Nancy Spero em "Protesto" - 4a Temporada - "Arte no Século 21" | Art21
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0:11 - 0:17NANCY SPERO: Mesmo que eu tenha mais
de 500 imagens em minha arte para escolher -
0:17 - 0:20até agora, no entanto, tenho o que vocês
chamam de "estrelas". -
0:20 - 0:26Como as estrelas de Hollywood que aparecem
e reaparecem em papéis diferentes. -
0:27 - 0:32Certamente, os egípcios antigos,
os músicos, são estrelas. -
0:32 - 0:38E criei um design como muitas imagens
desses egípcios antigos -
0:38 - 0:42para esta estação de metrô
aqui na cidade de Nova Iorque. -
0:42 - 0:45Veja um continuum, uma procissão.
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0:45 - 0:50Essa procissão é meio formalizada
e como uma dança. -
0:52 - 0:54Digamos que poderia ser para uma ópera.
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0:54 - 0:56Afinal, esse é o Lincoln Center.
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1:00 - 1:06Gostaria de pensar que tenho todas
as camadas conceituais da arte, -
1:06 - 1:08que é fácil de ler.
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1:09 - 1:14Mas por outro lado, espero que seja
mais complicado. -
1:14 - 1:21E não é apenas
uma leitura fácil e fim. -
1:26 - 1:28Viu, eu tenho muitas coisas.
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1:29 - 1:31Esse é de cerca...
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1:31 - 1:35de muitos anos atrás e
de muitas pessoas diferentes imprimindo. -
1:35 - 1:39Talvez a minha arte pode ser um protesto.
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1:40 - 1:47Não sei se protestando contra o mundo
ou algo assim, mas estou protestando. -
1:47 - 1:50E como uma artista...
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1:50 - 1:56Sou privilegiada de criar as coisas
do jeito que acho que deveriam ser, -
1:56 - 2:02por que isso transmite
minha mensagem para o mundo. -
2:03 - 2:05Tenho interesse em mensagens.
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2:06 - 2:11E se as pessoas querem se inspirar
com isso, fico feliz é claro. -
2:14 - 2:21Sem dúvida as Pinturas de Guerra são um
protesto porque foi feito com indignação. -
2:22 - 2:29Os EUA se envolveu no Vietnã
e lembro durante aquele tempo, -
2:29 - 2:37ler nos jornais e me lembro dessa
imagem horrível -
2:37 - 2:43de uma mulher fugindo de sua casa
que foi incendiada pelos helicópteros -
2:43 - 2:47Pensei nas vítimas no Vietnã
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2:47 - 2:50e o que eles pensariam
dessas máquinas de guerra. -
2:52 - 2:58E aquilo estava mexendo comigo,
então comecei a pintar a série War. -
2:58 - 3:04Mas senti que o símbolo
da Guerra do Vietnã era o helicóptero, -
3:05 - 3:08e esse se tornou meu assunto principal.
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3:12 - 3:19Acredito que o lado politico
veio pela parceria com Leon Golub. -
3:20 - 3:29Meu marido, meu companheiro de 51 anos,
recentemente faleceu. -
3:30 - 3:37Leon sempre teve algo
de político em sua arte, -
3:37 - 3:39evidente ou não.
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3:40 - 3:47E acredito que esse aspecto
de seu pensamento me influenciou muito. -
3:49 - 3:52Essa troca de ideias e debates.
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3:54 - 3:59Eu acho que a pintura de Leon
é muito feia, -
3:59 - 4:02o que a torna muito bonita.
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4:03 - 4:08Mas a parte principal
é o poder e a ação nelas. -
4:11 - 4:17Foi muito difícil competir
com alguém que era assim, -
4:17 - 4:22que não só fez grande
pinturas e fantásticas, -
4:23 - 4:28mas que realmente
era muito brilhante e isso é muito difícil. -
4:28 - 4:32Tive muita dificuldade
competindo com tal pessoa. -
4:32 - 4:36Mas decidi que eu só tinha
que fazer meu trabalho, -
4:36 - 4:40então comecei fazendo um trabalho bem pequeno.
