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Como fazer do altruísmo o seu guia

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    Nós, seres humanos, temos um
    potencial extraordinário para a bondade
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    mas também um poder imenso
    para praticar o mal.
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    Qualquer ferramenta pode ser usada
    para construir ou destruir.
  • 0:18 - 0:21
    Tudo depende das nossas motivações.
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    Portanto, é de suma importância
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    alimentar uma motivação altruísta
    em vez de egoísta.
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    Nos dias de hoje,
    enfrentamos muitos desafios.
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    Podem até ser desafios pessoais.
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    A nossa mente pode ser
    a nossa melhor amiga
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    ou a nossa pior inimiga.
  • 0:46 - 0:50
    Também existem desafios sociais:
  • 0:50 - 0:54
    pobreza no meio da abundância,
    desigualdades, conflitos, injustiça.
  • 0:55 - 0:58
    E depois também existem novos desafios,
    daqueles que não estamos à espera.
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    Há dez mil anos,
    havia cerca de cinco milhões
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    de seres humanos na terra.
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    Fosse qual fosse a sua actividade,
  • 1:06 - 1:10
    a Terra acabava sempre
    por recuperar da pegada humana.
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    Depois das Revolução
    Tecnológica e Industrial,
  • 1:14 - 1:16
    o mesmo já não acontece.
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    Somos agora o maior responsável
    pelo estado do planeta Terra.
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    Entramos no Antropoceno,
    a era dos seres humanos.
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    De certa forma, se disséssemos
    que precisamos dar continuidade
  • 1:30 - 1:32
    a este crescimento permanente,
  • 1:32 - 1:36
    ao uso infindável de recursos materiais,
  • 1:36 - 1:39
    é como se este homem estivesse a dizer
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    — não vou referir quem foi,
    mas ouvi um antigo chefe de Estado dizer —
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    "Há cinco anos, estávamos
    à beira do precipício.
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    "Hoje, demos um grande passo em frente."
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    Este limite é o mesmo que
    foi definido pelos cientistas
  • 1:57 - 1:59
    como os limites planetários.
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    E dentro desses limites,
    podem acarretar vários factores.
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    Ainda podemos prosperar, a humanidade
    ainda pode prosperar por 150 000 anos,
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    se mantivermos a mesma
    estabilidade climática
  • 2:13 - 2:16
    como no Holocénico,
    nos últimos 10 000 anos.
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    Mas isto depende da escolha
    de uma simplicidade voluntária,
  • 2:21 - 2:24
    a crescer qualitativamente,
    não quantitativamente.
  • 2:24 - 2:30
    Em 1900, como podem ver, estávamos bem
    dentro dos limites do que era seguro.
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    Agora, em 1950 houve
    uma grande aceleração.
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    Sustenham a respiração, não por muito
    tempo, para imaginar o que vem a seguir.
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    Ultrapassámos completamente
    alguns dos limites planetários.
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    Falando apenas na biodiversidade,
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    ao ritmo actual, por volta de 2050,
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    terão desaparecido 30%
    de todas as espécies da Terra.
  • 2:58 - 3:00
    Mesmo que preservemos o
    seu ADN num congelador,
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    já não conseguiremos reverter a situação.
  • 3:04 - 3:05
    Aqui estou eu sentado
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    no Butão, em frente de um glaciar
    de 7000 metros de altura .
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    No Terceiro Polo, 2000 glaciares
    estão a derreter rapidamente,
  • 3:15 - 3:17
    mais depressa do que o Ártico.
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    Então, o que podemos fazer nesta situação?
  • 3:24 - 3:28
    Não interessa o quão complexa
    é a questão do meio ambiente
  • 3:28 - 3:32
    a nível político, económico ou científico,
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    resume-se simplesmente a uma questão
    de altruísmo em oposição ao egoísmo.
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    Sou um marxista que tende para Groucho
  • 3:42 - 3:44
    (Risos)
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    Groucho Marx disse:
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    "Porque é que deveria importar-me
    com as gerações futuras?
  • 3:48 - 3:50
    "O que é que elas fizeram por mim?"
