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How To Speak Non-Vegan | Effective Activism [SPEECH]

  • 0:00 - 0:05
    Ric Allport: Ok pessoal, tenho que admitir
    que hoje estou no papel de fanboy,
  • 0:05 - 0:09
    porque eu sigo a Emily e acho que ela
    é absolutamente incrível.
  • 0:09 - 0:13
    A Emily é ativista pela libertação animal,
    educadora, oradora internacional
  • 0:13 - 0:18
    e fundadora da organização sem fins lucrativos
    Bite Size Vegan, onde cria vídeos educacionais,
  • 0:18 - 0:23
    textos, relatórios e recursos gratuitos
    sobre temas que afetam o nosso meio ambiente,
  • 0:23 - 0:27
    a saúde pública e individual e os direitos
    de todos os seres sencientes.
  • 0:27 - 0:32
    Hoje a Emily falará sobre o imenso poder
    da linguagem e como encontrar um equilíbrio
  • 0:32 - 0:36
    entre se manter firme em suas convicções e
    intransigente na mensagem, mas conseguir
  • 0:36 - 0:41
    que as pessoas baixem a guarda o suficiente
    para ouvir, escutar e fazer a conexão.
  • 0:41 - 0:44
    Um grande aplauso para a Emily.
  • 0:44 - 0:46
    [Aplausos]
  • 0:46 - 0:49
    Obrigada.
  • 0:49 - 0:50
    Muito obrigada.
  • 0:50 - 0:55
    É engraçado - essa introdução dá a entender
    que eu sei o que estou fazendo.
  • 0:55 - 0:59
    Não me interpretem mal - eu já percorri
    um longo caminho no meu ativismo,
  • 0:59 - 1:03
    mas nunca me senti
    como uma especialista.
  • 1:03 - 1:07
    Pode parecer estranho, já que estou aqui
    para falar sobre como aumentar a eficácia
  • 1:07 - 1:13
    do seu ativismo, mas, de muitas maneiras,
    a minha eterna incerteza é na verdade
  • 1:13 - 1:14
    um dos meus maiores pontos fortes.
  • 1:14 - 1:18
    E por mais contra-intuitivo que possa
    parecer, eu hoje espero deixar vocês
  • 1:18 - 1:21
    um pouco mais incertos de si mesmos
    também.
  • 1:21 - 1:27
    A incerteza gera consideração e
    premeditação - pensar antes de agir
  • 1:27 - 1:28
    e ter atenção
    ao que dizemos.
  • 1:28 - 1:32
    Como ativistas, nossas escolhas de linguagem
    podem ser a nossa ferramenta mais valiosa,
  • 1:32 - 1:34
    ou a nossa armadilha mais perigosa.
  • 1:34 - 1:38
    Quando não temos cuidado com a abordagem,
    arriscamos não apenas não conseguir transmitir
  • 1:38 - 1:43
    a nossa mensagem, mas, ainda mais preocupante,
    transmitir algo totalmente diferente.
  • 1:43 - 1:47
    Se você é novo no ativismo, aumentar seu
    nível de incerteza pode parecer
  • 1:47 - 1:52
    a última coisa que você quer fazer.
    Você já se sente cheio de incertezas.
  • 1:52 - 1:56
    Se você é como eu, você quer
    desesperadamente saber a coisa certa
  • 1:56 - 2:00
    para dizer para chegar a não veganos.
    E você quer que essa coisa seja clara, simples
  • 2:00 - 2:05
    e de aplicação universal, como um modelo
    perfeito para o ativismo eficaz.
  • 2:05 - 2:10
    Vou esclarecer desde já que não tenho
    isso para oferecer. Passei décadas tentando
  • 2:10 - 2:16
    descobrir como falar sobre veganismo,
    sem jeito, tateando, sem nunca encontrar
  • 2:16 - 2:18
    o "santo graal"
    para o ativismo eficaz.
  • 2:18 - 2:22
    O que eu descobri, através de muitas
    tentativas e principalmente erros,
  • 2:22 - 2:28
    foi o valor de não ter uma abordagem fixa,
    de permanecer perpetuamente incerto.
  • 2:28 - 2:33
    Nesse sentido, aqueles de vocês que são
    novos no ativismo têm uma vantagem
  • 2:33 - 2:37
    sobre ativistas experientes:
    seus comportamentos ainda não são fixos,
  • 2:37 - 2:40
    talvez ainda não estejam confortáveis
    com o que dizer.
  • 2:40 - 2:45
    Se você é um ativista experiente, talvez
    o problema já não seja saber o que dizer,
  • 2:45 - 2:48
    mas sim como encontrar a energia
    para continuar dizendo.
  • 2:48 - 2:52
    Talvez você tenha chegado a um ponto
    de exasperação, de exaustão, por ter dado
  • 2:52 - 2:56
    tudo o que tem para alcançar as pessoas,
    mas sentir que está batendo em uma parede.
  • 2:56 - 3:01
    Independentemente de onde você está
    no seu ativismo, espero ajudá-lo a
  • 3:01 - 3:03
    comunicar sua mensagem
    de forma mais eficaz.
  • 3:03 - 3:08
    Antes de considerarmos nossa abordagem,
    precisamos entender o melhor possível
  • 3:08 - 3:10
    a natureza do assunto
    com que estamos lidando.
  • 3:10 - 3:15
    Não há nada como a resistência
    aparentemente inata da nossa espécie
  • 3:15 - 3:20
    a tudo que tenha a ver com veganismo.
    Desafia toda a lógica e senso comum,
  • 3:20 - 3:25
    está presente em todos os países,
    classes, raças, culturas e mesmo séculos.
  • 3:25 - 3:29
    Se acharmos que é só uma questão
    de mostrar os fatos às pessoas,
  • 3:29 - 3:35
    vamos acabar por não sair do lugar.
    E quando atribuímos a resistência
  • 3:35 - 3:40
    ou negacionismo das pessoas
    a falta de inteligência ou simples teimosia,
  • 3:40 - 3:43
    corremos facilmente o risco de
    descartá-las completamente.
  • 3:43 - 3:49
    Mas basta ver quantas pessoas bem formadas
    e inteligentes chegam à idade adulta
  • 3:49 - 3:53
    acreditando que as vacas produzem leite
    espontaneamente, desafiando toda
  • 3:53 - 3:58
    a fisiologia dos mamíferos, para entender
    que não é uma questão de inteligência.
  • 3:58 - 4:03
    Compreender isso nos permite mudar nossa
    perspectiva. O que talvez víssemos como razões
  • 4:03 - 4:08
    pelas quais nossa mensagem foi rejeitada
    são agora guias para uma abordagem melhor.
  • 4:08 - 4:12
    E em vez de nos concentrarmos
    tão intensamente no QUE dizer, podemos
  • 4:12 - 4:18
    focar a atenção em COMO estamos dizendo,
    porque é o COMO que pode fazer a diferença.
  • 4:18 - 4:22
    Para ilustrar os pontos que abordarei,
    preciso começar por algumas informações
  • 4:22 - 4:25
    sobre meu próprio processo
    e jornada.
  • 4:25 - 4:28
    Como eu já disse, passei a maioria
    da minha vida procurando desesperadamente
  • 4:28 - 4:30
    as palavras certas
    para falar sobre veganismo.
  • 4:30 - 4:34
    Nos últimos anos, à medida que a Bite Size Vegan
    cresceu e comecei a receber evidências tangíveis
  • 4:34 - 4:39
    do impacto do meu trabalho, com
    depoimentos incríveis de mudança do mundo inteiro,
  • 4:39 - 4:44
    minha confiança permaneceu instável,
    ou se tornou ainda mais instável.
  • 4:44 - 4:48
    Não importa quantos vídeos eu crie, quantos
    discursos eu faça ou com quantas pessoas eu fale,
  • 4:48 - 4:52
    cada um deles é como
    começar tudo de novo, do zero,
  • 4:52 - 4:56
    sempre com o renovado pânico
    de não ter ideia do que dizer.
