(Aplausos) Nos últimos 40 anos, dirigi uma série de estudos mostrando a diferença que uma mudança na dieta e estilo de vida pode fazer. Mudanças simples como uma dieta à base de plantas, que naturalmente tem baixo teor de açúcar e gordura, variadas técnicas de controle de estresse, incluindo meditação e yoga, exercício moderado e o que chamamos de "apoio psicossocial". Ou, para resumir ainda mais: "Comer bem, mover-se mais, estressar-se menos, amar mais". Isso está criando um campo chamado "estilo de vida medicinal". que usa mudanças de estilo de vida não só para prevenir, mas para realmente tratar e muitas vezes curar doenças. Então usamos, pelos últimos 40 anos, esses parâmetros caros e de última geração para provar o quão poderosas essas antigas... Como essas abordagens podem ser poderosas. Quanto mais doenças estudamos e mais mecanismos fundamentais vemos, mais motivo temos para explicar por que essas mudanças são tão poderosas, e quão rápido elas podem ocorrer. E acho que essas descobertas estão dando a milhões de pessoas esperança e novas oportunidades. Mas quero focar hoje no que considero a epidemia mais importante, que é a epidemia da solidão e isolamento e depressão. Há 15 anos, houve... Bem, houve uma transformação radical na sociedade. Há 15 anos, a maioria das pessoas tinha uma família extensa que via regularmente. Um trabalho seguro há 10 anos ou mais, assim como seus colegas. Foi assim que se conheceram. Tinham 2 ou 3 gerações morando no mesmo bairro, uma igreja ou sinagoga que iam regularmente. E a maioria das pessoas hoje não têm nada disso. E parte dos valores da pesquisa é promover conscientização. E conscientização é sempre o primeiro passo para a cura. E parte do que aprendemos é que estudos estão mostrando que pessoas solitárias, deprimidas e isoladas são 3 a 10 vezes mais propensas a ficar doente e morrer prematuramente, de praticamente todas as causas, em comparação às que tem um senso de amor, conexão e comunidade. E não conheço nada na medicina que tenha esse impacto poderoso. Bem, um dos motivos de crescer em uma família, ou com 2 ou 3 gerações, é que as pessoas realmente te conhecem. Elas não só conhecem o seu perfil do Facebook ou descrição, Elas sabem quando você falhou, viram ocorrer o que for que seja. Elas conhecem seus demônios, seus problemas. Você sabe que elas sabem, e elas que você sabe que elas sabem. Há algo muito primordial em ser visto dessa forma. É como no filme de James Cameron, Avatar, "eu vejo você", que vem, na verdade, de um provérbio africano. Apenas ser visto em todo o seu ser, defeitos e tudo, é incrivelmente poderoso. E, bem, nós aprendemos que não é suficiente. Nesses estudos, perguntei às pessoas: "Por que você fuma, come em excesso, bebe demais, trabalha demais e abusa de substâncias? São comportamentos tão desadaptativos." E elas me olham e dizem: "Você não entende. Você não faz ideia. Eles não são desadaptativos. São muito adaptativos, porque nos ajudam a lidar com a solidão, a depressão, o isolamento." Elas dirão coisas como: "Tenho 20 amigos nesse maço de cigarro. Eles estão sempre presentes, ninguém mais está. Se você tirá-los de mim, o que terá para me dar?" ou "a comida preenche o vazio", ou "a gordura acalma os nervos e anestesia a dor." Ou álcool e outras drogas anestesiam a dor. Por isso temos uma epidemia de ópios, é parte de um problema maior. Ou videogames anestesiam a dor. Ou outros meios socialmente aceitáveis, como trabalhar o tempo todo, anestesia a dor. Todos já fizemos isso. Então, não podemos só dar informação às pessoas... Não podemos só... focar no comportamento. Temos que focar em questões maiores. Porque, no fim, é isso que faz eles se sustentarem. E me interessei por isso na minha vida, quando eu era calouro na Rice University, em Houston, e fiquei extremamente deprimido. Cheguei o mais perto possível de me matar, sem chegar a cometer o ato. E não estava na descrição do curso, mas lá a taxa de suicídio era maior que todas as escolas