  • 3:50 - 3:51
    (Risos)
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    Infelizmente, ouvi o
    multimilionário Steve Forbes,
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    dizer exactamente mesma coisa,
    mas muito a sério.
  • 3:59 - 4:02
    Falaram-lhe sobre a subida
    da água do mar e ele disse:
  • 4:02 - 4:05
    "Acho absurdo mudar
    o meu comportamento de hoje
  • 4:05 - 4:08
    "em função de algo que vai
    acontecer dentro de centenas de anos."
  • 4:08 - 4:11
    Portanto, se não quiserem saber
    das gerações futuras,
  • 4:11 - 4:12
    vão em frente.
  • 4:13 - 4:16
    Um dos grandes desafios do nosso tempo
  • 4:16 - 4:20
    é reconciliar três escalas do tempo:
  • 4:20 - 4:22
    a economia a curto prazo,
  • 4:22 - 4:26
    os altos e baixos do mercado financeiro,
    o balanço de fim de ano;
  • 4:26 - 4:29
    a qualidade de vida a médio prazo
  • 4:29 - 4:34
    — como é a qualidade de cada momento da
    vossa vida nos últimos 10 e 20 anos? —
  • 4:34 - 4:38
    e o ambiente a longo prazo.
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    Quando os ambientalistas
    falam com os economistas,
  • 4:40 - 4:43
    mais parece um diálogo esquizofrénico,
    completamente incoerente.
  • 4:43 - 4:45
    Não falam a mesma língua.
  • 4:46 - 4:49
    Nos últimos 10 anos,
    percorri o mundo
  • 4:49 - 4:53
    encontrei-me com economistas, cientistas,
    neurocientistas, ambientalistas,
  • 4:53 - 4:58
    filósofos, pensadores,
    nos Himalaias, por toda a parte.
  • 4:58 - 5:02
    Ao que me parece, só existe um conceito
  • 5:02 - 5:05
    capaz de reconciliar
    essas três escalas temporais.
  • 5:05 - 5:09
    Passa, simplesmente, por ter mais
    consideração pelos outros.
  • 5:09 - 5:14
    Se tiverem mais consideração pelos outros,
    terão uma economia solidária,
  • 5:14 - 5:17
    onde as finanças estão ao serviço
    da sociedade
  • 5:17 - 5:20
    e não a sociedade ao serviço das finanças.
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    Vocês não jogariam no casino
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    com os recursos
    que outra pessoa vos confiou.
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    Se tiverem mais consideração
    pelos outros,
  • 5:28 - 5:31
    tratarão de corrigir a desigualdade,
  • 5:31 - 5:35
    de contribuir com algum tipo
    de bem-estar para a sociedade,
  • 5:35 - 5:37
    na educação, no local de trabalho.
  • 5:37 - 5:41
    De outra forma, mesmo que seja
    a nação mais rica e poderosa,
  • 5:41 - 5:44
    mas onde toda a gente é infeliz,
    qual é o sentido?
  • 5:44 - 5:46
    Se tiverem mais consideração pelos outros,
  • 5:46 - 5:49
    não serão capazes de saquear
    o planeta que temos
  • 5:49 - 5:53
    e, com os valores atuais, não temos três
    planetas para continuar dessa maneira.
  • 5:54 - 5:56
    Portanto a questão é:
  • 5:56 - 6:00
    O altruísmo é a resposta,
    não é simplesmente um ideal novo,
  • 6:00 - 6:04
    mas pode ser uma solução
    real e pragmática?
  • 6:04 - 6:06
    Em primeiro lugar, existe realmente
  • 6:06 - 6:10
    o verdadeiro altruísmo, ou somos egoístas?
  • 6:10 - 6:16
    Alguns filósofos pensavam
    que éramos irremediavelmente egoístas.
  • 6:17 - 6:20
    Mas seremos realmente todos malandros?
  • 6:21 - 6:23
    Isso são boas notícias, não é?
  • 6:24 - 6:26
    Muitos filósofos,
    tal como Hobbes, afirmaram-no.
  • 6:26 - 6:29
    Mas nem todos parecem ser malandros.
