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A pobreza não é falta de carácter, é falta de dinheiro

  • 0:02 - 0:05
    Eu gostaria de começar
    com uma pergunta simples:
  • 0:06 - 0:10
    Porque é que as pessoas pobres
    tomam tantas decisões precárias?
  • 0:12 - 0:13
    Eu sei que é uma pergunta difícil,
  • 0:13 - 0:15
    mas deem uma olhada nos dados.
  • 0:15 - 0:17
    Pedem mais dinheiro emprestado,
    poupam menos,
  • 0:18 - 0:19
    fumam mais, fazem menos exercício,
  • 0:19 - 0:22
    bebem mais e comem menos saudavelmente.
  • 0:22 - 0:24
    Porquê?
  • 0:24 - 0:26
    Bom, a explicação convencional
  • 0:26 - 0:29
    já foi resumida pela primeira-ministra
    britânica, Margaret Thatcher.
  • 0:30 - 0:33
    Ela chamou à pobreza
    "um defeito de personalidade.''
  • 0:33 - 0:35
    (Risos)
  • 0:35 - 0:37
    Uma falta de carácter, basicamente.
  • 0:37 - 0:41
    Tenho a certeza que muitos de vocês
    não seriam tão diretos.
  • 0:42 - 0:46
    Mas a ideia de que há algo errado
    com os pobres
  • 0:46 - 0:48
    não é só da Sra. Thatcher.
  • 0:49 - 0:52
    Alguns de vocês acreditam
    que o pobre tem que ser responsável
  • 0:53 - 0:54
    pelos seus próprios erros.
  • 0:54 - 0:58
    Outros dizem que nós devemos ajudá-los
    a tomarem decisões melhores.
  • 0:59 - 1:02
    Mas a suposição base é a mesma:
  • 1:03 - 1:05
    Há algo de errado com eles.
  • 1:06 - 1:08
    Se ao menos pudéssemos mudá-los,
  • 1:08 - 1:11
    se ao menos pudéssemos
    ensiná-los a viver a sua vida.
  • 1:11 - 1:12
    se ao menos eles nos escutassem.
  • 1:13 - 1:15
    E para ser sincero,
  • 1:15 - 1:18
    foi isto o que eu pensei
    durante muito tempo.
  • 1:19 - 1:21
    Foi só há uns anos que eu descobri
  • 1:21 - 1:25
    que tudo que eu achava que sabia
    sobre a pobreza estava errado.
  • 1:26 - 1:29
    Tudo começou quando eu tropecei
    acidentalmente num artigo
  • 1:29 - 1:31
    de uns psicólogos americanos.
  • 1:31 - 1:33
    Eles tinham viajado 13 000 km
    até à Índia
  • 1:33 - 1:35
    para um estudo fascinante.
  • 1:35 - 1:38
    Era uma experiência com
    agricultores de cana de açúcar.
  • 1:39 - 1:42
    É preciso saber que estes agricultores
    ganham cerca de 60%
  • 1:42 - 1:44
    do seu lucro anual, tudo de uma vez,
  • 1:45 - 1:46
    logo após a colheita.
  • 1:46 - 1:50
    Isso quer dizer que eles são relativamente
    pobres numa parte do ano
  • 1:50 - 1:51
    e ricos na outra.
  • 1:53 - 1:57
    Os investigadores pediram-lhes para fazer
    um teste de QI antes e depois da colheita.
  • 1:58 - 2:02
    O que eles descobriram depois
    surpreendeu-me totalmente.
  • 2:03 - 2:08
    Os agricultores pontuaram muito pior
    no teste antes da colheita.
  • 2:08 - 2:11
    Acontece que os efeitos
    de viver na pobreza
  • 2:11 - 2:14
    correspondem à perda
    de 14 pontos no QI.
  • 2:14 - 2:16
    Agora, para vocês terem uma ideia,
  • 2:16 - 2:19
    isto é comparável a perder
    uma noite de sono
  • 2:19 - 2:21
    ou aos efeitos do alcoolismo.
  • 2:23 - 2:25
    Alguns meses depois,
    ouvi dizer que o Eldar Shafir,
  • 2:25 - 2:29
    um professor na Universidade Princeton
    e um dos autores deste estudo,
  • 2:29 - 2:31
    estava a vir à Holanda, onde vivo.
  • 2:31 - 2:32
    Então encontrámo-nos em Amsterdão
  • 2:32 - 2:36
    para conversar sobre a sua nova teoria
    revolucionária da pobreza.