  • 4:56 - 5:02
    Na maior parte da minha vida, eu via essa falta
    de confiança como uma falha pessoal inerente,
  • 5:02 - 5:06
    e via meu nível de consideração reconhecidamente
    neurótico antes de falar ou agir como
  • 5:06 - 5:08
    um perfeccionismo exagerado.
  • 5:08 - 5:13
    Mesmo com um ano de idade, apesar de a minha mãe
    me incentivar permanentemente a "usar palavras",
  • 5:13 - 5:17
    eu insistia em apontar e grunhir
    para as coisas que eu queria.
  • 5:17 - 5:22
    E não é que eu não soubesse as palavras;
    eu tinha medo de dizer fosse o que fosse,
  • 5:22 - 5:26
    até ser capaz de construir uma frase completa
    e fazê-lo corretamente.
  • 5:26 - 5:31
    Só agora, décadas depois, é que eu
    vim a compreender que a minha hesitação
  • 5:31 - 5:34
    e cuidadosa premeditação antes de falar
    e a necessidade induzida pelo pânico
  • 5:34 - 5:39
    de estudar os parâmetros e protocolos
    das interações humanas
  • 5:39 - 5:43
    não eram o perfeccionismo neurótico
    e a falta de confiança que eu presumia
  • 5:43 - 5:46
    e que passei grande parte da minha vida
    tentando superar, mas sim
  • 5:46 - 5:52
    mecanismos de sobrevivência necessários, comuns
    em crianças autistas, especialmente meninas.
  • 5:52 - 5:55
    Tornamo-nos, essencialmente,
    antropólogos infantis.
  • 5:55 - 6:01
    Muitos autistas - inclusive eu, descrevem que se
    sentem como se tivessem nascido no planeta errado.
  • 6:01 - 6:06
    Nada faz você compreender a gravidade e
    o imenso poder da linguagem como ser incapaz
  • 6:06 - 6:11
    de navegar efetivamente
    pelo método dominante de comunicação.
  • 6:11 - 6:15
    Basta perguntar a qualquer viajante que já tenha
    tido que navegar uma língua estrangeira
  • 6:15 - 6:20
    e ao mesmo tempo considerar nuances culturais
    em termos de linguagem corporal, gestos, tom...
  • 6:20 - 6:24
    É muito para lidar de uma vez só
    e precisa de amplo processamento intelectual
  • 6:24 - 6:28
    de inúmeros fatores de que os nativos
    nem sequer têm consciência.
  • 6:28 - 6:33
    Pense na última vez que você precisou
    conjugar um verbo na sua cabeça antes de falar.
  • 6:33 - 6:36
    Da mesma forma, os autistas
    precisam processar intelectualmente
  • 6:36 - 6:41
    as inúmeras pistas não verbais de comunicação
    co-ocorrentes que a maioria da nossa espécie
  • 6:41 - 6:44
    processa em milissegundos,
    a um nível subconsciente.
  • 6:44 - 6:48
    Essencialmente, o meu processo para comunicar
    eficazmente com não veganos
  • 6:48 - 6:52
    no meu ativismo educacional
    envolve a mesma análise cuidadosa,
  • 6:52 - 6:56
    escolha dolorosamente árdua de linguagem precisa
    e discernimento da abordagem mais adequada
  • 6:56 - 6:59
    para um público específico
    e um conjunto de circunstâncias
  • 6:59 - 7:02
    que eu tive que navegar
    desde as minhas primeiras palavras.
  • 7:02 - 7:07
    De muitas maneiras, os novos veganos são expostos
    a alguns aspetos da experiência autista.
  • 7:07 - 7:09
    Pelo menos como eu a conheço.
  • 7:09 - 7:13
    Quando abrem os olhos, são subitamente expostos
    a uma sobrecarga sensorial, ficam extremamente
  • 7:13 - 7:17
    e intensamente cientes da extrema exploração
    e crueldade ao seu redor.
  • 7:17 - 7:21
    Não conseguem mais olhar para um copo
    de leite sem ouvir os gritos angustiados
  • 7:21 - 7:25
    de uma mãe cujo bebê
    foi arrancado do seu lado.
  • 7:25 - 7:28
    E eles se apercebem que não são capazes
    de se explicar às pessoas ao seu redor.
  • 7:28 - 7:33
    É quase como se, no segundo em que passamos
    para o "lado vegano", a mentalidade não vegana
  • 7:33 - 7:37
    que tivemos nossas vidas inteiras
    de repente se torna incompreensível.
  • 7:37 - 7:43
    Já perdi a conta de quantas vezes recebi e-mails
    e mensagens, até de comedores de carne convictos,
  • 7:43 - 7:47
    que fizeram a conexão,
    mas o cônjuge não fez.
  • 7:47 - 7:51
    Então eles vieram falar comigo, essencialmente
    uma estranha, pedindo conselhos.
  • 7:51 - 7:54
    Como conversar com essa pessoa
    que eles conhecem há anos?
  • 7:54 - 7:58
    Como lidar com uma situação em que algúem
    que amamos se recusa a ver a verdade?
  • 7:58 - 8:04
    E continua a comer o que é agora tão claramente
    o corpo assassinado de um ser inocente?
  • 8:04 - 8:08
    Como eles lidam com o desgosto de amar
    alguém que eles não entendem mais?
  • 8:08 - 8:13
    De alguma forma, perderam a capacidade
    de navegar o léxico não vegano.
  • 8:13 - 8:16
    Ficaram sem saber
    o que dizer.
  • 8:16 - 8:20
    Este paralelo à minha luta constante para
    comunicar me colocou em uma posição privilegiada
  • 8:20 - 8:25
    para ajudar os veganos a aprender a “usar
    as palavras" novamente, porque agora
  • 8:25 - 8:30
    têm que pensar em linguagem e abordar
    a comunicação como um autista.
  • 8:30 - 8:34
    Antes de falar de exemplos concretos
    e estudos de caso, vou descrever brevemente
  • 8:34 - 8:38
    o básico deste assunto
    em relação ao ativismo vegano.
  • 8:38 - 8:43
    Sempre que pesquiso e escrevo, eu considero
    o meu público, a minha mensagem e o meu objetivo.
  • 8:43 - 8:49
    Ou seja, tento ter em mente quem estou tentando
    alcançar, que mensagem estou tentando passar
  • 8:49 - 8:51
    e o que é que pretendo atingir.
  • 8:51 - 8:55
    É claro que é impossível para qualquer um de nós
    saber todos os aspectos do nosso público
  • 8:55 - 9:00
    ou da situação, mas esse tipo de considerações
    pode nos ajudar a criar uma mensagem que seja
  • 9:00 - 9:03
    tão eficaz quanto possível
    para o nosso público-alvo.
  • 9:03 - 9:08
    Quero enfatizar que não se trata
    de ceder ou ludibriar.
  • 9:08 - 9:12
    Comprometer a verdade para fazer
    o veganismo parecer mais palatável
  • 9:12 - 9:15
    é uma das armadilhas mais perigosas
    que vamos explorar.
  • 9:15 - 9:19
    Quando navegamos a linguagem do ativismo,
    educação e defesa dos direitos dos animais,
  • 9:19 - 9:25
    há muitos potenciais perigos, distrações,
    desvios e armadilhas contraproducentes.
  • 9:25 - 9:28
    Talvez em nossos esforços
    para tornar o veganismo acessível,
  • 9:28 - 9:31
    comprometemos nossas convicções
    e suavizamos nossa ética.
  • 9:31 - 9:35
    Talvez para "acordar as pessoas"
    nos tornemos agressivos e polarizadores.
  • 9:35 - 9:40
    Nos perguntamos como é que eles não entendem,
    quando para nós é tão dolorosamente claro.
