-
Que putaria!
-
Sou o substituto do dr. Khan,
dr. Gill.
-
Pode me chamar de Kester.
-
- Seu nome é Rachel?
- Rae.
-
Eu pedi ao dr. Khan
para você usar um diário.
-
Mas você não pode ler,
porque o dr. Khan...
-
Eu não quero ler.
É privado. É seu.
-
Você é sempre tão quieta?
-
Tem uma teoria...
-
de que você pode descrever
a personalidade de uma pessoa
-
nos primeiros cinco segundos
que a conhece.
-
O que seus instintos
dizem sobre mim?
-
Eles dizem que um pássaro
cagou na sua cabeça.
-
Então...
-
Sobreviveu à primeira semana
e ainda está inteira.
-
O que você fez?
-
Olhe, com o dr. Khan,
nós só falávamos...
-
Eu não sou o dr. Khan.
-
Então...
-
O que fez essa semana?
-
Nada de mais.
-
MENTIRA
-
Grande mentira.
-
Essa semana, na verdade,
foi muito lendária.
-
Quarta-feira,
10 de julho de 1996.
-
Dia 1: Liberdade.
-
Querido diário,
eu tenho 16 anos,
-
peso 105kg
e moro em Lincolnshire.
-
Meus interesses incluem música,
-
fazer nada
e encontrar um cara gato,
-
risque isso, qualquer cara
que apague o meu fogo.
-
Infelizmente já tenho um amante
que me faz parecer grávida.
-
Comida.
-
Mas tem uma diferença
entre lanche e beliscar comida.
-
E não belisco mais.
-
E se alguém encontrar
esse diário...
-
ler e chegar à conclusão
de que eu sou louca...
-
Ele está certo.
-
[InSUBs]
Qualidade é InSUBstituível!
-
Tradução: Elderfel
-
Sincronia: Hayluana
-
Revisão: Elderfel
-
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-
CAPÍTULO 1
MUNDO GRANDE E MAU
-
Vá embora.
Não quero falar com você.
-
Por que não?
-
Você está me abandonando,
me largando com os malucos.
-
Vou voltar para minhas sessões
o tempo todo.
-
Que nada!
-
Você vai para festas.
Pegar garotos.
-
Tix...
-
Sabemos que tem ninguém legal
em Lincolnshire.
-
Papel, por favor,
Magrinha.
-
Ganhou uma escova nova?
-
Vou sentir sua falta.
-
Pobrezinha da Tixy.
-
Tome.
-
PARA MAGRINHA.
EU TE AMO SEMPRE. GORDINHA.
-
Vá!
-
Oi, Rae.
-
Oi.
-
Dr. Nick Kassar,
-
especialista em deixar
minhas partes molhadinhas.
-
Quero comer a cara dele!
-
É bom para a pele.
-
Eu sei.
Bebo 2 litros por dia.
-
Mas faz você ir ao banheiro
a cada meia hora.
-
O pessoal vem me buscar
em 20 minutos.
-
- Que pena.
- Por quê?
-
Porque não tive a chance
de te comer.
-
Rae...
-
Não faça travessuras.
-
E nem pense em mudar!
Continue bebendo essa água!
-
Cruzes. Por que continuo falando
tanta merda?
-
Quatro meses trancada.
-
Quatro meses
convencendo os outros
-
de que meu dedo não está em cima
do botão de autodestruição.
-
Finalmente
eu estava indo embora.
-
Finalmente...
eu estava livre.
-
Não estou pronta.
-
Onde você está?
-
Aqui fora.
-
Estou enlouquecendo.
Vou ter um ataque.
-
Conte até dez.
-
Não sou forte
para aguentar sozinha.
-
Você não está sozinha.
Tem sua mãe e seus amigos.
-
Minha mãe é um pesadelo,
e não tenho amigos.
-
Você é minha amiga.
-
A ligação está caindo.
-
E se algo ruim acontecer?
E se eu tiver um ataque sério?
-
Só conte até dez.
-
Mas...
-
Um, dois, três, quatro, cinco,
seis, sete, oito, nove, dez.
-
AGUENTE FIRME
-
MÃE
(FILHA DA PUTA)
-
Desculpe o atraso.