  • 6:29 - 6:32
    Ou é o Homem um lobo para o Homem?
  • 6:32 - 6:35
    Mas este homem não me parece mau de todo.
  • 6:36 - 6:38
    É um dos meus amigos no Tibete.
  • 6:38 - 6:40
    É bastante bondoso.
  • 6:40 - 6:44
    Agora, nós gostamos da cooperação.
  • 6:44 - 6:47
    Haverá maior alegria
    que trabalhar em conjunto?
  • 6:48 - 6:51
    E não só entre humanos.
  • 6:52 - 6:55
    E claro, existe também a luta pela vida,
  • 6:55 - 6:58
    a sobrevivência dos mais aptos,
    o darwinismo social.
  • 7:00 - 7:05
    Mas na evolução, a cooperação —
    embora haja competição, claro está —
  • 7:05 - 7:08
    a cooperação tem de
    ser muito mais criativa
  • 7:08 - 7:11
    para alcançar níveis elevados
    de complexidade.
  • 7:11 - 7:15
    Somos super-cooperadores
    e devíamos ir ainda mais longe.
  • 7:16 - 7:21
    Além disso, a qualidade
    das relações humanas.
  • 7:21 - 7:24
    A OCDE fez um inquérito
    contando com 10 factores,
  • 7:24 - 7:26
    incluindo o salário e tudo o resto.
  • 7:26 - 7:29
    O primeiro factor que as pessoas
    disseram ser mais importante
  • 7:29 - 7:30
    para a sua felicidade,
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    é a qualidade das relações sociais.
  • 7:33 - 7:35
    Não só nos seres humanos.
  • 7:36 - 7:38
    Reparem naquelas bisavós.
  • 7:39 - 7:44
    Portanto, esta ideia de que,
    lá no fundo,
  • 7:44 - 7:47
    somos irremediavelmente egoístas,
  • 7:47 - 7:49
    é ciência de treinador de bancada.
  • 7:49 - 7:52
    Não há um único estudo sociológico,
  • 7:52 - 7:54
    ou estudo psicológico
    que o tenha mostrado.
  • 7:55 - 7:57
    É antes o contrário.
  • 7:57 - 8:00
    O meu amigo, Daniel Batson,
    passou a vida inteira
  • 8:00 - 8:03
    a colocar pessoas no laboratório
    em situações bastante complexas.
  • 8:03 - 8:07
    Claro que às vezes somos egoístas,
    e uns mais do que outros.
  • 8:07 - 8:10
    Mas ele descobriu que,
    seja qual for a situação,
  • 8:10 - 8:13
    há sistematicamente
    uma série de pessoas
  • 8:13 - 8:16
    que se comporta de maneira altruísta,
    seja qual for a situação.
  • 8:16 - 8:20
    Se vocês virem alguém gravemente ferido,
    em grande sofrimento,
  • 8:20 - 8:22
    poderão ajudar apenas
    por sofrerem por empatia
  • 8:22 - 8:25
    — não o conseguem suportar,
    portanto é melhor ajudar
  • 8:25 - 8:27
    do que ficar especado
    a olhar para essa pessoa.
  • 8:27 - 8:30
    "Nós testámos tudo isso,
    e no fim de contas", disse ele,
  • 8:30 - 8:33
    "as pessoas podem ser altruístas."
  • 8:33 - 8:35
    Portanto isso são boas notícias.
  • 8:35 - 8:40
    Além disso, devíamos olhar
    para a banalidade da bondade.
  • 8:40 - 8:42
    Olhem para aqui.
  • 8:42 - 8:44
    Quando saímos, não dizemos:
  • 8:44 - 8:49
    "Que bom. Não andaram aos murros enquanto
    esta multidão pensava sobre o altruísmo."
  • 8:49 - 8:51
    Não, isso é expectável, não é verdade?
  • 8:51 - 8:54
    Se andassem aos murros, falaríamos
    disso durante meses.
  • 8:55 - 8:58
    A banalidade da bondade é algo
    que não atrai a nossa atenção,
  • 8:58 - 8:59
    mas que existe.