  • 9:40 - 9:43
    De alguma forma,
    apesar de todos os nossos esforços,
  • 9:43 - 9:48
    nossa mensagem fica "perdida na tradução"
    e o fosso na comunicação aumenta.
  • 9:48 - 9:51
    Já ouvi inúmeros debates
    entre ativistas veganos
  • 9:51 - 9:54
    sobre se devemos ter uma abordagem
    mais suave ou mais firme.
  • 9:54 - 10:00
    Essa falsa dicotomia é na verdade um desvio
    onde facilmente podemos nos perder.
  • 10:00 - 10:04
    O verdadeiro desafio é encontrar o equilíbrio
    entre permanecer firme em nossas convicções
  • 10:04 - 10:09
    e intransigente na nossa mensagem, mas ajudar
    as pessoas a baixarem a guarda o suficiente
  • 10:09 - 10:12
    para ouvirem, escutarem
    e fazerem a conexão.
  • 10:12 - 10:18
    À medida que aprofundamos exemplos concretos,
    o tema comum da pesquisa intensiva vai surgir.
  • 10:18 - 10:23
    É claro que investigação aprofundada pode ser
    entediante e definitivamente demorada.
  • 10:23 - 10:27
    Pode acreditar, muitas vezes gostaria de poder
    descartar minha própria incerteza,
  • 10:27 - 10:31
    minha incapacidade de aceitar as coisas de cara
    ou de partir do princípio que já sei.
  • 10:31 - 10:37
    Mas há uma vantagem clara no tempo gasto
    investigando por você mesmo.
  • 10:37 - 10:40
    O processo de aprendizagem ao fazer sua
    própria pesquisa é significativamente diferente
  • 10:40 - 10:46
    de regurgitar ou reorientar coisas que outras
    pessoas disseram. Você terá não só os fatos,
  • 10:46 - 10:51
    mas também o caminho investigativo, a trilha
    de informações que você seguiu para obtê-los.
  • 10:51 - 10:55
    Em vez de simplesmente listar estatísticas, ou dizer
    a alguém que aquilo em que sempre acreditou
  • 10:55 - 11:01
    são mentiras, você consegue partir com as pessoas
    de um ponto de familiaridade, de ideias comuns,
  • 11:01 - 11:05
    seguir progressivamente a trilha de informações
    tal como você a descobriu,
  • 11:05 - 11:09
    apresentando os fatos pelo caminho,
    para que elas possam digeri-los passo a passo.
  • 11:09 - 11:14
    Essa é uma abordagem incrivelmente útil para
    qualquer tipo de educação.
  • 11:14 - 11:18
    Consegue evitar o confronto e o compromisso
    ao mesmo tempo.
  • 11:18 - 11:24
    Você está compartilhando o que aprendeu e como
    aprendeu, ao invés de ditar o que é verdade.
  • 11:24 - 11:27
    Ao não provocar um comportamento defensivo,
    você permite que as pessoas baixem a guarda
  • 11:27 - 11:30
    e absorvam e processem
    as informações que estão recebendo.
  • 11:30 - 11:35
    Sem diluir ou florear com eufemismos,
    sem oferecer mudanças parciais
  • 11:35 - 11:37
    como opções mais palatáveis
    do que se tornar vegano.
  • 11:37 - 11:41
    Verdade real, com recepção real.
  • 11:41 - 11:45
    Vamos ver alguns exemplos de linguagem
    problemática e abordagens ineficazes.
  • 11:46 - 11:50
    Pessoalmente, acho que as armadilhas mais
    perigosamente atraentes são aquelas que
  • 11:50 - 11:53
    parecem ser táticas
    de comunicação eficazes.
  • 11:53 - 11:58
    Uma abordagem comum no movimento vegano
    é focar na normalização social do veganismo.
  • 11:58 - 12:03
    Tornar o estilo de vida vegano acessível,
    econômico, fácil - até convencional.
  • 12:03 - 12:08
    Essa é uma tática muito lógica, especialmente
    se considerarmos que um dos maiores obstáculos
  • 12:08 - 12:12
    para se tornar vegano é o ostracismo social
    e a rejeição da família e amigos.
  • 12:12 - 12:18
    A acessibilidade do veganismo é algo
    que eu defendo fervorosamente,
  • 12:18 - 12:20
    é um dos aspectos fundamentais
    da Bite Size Vegan.
  • 12:20 - 12:25
    No entanto, ao tentar fazer a ponte
    e ir ao encontro das pessoas onde elas estão,
  • 12:25 - 12:31
    existe o risco de reduzir o imperativo ético
    do veganismo a uma escolha de estilo de vida
  • 12:31 - 12:36
    socialmente aceitável, até mesmo oferecendo
    níveis de mudança que equivalem
  • 12:36 - 12:38
    a aceitar e promover
    um certo nível de crueldade.
  • 12:38 - 12:43
    É por isso que é tão importante estarmos atentos
    às nossas escolhas de linguagem como ativistas,
  • 12:43 - 12:47
    para não acabarmos defendendo exatamente
    aquilo contra o qual estamos lutando.
  • 12:47 - 12:50
    Nada representa melhor esse cenário
    do que o movimento humanitário.
  • 12:50 - 12:56
    A linguagem e conceitos humanitários ganharam
    força facilmente, por apelarem a todos os lados.
  • 12:56 - 13:01
    Ao vegano com medo de parecer radical
    ou extremista, eles proporcionam uma sugestão
  • 13:01 - 13:06
    menos intimidante para oferecer:
    segunda-feira sem carne, ovos caipiras locais.
  • 13:06 - 13:11
    Para ativistas lutando pela libertação animal,
    eles dão a possibilidade de melhores condições,
  • 13:11 - 13:13
    progresso em direção ao objetivo final.
  • 13:13 - 13:16
    E certamente para o não vegano,
    que agora tem um jeito
  • 13:16 - 13:20
    de continuar fazendo o que quer fazer,
    mas se sentir bem com isso.
  • 13:20 - 13:25
    A motivação para se tornar vegano desaparece;
    para quê arriscar isolamento social
  • 13:25 - 13:28
    e enfrentar o desconforto da mudança,
    quando você pode continuar comendo animais,
  • 13:28 - 13:32
    não apenas sem preocupações incômodas,
    mas até com a garantia de que você está
  • 13:32 - 13:35
    melhorando a forma como eles são tratados,
    ajudando o ambiente e melhorando a sua saúde?
  • 13:35 - 13:40
    O verdadeiro problema são as fazendas industriais,
    graças a Deus você agora come de modo responsável.
  • 13:40 - 13:46
    Você pode pensar que isso é uma interpretação
    pessimista do que poderia ser um passo
  • 13:46 - 13:51
    rumo a mudanças reais, proporcionando
    pelo menos uma pequena melhoria nas condições.
  • 13:51 - 13:54
    Eu entendo o fascínio
    dessa linha de pensamento.
  • 13:54 - 13:59
    Nós ativistas não somos imunes
    ao apelo sedutor da retórica humanitária.
  • 13:59 - 14:06
    Mas é crucial que não aceitemos nada de cara;
    nossa responsabilidade é para com os escravizados,
  • 14:06 - 14:09
    não para com o conforto de seus captores
    ou para conosco mesmos.
  • 14:09 - 14:13
    Tal como incentivamos outras pessoas a enfrentarem
    a verdade e questionarem o que sabem,
  • 14:13 - 14:14
    devemos fazer o mesmo.
  • 14:14 - 14:19
    Embora possamos sentir que nossos olhos já estão
    abertos, devemos procurar ativamente a incerteza.
  • 14:19 - 14:23
    Foi minha própria incerteza que me levou
    a me aprofundar sobre legislação humanitária,
  • 14:23 - 14:26
    ao pesquisar para um discurso
    que apresentei em Dublin, na Irlanda.
  • 14:26 - 14:30
    A Irlanda é um estudo de caso poderoso.
    É praticamente o conceito humanitário
  • 14:30 - 14:35
    encarnado em forma de país.