  • 2:36 - 2:38
    Posso resumi-la em duas palavras:
  • 2:39 - 2:42
    mentalidade de escassez.
  • 2:42 - 2:45
    Verifica-se que as pessoas
    comportam-se de modo diferente
  • 2:45 - 2:47
    quando veem que há escassez
    de qualquer coisa.
  • 2:47 - 2:50
    O que essa coisa é
    não interessa muito
  • 2:50 - 2:53
    pode ser pouco tempo,
    pouco dinheiro ou pouca comida.
  • 2:53 - 2:55
    Todos vocês sabem como é,
  • 2:55 - 2:57
    quando temos muitas coisas para fazer,
  • 2:57 - 2:59
    ou quando adiamos
    o intervalo para o almoço
  • 2:59 - 3:01
    e o açúcar no sangue fica muito baixo.
  • 3:01 - 3:03
    Isso restringe a nossa atenção
    para essa escassez imediata
  • 3:03 - 3:05
    para o lanche que temos que comer já,
  • 3:05 - 3:08
    para a reunião que começa
    dentro de cinco minutos
  • 3:08 - 3:11
    ou para as contas
    que têm de ser pagas amanhã.
  • 3:11 - 3:14
    Aí perdemos a perspetiva a longo prazo.
  • 3:16 - 3:18
    Podemos comparar
    com um computador novo
  • 3:18 - 3:21
    que está a executar
    10 programas pesados de uma vez.
  • 3:21 - 3:24
    Fica cada vez mais lento,
    vai falhando.
  • 3:24 - 3:26
    Às vezes, paralisa,
  • 3:26 - 3:28
    não por ser um mau computador,
  • 3:28 - 3:31
    mas porque tem muito que fazer,
    de uma só vez.
  • 3:31 - 3:34
    Os pobres têm o mesmo problema.
  • 3:35 - 3:38
    Não estão a tomar decisões estúpidas
    por serem burros,
  • 3:38 - 3:40
    mas porque estão a viver num contexto
  • 3:40 - 3:42
    em que qualquer um tomaria
    decisões estúpidas.
  • 3:43 - 3:45
    Aí, de repente, eu entendi
  • 3:46 - 3:50
    porque é que muitos dos nossos programas
    de combate à pobreza não funcionam.
  • 3:51 - 3:55
    Os investimentos em educação, por exemplo,
    muitas vezes são totalmente inúteis.
  • 3:55 - 3:58
    A pobreza não é falta de conhecimento.
  • 3:59 - 4:01
    Uma análise recente de 201 estudos
  • 4:01 - 4:04
    sobre a eficácia da formação
    de gestão do dinheiro
  • 4:04 - 4:07
    chegou a conclusão que isto
    quase não tem nenhum efeito.
  • 4:07 - 4:09
    Não me interpretem mal
  • 4:09 - 4:11
    — não estou a dizer que os pobres
    não aprendem nada —
  • 4:11 - 4:14
    eles podem ficar mais inteligentes,
    com certeza
  • 4:14 - 4:16
    mas isso não é suficiente.
  • 4:16 - 4:19
    Ou, como o Professor Shafir me disse:
  • 4:19 - 4:21
    "É como ensinar alguém a nadar
  • 4:21 - 4:24
    "e depois atirá-la a um mar
    tempestuoso."
  • 4:25 - 4:27
    Ainda me lembro de ficar ali,
  • 4:27 - 4:29
    perplexo.
  • 4:29 - 4:30
    E fiquei chocado
  • 4:30 - 4:33
    por termos podido pensar
    nisso décadas atrás,
  • 4:33 - 4:36
    aqueles psicólogos não precisaram
    de um exame cerebral complicado,
  • 4:36 - 4:38
    eles só mediram o QI dos agricultores
  • 4:38 - 4:41
    e os testes de QI foram inventados
    há mas de 100 anos.
  • 4:41 - 4:45
    Na verdade, eu percebi que já tinha lido
    sobre a psicologia da pobreza.
  • 4:46 - 4:49
    George Orwell, um dos maiores
    escritores de sempre,
  • 4:49 - 4:52
    passou pela pobreza,
    pessoalmente, nos anos 20.
  • 4:53 - 4:54
    Escreveu nessa época:
  • 4:54 - 4:58
    "A essência da pobreza
    é que ela ''aniquila o futuro'."
