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O poder curativo do amor e da intimidade | Dean Ornish | TedxBerkeley

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    (Aplausos)
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    Nos últimos 40 anos,
    dirigi uma série de estudos
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    mostrando a diferença que uma mudança
    na dieta e estilo de vida pode fazer.
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    Mudanças simples
    como uma dieta à base de plantas,
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    que naturalmente tem baixo teor
    de açúcar e gordura,
  • 0:17 - 0:20
    variadas técnicas de controle de estresse,
    incluindo meditação e yoga,
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    exercício moderado e o que chamamos
    de "apoio psicossocial".
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    Ou, para resumir ainda mais:
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    "Comer bem, mover-se mais,
    estressar-se menos, amar mais".
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    Isso está criando um campo chamado
    "estilo de vida medicinal".
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    que usa mudanças de estilo de vida
    não só para prevenir,
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    mas para realmente tratar
    e muitas vezes curar doenças.
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    Então usamos, pelos últimos 40 anos,
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    esses parâmetros caros e de última geração
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    para provar o quão poderosas
    essas antigas...
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    Como essas abordagens
    podem ser poderosas.
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    Quanto mais doenças estudamos
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    e mais mecanismos fundamentais vemos,
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    mais motivo temos para explicar
    por que essas mudanças são tão poderosas,
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    e quão rápido elas podem ocorrer.
    E acho que essas descobertas
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    estão dando a milhões de pessoas
    esperança e novas oportunidades.
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    Mas quero focar hoje no que considero
    a epidemia mais importante,
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    que é a epidemia da solidão
    e isolamento e depressão.
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    Há 15 anos, houve...
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    Bem, houve uma transformação radical
    na sociedade.
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    Há 15 anos, a maioria das pessoas tinha
    uma família extensa que via regularmente.
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    Um trabalho seguro há 10 anos ou mais,
    assim como seus colegas.
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    Foi assim que se conheceram.
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    Tinham 2 ou 3 gerações
    morando no mesmo bairro,
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    uma igreja ou sinagoga
    que iam regularmente.
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    E a maioria das pessoas hoje
    não têm nada disso.
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    E parte dos valores da pesquisa
    é promover conscientização.
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    E conscientização é sempre
    o primeiro passo para a cura.
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    E parte do que aprendemos
    é que estudos estão mostrando
  • 1:43 - 1:46
    que pessoas solitárias,
    deprimidas e isoladas
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    são 3 a 10 vezes mais propensas
    a ficar doente e morrer prematuramente,
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    de praticamente todas as causas,
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    em comparação às que tem
    um senso de amor, conexão e comunidade.
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    E não conheço nada na medicina
    que tenha esse impacto poderoso.
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    Bem, um dos motivos de crescer
    em uma família, ou com 2 ou 3 gerações,
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    é que as pessoas realmente te conhecem.
  • 2:05 - 2:07
    Elas não só conhecem o seu perfil
    do Facebook ou descrição,
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    Elas sabem quando você falhou,
    viram ocorrer o que for que seja.
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    Elas conhecem seus demônios,
    seus problemas.
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    Você sabe que elas sabem,
    e elas que você sabe que elas sabem.
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    Há algo muito primordial
    em ser visto dessa forma.
  • 2:19 - 2:22
    É como no filme de James Cameron,
    Avatar, "eu vejo você",
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    que vem, na verdade,
    de um provérbio africano.
  • 2:25 - 2:30
    Apenas ser visto em todo o seu ser,
    defeitos e tudo, é incrivelmente poderoso.
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    E, bem, nós aprendemos
    que não é suficiente.
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    Nesses estudos, perguntei às pessoas:
    "Por que você fuma, come em excesso,
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    bebe demais, trabalha demais
    e abusa de substâncias?
  • 2:40 - 2:43
    São comportamentos tão desadaptativos."
    E elas me olham e dizem:
  • 2:43 - 2:45
    "Você não entende. Você não faz ideia.
  • 2:45 - 2:48
    Eles não são desadaptativos.
    São muito adaptativos,
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    porque nos ajudam a lidar com a solidão,
    a depressão, o isolamento."