no país. E eu fiquei tão deprimido não apenas porque me sentia burro, mas porque não via sentido em mais nada. "E daí? Grande coisa. Quem se importa? Nada importa, por que se incomodar?" Todas essas coisas. E a depressão severa é uma verdadeira distorção da realidade, como Steve Jobs costumava dizer. Você acha que está vendo claramente pela primeira vez. Tudo é ruim, sempre será ruim, sempre foi ruim, e se você um dia pensou o contrário, estava se iludindo. E essa é a marca da depressão, que é de onde o desamparo e o desespero vêm. É a crença de que as coisas sempre serão ruins. Há um velho ditado: "quando o estudante está pronto, o professor aparece." Para mim, o que realmente salvou a minha vida foi um professor espiritual ecumênico chamado Swami Satchidananda. Ele me mostrou que eu estava olhando por saúde e bem-estar no lugar errado. Ele gostava trocadilhos. Falavam: "Você é um hinduísta?" e ele dizia: "Não, sou um reexista." Ele me mostrou de onde a paz e a saúde realmente vem. E esse é o foco do que quero falar hoje, pois nossa cultura, toda a indústria da propaganda, no diz que vem de fora de nós. "Tenha mais coisas, mais realização, mais dinheiro, o que for, e então você será feliz." E o problema é que... quando você aceita essa visão de mundo, de qualquer forma, você se sente mal. "Se eu tivesse mais daquilo, eu seria feliz." Até você conseguir aquilo, você é infeliz. Se outro conseguir, e você não, você é mesmo infeliz. Isso nos faz sentir como se vivêssemos em uma guerra de todos contra todos. Quando mais você tem, menos há para mim. Se você nunca tiver, você é ruim. E você tiver, é sedutor no momento, você pensa "ah, consegui, é meu!", mas não costuma durar. Normalmente é seguido ou de um "e agora?". Um paciente me disse: "Não consigo apreciar a vista da montanha que escalei, estou olhando para a próxima." Ou: "E daí? Grande coisa. Isso não me dá aquela satisfação que eu esperava sentir." E outro paciente disse: "O desapontamento que vem de atingir um objetivo é tão grande que sempre assumo uma dúzia de projetos ao mesmo tempo." Mas o que aprendi com os Swami, e é parte de toda tradição espiritual, é que a paz e a saúde já estão lá, não é algo que que se obtém, mas algo que já temos. E que o objetivo de todas essas práticas, meditação, yoga, oração, e o que mais você fizer, não é que elas te tragam paz ou bem-estar, mas te ajudam a acalmar a mente e o corpo, a experienciar o que já existe. E isso pode soar como palavras de análise ou semântica, mas faz toda a diferença no mundo, porque se você tem de obter isso de fora de si mesmo... como quando eu estudava Medicina, fiquei deprimido porque achava que nunca me integraria e ficaria sozinho... mas o problema é que, se você acha que vem de fora, todos que tem o que você acha que precisa têm poder sobre você. Já, se começo a me sentir ansioso, preocupado ou triste, posso dizer: "O que estou fazendo que está perturbando o que já está ali?" E isso é muito empoderador, porque posso fazer algo a respeito. Senão, todos teriam poder sobre mim. Então, quando acalmamos a mente e o corpo, podemos experienciar, mesmo que momentaneamente, se você meditar ou fizer algo para acalmar sua mente, e você se sente mais calmo, relembre-se de que esse sentimento não veio da meditação, já estava ali. O que você fez, ao menos temporariamente, foi remover o que estava perturbando isso. E outra coisa que acontece é que, quando você acalma a sua mente, você começa a ouvir seu próprio professor, o seu guru interno, sua sabedoria interna, aquela voz calma de dentro, seja qual for o nome que você der a isso. É aquela voz que nos acorda às 3h da manhã e diz: "Ei, Dean, preste atenção! Você não está fazendo algo que faz bem para você." ou: "Aqui está algo criativo que possa te interessar." Todos os estudos que fiz vieram desse lugar, e eu meio que os recriei ao inverso, para ver se podia provar que aquela ideia era mesmo verdadeira. E quando você aprende a reconhecer essa voz, você pode