu não ter problemas.
  • 9:19 - 9:22
    "Escondia-me atrás daquela porta
    todos os malditos dias
  • 9:22 - 9:24
    "e chorava enquanto ele gritava.
  • 9:24 - 9:27
    "Chorava na casa de banho
    enquanto lavava a bomba do leite.
  • 9:27 - 9:30
    "Todos os dias, chorava a caminho
    do trabalho e quando voltava para casa.
  • 9:31 - 9:33
    "Prometi ao meu chefe que o trabalho
    que não fizesse de dia
  • 9:33 - 9:35
    "fá-lo-ia à noite, em casa.
  • 9:35 - 9:39
    "Achava que devia ter algum problema
    para não conseguir lidar com aquilo.".
  • 9:41 - 9:43
    Isto quanto às mães.
  • 9:43 - 9:45
    E quanto aos bebés?
  • 9:45 - 9:47
    Enquanto país, preocupamo-nos
    com os milhões de bebés
  • 9:47 - 9:49
    nascidos todos os anos
    de mães trabalhadoras?
  • 9:49 - 9:53
    Não. Só nos preocupamos
    quando eles chegam à idade de trabalhar,
  • 9:53 - 9:55
    de pagar impostos,
    de prestar serviço militar.
  • 9:55 - 9:57
    Dizem-lhes: "Vemo-nos
    quando tiveres 18 anos.
  • 9:57 - 9:59
    "Até lá chegares, o problema é teu".
  • 10:00 - 10:02
    Uma das razões por que sei isto
    é que os bebés
  • 10:02 - 10:05
    cujas mães estão com eles
    durante 12 semanas ou mais,
  • 10:05 - 10:09
    têm mais probabilidade de receber
    vacinas e inspeções no primeiro ano.
  • 10:09 - 10:13
    Assim, esses bebés estão mais protegidos
    contra doenças mortais e incapacitantes.
  • 10:14 - 10:17
    Mas essas coisas estão escondidas
    por detrás de imagens como esta.
  • 10:20 - 10:22
    Os EUA têm uma mensagem
  • 10:22 - 10:25
    para as mães que trabalham
    e para os seus bebés:
  • 10:26 - 10:29
    "Qualquer tempo que passem juntos
    devem sentir-se agradecidas.
  • 10:30 - 10:32
    "Vocês são um inconveniente
  • 10:32 - 10:35
    "para a economia
    e para os vossos patrões".
  • 10:35 - 10:40
    Esta conversa de gratidão
    aparece em muitas histórias que oiço.
  • 10:40 - 10:41
    Uma mulher disse-me:
  • 10:42 - 10:44
    "Fui trabalhar oito semanas
    depois duma cesariana
  • 10:44 - 10:46
    "porque o meu marido
    estava desempregado.
  • 10:46 - 10:49
    "Sem mim, a minha filha
    teve dificuldade em desenvolver-se.
  • 10:49 - 10:51
    "Não aceitava o biberão.
    Começou a perder peso.
  • 10:51 - 10:54
    "Felizmente, o meu patrão
    foi muito compreensivo.
  • 10:54 - 10:56
    "Deixou que a minha mãe
    me levasse a bebé
  • 10:56 - 10:58
    "que estava a oxigénio
    e tinha um monitor,
  • 10:58 - 11:01
    "quatro vezes por turno,
    para eu poder amamentá-la".
  • 11:02 - 11:05
    Há um pequeno clube
    de países no mundo
  • 11:05 - 11:09
    que não proporcionam
    licença paga às mães.
  • 11:09 - 11:11
    Querem saber quem são eles?
  • 11:11 - 11:15
    Os primeiros oito representam
    oito milhões de população total.
  • 11:16 - 11:19
    São a Papua Nova-Guiné,
    o Suriname e as pequenas ilhas nação
  • 11:19 - 11:24
    da Micronésia, Ilhas Marshall,
    Nauru, Niue, Palau e Tonga.
  • 11:25 - 11:28
    O número nove são os EUA,
  • 11:28 - 11:30
    com 320 milhões de pessoas.
  • 11:31 - 11:33
    E é tudo.