  • 4:59 - 5:02
    E ele espantava-se, e cito:
  • 5:02 - 5:05
    "Como as pessoas acham natural
    terem o direto de vos fazer sermões
  • 5:05 - 5:06
    "e rezar por vocês
  • 5:06 - 5:09
    "logo que os vossos rendimentos
    caem abaixo de um certo nível!"
  • 5:09 - 5:13
    Estas palavras ainda hoje
    são muito ressonantes.
  • 5:15 - 5:17
    A grande pergunta é, com certeza:
  • 5:17 - 5:18
    O que se pode fazer?
  • 5:19 - 5:21
    Os economistas modernos
    têm algumas soluções na manga.
  • 5:21 - 5:23
    Podemos ajudar os pobres
    com a papelada
  • 5:23 - 5:26
    ou enviar-lhes uma mensagem
    para lembrar-lhes pagar as contas.
  • 5:26 - 5:31
    Este tipo de solução é bem popular
    entre os políticos atuais,
  • 5:31 - 5:33
    principalmente porque
  • 5:34 - 5:36
    quase não custam nada.
  • 5:36 - 5:40
    Estas soluções são, na minha visão,
    um símbolo desta época
  • 5:40 - 5:42
    em que estamos sempre
    a tratar os sintomas,
  • 5:42 - 5:45
    mas ignoramos a causa subjacente.
  • 5:46 - 5:47
    Então eu pergunto:
  • 5:48 - 5:51
    Porque não mudamos o contexto
    em que os pobres vivem?
  • 5:52 - 5:54
    Ou, voltando à nossa
    analogia do computador:
  • 5:54 - 5:56
    Porque continuar a ajustar o "software"
  • 5:56 - 6:00
    quando podemos resolver o problema
    facilmente instalando mais memória?
  • 6:00 - 6:04
    Naquela altura, o Professor Shafir
    respondeu com um olhar vazio.
  • 6:04 - 6:06
    E após uns segundos, disse:
  • 6:07 - 6:09
    "Ah, já percebi.
  • 6:10 - 6:13
    "Você quer dizer que quer dar
    mais dinheiro aos pobres
  • 6:14 - 6:16
    "para erradicar a pobreza.
  • 6:16 - 6:19
    "Ah, com certeza, seria ótimo.
  • 6:20 - 6:22
    "Mas receio que o tipo
    de políticos de esquerda
  • 6:22 - 6:24
    "que vocês têm em Amsterdão
  • 6:24 - 6:26
    "não existam no EUA."
  • 6:27 - 6:31
    Mas esta ideia será mesmo
    antiquada e esquerdista?
  • 6:31 - 6:34
    Eu lembro-me de ter lido
    sobre um plano antigo,
  • 6:34 - 6:37
    algo que foi proposto por um dos
    grandes pensadores da história.
  • 6:37 - 6:41
    O filósofo Thomas More sugeriu isso
    pela primeira vez no seu livro, "Utopia",
  • 6:41 - 6:43
    há mais de 500 anos.
  • 6:43 - 6:47
    Os seus partidários estendiam-se
    desde a esquerda até à direita,
  • 6:47 - 6:50
    desde Martin Luther King,
    o defensor dos direitos civis,
  • 6:50 - 6:52
    até ao economista Milton Friedman.
  • 6:53 - 6:56
    É uma ideia incrivelmente simples:
  • 6:57 - 7:00
    Um rendimento mínimo garantido.
  • 7:01 - 7:03
    O que é isso?
  • 7:03 - 7:04
    Bom, é fácil.
  • 7:04 - 7:08
    É um subsídio mensal, suficiente
    para pagar as necessidades básicas:
  • 7:08 - 7:10
    a comida, a habitação, a educação.
  • 7:10 - 7:12
    É totalmente incondicional,
  • 7:12 - 7:14
    ninguém vai dizer o que
    temos que fazer para isso,
  • 7:14 - 7:16
    e ninguém vai dizer o que
    temos que fazer com isso.
  • 7:17 - 7:19
    O rendimento mínimo
    não é um favor, é um direito.
  • 7:19 - 7:22
    Não confere qualquer estigma.
  • 7:22 - 7:25
    Depois de ficar a saber
    a verdadeira natureza da pobreza,
  • 7:25 - 7:27
    não podia deixar de pensar:
  • 7:27 - 7:30
    Esta é a ideia que sempre
    esperávamos?
  • 7:31 - 7:33
    Pode ser assim tão simples?
  • 7:34 - 7:36
    Nos três anos seguintes,
  • 7:36 - 7:39
    li tudo o que encontrei
    sobre o rendimento mínimo.