    Vacas pastam no exterior em campos pitorescos,
  • 14:35 - 14:39
    reforçando a velha ladainha de que
    "aqui não é assim."
  • 14:39 - 14:41
    E realmente não parece ser.
  • 14:41 - 14:46
    Mesmo depois de pesquisar bastante, encontrei
    apenas um vídeo secreto de abuso.
  • 14:46 - 14:51
    A Irlanda faz parte da União Europeia, que,
    no Tratado de Lisboa, assinado em 2007,
  • 14:51 - 14:55
    historicamente declarou os animais não humanos
    legalmente sencientes, merecendo estar livres
  • 14:55 - 15:00
    de fome, sede, desconforto, dor, lesão, doença,
    medo, angústia e sofrimento mental.
  • 15:00 - 15:05
    Tendo reconhecido sua capacidade de sentir
    as mesmas emoções e sensações que nós,
  • 15:05 - 15:10
    a UE de seguida preparou legislação que
    especifica as formas exatas como podemos
  • 15:10 - 15:14
    legalmente violar, aprisionar, cortar,
    queimar, mutilar e assassiná-los.
  • 15:14 - 15:18
    O resultado foi um regulamento do Conselho,
    intitulado "sobre a proteção dos animais
  • 15:18 - 15:22
    no momento de os matar", que foi e é visto,
    mesmo por ativistas pelos animais,
  • 15:22 - 15:26
    como um grande passo em frente,
    uma vitória para os animais.
  • 15:26 - 15:30
    Para aqueles de nós que vivem em países sem
    tais regulamentos, é natural pensar que
  • 15:30 - 15:33
    o abuso sistemático de animais de criação
    resulta, pelo menos em parte,
  • 15:33 - 15:35
    de uma completa falta de supervisão.
  • 15:35 - 15:39
    Por exemplo, nos Estados Unidos, não existe
    qualquer lei federal que reja o tratamento
  • 15:39 - 15:40
    de animais de criação.
  • 15:40 - 15:44
    Já vi ativistas e organizações listarem as
    mutilações e atrocidades rotineiramente cometidas
  • 15:44 - 15:48
    dentro da indústria alimentar nos EUA,
    enfatizando a necessidade de regulamentações,
  • 15:48 - 15:52
    muitas vezes apontando
    a UE como um excelente exemplo.
  • 15:52 - 15:57
    Mas se você realmente ler a legislação
    revolucionária da UE e documentos complementares,
  • 15:57 - 16:01
    você verá essa mesma lista
    de mutilações e atrocidades
  • 16:01 - 16:05
    não condenadas, mas codificadas.
  • 16:05 - 16:08
    Então, ao invés de pintinhos serem moídos vivos
    porque não existem regulamentos
  • 16:08 - 16:11
    que o impeçam, eles são moídos vivos
    porque os regulamentos declaram
  • 16:11 - 16:14
    que esse é o método preferencial
    para eliminação de pintos machos.
  • 16:14 - 16:18
    Existem até especificações detalhadas
    sobre velocidade e afiamento da lâmina
  • 16:18 - 16:20
    para evitar atrapalhar o processo.
  • 16:20 - 16:23
    Depois de procurar por alguns meses,
    encontrei os documentos que explicam
  • 16:23 - 16:27
    o processo de decisão. E agora vou citar
    os documentos da legislação.
  • 16:27 - 16:32
    Eles concluíram que gasear os cerca de
    335 milhões de pintos machos com um dia de idade
  • 16:32 - 16:42
    mortos por ano na EU custaria 1665 mil euros.
    O custo de usar facas rodando ou girando,
  • 16:42 - 16:47
    que trituram os pintos numa fração de segundo
    pode ser considerado não substancial.
  • 16:47 - 16:51
    Ou seja, a decisão não teve nada a ver
    com o que era mais humanitário;
  • 16:51 - 16:54
    foi simplesmente uma questão
    do que era mais barato.
  • 16:54 - 16:55
    Isso é ecoado ao longo de todo o documento.
  • 16:55 - 16:59
    Cada um dos métodos de assassinato
    traduzido em uma transação financeira.
  • 16:59 - 17:05
    Sem surpresa, o painel de avaliação de impacto
    reunido pela UE para esta "vitória legislativa"
  • 17:05 - 17:10
    pelos direitos dos animais incluía representantes
    da indústria da carne, laticínios e ovos.
  • 17:10 - 17:13
    E a Butina, a fabricante global
    das câmaras de gás
  • 17:13 - 17:16
    determinadas como o método preferencial
    para a matança de porcos.
  • 17:16 - 17:20
    É o absurdo dos assassinos decidirem
    como devem poder matar.
  • 17:20 - 17:26
    É para isso que apontamos como prova
    de progresso, como um exemplo pelo qual lutar.
  • 17:26 - 17:30
    Temos que ter consciência
    do que estamos defendendo.
  • 17:30 - 17:34
    Na verdade, foram as ações de ativistas
    australianos que me incentivaram
  • 17:34 - 17:36
    a procurar tão fervorosamente
    por esses documentos.
  • 17:36 - 17:41
    A legislação da UE recomendou a eliminação
    progressiva das câmaras de dióxido de carbono
  • 17:41 - 17:45
    para porcos, mas disse que “a avaliação
    de impacto revelou que essas recomendações
  • 17:45 - 17:48
    não eram economicamente viáveis
    no momento".
  • 17:48 - 17:50
    Eu ainda não tinha conseguido
    encontrar essa avaliação,
  • 17:50 - 17:55
    quando mais tarde tive o prazer de entrevistar
    ativistas da Animal Liberation Victoria
  • 17:55 - 17:59
    e da Animal Liberation New South Wales
    sobre suas filmagens secretas nas câmaras de gás
  • 17:59 - 18:04
    e ações subsequentes em que encerraram operações
    em um matadouro, se acorrentando às câmaras.
  • 18:04 - 18:08
    As filmagens que eles obtiveram
    me abalaram profundamente,
  • 18:08 - 18:12
    e continuo a utilizá-las na parte em vídeo
    de todos os discursos que dou.
  • 18:12 - 18:15
    Fiquei determinada a encontrar
    os documentos explicando por que a UE
  • 18:15 - 18:19
    ainda recomendou as câmaras.
    E finalmente encontrei a avaliação,
  • 18:19 - 18:23
    que revelou que a Butina,
    o fabricante das câmaras, estava no painel.
  • 18:23 - 18:29
    Como você deve saber, desde 2005, a Austrália
    tem vindo a passar de "códigos de prática",
  • 18:29 - 18:34
    essencialmente sugestões não vinculativas
    interpretadas por cada estado, pelo que entendo,
  • 18:34 - 18:37
    para "padrões e diretrizes
    consistentes a nível nacional".
  • 18:37 - 18:42
    Pelo que vi, parece estar sendo
    um processo prolongado, extenso e tedioso.
  • 18:42 - 18:46
    Nos últimos 13 anos, eles cobriram
    a parte sobre gado e ovelhas.
  • 18:46 - 18:51
    Quando se trata de encontrar documentação sólida,
    vocês na Austrália estão em vantagem,
  • 18:51 - 18:56
    pois existem amplos recursos que ativistas
    e organizações já disponibilizaram.
  • 18:56 - 19:00
    As informações estão disponíveis, e mais
    facilmente do que em muitos países.
  • 19:00 - 19:03
    Use-as como ponto de partida
    para a sua própria pesquisa.
  • 19:03 - 19:07
    Convido você a mergulhar nas letras pequenas
    dos regulamentos do seu estado,
  • 19:07 - 19:10
    da proposta de Padrões e Diretrizes Australianos
    de Bem-Estar Animal
  • 19:10 - 19:14
    e de quaisquer relatórios e documentos
    das próprias indústrias.