-
- Foi só dez minutos.
- Quarenta.
-
Pare com isso.
-
Você fala muita merda
às vezes.
-
Quer um?
-
- Quando eu fumei na vida?
- Pode ter começado.
-
Deve ter chocolate
no porta-luvas.
-
Não posso, querida.
Estou na dieta do alfabeto.
-
O quê?
-
A cada semana você come comida
que começa com certa letra.
-
Diversifica a alimentação.
Essa semana é W.
-
Então já está quase acabando
todo o alfabeto?
-
Não, eu comecei com S
porque comprei salsicha barata.
-
Mas perdi 3kg.
-
E foi em quanto em tempo?
Um mês? Um mês e meio?
-
Esse chocolate tem wafer.
-
Wafer começa com W.
-
Essa não.
-
Rae?
-
- Quem é essa?
- Chloe.
-
Rae! Minha nossa!
-
Chloe?
Caramba, como cresceu.
-
Olhe aqueles peitos.
-
Por favor,
não me envergonhe.
-
Poupe-me.
-
E não demore.
Estamos com pressa.
-
Minha nossa!
Venha aqui!
-
Por que não disse que voltou?
Como foi na França?
-
França?
-
Foi ótimo. Muito bacana.
-
Não acredito que ficou fora
por três meses.
-
Quatro meses.
-
- Rae!
- Que bom que voltou.
-
Obrigada.
-
- Eu tenho que ir.
- Não, escute...
-
Venha com a minha turma
no bar.
-
Comecei a sair com o pessoal
de Wellesley Park.
-
Os garotos são lindos, não?
-
- E são todos solteiros.
- Chop!
-
Por favor, venha.
Por favor!
-
Sim, por favor...
-
- Você vem?
- Claro.
-
Estou meio ocupada,
mas seria bom sair com vocês.
-
- Na França, eu só saía.
- Sem dúvida.
-
Eu começaria a ficar maluca
se parasse de sair.
-
Claro.
-
Rae!
-
Vejo você mais tarde.
-
Tchau.
-
França?
-
Eu tinha que dizer algo.
Você disse para não contar.
-
França?
-
Por que não disse
que eu tive mononucleose?
-
Bem-vindo à casa da tortura.
-
Mal tem espaço
para uma pessoa,
-
quanto mais para mim
e ela.
-
Eu mal entro,
e já quero dar o fora.
-
Venha, Rachel.
Tenho que mostrar uma coisa.
-
O quê?
-
Rae, esse é Karim.
-
Meu namorado.
-
Não é lindo?
-
Diga olá para ela.
-
É um prazer.
-
Por que estava
no porta-malas?
-
Ele não fala muito inglês.
Fala arábico e francês.
-
É o que falam na Tunísia.
-
Eu ajudar...
-
Quem quer um waffle
bem grudento?
-
Por que ele estava
na merda do porta-malas?
-
Olhe...
-
Ele não fez nada errado,
mas tem gente o procurando.
-
- Que gente?
- Da Imigração.
-
Ele não pode ficar aqui.
Ainda não. Por enquanto.
-
Ele fugiu após ser apreendido...
-
E nos apaixonamos.
-
Ninguém pode saber.
-
Não por enquanto.
Tudo bem, Rachel?
-
Karim!
Não faça isso, seu safado!
-
Tem uma diferença entre lanche
e beliscar comida.
-
E não belisco mais!
-
Você já sentiu ter voltado
a uma cena de crime?
-
Damon, eu amo você,
-
mas tenho que sair
e encontrar caras de verdade.
-
Olhe...
-
Antes de conhecê-los,
tente ser legal.
-
Posso tentar encaixar você,
mas eles são bem exclusivos,
-
então não fique chateada
se isso não acontecer.
-
Tudo bem? Está pronta?
Venha.
-
Izzy.
-
É estranho entrar em um bar
-
quando estava em uma ala mental
há oito horas.
-
Eu me sentia uma criminosa,
uma renegada.
-
Estava tão na cara
que meu lugar não era ali.
-
Desculpe, gatinha.
-
Eu me senti viva.
-
- Pessoal, essa é Rae.
- E aí?
-
- Olá!
- E aí?