  • 7:39 - 7:41
    Pesquisei dezenas de experiências
  • 7:41 - 7:43
    que foram realizadas
    em todo o mundo,
  • 7:43 - 7:46
    e não demorou muito até que tropecei
    na história de uma cidade
  • 7:46 - 7:48
    que o tinha feito,
    tinha erradicado a pobreza.
  • 7:48 - 7:50
    Mas depois...
  • 7:50 - 7:53
    quase toda a gente esqueceu isso.
  • 7:54 - 7:56
    Essa história começa
    em Dauphin, no Canadá.
  • 7:57 - 8:03
    Em 1974, todos nesta pequena cidade
    tinham um rendimento mínimo garantido,
  • 8:03 - 8:05
    assegurando que ninguém caísse
    abaixo da linha da pobreza.
  • 8:05 - 8:07
    No inicio da experiência,
  • 8:07 - 8:11
    um exército de investigadores
    invadiu a cidade.
  • 8:11 - 8:14
    Durante quatro anos, tudo correu bem.
  • 8:15 - 8:17
    Mas depois foi eleito um novo governo
  • 8:18 - 8:21
    e o novo ministério canadiano
    não viu sentido naquela experiência cara.
  • 8:22 - 8:26
    Quando ficou claro que já não havia
    dinheiro para analisar os resultados,
  • 8:26 - 8:31
    os investigadores decidiram empacotar
    os arquivos em 2000 caixas.
  • 8:32 - 8:35
    Passaram-se 25 anos
  • 8:35 - 8:38
    e Evelyn Forget,
    uma professora canadiana,
  • 8:38 - 8:39
    encontrou os registos.
  • 8:39 - 8:43
    Durante três anos, submeteu os dados
    a todos os tipos de análise estatística
  • 8:43 - 8:45
    e, fizesse o que fizesse,
  • 8:45 - 8:47
    os resultados eram sempre os mesmos:
  • 8:48 - 8:52
    a experiência fora
    um sucesso estrondoso.
  • 8:53 - 8:54
    Evelyn Forget descobriu
  • 8:54 - 8:57
    que as pessoas de Dauphin
    tinham ficado mais ricas
  • 8:57 - 8:59
    e também mais inteligentes e saudáveis.
  • 8:59 - 9:03
    O desempenho das crianças na escola
    melhorara consideravelmente.
  • 9:03 - 9:07
    A taxa de hospitalização caíra 8,5%.
  • 9:08 - 9:10
    Os casos de violência doméstica
    diminuíram,
  • 9:10 - 9:12
    tal como as queixas de doenças mentais.
  • 9:12 - 9:14
    As pessoas não abandonaram os empregos.
  • 9:15 - 9:18
    Os únicos que trabalhavam um pouco menos
    eram as mães recentes e os estudantes
  • 9:18 - 9:20
    que permaneciam na escola
    durante mais tempo.
  • 9:21 - 9:23
    Encontraram-se resultados parecidos
  • 9:23 - 9:25
    em inúmeras experiências
    no mundo inteiro,
  • 9:25 - 9:27
    dos EUA à Índia.
  • 9:30 - 9:31
    Portanto ...
  • 9:32 - 9:33
    isto foi o que eu aprendi.
  • 9:34 - 9:36
    Quando se fala de pobreza,
  • 9:36 - 9:41
    nós, os ricos, devíamos deixar
    de achar que sabemos tudo.
  • 9:42 - 9:45
    Devíamos deixar de mandar sapatos
    e ursos de pelúcia para os pobres,
  • 9:45 - 9:47
    para pessoas que nunca conhecemos.
  • 9:47 - 9:50
    Devíamos livrar-nos da enorme
    indústria de burocratas paternalistas
  • 9:50 - 9:52
    quando podemos
    entregar os salários deles
  • 9:52 - 9:54
    aos pobres que eles querem ajudar.
  • 9:54 - 9:56
    (Aplausos)
  • 9:56 - 9:59
    Porque, o que há de bom no dinheiro
  • 9:59 - 10:03
    é que as pessoas podem usá-lo
    para comprar as coisas de que precisam
  • 10:03 - 10:06
    em vez de coisas que os especialistas
    autonomeados acham necessário.
  • 10:06 - 10:10
    Imaginem quantos cientistas geniais,
    empresários e escritores,
  • 10:10 - 10:12
    — como George Orwell —
  • 10:12 - 10:14
    estão a definhar na escassez.
  • 10:14 - 10:17
    Imaginem quanta energia e talento
    iríamos libertar
  • 10:17 - 10:19
    se nos livrássemos da pobreza
    de uma vez por todas.