  • 9:02 - 9:04
    Olhem para isto.
  • 9:10 - 9:12
    Alguns psicólogos,
  • 9:12 - 9:16
    quando lhes digo que dirijo
    140 projetos humanitários nos Himalaias,
  • 9:16 - 9:18
    — o que me dá muita alegria — dizem:
  • 9:18 - 9:21
    "Estou a ver, trabalhas
    para satisfação pessoal.
  • 9:21 - 9:24
    "Isso não é ser altruísta.
    Simplesmente faz-te sentir bem."
  • 9:24 - 9:28
    Acham que este homem, quando
    saltou para a frente do comboio, pensou:
  • 9:28 - 9:30
    "Vou-me sentir tão bem
    quando isto acabar"?
  • 9:30 - 9:32
    (Risos)
  • 9:32 - 9:34
    Mas isso não é tudo.
  • 9:34 - 9:37
    Quando o entrevistaram, ele disse:
  • 9:37 - 9:39
    "Não tinha escolha.
    Tinha de saltar, claro."
  • 9:39 - 9:43
    Ele não teve escolha. É um comportamento
    automático. Não é egoísta nem altruísta.
  • 9:43 - 9:45
    Não tinha escolha?
  • 9:45 - 9:48
    Claro, este homem não vai ficar
    a pensar meia hora:
  • 9:48 - 9:50
    "Devo estender ou não a minha mão?"
  • 9:50 - 9:53
    Ele fá-lo. Há uma escolha,
    mas é óbvio que é imediata.
  • 9:54 - 9:56
    E depois, aqui também há uma escolha.
  • 9:56 - 9:58
    (Risos)
  • 9:59 - 10:03
    Há pessoas que escolheram,
    como o Pastor André Trocmé e a sua mulher,
  • 10:03 - 10:05
    e a aldeia inteira de
    Le Chambon-sur-Lignon em França.
  • 10:05 - 10:09
    Durante toda a Segunda Guerra Mundial,
    salvaram 3500 judeus,
  • 10:09 - 10:12
    deram-lhes abrigo,
    levaram-nos para a Suíça,
  • 10:12 - 10:15
    contra todas as probabilidades,
    arriscando a vida e a das suas famílias.
  • 10:15 - 10:17
    Portanto o altruísmo existe.
  • 10:17 - 10:19
    Afinal, o que é o altruísmo?
  • 10:19 - 10:21
    É o desejo: Que os outros sejam felizes
  • 10:21 - 10:23
    e encontrem a causa para a felicidade.
  • 10:23 - 10:28
    A empatia é a ressonância afectiva
    ou cognitiva que vos diz:
  • 10:28 - 10:32
    Esta pessoa é alegre.
    Esta pessoa está a sofrer.
  • 10:32 - 10:34
    Mas a empatia por si só não é suficiente.
  • 10:34 - 10:37
    Se continuarem a ser confrontados
    com o sofrimento,
  • 10:37 - 10:40
    podem sofrer por empatia,
    por esgotamento,
  • 10:40 - 10:43
    por isso precisam da esfera maior
    da bondade amorosa.
  • 10:43 - 10:46
    Com a Tania Singer
    no Instituto Max Planck de Leipzig,
  • 10:46 - 10:52
    mostrámos que as redes do cérebro para a
    empatia e bondade amorosa são diferentes.
  • 10:53 - 10:54
    Isso está bem feito,
  • 10:54 - 11:00
    herdámos isso da evolução,
    dos cuidados maternos, do amor dos pais,
  • 11:00 - 11:02
    mas precisamos de expandir isso.
  • 11:02 - 11:04
    Até pode ser expandido
    para outras espécies.
  • 11:06 - 11:10
    Se queremos uma sociedade mais altruísta,
    precisamos de duas coisas:
  • 11:10 - 11:12
    Mudança individual e social.
  • 11:13 - 11:15
    É possível haver mudança individual?
  • 11:15 - 11:18
    Dois mil anos de estudo contemplativo
    dizem que sim, é possível.