  • 19:14 - 19:19
    Esses documentos são ferramentas de ativismo
    incrivelmente eficazes, porque descrevem o "ideal"
  • 19:19 - 19:23
    e têm o maior interesse em retratar
    as práticas sob a melhor luz possível.
  • 19:23 - 19:26
    Foi essa abordagem que usei maioritariamente
    no meu discurso na Irlanda: apresentar
  • 19:26 - 19:32
    informações disponibilizadas pelas suas próprias
    indústrias agrícolas, o seu governo e a UE.
  • 19:32 - 19:37
    Isso não apenas ajudou a neutralizar a potencial
    carga defensiva que podia se gerar por
  • 19:37 - 19:42
    uma YouTuber americana qualquer vir lhes dizer
    como é o país deles, mas também permitiu mostrar
  • 19:42 - 19:49
    que mesmo o ideal, que obviamente nunca é
    atingido, era absolutamente horrível.
  • 19:49 - 19:53
    Durante a parte introdutória da palestra,
    informei o público que
  • 19:54 - 19:58
    "Os fatos que apresentarei hoje não são de
    minha própria criação; eu os retirei sobretudo
  • 19:58 - 20:03
    de documentos do governo e da indústria irlandeses,
    da União Europeia e muitos, muitos, outros".
  • 20:03 - 20:08
    E afirmei que nem precisavam acreditar em mim,
    pois eu iria facultar um link com a transcrição
  • 20:08 - 20:13
    da palestra, com referências para todos os fatos,
    uma bibliografia e recursos adicionais.
  • 20:13 - 20:19
    Eu incluo um link para uma página de recursos em
    toda palestra que dou - e hoje não será exceção.
  • 20:19 - 20:22
    Isso não apenas oferece uma oportunidade para
    mais aprendizagem, mas também remove
  • 20:22 - 20:27
    a significativa potencial barreira de exigir
    que as pessoas confiem mim pessoalmente
  • 20:27 - 20:30
    em questões sobre as quais
    elas já estão resguardadas à partida.
  • 20:30 - 20:35
    Agora que vimos brevemente como fazer
    o trabalho introdutório para ajudar o público
  • 20:35 - 20:40
    a baixar a sua guarda, vou mostrar um exemplo
    de como apresentar o forte contraste entre
  • 20:40 - 20:46
    o entusiasmo em torno da legislação humanitária
    e seu efeito real sobre os próprios indivíduos.
  • 20:46 - 20:49
    Agora vou citar o meu discurso na Irlanda
    novamente.
  • 20:49 - 20:53
    "A grande maioria das 7 bilhões de galinhas
    poedeiras no mundo passa sua curta vida
  • 20:53 - 20:57
    em gaiolas apertadas, incapazes
    até mesmo de estender suas asas.
  • 20:57 - 21:02
    Você pode ter ouvido o grande alarido sobre
    a diretiva inovadora da União Europeia em 1999
  • 21:02 - 21:06
    banindo gaiolas em bateria estéreis
    até 2012.
  • 21:06 - 21:09
    Pela cobertura da mídia, você pensaria que as
    galinhas poedeiras da UE agora vivem no luxo.
  • 21:10 - 21:14
    Mas, como vemos com regulamentos humanitários,
    o diabo está verdadeiramente nos detalhes.
  • 21:14 - 21:17
    Na realidade, a diretiva apenas substituiu
    gaiolas em bateria vazias
  • 21:17 - 21:21
    por gaiolas em bateria "enriquecidas",
    ou seja, mobiliadas.
  • 21:21 - 21:26
    Relatos elogiavam como as galinhas passariam
    a dispor de 750cm2 cada uma,
  • 21:26 - 21:31
    negligenciando que a legislação esclarece
    que apenas 600 são utilizáveis.
  • 21:31 - 21:34
    Ou seja, no final, o avanço mais revolucionário
    para os direitos das galinhas poedeiras
  • 21:34 - 21:39
    resultou num aumento de 50cm2
    de espaço para cada uma.
  • 21:39 - 21:43
    Entender a verdadeira impotência desta legislação
    torna sua implementação patética
  • 21:43 - 21:45
    ainda mais desconcertante.
  • 21:45 - 21:51
    Em 2012, nove países disseram à Comissão Europeia
    que os seus agricultores não iriam cumprir o prazo
  • 21:51 - 21:56
    para a conversão e outros quatro países disseram
    que era improvável estarem preparados.
  • 21:56 - 22:02
    Esses 13 países tiveram mais de 12 anos
    para conceder às galinhas poedeiras que escravizam
  • 22:02 - 22:05
    uns meros 50cm2.
  • 22:05 - 22:08
    E o tempo todo a mídia celebra a
    vitória pelo bem-estar animal,
  • 22:08 - 22:13
    o público come cada vez mais ovos,
    tranquilizado pelos padrões superiores
  • 22:13 - 22:20
    e os indivíduos que esta palhaçada deveria
    ajudar continuam explorados da mesma forma."
  • 22:20 - 22:24
    Nessa passagem, eu cobri muitas
    informações em apenas algumas frases.
  • 22:24 - 22:27
    Não é incomum que horas, dias
    ou até meses de pesquisa
  • 22:27 - 22:30
    acabem por valer apenas
    uma ou duas frases no script final.
  • 22:30 - 22:33
    Vou parar um pouco para explicar algumas das
    opções que tomei nesta parte da palestra,
  • 22:33 - 22:38
    tendo em conta as três considerações básicas
    de público, mensagem e objetivo.
  • 22:38 - 22:43
    Como mencionei no início, nesta altura eu já tinha
    apresentado uma introdução significativa,
  • 22:43 - 22:47
    progredindo devagar e deliberadamente no sentido de
    abordar indústrias específicas, tendo em conta
  • 22:47 - 22:52
    o meu público e considerações culturais sobre a
    Irlanda, além da minha posição de outsider,
  • 22:52 - 22:56
    eu sabia que era importante "desarmar" a situação
    de forma mais lenta e mais consciente.
  • 22:56 - 23:01
    Eu usei esse mesmo padrão dentro de cada novo
    tópico; assim, quando abordei o tópico dos ovos,
  • 23:01 - 23:06
    abri com os dados menos emocionais sobre
    estatísticas de produção na Irlanda,
  • 23:06 - 23:10
    passando depois para as práticas de reprodução
    manipulativas e debilitantes para maximizar
  • 23:10 - 23:16
    a produção de ovos e finalmente chegando à questão
    das condições de vida, nomeadamente as gaiolas.
  • 23:16 - 23:20
    Embora as gaiolas em bateria continuem a ser o
    padrão nos EUA, eu sabia pela minha pesquisa
  • 23:20 - 23:24
    que elas haviam sido banidas na UE.
    E encontrei cobertura da mídia
  • 23:24 - 23:26
    que é provável que o meu público
    tenha visto nas notícias.
  • 23:26 - 23:30
    A mensagem que eu queria transmitir
    era que os ovos nunca são éticos.
  • 23:30 - 23:35
    O meu objetivo, ou seja, o que eu queria atingir,
    era anular preventivamente quaisquer dúvidas
  • 23:35 - 23:42
    que restassem, ou a capacidade de descartar totalmente
    os fatos que apresentei porque "aqui não é assim".
  • 23:42 - 23:47
    Então, essa é a estrutura básica. No entanto,
    ela não inclui um dos fatores mais importantes
  • 23:47 - 23:51
    que afetam a forma como a nossa
    mensagem é transmitida e recebida: o tom.
  • 23:51 - 23:56
    Você deve ter notado que o meu tom nessa
    passagem foi bastante firme, até enojado.
  • 23:56 - 24:01
    Mas é importante notar que o meu nojo
    não foi direcionado ao meu público-alvo.
  • 24:01 - 24:02
    Muito pelo contrário.
  • 24:02 - 24:06
    Ao apresentar evidências de que
    eles foram enganados e manipulados,
  • 24:06 - 24:10
    eu disse nas minhas declarações de abertura
    que eles mereciam saber a verdade,
  • 24:10 - 24:14
    e que eu estava ali para
    apresentar evidências para sua consideração.