  • 10:20 - 10:21
    Eu creio que o rendimento mínimo
  • 10:21 - 10:24
    funcionaria como um capital
    de risco para as pessoas.
  • 10:25 - 10:27
    Não podemos permitir não fazer isso,
  • 10:27 - 10:30
    porque a pobreza é extremamente cara.
  • 10:31 - 10:34
    Olhem para o custo da pobreza
    infantil nos EUA, por exemplo.
  • 10:34 - 10:38
    Estima-se em 500 mil milhões
    de dólares por ano,
  • 10:38 - 10:41
    com maiores gastos no serviço de saúde,
    na evasão escolar,
  • 10:41 - 10:43
    e em mais criminalidade.
  • 10:43 - 10:46
    Isto é um imenso desperdício
    de potencial humano.
  • 10:48 - 10:51
    Mas vamos falar do que
    incomoda toda a gente.
  • 10:51 - 10:54
    Como poderíamos sustentar
    um seguro de rendimento mínimo?
  • 10:55 - 10:58
    Na verdade é bem mais barato
    do que pensam.
  • 10:58 - 11:02
    Em Dauphin foi financiado
    com um imposto negativo sobre o rendimento.
  • 11:02 - 11:04
    Ou seja, o rendimento
    é complementado por um subsídio
  • 11:04 - 11:06
    quando descemos
    abaixo da linha da pobreza.
  • 11:06 - 11:08
    Neste cenário,
  • 11:08 - 11:10
    de acordo com as melhores
    estimativas dos economistas,
  • 11:10 - 11:13
    com o custo liquido de 175 mil milhões
  • 11:13 - 11:18
    — um quarto dos gastos
    do exército dos EUA, 1% do PIB —
  • 11:18 - 11:22
    todos os americanos pobres
    sairiam da linha da pobreza.
  • 11:23 - 11:26
    Na verdade, poderíamos erradicar a pobreza.
  • 11:26 - 11:28
    Isto tem de ser o nosso objetivo.
  • 11:29 - 11:30
    (Aplausos)
  • 11:30 - 11:33
    O tempo de reflexões
    e de remendos já passou.
  • 11:33 - 11:36
    Eu acredito que chegou a hora
    de novas ideias radicais,
  • 11:36 - 11:39
    e o rendimento mínimo é muito mais
    do que qualquer outra política.
  • 11:39 - 11:44
    É também repensar de modo diferente
    o que realmente é o trabalho.
  • 11:44 - 11:46
    Nesse sentido,
  • 11:46 - 11:48
    isto não vai só libertar os pobres,
  • 11:49 - 11:50
    mas também todos nós.
  • 11:51 - 11:53
    Hoje em dia, milhões de pessoas
  • 11:53 - 11:56
    sentem que os seus empregos
    têm pouco significado.
  • 11:56 - 11:59
    Um recente inquérito
    a 230 000 empregados,
  • 11:59 - 12:01
    em 142 países,
  • 12:01 - 12:06
    mostrou que apenas 13% dos
    trabalhadores gostam do seu trabalho.
  • 12:07 - 12:10
    Outro inquérito mostra que 37%
    dos trabalhadores britânicos
  • 12:10 - 12:13
    têm um emprego que eles acham
    que nem precisaria de existir.
  • 12:14 - 12:17
    É como o Brad Pitt diz no "Clube da Luta":
  • 12:17 - 12:19
    "Trabalhamos em empregos que odiamos
  • 12:19 - 12:21
    "para comprar porcarias
    de que não precisamos."
  • 12:21 - 12:22
    (Risos)
  • 12:22 - 12:23
    Agora, não me interpretem mal,
  • 12:23 - 12:26
    não falo dos professores
    e dos homens do lixo,
  • 12:26 - 12:27
    nem dos trabalhadores da saúde.
  • 12:27 - 12:29
    Se eles deixassem de trabalhar,
  • 12:29 - 12:31
    ficaríamos em risco.
  • 12:31 - 12:35
    Falo dos profissionais bem pagos
    com aqueles currículos excelentes
  • 12:35 - 12:37
    que ganham dinheiro
    fazendo
  • 12:37 - 12:39
    reuniões de transações estratégicas,
    enquanto pensam
  • 12:39 - 12:42
    no valor acrescentado da cocriação
    prejudicial na sociedade em rede.
  • 12:43 - 12:44
    (Risos)
  • 12:44 - 12:45
    (Aplausos)
  • 12:45 - 12:46
    Ou algo do mesmo tipo.