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    Elas dirão coisas como:
    "Tenho 20 amigos nesse maço de cigarro.
  • 2:55 - 2:57
    Eles estão sempre presentes,
    ninguém mais está.
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    Se você tirá-los de mim,
    o que terá para me dar?"
  • 3:00 - 3:01
    ou "a comida preenche o vazio",
  • 3:01 - 3:04
    ou "a gordura acalma os nervos
    e anestesia a dor."
  • 3:04 - 3:06
    Ou álcool e outras drogas
    anestesiam a dor.
  • 3:06 - 3:09
    Por isso temos uma epidemia de ópios,
    é parte de um problema maior.
  • 3:10 - 3:11
    Ou videogames anestesiam a dor.
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    Ou outros meios socialmente aceitáveis,
    como trabalhar o tempo todo,
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    anestesia a dor. Todos já fizemos isso.
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    Então, não podemos
    só dar informação às pessoas...
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    Não podemos só...
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    focar no comportamento.
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    Temos que focar em questões maiores.
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    Porque, no fim, é isso
    que faz eles se sustentarem.
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    E me interessei por isso na minha vida,
    quando eu era calouro
  • 3:32 - 3:36
    na Rice University, em Houston,
    e fiquei extremamente deprimido.
  • 3:36 - 3:39
    Cheguei o mais perto possível de me matar,
    sem chegar a cometer o ato.
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    E não estava na descrição do curso,
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    mas lá a taxa de suicídio era maior
    que todas as escolas no país.
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    E eu fiquei tão deprimido
    não apenas porque me sentia burro,
  • 3:49 - 3:52
    mas porque não via sentido em mais nada.
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    "E daí? Grande coisa. Quem se importa?
    Nada importa, por que se incomodar?"
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    Todas essas coisas.
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    E a depressão severa
    é uma verdadeira distorção da realidade,
  • 4:04 - 4:06
    como Steve Jobs costumava dizer.
  • 4:06 - 4:08
    Você acha que está vendo claramente
    pela primeira vez.
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    Tudo é ruim, sempre será ruim,
    sempre foi ruim,
  • 4:11 - 4:14
    e se você um dia pensou o contrário,
    estava se iludindo.
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    E essa é a marca da depressão,
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    que é de onde o desamparo
    e o desespero vêm.
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    É a crença de que as coisas
    sempre serão ruins.
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    Há um velho ditado:
    "quando o estudante está pronto,
  • 4:24 - 4:25
    o professor aparece."
  • 4:25 - 4:27
    Para mim, o que realmente
    salvou a minha vida
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    foi um professor espiritual ecumênico
    chamado Swami Satchidananda.
  • 4:31 - 4:35
    Ele me mostrou que eu estava olhando
    por saúde e bem-estar no lugar errado.
  • 4:35 - 4:36
    Ele gostava trocadilhos.
  • 4:36 - 4:39
    Falavam: "Você é um hinduísta?"
    e ele dizia: "Não, sou um reexista."
  • 4:40 - 4:43
    Ele me mostrou de onde a paz
  • 4:43 - 4:44
    e a saúde realmente vem.
  • 4:44 - 4:47
    E esse é o foco do que quero falar hoje,
  • 4:47 - 4:50
    pois nossa cultura,
    toda a indústria da propaganda,
  • 4:50 - 4:52
    no diz que vem de fora de nós.
  • 4:52 - 4:56
    "Tenha mais coisas, mais realização,
    mais dinheiro, o que for,
  • 4:56 - 4:57
    e então você será feliz."
  • 4:57 - 4:59
    E o problema é que...
  • 5:00 - 5:05
    quando você aceita essa visão de mundo,
    de qualquer forma, você se sente mal.
  • 5:05 - 5:07
    "Se eu tivesse mais daquilo,
    eu seria feliz."
  • 5:07 - 5:09
    Até você conseguir aquilo, você é infeliz.
  • 5:09 - 5:12
    Se outro conseguir, e você não,
    você é mesmo infeliz.