  • 24:14 - 24:19
    Então, ao invés de se sentirem julgados ou
    atacados e ficarem chateados comigo,
  • 24:19 - 24:23
    eu lhes dei espaço para ficarem chateados
    com as mentiras que têm lhes contado.
  • 24:23 - 24:28
    É da natureza humana levantar a guarda quando
    estamos na defensiva; nos fechamos e desligamos.
  • 24:28 - 24:33
    Parece lógico que como ativistas evitemos
    perturbar o nosso público, a fim de manter a sua
  • 24:33 - 24:39
    receptividade aberta; no entanto, este é um
    exemplo ilustrativo do tal equilíbrio.
  • 24:39 - 24:43
    Não se trata de garantir
    que não incomodamos ninguém;
  • 24:43 - 24:46
    se eles estão entendendo a verdade,
    eles devem sim ficar incomodados!
  • 24:46 - 24:52
    É garantir que o contra-ataque perante as verdades
    que revelamos seja dirigido aos alvos certos,
  • 24:52 - 24:56
    levando a uma indignação construtiva
    e plenamente justificada.
  • 24:56 - 25:00
    Eu acredito há muito tempo que uma das principais
    razões para as pessoas não se tornarem veganas
  • 25:00 - 25:05
    é a dor imensa e a culpa de admitir
    o nosso papel em atrocidades horríveis.
  • 25:05 - 25:09
    Confrontar o verdadeiro impacto de nossas escolhas
    é incrivelmente assustador, então em vez disso
  • 25:09 - 25:15
    nós desligamos, atacamos ou atiramos um monte
    de objeções padrão, ou algumas bem bizarras,
  • 25:15 - 25:21
    que você certamente ouviu inúmeras vezes: leões,
    ilhas desertas, proteína e assim por diante.
  • 25:21 - 25:26
    Então, a maneira como eu apresentei as informações
    para o meu público irlandês pretendia também
  • 25:26 - 25:32
    fornecer uma espécie de amortecedor para
    essa culpa, ao apontar um alvo para a indignação
  • 25:32 - 25:38
    além deles mesmos, evitando que eles desligassem
    e canalizando a sua indignação para ação.
  • 25:38 - 25:44
    Preciso mencionar que isso não absolve da culpa
    nem tenta desculpar a participação na exploração.
  • 25:44 - 25:47
    Mais uma vez, se trata de encontrar o equilíbrio
    entre não comprometer a ética
  • 25:47 - 25:49
    mas permitir que as pessoas
    baixem a guarda.
  • 25:49 - 25:51
    Nunca digo que não há problema
    em comer animais.
  • 25:51 - 25:55
    Nunca encorajo uma redução de carne,
    laticínios ou ovos.
  • 25:55 - 25:59
    Espero que este exemplo tenha ajudado a
    ilustrar a falsa dicotomia de que o nosso ativismo
  • 26:00 - 26:06
    precisa ser não ameaçador ao ponto de
    encorajar níveis aceitáveis de crueldade
  • 26:06 - 26:12
    ou tão agressivo ao ponto de polarizar e alienar
    as pessoas que estamos tentando alcançar.
  • 26:12 - 26:16
    Eu me concentrei até agora nos perigos das
    cedências e das tentativas bem-intencionadas
  • 26:16 - 26:20
    de ser acessível, mas isso não significa
    que a resposta seja o outro extremo.
  • 26:20 - 26:25
    Uma maneira desconcertante como meu cérebro
    funciona me permite de alguma forma ver o cinza
  • 26:25 - 26:27
    onde a maioria das pessoas
    percebe apenas preto e branco.
  • 26:27 - 26:31
    Esta é outra das formas como o autismo apresenta
    um presente no meio dos seus profundos desafios.
  • 26:31 - 26:36
    Enquanto não autistas tendem a ser o que costuma
    ser chamado de "pensadores globais", os autistas
  • 26:36 - 26:41
    costumam ter dificuldade em ver o "quadro geral";
    o termo em psicologia é "fraca coerência central".
  • 26:41 - 26:45
    Isso leva a muitos desafios, porque os nossos
    cérebros são inundados com informações
  • 26:45 - 26:49
    que não somos capazes de filtrar e priorizar,
    levando a uma sobrecarga sensorial,
  • 26:49 - 26:53
    esse hiper-foco em níveis extremos de detalhe
    também nos permite
  • 26:53 - 26:55
    ver e fazer conexões
    que outras pessoas talvez não façam.
  • 26:55 - 27:00
    Finalmente, pelo menos para mim, porque eu vejo
    detalhes e minúcia em vez de resumos
  • 27:00 - 27:06
    ou generalizações, nunca achei que uma pessoa
    pudesse ser definida como isto ou aquilo.
  • 27:06 - 27:12
    E vejo que raramente existe uma dicotomia pura,
    um único "ou A ou B" seja no que for.
  • 27:12 - 27:16
    Como nos exemplos anteriores de como
    uma abordagem mais suave pode acabar transmitindo
  • 27:16 - 27:20
    o oposto da mensagem que pretendemos,
    vou dar um exemplo de quando
  • 27:20 - 27:26
    uma abordagem mais agressiva, mais desafiadora,
    também pode atrapalhar o nosso objetivo.
  • 27:26 - 27:29
    Quando decidi finalmente fazer um vídeo
    sobre abate halal e kosher,
  • 27:29 - 27:35
    que foi bem intimidante, para ser honesta,
    descobri que o tema era abordado principalmente
  • 27:35 - 27:40
    através de filmagens secretas horríveis
    feitas em matadouros halal e kosher.
  • 27:40 - 27:44
    No final, escolhi não incluir filmagens
    com conteúdo violento no meu vídeo,
  • 27:44 - 27:46
    mas não pelos motivos
    que você pode estar pensando.
  • 27:46 - 27:50
    Não foi um esforço para não perturbar meu público,
    nem um julgamento contra o uso
  • 27:50 - 27:53
    de filmagens violentas.
    Na verdade, defendo fervorosamente
  • 27:53 - 27:56
    a importância do uso
    de imagens secretas no ativismo.
  • 27:56 - 28:02
    O principal motivo para não usar nenhuma filmagem
    resultou do mesmo tipo de investigação
  • 28:02 - 28:06
    que fiz sobre legislação humanitária:
    mais uma vez, começar do zero,
  • 28:06 - 28:08
    não aceitando nada
    sem questionar.
  • 28:08 - 28:12
    Essencialmente, permanecer
    completa e totalmente incerta.
  • 28:12 - 28:15
    Admito que no início a minha impressão sobre
    o abate halal e kosher era baseado apenas
  • 28:15 - 28:19
    nos momentos em que me cruzei
    superficialmente com as filmagens secretas.
  • 28:19 - 28:23
    Como todo mundo, muitas vezes tenho noções
    pré-concebidas e julgamentos pré-existentes.
  • 28:23 - 28:27
    O truque é reconhecê-los como são, para que não
    afetem a minha capacidade de permanecer aberta.
  • 28:27 - 28:30
    Praticar a incerteza deliberada.
  • 28:30 - 28:34
    Partindo do princípio de que eu na verdade
    não sabia nada sobre abate halal e kosher,
  • 28:34 - 28:38
    mergulhei nos ensinamentos e filosofias
    por trás das práticas, procurando fontes escritas
  • 28:38 - 28:43
    por e para indivíduos judeus e muçulmanos.
    Textos religiosos, documentos do clero,
  • 28:43 - 28:46
    comentários leigos.
    Como muitas regulamentações humanitárias contêm
  • 28:46 - 28:51
    excepções específicas para abate ritual,
    com diversos graus de supervisão, existem inúmeros
  • 28:51 - 28:56
    estudos científicos, relatórios e investigações
    sobre a "humanidade" dessas práticas.