  • 12:46 - 12:49
    Imaginem quanto talento
    estamos a desperdiçar,
  • 12:49 - 12:53
    só porque dizemos aos nossos filhos
    que eles têm que "ganhar a vida".
  • 12:54 - 12:57
    Pensem na queixa de um grande matemático
    que trabalhava no Facebook, há uns anos:
  • 12:57 - 12:59
    "As melhores cabeças da minha geração
  • 12:59 - 13:03
    "estão a pensar como fazer as
    pessoas clicarem nos anúncios."
  • 13:05 - 13:06
    Eu sou historiador.
  • 13:07 - 13:09
    Se a história nos ensina alguma coisa,
  • 13:09 - 13:12
    é que as coisas podem ser diferentes.
  • 13:12 - 13:13
    Não há nada inevitável
  • 13:13 - 13:16
    na estrutura da nossa sociedade
    e da economia, neste momento.
  • 13:16 - 13:19
    As ideias podem mudar o mundo
    e mudam mesmo.
  • 13:19 - 13:21
    Eu acho que, principalmente
    nos últimos anos,
  • 13:21 - 13:23
    tem ficado bem claro
  • 13:23 - 13:25
    que não podemos
    agarrar-nos ao status quo,
  • 13:25 - 13:27
    que precisamos de novas ideias.
  • 13:28 - 13:32
    Eu sei que muitos de vocês
    talvez se sintam pessimistas
  • 13:32 - 13:34
    quanto ao futuro
    da crescente desigualdade,
  • 13:34 - 13:35
    da xenofobia
  • 13:35 - 13:37
    e da alteração climática.
  • 13:37 - 13:39
    Mas não é suficiente saber
    contra o que somos.
  • 13:39 - 13:41
    É preciso ser a favor de uma coisa.
  • 13:41 - 13:44
    Martin Luther King não disse:
    "Eu tenho um pesadelo."
  • 13:44 - 13:45
    (Risos)
  • 13:45 - 13:46
    Ele tinha um sonho.
  • 13:47 - 13:48
    (Aplausos)
  • 13:48 - 13:49
    Portanto ...
  • 13:50 - 13:51
    este é o meu sonho:
  • 13:52 - 13:54
    Eu acredito num futuro
  • 13:54 - 13:55
    em que o valor do nosso trabalho
  • 13:55 - 13:58
    não seja determinado
    pelo nosso salário,
  • 13:58 - 14:00
    mas pela felicidade que propagamos
  • 14:00 - 14:02
    e pelo sentido que lhe damos.
  • 14:02 - 14:03
    Acredito num futuro
  • 14:03 - 14:07
    em que o sentido da educação não seja
    preparar-nos para mais um emprego inútil
  • 14:07 - 14:09
    mas sim para uma vida bem vivida.
  • 14:09 - 14:10
    Acredito num futuro
  • 14:11 - 14:14
    em que uma existência sem pobreza
    não seja um privilégio
  • 14:14 - 14:16
    mas sim um direito
    que todos nós merecemos.
  • 14:16 - 14:17
    Então aqui estamos.
  • 14:17 - 14:18
    Aqui estamos.
  • 14:18 - 14:20
    Temos os estudos,
    temos as evidências
  • 14:20 - 14:22
    e temos os meios.
  • 14:22 - 14:26
    Mais de 500 anos depois de Thomas More
    ter escrito sobre o rendimento mínimo,
  • 14:26 - 14:30
    e 100 anos depois de George Orwell
    ter descoberto a real natureza da pobreza,
  • 14:30 - 14:32
    todos nós precisamos de mudar
    a nossa visão do mundo,
  • 14:32 - 14:36
    porque a pobreza
    não é falta de carácter.
  • 14:36 - 14:38
    A pobreza é falta de dinheiro.
  • 14:39 - 14:41
    Obrigado.
  • 14:41 - 14:44
    (Aplausos)
Title:
A pobreza não é falta de carácter, é falta de dinheiro
Speaker:
Rutger Bregman
Description:

"As ideias podem mudar o mundo, e mudam mesmo", disse o historiador Rutger Bregman, partilhando a sua defesa de uma ideia provocadora: o rendimento mínimo garantido. Saibam mais sobre a história da ideia de há 500 anos e de uma esquecida experiência moderna que funcionou — e imaginem quanta energia e talento iríamos desencadear, se nos livrássemos da pobreza de uma vez por todas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:58

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