  • 5:12 - 5:15
    Isso nos faz sentir como se vivêssemos
    em uma guerra de todos contra todos.
  • 5:15 - 5:17
    Quando mais você tem,
    menos há para mim.
  • 5:17 - 5:19
    Se você nunca tiver, você é ruim.
  • 5:19 - 5:21
    E você tiver, é sedutor no momento,
  • 5:21 - 5:24
    você pensa "ah, consegui, é meu!",
    mas não costuma durar.
  • 5:24 - 5:27
    Normalmente é seguido ou de um
    "e agora?". Um paciente me disse:
  • 5:27 - 5:30
    "Não consigo apreciar
    a vista da montanha que escalei,
  • 5:30 - 5:32
    estou olhando para a próxima."
  • 5:32 - 5:37
    Ou: "E daí? Grande coisa. Isso não me dá
    aquela satisfação que eu esperava sentir."
  • 5:37 - 5:39
    E outro paciente disse:
  • 5:40 - 5:43
    "O desapontamento que vem de atingir
    um objetivo é tão grande
  • 5:43 - 5:46
    que sempre assumo uma dúzia
    de projetos ao mesmo tempo."
  • 5:46 - 5:49
    Mas o que aprendi com os Swami,
    e é parte de toda tradição espiritual,
  • 5:50 - 5:53
    é que a paz e a saúde já estão lá,
  • 5:53 - 5:56
    não é algo que que se obtém,
    mas algo que já temos.
  • 5:56 - 5:58
    E que o objetivo de todas essas práticas,
  • 5:58 - 6:01
    meditação, yoga, oração,
    e o que mais você fizer,
  • 6:02 - 6:07
    não é que elas te tragam paz ou bem-estar,
    mas te ajudam a acalmar a mente e o corpo,
  • 6:07 - 6:09
    a experienciar o que já existe.
  • 6:11 - 6:13
    E isso pode soar como palavras
    de análise ou semântica,
  • 6:13 - 6:15
    mas faz toda a diferença no mundo,
  • 6:15 - 6:18
    porque se você tem de obter isso
    de fora de si mesmo...
  • 6:18 - 6:21
    como quando eu estudava
    Medicina, fiquei deprimido
  • 6:21 - 6:24
    porque achava que nunca me integraria
    e ficaria sozinho...
  • 6:25 - 6:29
    mas o problema é que,
    se você acha que vem de fora,
  • 6:29 - 6:33
    todos que tem o que você acha que precisa
    têm poder sobre você.
  • 6:33 - 6:35
    Já, se começo a me sentir ansioso,
    preocupado ou triste,
  • 6:35 - 6:39
    posso dizer: "O que estou fazendo
    que está perturbando o que já está ali?"
  • 6:39 - 6:42
    E isso é muito empoderador,
    porque posso fazer algo a respeito.
  • 6:42 - 6:44
    Senão, todos teriam poder sobre mim.
  • 6:44 - 6:47
    Então, quando acalmamos
    a mente e o corpo,
  • 6:47 - 6:50
    podemos experienciar,
    mesmo que momentaneamente,
  • 6:50 - 6:53
    se você meditar ou fizer algo
    para acalmar sua mente,
  • 6:53 - 6:58
    e você se sente mais calmo,
    relembre-se de que esse sentimento
  • 6:58 - 7:01
    não veio da meditação, já estava ali.
  • 7:01 - 7:05
    O que você fez, ao menos temporariamente,
    foi remover o que estava perturbando isso.
  • 7:05 - 7:09
    E outra coisa que acontece é que,
    quando você acalma a sua mente,
  • 7:09 - 7:13
    você começa a ouvir seu próprio professor,
    o seu guru interno, sua sabedoria interna,
  • 7:13 - 7:16
    aquela voz calma de dentro,
    seja qual for o nome que você der a isso.
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    É aquela voz que nos acorda às 3h da manhã
  • 7:18 - 7:21
    e diz: "Ei, Dean, preste atenção!
  • 7:21 - 7:23
    Você não está fazendo algo
    que faz bem para você."
  • 7:23 - 7:26
    ou: "Aqui está algo criativo
    que possa te interessar."