acessá-la até nos momentos mais movimentados do seu dia, se você apenas tirar um momento para parar e ouvir. E a outra coisa que acontece quando acalmamos nossa mente é que experienciamos uma espécie de estado transcendente. E com isso quero dizer que, em um nível, obviamente, somos separados. Você é você, e eu sou eu. Mas em outro nível, somos parte de algo maior que nos conecta, qual for o nome que você der. Até mesmo dar um nome é limitar o que é inefável, ilimitado, experiência infinita. essa interconectividade, essa unicidade. E tudo o que Aldous Huxley chamou de "filosofia perene", o que você encontra em toda religião, quando as pessoas param de se matar por diferenças em rituais, etc. O amor, a compaixão, o altruísmo, a empatia e o perdão vêm de lugares de transcendência. É uma experiência direta. Quando você vê os outros como você em outra forma, a compaixão flui naturalmente disso. Bem, não é que você precise ter isso. Nós perturbamos nossa própria noção de naturalidade e nos tornamos doentes. Os antigos Swami, rabinos e padres e monges e freiras não descobriram essas abordagens apenas para desentupir artérias ou baixar a pressão. Elas podem fazer essas coisas, mas essas são ferramentas poderosas para transformação. Elas nos libertam do nosso sofrimento aqui e agora. Aprendi isso quando estava fazendo meu primeiro estudo, há 40 anos, estava no segundo ano da faculdade. Havia dez homens e uma mulher com problemas cardíacos, e os coloquei em um hotel por um mês. Um dos caras era um dentista mais velho, que era homofóbico, e um dos caras mais novos era gay. E o outro disse coisas horríveis para ele, que respondeu coisas igualmente ruins. e começaram a gritar um com o outro. Um apertou o peito e tomou Nitroglicerina, o outro apertou o peito e tomou Demerol. Os dois batem as portas. Eles vão morrer e vai ser o fim da minha breve carreira de pesquisador. (Risos) Então disse para eles: "Vocês estão se permitindo ter uma dor no peito, e até mesmo um ataque cardíaco e morrer, por um cara que vocês odeiam, isso não é inteligente, mesmo pelo seu interesse próprio, especialmente por isso." Então eles ficaram mais amigáveis e não tiveram mais dor no peito. O sofrimento pode ser um portão para mudar a nossa vida. Quando Nelson Mandela foi solto da prisão depois de 16 anos as pessoas disseram: "Você tem raiva dos seus carcereiros?" Ele respondeu: "Bem, eles tiraram os melhores dias da minha vida, mas se eu continuar os odiando, ainda estarei aprisionado no meu coração." Então, o que realmente nos une é a cura. E, pra mim, a intimidade é a raiz da cura. Até a palavra "cura", em inglês, significa "tornar inteiro". "Yoga" deriva da raiz yuj, que em sânscrito significa unir. Essas são ideias antigas que estamos redescobrindo, versus "o outro". Se você vê as pessoas como diferentes de você, isso leva àqueles estupradores mexicanos e terroristas muçulmanos, e a todas aquelas coisas horríveis que vem do mal-entendido de como as coisas realmente são. Mas quando estamos enraizados naquele estado transcedente, compaixão, amor e carinho, tudo flui naturalmente. É como uma visão dupla, em que em um nível estamos separados e em outro não estamos. Meu professor construiu um templo ao longo do rio James, fora de Charlottesville. Tem um feixe de luz que bate em um separador de feixe e ilumina os altares de todas as diferentes religiões com a ideia de que a verdade é uma, e os caminhos são muitos. E isso nos ajuda a superar essas falsas escolhas. Venho fazendo pesquisas há muito tempo. As pessoas dizem: "Vou viver mais tempo ou apenas parecerá mais tempo se eu mudar minha dieta e estilo de vida?" "Vai ser divertido para mim ou bom?" "A única forma de viver 100 anos é não fazer o que te faz querer viver até lá." E variações desses temas. Mas isso é o que nos permite viver uma vida mais suculenta. Os professores espirituais que eu gosto, o Dalai Lama, os Swami e outros, são os que vivem uma vida alegre. Só estar perto deles me faz sentir