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4:41 - 4:42Bem pequeno.
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4:42 - 4:47Figuras com as vezes
três centímetros ou menos. -
4:47 - 4:52Quase microscópica.
De certa forma uma contestação. -
4:52 - 5:00Contestação às grandes obras de artistas,
majoritariamente homens, de Nova York. -
5:01 - 5:05Leon, é claro, era uma exceção.
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5:06 - 5:11O quanto ele era solidário
com a minha arte. -
5:15 - 5:19Com o passar dos anos as obras
evoluiram de um formato tradicional -
5:19 - 5:24do retangulo, ou quadrado,
ou o que quer que esteja diante dos olhos. -
5:24 - 5:31E se movimentarmos nossos olhos,
eventualmente, é apenas uma parede em branco -
5:31 - 5:34então deixei continuar.
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5:35 - 5:39Esse é em Malmö na Suécia,
que apresentei, o The Black and The Red -
5:39 - 5:42Estava em uma sala enrome.
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5:42 - 5:49Vendo essa galeria enorme,
precisei respirar fundo -
5:49 - 5:53e coloquei as obras em uma única faixa.
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5:53 - 5:57Continuei imprimindo na parede
como uma ilusão de ótica, -
5:57 - 6:02para reiterar as imagens da peça impressa.
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6:04 - 6:10E quando o evento acabou, pude levar
O Preto e o Vermelho que estava no papel, -
6:10 - 6:16mas não pude levar O Preto e o Vermelho
que estavam impressos na parede. -
6:16 - 6:18
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6:20 - 6:24É como o teatro, quando a peça termina,
acaba, -
6:26 - 6:34fica apenas na memória daqueles
que viram e lembram. -
6:41 - 6:44SPERO: Então, vamos ter alguns no chão.
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6:44 - 6:46SAM KUNTZ: ...colocamos no chão ou não?
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6:46 - 6:50SPERO: Não, pensei em só alguns no chão.
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6:50 - 6:51
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6:51 - 6:52Isso tá ótimo.
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6:53 - 6:55É muito branco.
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6:56 - 6:58
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7:00 - 7:01
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7:01 - 7:05SPERO: Fui convidada para estar na Bienal de Veneza.
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7:05 - 7:08E pensei, o que vou fazer?
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7:08 - 7:14E pensei em uma das pinturas que fiz na série Guerra.
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7:14 - 7:18Nela fiz um mastro
com várias cabeças ensanguentadas -
7:18 - 7:22penduradas por fitas coloridas.
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7:22 - 7:26Então, pensei em literalmente
fazer um mastro. -
7:30 - 7:37Comecei a construir o mastro com a ajuda
de Sam Kuntz e Marybeth Craig. -
7:37 - 7:39Marybeth está na impressão das imagens
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7:39 - 7:46e Sam está trabalhando na parte mágica
de transformar essas cabeças. -
7:46 - 7:55SAM: Nancy tem uma facilidade em
criar uma figura expressiva e dolorida. -
7:56 - 8:01E o que é impressionante pra mim é
se você olhar com atenção, -
8:01 - 8:05elas são muito pequenas
e a linha foi desenhada muito rápida. -
8:05 - 8:08E essa expressão foi
articulada perfeitamente. -
8:08 - 8:10E elas são todas diferentes.
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8:10 - 8:14É um tipo de liberdade que ela tem.
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8:14 - 8:17SAM: Algumas delas podem ter sido feitas
como parte da série Guerra -
8:17 - 8:22que seria de 1966 a 1968.
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8:22 - 8:27Ela guardou algumas dessas cabeças
que nunca foram colocadas nas obras. -
8:27 - 8:32E agora estamos ampliando elas para fazer
a impressão em placas de polímeros -
8:32 - 8:36para poder imprimir no verso
em alumínio em grande escala -
8:36 - 8:39e fazer essas cabeças desincorporadas.