  • 7:26 - 7:29
    Todos os estudos que fiz
    vieram desse lugar,
  • 7:29 - 7:32
    e eu meio que os recriei ao inverso,
    para ver se podia provar
  • 7:32 - 7:35
    que aquela ideia era mesmo verdadeira.
  • 7:35 - 7:39
    E quando você aprende a reconhecer
    essa voz, você pode acessá-la
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    até nos momentos
    mais movimentados do seu dia,
  • 7:41 - 7:44
    se você apenas tirar um momento
    para parar e ouvir.
  • 7:44 - 7:47
    E a outra coisa que acontece
    quando acalmamos nossa mente
  • 7:47 - 7:50
    é que experienciamos uma espécie
    de estado transcendente.
  • 7:51 - 7:53
    E com isso quero dizer que, em um nível,
  • 7:53 - 7:55
    obviamente, somos separados.
    Você é você, e eu sou eu.
  • 7:55 - 7:59
    Mas em outro nível, somos parte
    de algo maior que nos conecta,
  • 7:59 - 8:01
    qual for o nome que você der.
    Até mesmo dar um nome é limitar
  • 8:01 - 8:04
    o que é inefável, ilimitado,
    experiência infinita.
  • 8:04 - 8:06
    essa interconectividade, essa unicidade.
  • 8:07 - 8:11
    E tudo o que Aldous Huxley
    chamou de "filosofia perene",
  • 8:11 - 8:13
    o que você encontra em toda religião,
  • 8:13 - 8:16
    quando as pessoas param de se matar
    por diferenças em rituais, etc.
  • 8:16 - 8:20
    O amor, a compaixão, o altruísmo,
    a empatia e o perdão
  • 8:20 - 8:23
    vêm de lugares de transcendência.
    É uma experiência direta.
  • 8:23 - 8:26
    Quando você vê os outros
    como você em outra forma,
  • 8:26 - 8:28
    a compaixão flui naturalmente disso.
  • 8:31 - 8:33
    Bem, não é que você precise ter isso.
  • 8:33 - 8:37
    Nós perturbamos nossa própria noção
    de naturalidade e nos tornamos doentes.
  • 8:38 - 8:41
    Os antigos Swami, rabinos
    e padres e monges e freiras
  • 8:41 - 8:43
    não descobriram essas abordagens
  • 8:43 - 8:46
    apenas para desentupir artérias
    ou baixar a pressão.
  • 8:46 - 8:47
    Elas podem fazer essas coisas,
  • 8:47 - 8:50
    mas essas são ferramentas poderosas
    para transformação.
  • 8:50 - 8:52
    Elas nos libertam
    do nosso sofrimento aqui e agora.
  • 8:53 - 8:57
    Aprendi isso quando estava fazendo
    meu primeiro estudo, há 40 anos,
  • 8:57 - 8:59
    estava no segundo ano da faculdade.
  • 8:59 - 9:01
    Havia dez homens e uma mulher
    com problemas cardíacos,
  • 9:01 - 9:03
    e os coloquei em um hotel por um mês.
  • 9:03 - 9:07
    Um dos caras era um dentista
    mais velho, que era homofóbico,
  • 9:07 - 9:09
    e um dos caras mais novos era gay.
  • 9:09 - 9:13
    E o outro disse coisas horríveis para ele,
    que respondeu coisas igualmente ruins.
  • 9:13 - 9:15
    e começaram a gritar um com o outro.
  • 9:15 - 9:20
    Um apertou o peito e tomou Nitroglicerina,
    o outro apertou o peito e tomou Demerol.
  • 9:20 - 9:22
    Os dois batem as portas.
  • 9:22 - 9:26
    Eles vão morrer e vai ser o fim
    da minha breve carreira de pesquisador.
  • 9:26 - 9:27
    (Risos)
  • 9:27 - 9:31
    Então disse para eles: "Vocês estão
    se permitindo ter uma dor no peito,
  • 9:31 - 9:33
    e até mesmo um ataque cardíaco e morrer,
  • 9:33 - 9:35
    por um cara que vocês odeiam,
    isso não é inteligente,
  • 9:35 - 9:38
    mesmo pelo seu interesse próprio,
    especialmente por isso."