  • 11:18 - 11:22
    Os 15 anos de colaboração com a
    neurociência e a epigenética
  • 11:22 - 11:27
    disseram que sim, os nossos cérebros mudam
    quando treinamos o altruísmo.
  • 11:27 - 11:30
    Portanto, passei 120 horas
    numa ressonância magnética.
  • 11:30 - 11:33
    Foi a primeira vez que eu fui depois
    de duas horas e meia.
  • 11:33 - 11:37
    Depois o resultado foi publicado
    em muitos artigos científicos.
  • 11:37 - 11:39
    Mostra sem ambiguidade
  • 11:39 - 11:42
    que há uma mudança estrutural
    e funcional no cérebro
  • 11:42 - 11:45
    quando treinamos o amor altruísta.
  • 11:45 - 11:46
    Só para vos dar uma ideia:
  • 11:46 - 11:49
    Este à esquerda, é um praticante
    de meditação, em repouso.
  • 11:49 - 11:51
    Este está em meditação compassiva.
  • 11:51 - 11:53
    Podem ver toda a actividade.
  • 11:53 - 11:56
    No grupo de controlo em descanso
    nada aconteceu,
  • 11:56 - 11:58
    na meditação, nada aconteceu.
  • 11:58 - 12:00
    Não foram treinados.
  • 12:00 - 12:04
    Então são precisas 50 000 horas
    de meditação? Não.
  • 12:04 - 12:09
    Quatro semanas, 20 minutos por dia
    de meditação cuidada e consciente
  • 12:09 - 12:14
    já traz uma mudança estrutural no cérebro
    em comparação com um grupo de controlo.
  • 12:14 - 12:17
    São só 20 minutos por dia,
    durante quatro semanas.
  • 12:18 - 12:22
    Até com crianças do pré-escolar
    — Richard Davidson fê-lo em Madison.
  • 12:22 - 12:27
    Um programa de oito semanas: gratidão,
    bondade amorosa, cooperação,
  • 12:27 - 12:28
    respiração consciente.
  • 12:28 - 12:30
    Vocês dirão:
    "Mas eles são só pré-escolares."
  • 12:30 - 12:32
    Vejam ao fim de oito semanas,
  • 12:32 - 12:35
    o comportamento pró-social,
    é a linha azul.
  • 12:35 - 12:39
    Depois vem o derradeiro teste científico,
    o teste dos autocolantes.
  • 12:39 - 12:43
    Primeiro, determinamos para cada criança
    quem é o seu melhor amigo na aula,
  • 12:43 - 12:47
    a criança de que menos gostam,
    uma criança desconhecida, e uma doente
  • 12:47 - 12:50
    e elas têm que distribuir os autocolantes.
  • 12:50 - 12:54
    Antes da intervenção, elas deram
    a maior parte aos seus melhores amigos.
  • 12:54 - 12:58
    Crianças de quatro e cinco anos, durante
    vinte minutos, três vezes por semana.
  • 12:58 - 13:01
    Depois da intervenção,
    não houve mais discriminação:
  • 13:01 - 13:03
    a mesma quantidade de autocolantes
    para o melhor amigo
  • 13:03 - 13:05
    e para a criança de que menos gostavam.
  • 13:05 - 13:08
    Isto é uma coisa que devíamos fazer
    em todas as escolas do mundo.
  • 13:09 - 13:11
    E para onde vamos a partir daqui?
  • 13:11 - 13:14
    (Aplausos)
  • 13:15 - 13:17
    Quando o Dalai Lama ouviu isto,
    disse ao Richard Davidson:
  • 13:17 - 13:21
    "Você vai a 10 escolas, 100 escolas,
    às NU, ao mundo inteiro."
  • 13:21 - 13:23
    Para onde vamos a partir daqui?
  • 13:23 - 13:25
    A mudança individual é possível.
  • 13:25 - 13:30
    Temos de esperar que um gene altruísta
    entre na raça humana?
  • 13:30 - 13:33
    Isso irá demorar 500 000 anos,
    demasiado para o ambiente.
  • 13:33 - 13:37
    Felizmente, existe a evolução da cultura.