-
Quer bebida?
Chop já tem idade.
-
Não, está tudo bem.
Eu não bebo.
-
- Sério?
- Sério.
-
Onde está Archie?
-
Em algum lugar.
Ele disse que viria.
-
O que está fazendo, maluca?
Quer que nos expulsem?
-
Seja útil e tire uma foto
-
dos maiores músculos
do Sports Entertainment.
-
Esses aí?
Esses ou esses?
-
Pronto. Mais um.
-
Archie, suba aqui!
-
E aí?
-
Vai, Arch!
Manda ver!
-
Essa música apareceu
há alguns meses.
-
Três palavras...
-
Estação do Gozo.
-
Isso é o que sei até agora
sobre o grupo.
-
Tem a Chloe,
que é minha amiga mais antiga.
-
Ficamos distantes
no ano passado.
-
Acho que estive enfrentando
meus próprios problemas.
-
Pensando por que minha amiga
estava ficando distante.
-
Por que eu estava tendo
um ataque mental.
-
Mas tanto faz.
Acho que é complicado.
-
Não tem nada aqui!
-
Você abriu de cabeça para baixo,
sua maluca.
-
Tem a Izzy.
-
Ela é tão fofa.
-
Eu a conheço há duas horas,
-
mas não a imagino tendo
qualquer pensamento negativo.
-
Vocês parecem um casal
às vezes.
-
Que nojo! Seria como casar
com a minha irmã.
-
Pois é, que nojo!
-
Tem três garotos.
-
Chop.
Qualidade: 1 fatia.
-
Ele nem vai para a escola.
-
Chloe disse que ele trabalha
em uma oficina.
-
Não importa o que digam.
-
Jennifer Aniston é mais gostosa
que Pammy.
-
Tem só uma mulher
mais gostosa que as duas.
-
- Caramba. Quem?
- Sua mãe.
-
Não!
-
Finn é um idiota mal-humorado.
-
Ele é uma fatia épica,
mas ele exagera.
-
E por fim...
-
Archie...
-
Fatia suprema.
-
Meio geek,
meio deus do rock.
-
Tão gostoso, que um padre
poria ele no vitral da igreja.
-
Quero fazer 14 mil sacanagens
com ele!
-
Eu não podia acreditar.
-
Tinha pessoas bacanas
em Lincolnshire.
-
Ali estava...
-
Aquela era minha chance.
-
- Pessoal...
- O que foi?
-
Um anúncio...
-
Festa na minha casa no sábado
para o aniversário da Izzy.
-
E tudo o que eu tinha
que fazer...
-
era só ser normal.
-
- Tome, amiga da Chloe.
- Tire uma foto!
-
- Ela se chama Rae.
- May, tire uma foto nossa.
-
Chop, seus músculos
quase não cabem na foto!
-
Eu tinha decidido...
-
Só tinha três formas
de Archie sair comigo.
-
1: Se ele gostar secretamente
de gordinhas,
-
como Lenny Henry
gosta de Dawn French.
-
2: Uma catástrofe apocalíptica
mata todas as mulheres
-
e os meus meninos
trariam um bom aconchego.
-
3: Fazê-lo comer
até ficar gordo.
-
Se cair na lixeira,
-
Archie, com certeza,
vai dormir comigo.
-
Eu tinha que ver você.
-
O que está fazendo aqui?
-
Chega de falar.
-
Beije meu pescoço, Archie.
-
- Por favor, por mim.
- O quê?
-
- Por favor, eu imploro!
- Por que está falando assim?
-
Por favor!
-
Karim! Karim!
-
Karim! Karim!
-
Minha nossa!
Não... posso... acreditar!
-
O que foi?
-
Sabe que horas são?
-
- 4:45h.
- Isso mesmo.
-
E estou acordada!
-
Quer uma estrelinha
e uma salva de palmas?
-
Quero dormir sabendo
que não vou ser acordada
-
ouvindo você
quase quebrando a cama.
-
Como é que é?
-
Parece de transar
no volume máximo.
-
Não sabia que estava alto.
-
Pessoas em Peterborough
acham que o mundo vai acabar.
-
Você fala muita merda
às vezes.
-
Pare de falar isso!
Isso é idiotice.