  • 9:38 - 9:42
    Então eles ficaram mais amigáveis
    e não tiveram mais dor no peito.
  • 9:42 - 9:45
    O sofrimento pode ser um portão
    para mudar a nossa vida.
  • 9:45 - 9:50
    Quando Nelson Mandela
    foi solto da prisão depois de 16 anos
  • 9:50 - 9:53
    as pessoas disseram:
    "Você tem raiva dos seus carcereiros?"
  • 9:53 - 9:56
    Ele respondeu: "Bem, eles tiraram
    os melhores dias da minha vida,
  • 9:56 - 10:00
    mas se eu continuar os odiando,
    ainda estarei aprisionado no meu coração."
  • 10:00 - 10:02
    Então, o que realmente nos une é a cura.
  • 10:02 - 10:05
    E, pra mim, a intimidade é a raiz da cura.
  • 10:05 - 10:08
    Até a palavra "cura",
    em inglês, significa "tornar inteiro".
  • 10:08 - 10:10
    "Yoga" deriva da raiz yuj,
    que em sânscrito significa unir.
  • 10:10 - 10:13
    Essas são ideias antigas
    que estamos redescobrindo,
  • 10:13 - 10:15
    versus "o outro".
  • 10:15 - 10:17
    Se você vê as pessoas
    como diferentes de você,
  • 10:17 - 10:20
    isso leva àqueles estupradores mexicanos
    e terroristas muçulmanos,
  • 10:20 - 10:24
    e a todas aquelas coisas horríveis
    que vem do mal-entendido
  • 10:24 - 10:26
    de como as coisas realmente são.
  • 10:26 - 10:29
    Mas quando estamos enraizados
    naquele estado transcedente,
  • 10:29 - 10:33
    compaixão, amor e carinho,
    tudo flui naturalmente.
  • 10:33 - 10:36
    É como uma visão dupla,
    em que em um nível estamos separados
  • 10:36 - 10:37
    e em outro não estamos.
  • 10:37 - 10:41
    Meu professor construiu um templo
    ao longo do rio James,
  • 10:41 - 10:42
    fora de Charlottesville.
  • 10:42 - 10:45
    Tem um feixe de luz
    que bate em um separador de feixe
  • 10:45 - 10:48
    e ilumina os altares
    de todas as diferentes religiões
  • 10:48 - 10:52
    com a ideia de que a verdade é uma,
    e os caminhos são muitos.
  • 10:52 - 10:55
    E isso nos ajuda a superar
    essas falsas escolhas.
  • 10:55 - 10:57
    Venho fazendo pesquisas há muito tempo.
  • 10:57 - 11:01
    As pessoas dizem: "Vou viver mais tempo
    ou apenas parecerá mais tempo
  • 11:01 - 11:03
    se eu mudar minha dieta e estilo de vida?"
  • 11:03 - 11:05
    "Vai ser divertido para mim ou bom?"
  • 11:05 - 11:07
    "A única forma de viver 100 anos
  • 11:07 - 11:09
    é não fazer o que te faz
    querer viver até lá."
  • 11:09 - 11:11
    E variações desses temas.
  • 11:12 - 11:15
    Mas isso é o que nos permite
    viver uma vida mais suculenta.
  • 11:15 - 11:18
    Os professores espirituais que eu gosto,
    o Dalai Lama, os Swami e outros,
  • 11:19 - 11:21
    são os que vivem uma vida alegre.
  • 11:21 - 11:23
    Só estar perto deles me faz sentir bem.
  • 11:23 - 11:27
    E se a vida é significativa e prazerosa,
    então ela é sustentável.
  • 11:27 - 11:29
    E uma coisa que aprendi na faculdade,
  • 11:29 - 11:32
    é que eu podia fazer tudo
    parecer sem sentido,
  • 11:32 - 11:35
    mas também aprendi que podia
    induzir escolhas com significado.