bem. E se a vida é significativa e prazerosa, então ela é sustentável. E uma coisa que aprendi na faculdade, é que eu podia fazer tudo parecer sem sentido, mas também aprendi que podia induzir escolhas com significado. E uma das formas de fazer isso... Escolher não fazer certas coisas que você poderia fazer traz sentido para as escolhas. Quando digo: "Uma dieta à base de plantas pode reverter doenças do coração, diabetes, câncer de próstata, mudar sua expressão genética, alongar seus telômeros e reverter o envelhecimento a nível celular. E quanto mais doenças estudamos e mais mecanismos olhamos, mais evidências temos disso." E as pessoas dizem: "Nossa, não posso comer o que quiser?" Digo: "Bem, você pode fazer o que quiser, mas todas as tradições espirituais tem diretrizes alimentares." Elas costumam diferir. Em uma se pode comer isso, mas não aquilo, ou certos dias da semana ou certos momentos do dia. Deus está confuso? Não sei. Mas seja qual for o benefício intrínseco em fazer essas escolhas, apenas o fato não comer algo quando você poderia, traz sentido para essas escolhas. Se tem sentido, então é sustentável. E como esses mecanismos biológicos são tão dinâmicos, a maioria das pessoas se sente tão melhor tão rápido, isso altera o motivo de fazer essas mudanças do medo de morrer para a alegria de viver. E alegria, prazer e bem-estar são muito sustentáveis. E mesmo em relacionamentos. Um santo indiano chamado Ramakrishna disse há cem anos: "Você pode cavar muitos poços rasos e nunca encontrar água ou você pode cavar um muito fundo e encontrar uma fonte." Por exemplo, eu e minha mulher estamos juntos há 20 anos, e antes disso eu namorei outras pessoas, o que era divertido, mas decidimos estabelecer um relacionamento monogâmico. De novo, essa é uma prisão? Certamente, pode ser. Ou é uma forma de criar um espaço sagrado e um sentimento de segurança? Porque você só pode ser íntimo, abrindo o coração e sendo vulnerável. E só pode fazer isso quando se sente seguro. Nos sentimos mais seguros ao longo dos anos, à medida que continuamos a confiar um no outro. É como as camadas de uma cebola, quanto mais você abre, mais íntimo se torna, e, então, mais erótico. O que eu não sabia antes. Então, em vez de ter a mesma experiência com pessoas diferentes, são experiências profundamente diferentes com a mesma pessoa. E quanto mais íntimos nos tornamos, mais divertido. Quando temos um encontro, não tentamos recriar a mesma experiência de antes, mesmo que tenha sido maravilhosa. Temos uma "mente de iniciante". Estamos abertos às possibilidades, todos os degraus de liberdade. Não estamos tentando recriar algo, mas estar abertos para o que fluir, porque se tentarmos recriar algo, não será fresco. Confiamos um no outro o bastante para estarmos abertos ao que vier. Quase sempre, é a experiência mais erótica e maravilhosa que já tivemos. E não só um pouco, mas muito, mesmo depois de tantos anos juntos. Então... Porque isso nos permite ir mais fundo, o que torna o relacionamento mais íntimo e erótico. Não é uma questão moral, mas, sim: "O que te traz mais prazer e diversão?" assim como se adotar uma dieta à base de plantas, você ajuda o mundo, a diminuir o aquecimento global, e tudo mais, mas o mais importante, você pensa mais claramente, tem mais energia, precisa de menos sono, suas funções sexuais melhoram, você ganha novos neurônios, seu cérebro pode ficar maior. O que ganhamos é muito mais do que o que desistimos. E, para mim, a boa arte, ciência, sexo ou que for, é a habilidade de ver sem preconceitos. para estar aberto a todas as possibilidades e degraus de liberdade Há uma diferença entre imitação e inovação. Se é prazeroso, é sustentável. E o que ganhamos é muito mais do que nós abrimos mão. Não é só quanto tempo vivemos, mas quão bem vivemos. E estou aprendendo que essas antigas verdades espirituais nos dão muito prazer, que é o que as faz serem sustentáveis. Obrigado pela oportunidade de compartilhar com vocês hoje. (Aplausos)