-
Lave essa boca, mocinha.
Lembre com quem está falando!
-
Quer saber?
-
E então eu falei.
-
A pior coisa que já falei
para minha mãe.
-
E como estou me sentindo
muito culpada,
-
podemos classificar
as três piores coisas.
-
Mãe, por que sua bunda é maior
que a das outras mães?
-
Rachel Earl!
-
Venha.
-
Eu queria a da Kylie!
-
Eu não tinha dinheiro
para comprar.
-
Se não fizesse o papai sair,
compraríamos coisas melhores!
-
Rachel Earl!
-
Não é surpresa
eu ter ficado maluca.
-
Não quando tenho
a mãe mais fodida de todas.
-
Vá em frente. Diga.
-
"Rachel Earl!"
-
Um, dois, três, quatro, cinco,
seis, sete, oito, nove, dez.
-
Quinta-feira,
11 de julho de 1996.
-
Dia 2: Ninguém ligou.
-
TÉDIO. TÉDIO. TÉDIO.
-
Eu adorava as quintas
no hospital.
-
Nas manhãs,
-
eu e Tix ouvíamos música
e comíamos torrada.
-
À tarde nós tínhamos
sessão em grupo
-
e depois íamos ao lago
com Danny-Dois-Bonés
-
e jogávamos
o "Dez Perguntas".
-
Mas agora acho
que tenho um novo grupo.
-
Mas por que não ligaram?
-
Eu já fodi com tudo?
-
Rae?
-
O que faz aqui?
-
Eu só estava de passagem.
Vim beber alguma coisa.
-
Eu ia ligar
para dizer que vínhamos,
-
mas foi meio
que de última hora.
-
Sabe como é.
-
Archie, ponha uma música decente
no jukebox.
-
Música. Minha especialidade.
-
Escolha bem ou vaza.
-
Deixe comigo.
-
Quero que Archie escolha.
Ele sabe de música.
-
Eu também sei.
-
- Olhe só, May...
- Rae.
-
- De Raymond?
- De Rachel.
-
Que seja. Rae, a moeda é minha
e quero que Archie escolha.
-
Se não gostar da música,
eu devolvo a sua moedinha.
-
Era hora de jogar pesado.
-
E aqui apresento meu caso
para ser membro do grupo.
-
Tome essa, Finn.
-
Mandou bem!
-
Boa escolha!
-
Não é nada mau
para um mainstream.
-
Não me apresentaram direito.
Sou Archie.
-
Oi, Archie.
-
Eu pegaria ele
até não sobrar um pedaço.
-
Só um par de óculos
e uma calcinha molhadinha.
-
Rae, ainda vem à minha festa
no sábado, certo?
-
- Estou convidada?
- É claro, sua bobinha!
-
- Conte a todos!
- Tudo bem.
-
Escutem...
como todos sabem,
-
estou animada para me mudar
para a nova casa,
-
então me orgulho em dizer
que a festa no sábado
-
vai ser a minha primeira...
festa da piscina.
-
Piscina? Manda bala!
-
PORRA
-
Está brincando?
-
- Quem quer um gole?
- Eu quero.
-
Você consegue!
-
Eu nunca mais vou beber.
-
Sexta-feira, 12 de julho.
-
Dia 3:
Minha primeira ressaca.
-
Eu me sinto
como uma gorila bêbada.
-
A dúvida é: uma peça,
biquíni ou monoquíni?
-
Que tal um que não faz
você parecer uma baleia?
-
- O quê?
- Nada.
-
Ande. Experimente logo.
-
Tinha uma época
em que eu recusava
-
vestir qualquer coisa
além de um maiô.
-
Pode me passar um pastel,
por favor?
-
Não coma muito disso.
Vai ficar gorda.
-
Eu não ligo se ficar gorda.
É delicioso.
-
Mas se ficar gorda,
não vai mais vestir maiô
-
e nenhum garoto
vai gostar de você.
-
Não gosto de garotos.
-
E mesmo se eu gostasse,
fosse gorda
-
e vestisse um maiô,
eles ainda gostariam de mim.
-
- Por que gostariam?
- Porque sou brilhante!
-
Rae!
-
Ninguém vai me ver
nessa porra.