  • 11:35 - 11:38
    E uma das formas de fazer isso...
  • 11:38 - 11:41
    Escolher não fazer certas coisas
    que você poderia fazer
  • 11:41 - 11:43
    traz sentido para as escolhas.
  • 11:43 - 11:44
    Quando digo:
  • 11:44 - 11:47
    "Uma dieta à base de plantas
    pode reverter doenças do coração,
  • 11:47 - 11:49
    diabetes, câncer de próstata,
  • 11:49 - 11:52
    mudar sua expressão genética,
    alongar seus telômeros
  • 11:52 - 11:54
    e reverter o envelhecimento
    a nível celular.
  • 11:54 - 11:57
    E quanto mais doenças estudamos
    e mais mecanismos olhamos,
  • 11:57 - 11:59
    mais evidências temos disso."
  • 12:01 - 12:04
    E as pessoas dizem:
    "Nossa, não posso comer o que quiser?"
  • 12:04 - 12:06
    Digo: "Bem, você pode fazer o que quiser,
  • 12:06 - 12:09
    mas todas as tradições espirituais
    tem diretrizes alimentares."
  • 12:09 - 12:10
    Elas costumam diferir.
  • 12:10 - 12:12
    Em uma se pode comer isso, mas não aquilo,
  • 12:12 - 12:15
    ou certos dias da semana
    ou certos momentos do dia.
  • 12:16 - 12:18
    Deus está confuso? Não sei.
  • 12:18 - 12:21
    Mas seja qual for o benefício intrínseco
    em fazer essas escolhas,
  • 12:21 - 12:25
    apenas o fato não comer algo
    quando você poderia,
  • 12:25 - 12:27
    traz sentido para essas escolhas.
  • 12:27 - 12:29
    Se tem sentido, então é sustentável.
  • 12:29 - 12:32
    E como esses mecanismos biológicos
    são tão dinâmicos,
  • 12:32 - 12:35
    a maioria das pessoas se sente
    tão melhor tão rápido,
  • 12:35 - 12:37
    isso altera o motivo
    de fazer essas mudanças
  • 12:37 - 12:39
    do medo de morrer
    para a alegria de viver.
  • 12:39 - 12:43
    E alegria, prazer e bem-estar
    são muito sustentáveis.
  • 12:43 - 12:45
    E mesmo em relacionamentos.
  • 12:45 - 12:49
    Um santo indiano chamado Ramakrishna
    disse há cem anos:
  • 12:49 - 12:52
    "Você pode cavar muitos poços rasos
    e nunca encontrar água
  • 12:52 - 12:55
    ou você pode cavar um muito fundo
    e encontrar uma fonte."
  • 12:55 - 13:00
    Por exemplo, eu e minha mulher
    estamos juntos há 20 anos,
  • 13:01 - 13:04
    e antes disso eu namorei
    outras pessoas, o que era divertido,
  • 13:05 - 13:07
    mas decidimos estabelecer
    um relacionamento monogâmico.
  • 13:08 - 13:10
    De novo, essa é uma prisão?
    Certamente, pode ser.
  • 13:11 - 13:15
    Ou é uma forma de criar um espaço sagrado
    e um sentimento de segurança?
  • 13:15 - 13:17
    Porque você só pode ser íntimo,
  • 13:17 - 13:19
    abrindo o coração e sendo vulnerável.
  • 13:19 - 13:22
    E só pode fazer isso
    quando se sente seguro.
  • 13:22 - 13:24
    Nos sentimos mais seguros
    ao longo dos anos,
  • 13:24 - 13:27
    à medida que continuamos
    a confiar um no outro.
  • 13:27 - 13:30
    É como as camadas de uma cebola,
    quanto mais você abre,
  • 13:30 - 13:33
    mais íntimo se torna,
    e, então, mais erótico.
  • 13:33 - 13:35
    O que eu não sabia antes.
  • 13:35 - 13:39
    Então, em vez de ter a mesma experiência
    com pessoas diferentes,
  • 13:39 - 13:42
    são experiências profundamente diferentes
    com a mesma pessoa.