  • 11:34 - 11:36
    É o fim da lista.
  • 11:36 - 11:38
    Todas as outras economias do planeta
  • 11:38 - 11:42
    arranjaram forma de ter
    uma licença de maternidade paga
  • 11:42 - 11:45
    para as pessoas que trabalham
    para o futuro desses países.
  • 11:45 - 11:48
    Mas nós dizemos;
    "É impossível fazermos isso".
  • 11:49 - 11:51
    Dizemos que o mercado
    resolverá esse problema
  • 11:51 - 11:54
    e depois damos vivas quando
    as empresas oferecem
  • 11:54 - 11:56
    uma maior licença de maternidade paga
  • 11:56 - 11:59
    às mulheres que já são as mais instruídas
    e mais bem pagas de todas.
  • 11:59 - 12:01
    Lembram-se dos 88%?
  • 12:01 - 12:05
    São as mulheres de rendimentos médios
    e baixos que não vão beneficiar disso.
  • 12:06 - 12:11
    Sabemos que há custos enormes
    económicos, financeiros,
  • 12:11 - 12:14
    físicos e emocionais
    nesta abordagem.
  • 12:14 - 12:18
    Decidimos — decidimos,
    não foi por acaso —
  • 12:18 - 12:21
    passar esses custos, diretamente,
    para as mães trabalhadoras e seus bebés.
  • 12:22 - 12:25
    Sabemos que o preço é mais alto
    para mulheres de baixos rendimentos,
  • 12:25 - 12:27
    portanto, desproporcionadamente
    para as mulheres de cor.
  • 12:28 - 12:30
    Mas passamo-los na mesma.
  • 12:30 - 12:32
    Tudo isto é uma vergonha para os EUA.
  • 12:32 - 12:36
    Mas também é um risco para os EUA.
  • 12:36 - 12:38
    Porque o que aconteceria
  • 12:38 - 12:42
    se todas estas alegadas escolhas
    individuais de ter bebés
  • 12:42 - 12:46
    começassem a passar a escolhas
    individuais de não ter bebés?
  • 12:47 - 12:49
    Uma mulher disse-me:
  • 12:49 - 12:52
    "Ser mãe é difícil,
    não devia ser traumático.
  • 12:52 - 12:55
    "Quando falamos em aumentar a família,
  • 12:55 - 12:59
    "pensamos em quanto tempo
    eu teria de cuidar de mim e de outro bebé.
  • 12:59 - 13:02
    "Se tivermos de passar
    pelo mesmo que o primeiro,
  • 13:02 - 13:04
    "o melhor é ficar apenas com um filho".
  • 13:06 - 13:09
    A taxa de natalidade para manter estável
    a população que os EUA precisam
  • 13:09 - 13:11
    é de 2,1 filhos por mulher.
  • 13:11 - 13:14
    Nos EUA hoje, estamos em 1,86.
  • 13:15 - 13:17
    Precisamos que as mulheres
    tenham filhos,
  • 13:17 - 13:21
    e estamos a desincentivar ativamente
    as mulheres trabalhadoras de os terem.
  • 13:22 - 13:25
    O que aconteceria à força de trabalho,
    à inovação, ao PIB,
  • 13:25 - 13:29
    se, uma a uma, as mães trabalhadoras
    deste país, viessem a decidir
  • 13:29 - 13:33
    que não podem suportar
    mais do que um?
  • 13:33 - 13:37
    Estou aqui hoje com uma
    única ideia que vale a pena espalhar
  • 13:37 - 13:39
    e vocês já sabem qual é.
  • 13:39 - 13:43
    Há muito que o país
    mais poderoso da Europa
  • 13:43 - 13:45
    devia proporcionar licença
    de maternidade paga
  • 13:45 - 13:48
    às pessoas que fazem o trabalho
    do futuro deste país
  • 13:48 - 13:50
    e aos bebés que representam esse futuro.
  • 13:51 - 13:53
    A maternidade é um bem público.
  • 13:53 - 13:55
    Essa licença deve ser
    subsidiada pelo estado,
  • 13:56 - 13:58
    não deve haver exceções
    para as pequenas empresas,
  • 13:58 - 14:00
    o tempo de trabalho ou os empresários.