-
O que está fazendo?
-
- Fumando um.
- Mas você não fuma.
-
Comecei ontem.
Deixa você magra.
-
Estamos esvaziando a loja.
Temos que sair daqui.
-
- Cubra-se com isso.
- Como é?
-
Com licença, por favor.
Obrigada.
-
Vamos saindo.
Obrigada.
-
Minha nossa.
Sinto muito, Rae.
-
Ignore, Rae.
-
Ei, gorda! Quer esse sanduíche?
Perdi meu apetite.
-
- Rae?
- Gorda! Gorda! Gorda!
-
- Essa não!
- O que houve?
-
- Gorda! Gorda!
- O que houve?
-
- Ignore, Rae.
- Gorda! Gorda! Gorda!
-
Um.
-
Dois.
-
Três.
-
Quatro. Cinco.
-
Seis.
-
Sete.
-
Oito.
-
Nove.
-
Estou de volta.
-
Durei quanto tempo?
Dois dias?
-
Aconteceu uma coisa.
-
Foi tão vergonhoso!
-
Minha pele coça
só de lembrar.
-
Odeio pensar que as pessoas
-
sairiam de casa
só para falar aquilo.
-
Como se fosse uma piada
dirigida a um animal.
-
Tem muita coisa lá fora.
-
Nem sei como explicar.
-
Atropela toda sua consciência.
-
Não sou forte o bastante
para enfrentar sozinha.
-
Papel, por favor,
Gordinha.
-
O que está fazendo aqui?
-
Eu...
-
Eu tenho uma boa notícia.
-
Qual?
-
Eu decidi voltar.
-
Acho que não estou pronta.
-
O que está fazendo?
Pare! Pare!
-
Pare!
-
Todos aqui vivem
uma vida miserável, Rae!
-
Você tem a chance de recomeçar
e não quer!
-
Não gosto de lá fora.
-
Não! Não gosta de lugar algum
porque não gosta de si mesma!
-
É bom começar a gostar.
-
Porque tentei ser como você
por meses.
-
Se não tem esperança para você,
o que tem para mim?
-
E se tivesse acontecido
uma coisa ruim?
-
Uma coisa muito ruim?
-
Tentei contar até dez,
mas não deu certo.
-
Então ponha sua armadura
e enfrente!
-
Prometa que não vai voltar.
-
Mas sinto sua falta.
-
Então...
A festa da piscina.
-
NADAR OU NÃO NADAR?
NÃO NADAR
-
Apareça com uma grade de bebida
roubada da sua mãe,
-
que ninguém liga
se não estiver nadando.
-
Mas como escapar?
-
Cruzes! Rae!
-
Você arruinou meus vasos,
porra!
-
Está cheirando a cerveja.
-
Se quiser pegar bebida,
é só pedir.
-
Não temos a melhor calha
para fugir pela janela.
-
Tire a camisa.
Deixe-me ver suas costas.
-
Não! Nem pensar!
-
Ande logo.
Eu já vi tudo aí embaixo.
-
Quando você era pequena,
vivia correndo pelada.
-
Mas não sou mais criança.
-
Karim...
-
Vamos ver suas costas.
-
Calminha.
É só um machucado.
-
Tem certeza de que é bom
ir para o bar?
-
- Estou preocupada com você.
- Estou bem.
-
E ainda vai
para a festa da piscina?
-
Não importa
o que pensem de você.
-
Não é você
que vai usar um maiô
-
na frente da Chloe
e dos peitos dela.
-
Vou parecer uma camisinha
cheia de molho bolonhesa.
-
Lembra quando era pequena,
quando fomos à piscina pública,
-
e disse que eu tinha um bundão
na frente dos pais da Sally?
-
Não.
-
- Por quê? Chateei você?
- Eu superei.
-
Além disso, eu estava dormindo
com o pai dela.
-
Não foi tão bizarro.
-
Peguei.
-
Desculpe pelo que disse
naquele dia.
-
Na cozinha.
-
- Espere. Peguei.
- Mãe...
-
Está tudo bem. Olhe.
-
Rae?
-
- Oi, Rae.
- Oi.
-
Você está diferente hoje.