  • 28:56 - 29:00
    Revisei os estudos que pude encontrar,
    bem como várias legislações governamentais.
  • 29:00 - 29:03
    Através da minha pesquisa, descobri que os abusos
    horríveis captados nas filmagens eram na verdade
  • 29:03 - 29:08
    violações graves, não exemplos,
    dos princípios halal e kosher.
  • 29:08 - 29:12
    Então, usar a filmagem para ilustrar a
    brutalidade do abate halal e kosher
  • 29:12 - 29:16
    não apenas seria impreciso, mas acabaria também
    por prejudicar o meu objetivo.
  • 29:16 - 29:20
    Olhando para isso novamente através das três
    considerações, público, mensagem e objetivo:
  • 29:20 - 29:25
    meu principal público-alvo eram indivíduos
    que seguem práticas halal e kosher;
  • 29:25 - 29:29
    minha mensagem era que matar nunca é
    humanitário, gentil ou sagrado;
  • 29:29 - 29:34
    e meu objetivo era levar a uma reconsideração
    dessas práticas, idealmente resultando na decisão
  • 29:34 - 29:38
    de se tornarem veganos, depois de olharem de
    forma séria para o abate ritual
  • 29:38 - 29:43
    e avaliarem se é uma prática
    genuinamente humanitária e misericordiosa.
  • 29:43 - 29:47
    Dada a natureza sensível das considerações
    religiosas e culturais, eu sabia
  • 29:47 - 29:51
    que era ainda mais importante ser diligente
    na pesquisa e respeitosa na abordagem,
  • 29:51 - 29:54
    especialmente tendo em conta
    que eu não sou judia nem muçulmana.
  • 29:54 - 29:58
    Se eu quisesse alcançar pessoas que participam
    no abate ritual e lhes mostrasse imagens brutais
  • 29:58 - 30:02
    que na verdade violam os seus princípios,
    o que eu teria conseguido,
  • 30:02 - 30:08
    além de demonstrar a minha falta de vontade de
    pelo menos compreender essas práticas?
  • 30:08 - 30:13
    Com a falta de discussão real entre ativistas
    e praticantes, considero ainda mais importante
  • 30:13 - 30:17
    chamar a atenção para o fato de que, como acontece
    muitas vezes, os lados aparentemente opostos
  • 30:17 - 30:20
    deste debate, têm na verdade mais semelhanças
    do que diferenças.
  • 30:20 - 30:23
    Agora vou citar o vídeo que fiz:
  • 30:23 - 30:27
    "De fato, os valores defendidos pelos defensores
    dos animais que se opõem ao abate ritual são,
  • 30:27 - 30:31
    segundo líderes judeus e islâmicos,
    a própria base das práticas halal e kosher.
  • 30:31 - 30:35
    Mas este ponto de partida comum
    raramente é explorado, pois quase todos os debates
  • 30:35 - 30:39
    sobre abate ritual surgem de filmagens
    que expõem o terrível tratamento
  • 30:39 - 30:41
    dos animais em matadouros halal e kosher.
  • 30:41 - 30:45
    Na verdade, a maioria dos indivíduos
    judeus e muçulmanos ficam igualmente
  • 30:45 - 30:47
    ou até mais indignados
    com as violações expostas nesses vídeos.
  • 30:47 - 30:51
    Mas o resultado final de verem essas filmagens
    é quase sempre um clamor
  • 30:51 - 30:55
    por melhor regulamentação e fiscalização
    mais apertada dos padrões halal e kosher,
  • 30:55 - 31:00
    sem responder à questão de se estes métodos,
    quando feitos de forma correta, são humanitários.
  • 31:00 - 31:04
    E deixando por abordar o cerne do debate
    em torno do abate humanitário:
  • 31:04 - 31:08
    será que é sequer possível acabar com a vida
    de outro ser de uma maneira que seja gentil?"
  • 31:08 - 31:12
    Se eu tivesse usado esses vídeos, teria não só
    passado ao lado das verdadeiras questões,
  • 31:12 - 31:17
    mas também, ao retratar de forma tão imprecisa
    um aspecto importante da sua fé,
  • 31:17 - 31:20
    eliminaria qualquer possibilidade de discussão
    e principalmente de reconsideração.
  • 31:20 - 31:24
    Eu incluí um trecho de filmagens perto do final
    do vídeo, explicando que a melhor forma
  • 31:24 - 31:28
    de determinar se o abate ritual é humanitário
    é através da simples observação.
  • 31:28 - 31:33
    Mostrei um exemplo de abate ritual
    que cumpre a tradição,
  • 31:33 - 31:37
    ainda assim parando antes de o pescoço da ovelha
    ser cortado ou de qualquer imagem de sangue.
  • 31:37 - 31:41
    O que eu queria enfatizar e mostrar era
    o comportamento da ovelha antes do abate.
  • 31:42 - 31:45
    Mesmo num ambiente de um para um,
    com o abatedor gentilmente recitando orações,
  • 31:45 - 31:50
    oferecendo água, dizendo que é importante
    que o animal esteja descansado e confortável,
  • 31:50 - 31:54
    era evidente que a ovelha não estava participando
    de forma voluntária.
  • 31:54 - 31:59
    Depois das imagens, passei o foco de todos os
    detalhes e debates de que tinha falado até agora
  • 31:59 - 32:02
    para onde ele deve estar:
    no indivíduo.
  • 32:02 - 32:05
    E disse: "Acabar com a vida de qualquer
    ser senciente de forma prematura
  • 32:05 - 32:10
    e contra a sua vontade nunca poderá ser
    um ato humanitário ou misericordioso.
  • 32:10 - 32:14
    A ideia de que esse ato é necessário,
    justificando-o assim como um mal menor,
  • 32:14 - 32:20
    é uma das principais racionalizações usadas por
    comedores de carne, sejam leigos ou religiosos."
  • 32:20 - 32:25
    Com o meu público-alvo em mente, mencionei
    versos de textos religiosos judeus e muçulmanos
  • 32:25 - 32:29
    que apoiam os princípios veganos. Eu já os havia
    abordado na minha série "A História do Veganismo",
  • 32:29 - 32:36
    enfatizando que nenhuma religião, Judaísmo e Islão
    incluídos, obriga ao consumo de animais.
  • 32:36 - 32:40
    Finalmente, depois de navegar pelas fundações
    destas tradições e detalhar os debates,
  • 32:40 - 32:45
    a legislação, opiniões e estudos,
    refoquei completamente o assunto,
  • 32:45 - 32:50
    porque no final das contas isto não é
    um assunto religioso, é um assunto humano.
  • 32:50 - 32:54
    Esta é outra abordagem intencional
    que eu utilizo no meu ativismo,
  • 32:54 - 32:57
    sobretudo quando lido com
    temas polarizantes e inflamatórios.
  • 32:57 - 33:01
    Primeiro, faço questão de dedicar tempo
    para ser o mais respeitosa e precisa possível,
  • 33:01 - 33:06
    ajudando o meu público-alvo a baixar a sua guarda,
    saindo da habitual posição defensiva.
  • 33:06 - 33:11
    Depois de focar em detalhes, às vezes
    bastante granulares, dou um passo atrás
  • 33:11 - 33:15
    para o que é universalmente aplicável:
    a condição humana.
  • 33:15 - 33:17
    Agora vou citar do vídeo novamente:
  • 33:17 - 33:21
    "O mito do abate humanitário vai para além
    de qualquer religião.
  • 33:21 - 33:26
    A humanidade como um todo está constantemente
    tentando desculpar e explicar a escravidão,
  • 33:26 - 33:28
    tortura e assassinato
    de seres sencientes.
  • 33:28 - 33:32
    É um pouco absurda a quantidade
    de tempo, energia, detalhe, dinheiro público
  • 33:32 - 33:36
    e burocracia são utilizados para encontrar
    a maneira certa de matar.