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8:42 - 8:47SPERO: Acho que imagens que fiz há muito
tempo atrás não consigo recuperá-las, -
8:47 - 8:52não consigo redesenhá-las,
da mesma forma. -
8:52 - 8:57Estou em outra direção.
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8:57 - 9:03Mas pensei que não poderia canibalizar
o que fiz há quarenta anos. -
9:04 - 9:08Tive a ideia de imprimir
no metal e cortá-las. -
9:08 - 9:14Então, imaginei que estaria
nesse metal e talvez, -
9:14 - 9:16não sei como vamos fazer isso,
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9:16 - 9:18mas ter algumas juntas.
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9:18 - 9:22E se eles se chocassem
um ao outro, faria barulho. -
9:24 - 9:32Se alguém vai presão por exemplo,
você escuta o barulho das celas... -
9:32 - 9:35Até me deixa sem ar...
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9:35 - 9:38pensando sobre isso,
o som disso. -
9:38 - 9:43E lá está você.
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9:44 - 9:47Tem alguém na prisão,
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9:48 - 9:51alguém que não pode sair até
alguém que tenha a chave... -
9:51 - 9:53deixe você sair.
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9:53 - 9:58Então, todos esses pensamentos
passando pela minha cabeça -
9:58 - 10:02e o que significa ser metal
e cabeças decepadas. -
10:02 - 10:06E traz esse sentimento...
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10:06 - 10:09uma semelhança a toda essa brutalidade.
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10:11 - 10:16Tentando mostrar a insanidade,
realmente a insanidade da guerra. -
10:19 - 10:27Canibalizei meu próprio trabalho
para me libertar do que fiz -
10:28 - 10:31e do que realmente
quero fazer no futuro. -
10:32 - 10:41Para Espanha, tive essa ideia de repetição
daquela imagem que liberei abertamente, -
10:41 - 10:45que guardei do Egito Antigo,
Mulheres Enlutadas. -
10:47 - 10:51Pensei em enfatizar
de alguma forma isso... -
10:52 - 10:59esse devotismo, olhando para cima,
para o céu, ou sabe Deus. -
10:59 - 11:05Decidi que deveria estar no chão,
como em um cortejo fúnebre. -
11:08 - 11:14Na galeria em Nova Iork renomei
e refiz de novo, -
11:15 - 11:18mas nomeei Cri du Coeur.
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11:19 - 11:22Foi a primeira obra depois
que Leon faleceu. -
11:22 - 11:29Como em "choro do coração", mas pra mim
significa algo como uma emoção intensa, -
11:29 - 11:32quase como uma oração,
um cri du coeur, -
11:32 - 11:35suplicando para os céus ou...
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11:35 - 11:38ou algo parecido com isso,
com os gestos. -
11:42 - 11:46É... sempre estranho,
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11:46 - 11:48é tão vazio e então
você coloca apenas... -
11:48 - 11:51uma coisinha estúpida...
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11:51 - 11:55e vira muito.
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11:55 - 11:59Isso é bom.
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12:02 - 12:05Talvez perto do...
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12:05 - 12:06Por que faço arte?
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12:06 - 12:09Qual não seria um motivo
para fazer arte? -
12:11 - 12:13Não sei, precisa de alguma coisa...
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12:16 - 12:21Por isso não está terminado,
por que não consigo pensar... -
12:21 - 12:24no que fazer.
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12:25 - 12:28SAM: Talvez precise de alguma coisa
para desequilibrá-lo. -
12:28 - 12:30SPERO: Hum...
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12:30 - 12:31SAM: Algo estranho.
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12:32 - 12:35SPERO: Acho que tenho que
pensar nisso outra hora. -
12:36 - 12:44Legendas: Rebecca S.
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