  • 14:01 - 14:03
    Tem de poder ser partilhada
    pelos parceiros.
  • 14:03 - 14:05
    Eu hoje tenho falado muito das mães,
  • 14:05 - 14:08
    mas os pais são importantes
    a muitos níveis.
  • 14:10 - 14:12
    Nenhuma mulher
    deve ter de voltar ao trabalho
  • 14:12 - 14:16
    enquanto está a recuperar e a sangrar.
  • 14:16 - 14:19
    Nenhuma família deve
    esgotar as suas poupanças
  • 14:20 - 14:23
    para comprar uns dias de descanso
    e de recuperação e de contacto.
  • 14:23 - 14:25
    Nenhum frágil recém-nascido
  • 14:25 - 14:28
    deve ter de ir diretamente
    da incubadora para um berçário
  • 14:28 - 14:31
    porque os pais esgotaram
    todo o seu escasso tempo,
  • 14:31 - 14:33
    na Unidade de Cuidados
    Intensivos Neonatais.
  • 14:33 - 14:35
    Nenhuma família trabalhadora
    deve ouvir dizer
  • 14:35 - 14:38
    que o conflito entre
    o seu trabalho necessário
  • 14:38 - 14:40
    e a sua maternidade necessária
  • 14:40 - 14:42
    é apenas um problema dela.
  • 14:43 - 14:47
    O problema é que, quando isso acontece
    a uma nova família, é desgastante
  • 14:47 - 14:50
    e uma família com um bebé
    é mais vulnerável, financeiramente,
  • 14:50 - 14:52
    do que já era,
  • 14:52 - 14:55
    por isso uma mãe não pode protestar.
  • 14:55 - 14:58
    Mas todos nós temos vozes.
  • 14:58 - 15:01
    Eu já não posso ter mais filhos.
  • 15:01 - 15:03
    Vocês podem vir a ter um bebé,
  • 15:03 - 15:05
    podem já não ter mais bebés,
  • 15:05 - 15:07
    podem não ter nenhum bebé.
  • 15:07 - 15:08
    Isso não interessa.
  • 15:08 - 15:11
    Temos de deixar de encarar isto
    como o problema duma mãe
  • 15:11 - 15:13
    ou mesmo como um problema das mulheres.
  • 15:13 - 15:15
    Isto é um problema dos EUA.
  • 15:16 - 15:20
    Precisamos de deixar de aceitar
    a mentira que estas imagens nos impingem.
  • 15:20 - 15:22
    Precisamos de deixar de ficar
    tranquilas com elas.
  • 15:22 - 15:25
    Precisamos de questionar
    porque é que isto não pode funcionar,
  • 15:25 - 15:28
    quando vemos que funciona
    em todas as partes do mundo.
  • 15:28 - 15:32
    Precisamos de reconhecer
    que esta realidade dos EUA
  • 15:32 - 15:35
    é uma vergonha para nós e um perigo.
  • 15:35 - 15:37
    Porque não é,
  • 15:38 - 15:39
    não é.
  • 15:40 - 15:43
    Uma mãe trabalhadora não é nada disto.
  • 15:44 - 15:47
    (Aplausos)
Title:
Como os EUA abandonam os novos pais — e os seus bebés | Jessica Shortall | TEDxSMU
Description:

Precisamos de mulheres no trabalho e precisamos que as mulheres trabalhadoras tenham filhos. Então, porque é que os EUA estão entre os únicos países do mundo que não proporcionam licença de maternidade paga às mães? Nesta palestra acutilante, Jessica Shortall defende apaixonadamente que a realidade das mães trabalhadoras nos EUA é escondida e é terrível: milhões de mulheres, todos os anos, são forçadas a regressar ao trabalho poucas semanas depois do parto. Vale a pena espalhar a ideia de que chegou a altura de reconhecermos os custos económicos, físicos e psicológicos da nossa abordagem às mães trabalhadoras e aos seus bebés, e garantir o nosso futuro económico, proporcionando licença de maternidade paga a todos os pais trabalhadores.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:48

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