-
Onde está
seu crocodilo inflável?
-
Você estava ótima.
-
Poucas pessoas
têm tanta personalidade.
-
Vamos ficar conversando.
Não curto piscina.
-
- Por que não?
- Não quero falar disso.
-
- Diga.
- Não. Você vai rir.
-
Talvez.
-
Bem...
-
Tenho marcas nas minhas costas.
Espinhas.
-
- Espinhas?
- Isso.
-
- Mostre.
- Nem pensar.
-
Mostre.
-
- Não ria.
- Tudo bem.
-
Minha nossa!
-
Até as espinhas dele
eram sexy!
-
E então?
-
Tem quase nada aí.
Ninguém vai ver nada.
-
Vamos fazer um acordo.
-
Se eu entrar, você entra.
-
Tudo bem.
-
FECHADO
-
FECHADO
...PUTA MERDA!!
-
PEITINHO
-
VACA
-
Pare!
-
- Tem algo errado?
- Não. Por quê?
-
- Por que não se enturma?
- Eu sou a DJ.
-
Não precisamos de DJ.
Ligue o rádio.
-
Está brincando?
Só fica tocando Boyzone.
-
Então é só sair da piscina
e mudar.
-
Não vai fazer amigos
se ficar se fazendo de morta.
-
Estão falando isso?
-
Talvez.
-
Você não quer parecer
uma estranha, quer?
-
Não quer as pessoas pensando
que você não é normal.
-
Entre logo.
-
Você é uma chata.
-
Suba nas minhas costas.
-
- Não...
- Suba nas minhas costas.
-
Quero ver por quanto tempo
segura a respiração.
-
Essa não.
-
Então você foi a uma festa...
E a festa foi legal.
-
Rae, essas sessões
são o momento de se abrir,
-
de discutir com alguém
como está se sentido.
-
Eu já disse. Foi legal.
-
Diga o que está sentindo agora,
mas seja honesta.
-
Tudo bem.
Vou contar o que estou sentindo.
-
Há duas semanas,
minha esposa me expulsou.
-
Estou dormindo
no sofá do meu irmão.
-
Hoje eu acordei
e não tinha leite.
-
Eu comprei a porra do leite
e ele usou para comer cereal.
-
Sem tomar café, venho trabalhar,
um pombo caga em mim,
-
conheço a nova paciente
e ela é absolutamente fechada.
-
E então?
Como se sente?
-
Eu odeio estar aqui.
-
Eu odeio essa sala.
-
O que odeia mais daqui?
-
Os quadros.
São uma bosta.
-
Não vai se meter em problema?
-
Se perguntarem,
eu digo que foi você.
-
Vou dizer que é mentira.
-
Em quem vão acreditar?
Não sou eu que tenho problema.
-
E essa mancha de tinta?
-
Parece um absorvente.
-
Então jogo fora.
-
E o Buster Keaton?
-
Não, eu gosto desse.
-
Eu também.
-
O que seus instintos
disseram sobre mim...
-
depois de cinco segundos?
-
Não lembro.
-
Eu não acredito.
-
Meus instintos disseram...
-
que você se vê
como uma coisa frágil.
-
Como um pássaro ferido
tentando sair de uma garrafa.
-
Mas se acreditasse em mim,
se acreditássemos um no outro,
-
você ficaria bem.
-
Porque eu acho você...
uma gostosinha.
-
- Chop?
- Sim, minha cara?
-
Use esses seus músculos
-
para tirar minha bunda gorda
do escorregador.
-
Sem problema, Rae.
-
Barman!
Uma bebida, por favor!
-
E desligue essa merda!
-
Quem vai pegar mais comida?
-
Devíamos jogar alguma coisa
para ver.
-
Eu sei um bom.
-
Qual?
-
Talvez...
-
o último que chegar na piscina
possa ir.
-
O médico viu minhas pernas
e disse: "Não doeu?"
-
"Não doeu enquanto fazia isso,
que era difícil respirar?"
-
Pelo menos elas me lembram
de que sobrevivi.
-
Mas só isso.
-
Não acredito que tenho
um grupo de amigos.
-
Não acredito
que finalmente saí do casulo.
-
Não acredito que acham
que estou melhorando.
-
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