  • 13:45 - 13:47
    E quanto mais íntimos
    nos tornamos, mais divertido.
  • 13:47 - 13:49
    Quando temos um encontro,
  • 13:49 - 13:52
    não tentamos recriar
    a mesma experiência de antes,
  • 13:52 - 13:54
    mesmo que tenha sido maravilhosa.
  • 13:54 - 13:57
    Temos uma "mente de iniciante".
  • 13:57 - 14:00
    Estamos abertos às possibilidades,
    todos os degraus de liberdade.
  • 14:00 - 14:03
    Não estamos tentando recriar algo,
    mas estar abertos para o que fluir,
  • 14:04 - 14:07
    porque se tentarmos
    recriar algo, não será fresco.
  • 14:07 - 14:11
    Confiamos um no outro o bastante
    para estarmos abertos ao que vier.
  • 14:11 - 14:16
    Quase sempre, é a experiência
    mais erótica e maravilhosa que já tivemos.
  • 14:16 - 14:19
    E não só um pouco, mas muito,
    mesmo depois de tantos anos juntos.
  • 14:19 - 14:21
    Então...
  • 14:21 - 14:24
    Porque isso nos permite ir mais fundo,
  • 14:24 - 14:26
    o que torna o relacionamento
    mais íntimo e erótico.
  • 14:26 - 14:31
    Não é uma questão moral, mas, sim:
    "O que te traz mais prazer e diversão?"
  • 14:31 - 14:34
    assim como se adotar uma dieta
    à base de plantas, você ajuda o mundo,
  • 14:34 - 14:37
    a diminuir o aquecimento global,
    e tudo mais, mas o mais importante,
  • 14:37 - 14:39
    você pensa mais claramente,
    tem mais energia,
  • 14:39 - 14:42
    precisa de menos sono,
    suas funções sexuais melhoram,
  • 14:43 - 14:45
    você ganha novos neurônios,
  • 14:45 - 14:46
    seu cérebro pode ficar maior.
  • 14:46 - 14:49
    O que ganhamos é muito mais
    do que o que desistimos.
  • 14:49 - 14:53
    E, para mim, a boa arte,
    ciência, sexo ou que for,
  • 14:53 - 14:56
    é a habilidade de ver sem preconceitos.
  • 14:56 - 15:00
    para estar aberto a todas
    as possibilidades e degraus de liberdade
  • 15:00 - 15:02
    Há uma diferença entre
    imitação e inovação.
  • 15:03 - 15:05
    Se é prazeroso, é sustentável.
  • 15:05 - 15:08
    E o que ganhamos é muito mais
    do que nós abrimos mão.
  • 15:08 - 15:11
    Não é só quanto tempo vivemos,
    mas quão bem vivemos.
  • 15:11 - 15:14
    E estou aprendendo
    que essas antigas verdades espirituais
  • 15:15 - 15:19
    nos dão muito prazer,
    que é o que as faz serem sustentáveis.
  • 15:19 - 15:22
    Obrigado pela oportunidade
    de compartilhar com vocês hoje.
  • 15:22 - 15:24
    (Aplausos)
Title:
O poder curativo do amor e da intimidade | Dean Ornish | TedxBerkeley
Description:

O Dr. Dean Ornish compartilha percepções sobre a sua vida pessoal e meios de melhorar nossa saúde no dia-a-dia, não procurando por felicidade e saúde fora de nós mesmos. Ao longo dos seus anos de pesquisa médica e experiências pessoais, ele fala sobre como combater a solidão e a depressão a partir de dentro e empoderar a mente e o corpo.

Dean Ornish é fundador e presidente do Instituto de Pesquisa em Medicina Preventiva e professor clínico de Medicina na Universidade da Califórnia, em São Francisco. Ele foi homenageado como "um dos 125 ex-alunos mais extraordinários da Universidade de Texas", selecionado pela revista Life como "um dos 50 membros mais influentes da sua geração" e reconhecido pela revista Forbes como "um dos sete professores mais poderosos do mundo".

Essa palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:31

Portuguese, Brazilian subtitles

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