  • 33:36 - 33:41
    Apontamos o dedo a abusos indesculpáveis em outros
    países, culturas, religiões e empresas específicas,
  • 33:41 - 33:46
    embarcando numa justa indignação,
    e evitando convenientemente qualquer avaliação
  • 33:46 - 33:51
    da nossa própria cumplicidade na morte
    dos animais que estão no nosso prato."
  • 33:51 - 33:57
    Antes de terminar, vou falar sobre a linguagem
    e abordagem ao apresentar filmagens secretas.
  • 33:57 - 34:02
    Como já disse, filmagens secretas são
    fundamentais na luta pela libertação animal.
  • 34:02 - 34:06
    A nossa exploração sistemática dos animais
    não humanos prospera nas trevas;
  • 34:06 - 34:11
    filmagens secretas expõem essa realidade horrível,
    dando voz às vítimas.
  • 34:11 - 34:16
    Saber a verdade é uma coisa;
    vê-la é completamente diferente.
  • 34:16 - 34:22
    Mas tal como o impacto do que dizemos depende
    de como o dizemos, o impacto do que mostramos
  • 34:22 - 34:25
    depende de como o enquadramos
    e apresentamos.
  • 34:25 - 34:29
    Não temos tempo para nos aprofundarmos nisto,
    mas gostaria de chamar a atenção para um assunto
  • 34:29 - 34:33
    que vi muitas vezes na divulgação
    de filmagens secretas.
  • 34:33 - 34:37
    Vamos pensar, por exemplo, em todas as vezes que
    filmagens secretas mostraram trabalhadores,
  • 34:37 - 34:41
    seja de que país for,
    jogando pintinhos numa trituradora.
  • 34:41 - 34:45
    Todas essas vezes, a mídia relata de forma
    dramática a crueldade inacreditável.
  • 34:45 - 34:49
    E todas essas vezes o público fica estupefacto,
    indignado e enojado.
  • 34:49 - 34:53
    Se perguntam como uma pessoa ou uma indústria
    pode ser tão bárbara.
  • 34:53 - 34:58
    E continuam a comer ovos, sem se aperceberem
    que acabaram de responder à sua própria pergunta.
  • 34:58 - 35:01
    No final das contas, a mensagem
    que essas filmagens transmitem ao público
  • 35:01 - 35:04
    depende da forma como são apresentadas.
  • 35:04 - 35:11
    Quando uma prática codificada e padronizada,
    como a trituração de cerca de 3.2 biliões
  • 35:11 - 35:15
    de pintinhos por ano no mundo inteiro, é reduzida
    a um soundbyte sensacionalista,
  • 35:15 - 35:19
    isso enfraquece o poder e a necessidade
    de expor a verdade.
  • 35:19 - 35:24
    Muitas vezes, o mais grave é aquilo que não é dito
    quando essas filmagens são exibidas.
  • 35:24 - 35:30
    Quando não explicamos e enfatizamos que os
    horrores mostrados no vídeo são não apenas legais
  • 35:30 - 35:34
    mas aprovados pelo governo
    e ditados pela legislação humanitária,
  • 35:34 - 35:38
    deixamos o público com a impressão
    de que se trata de um incidente isolado.
  • 35:38 - 35:41
    O resultado de alguns trabalhadores
    maliciosos e sociopatas.
  • 35:41 - 35:45
    Longe de considerar o veganismo,
    o público fica apenas pensando que
  • 35:45 - 35:48
    felizmente os culpados foram denunciados
    e certamente serão punidos.
  • 35:48 - 35:53
    Ainda bem que os ovos que NÓS comemos
    não contribuem para esse tipo de atos bárbaros.
  • 35:53 - 35:57
    Um último exemplo é o de uma investigação
    secreta numa fábrica de reprodução de porcos
  • 35:57 - 35:59
    em Iowa, o estado
    onde eu moro atualmente.
  • 35:59 - 36:03
    Eu falo mais deste assunto no meu texto e vídeo
    sobre bestialidade.
  • 36:03 - 36:07
    Imagens e notas detalhadas da investigação
    catalogaram abusos frequentes
  • 36:07 - 36:12
    de porcas mães e grávidas, incluindo espancamento,
    chutes e estupro violento.
  • 36:12 - 36:16
    Trabalhadores também foram filmados cortando
    as caudas e arrancado os testículos de leitões,
  • 36:16 - 36:19
    sem qualquer anestesia, o que resultou
    algumas vezes em hérnias escrotais,
  • 36:19 - 36:23
    que levaram os intestinos dos leitões
    a sair pela incisão.
  • 36:23 - 36:27
    Num dos atos mais citados pela mídia,
    trabalhadores são mostrados jogando leitões
  • 36:27 - 36:32
    doentes ou deformados no chão, os deixando morrer
    lentamente, com o crânio quebrado, tremendo,
  • 36:32 - 36:36
    com falta de ar, enquanto outros se acumulavam
    em cima deles em contentores enormes.
  • 36:36 - 36:40
    Na maior parte desta palestra, enfatizei o poder
    e impacto das NOSSAS escolhas de linguagem
  • 36:40 - 36:47
    na transmissão da nossa mensagem. Mas as escolhas
    de outros também são ferramentas de aprendizagem.
  • 36:47 - 36:52
    Um artigo da NBC News sobre as filmagens de Iowa
    incluía comentários de Temple Grandin,
  • 36:52 - 36:54
    apresentada como "uma proeminente
    especialista em bem-estar animal".
  • 36:54 - 36:59
    Se referindo aos abusos que listei,
    Grandin afirmou que "embora essas
  • 36:59 - 37:04
    sejam práticas padrão na indústria, o tratamento
    das porcas no vídeo está muito longe disso",
  • 37:04 - 37:06
    e o chamou de "um abuso atroz dos animais".
  • 37:06 - 37:10
    No meu vídeo, eu paro para sublinhar
    o absurdo das suas palavras.
  • 37:10 - 37:11
    Vou citar do meu vídeo:
  • 37:11 - 37:16
    "Só para ficar claro, caso não seja óbvio,
    espancar e estuprar porcas mães
  • 37:16 - 37:18
    é o 'abuso atroz dos animais'.
  • 37:18 - 37:23
    As 'práticas padrão da indústria' a que Grandin
    se refere são a mutilação sem anestesia
  • 37:23 - 37:28
    de porcos recém-nascidos e jogar brutalmente
    bebês defeituosos contra o chão de concreto.
  • 37:28 - 37:32
    Essas práticas não apenas são legais,
    como são aprovadas pelos governos
  • 37:32 - 37:37
    dos Estados Unidos, Canadá, Austrália,
    União Europeia e não só."
  • 37:37 - 37:40
    Para demonstrar a falta de lógica em tudo isso,
    acrescentei:
  • 37:40 - 37:45
    "Então, é isso que as práticas padrão têm de bom:
    não sei quanto a você, mas se eu visse o vídeo
  • 37:45 - 37:50
    e me perguntassem o que era abuso
    e o que era normal, eu diria tudo errado!"
  • 37:50 - 37:55
    Espero que esta palestra tenha ajudado
    a ilustrar o incrível poder da linguagem,
  • 37:55 - 37:59
    tenha dado a vocês algumas ideias
    de como caminhar na zona cinza,
  • 37:59 - 38:03
    os encorajado a terem pelo menos
    um pouco mais de incerteza no seu ativismo,
  • 38:03 - 38:08
    para que possam abordar cada interação,
    cada indivíduo, cada situação como algo novo.
  • 38:08 - 38:12
    Essencialmente, que vocês consigam pensar
    um pouco mais "autisticamente".
  • 38:12 - 38:15
    Muito obrigada pelo convite,
    estou muito agradecida.
  • 38:15 - 38:26
    [Aplausos]
Title:
How To Speak Non-Vegan | Effective Activism [SPEECH]
Description:

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Video Language:
English
Duration:
38:28

Portuguese, Brazilian subtitles

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