  • 13:37 - 13:43
    As culturas, como mostram os especialistas,
    mudam mais depressa que os genes.
  • 13:43 - 13:45
    Isso são boas notícias.
  • 13:45 - 13:48
    Vejam que a atitude em relação à Guerra
    mudou drasticamente ao longo dos anos.
  • 13:48 - 13:53
    A mudança individual e cultural
    influenciam-se mutuamente.
  • 13:53 - 13:56
    Sim, podemos alcançar
    uma sociedade mais altruísta.
  • 13:56 - 13:58
    E para onde vamos a partir daqui?
  • 13:58 - 14:00
    Eu voltarei para o Oriente.
  • 14:00 - 14:04
    Agora tratamos 100 000 pacientes por ano
    nos nossos projetos.
  • 14:04 - 14:07
    Temos 25 000 crianças na escola,
    esperamos aumentar mais 4%.
  • 14:07 - 14:09
    Algumas pessoas dizem:
  • 14:09 - 14:12
    "Bom, isso funciona na prática,
    mas funciona em teoria?"
  • 14:12 - 14:14
    Há sempre um desvio positivo.
  • 14:16 - 14:18
    Eu voltarei ao meu eremitério
  • 14:18 - 14:21
    para encontrar os recursos interiores
    para servir melhor os outros.
  • 14:21 - 14:24
    Mas a um nível mais global,
    que podemos fazer?
  • 14:24 - 14:26
    Precisamos de três coisas.
  • 14:26 - 14:28
    Melhorar a cooperação:
  • 14:28 - 14:32
    Aprendizagem cooperativa nas escolas
    em vez de aprendizagem competitiva.
  • 14:32 - 14:36
    Cooperação incondicional
    dentro das empresas
  • 14:36 - 14:39
    — pode haver alguma competição entre
    as empresas, mas não dentro delas.
  • 14:40 - 14:44
    Precisamos de harmonia sustentável.
    Adoro este termo.
  • 14:44 - 14:46
    Pôr de lado o crescimento sustentável.
  • 14:46 - 14:50
    Harmonia sustentável significa que
    vamos reduzir a desigualdade.
  • 14:50 - 14:54
    No futuro, faremos mais com menos,
  • 14:54 - 14:59
    e continuaremos a crescer
    qualitativamente, não quantitativamente.
  • 14:59 - 15:01
    Precisamos de uma economia solidária.
  • 15:01 - 15:06
    O Homo economicus não pode lidar
    com a pobreza no meio da abundância,
  • 15:06 - 15:09
    não pode lidar com o problema
    dos bens comuns
  • 15:09 - 15:11
    da atmosfera, dos oceanos.
  • 15:11 - 15:13
    Precisamos de uma economia solidária.
  • 15:13 - 15:15
    Se dissermos que a economia
    devia ser compassiva, dizem:
  • 15:15 - 15:17
    "Esse não é o nosso trabalho."
  • 15:17 - 15:20
    Mas se dissermos que eles
    não querem saber, isso parece mal.
  • 15:20 - 15:23
    Precisamos de empenho local,
    de responsabilidade global.
  • 15:23 - 15:28
    Precisamos de expandir o altruísmo ao
    outro milhão e seiscentas mil espécies,
  • 15:28 - 15:32
    seres sensíveis que são
    co-cidadãos neste mundo.
  • 15:32 - 15:35
    E precisamos de ousar com o altruísmo.
  • 15:35 - 15:39
    Portanto, viva a revolução do altruísmo!
  • 15:39 - 15:43
    Viva la revolución de altruísmo!
  • 15:43 - 15:46
    (Aplausos)
  • 15:49 - 15:50
    Obrigado.
  • 15:50 - 15:54
    (Aplausos)
Title:
Como fazer do altruísmo o seu guia
Speaker:
Matthieu Ricard
Description:

O que é o altruísmo? Simplificando, é desejar que as outras pessoas sejam felizes. E, segundo Matthieu Ricard, um investigador da felicidade e um monge budista, o altruísmo é também um óptimo guia para tomar decisões, quer sejam de curta ou longa duração, no trabalho e na vida.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:07

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