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Uma economia de macacos tão irracional como a nossa

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    Vou começar a minha palestra
    com duas observações
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    sobre a espécie humana.
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    Podem pensar que a primeira observação
    é bastante óbvia,
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    e é que a nossa espécie, o Homo sapiens,
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    é, na verdade, muito, muito inteligente
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    — ou seja, ridiculamente inteligente —
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    do género, todos nós fazemos coisas
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    que nenhuma outra espécie
    no planeta consegue fazer.
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    Claro que esta não é a primeira vez
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    que, provavelmente, se apercebem disto.
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    Para além de sermos inteligentes,
    também somos uma espécie extremamente convencida.
  • 0:27 - 0:30
    Por isso gostamos de assinalar
    o facto de sermos inteligentes.
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    Eu poderia recorrer a qualquer sábio,
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    de Shakespeare a Stephen Colbert,
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    para assinalar o facto de sermos
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    nobres em raciocínio
    e infinitos em faculdades
  • 0:38 - 0:40
    e muito mais fantásticos
    do que tudo no planeta,
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    no que toca a tudo o que seja cerebral.
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    Mas, claro, há uma segunda observação
    sobre a espécie humana
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    em que me quero concentrar um pouco mais.
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    É o facto de que,
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    embora sejamos muito inteligentes,
    os únicos inteligentes,
  • 0:52 - 0:55
    também podemos ser incrivelmente burros
  • 0:55 - 0:58
    no que toca a alguns aspetos
    da tomada de decisões.
  • 0:58 - 1:00
    Já estou a ver muitos sorrisos
    desconfortáveis por aí.
  • 1:00 - 1:02
    Não se preocupem, não vou apontar
    ninguém em particular
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    nem quaisquer aspetos dos nossos erros.
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    Mas, obviamente, nos últimos dois anos,
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    temos visto exemplos sem precedente
    da inépcia humana.
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    Temos observado como os instrumentos
    que só nós construímos
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    para extrair os recursos
    do nosso meio ambiente,
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    explodem à nossa frente.
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    Temos observado que os mercados financeiros
    que só nós criamos
  • 1:18 - 1:21
    — mercados supostamente
    à prova de falhas —
  • 1:21 - 1:23
    temos observado o seu colapso
    diante dos nossos olhos.
  • 1:23 - 1:25
    Mas acho que estes
    dois exemplos embaraçosos,
  • 1:25 - 1:28
    não realçam o que eu acho
    que é mais vergonhoso
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    nos erros que os seres humanos fazem,
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    ou seja, gostarmos de pensar
    que os erros que fazemos
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    são o resultado de indivíduos ineptos
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    ou de decisões tão más
    que merecem ser incluídas no blogue FAIL.
  • 1:38 - 1:41
    Ao que parece, os cientistas sociais
    estão a descobrir
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    que a maior parte de nós,
    quando colocados em certos contextos,
  • 1:44 - 1:47
    fazemos erros muito específicos.
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    Os erros que fazemos são previsíveis.
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    Fazemo-los vezes sem conta.
  • 1:51 - 1:53
    São imunes a demonstrações e provas.
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    Mesmo após recebermos uma reação negativa,
  • 1:55 - 1:58
    quando voltamos a encontra-nos
    em determinado contexto,
  • 1:58 - 2:00
    temos a tendência para fazer
    os mesmos erros.
  • 2:00 - 2:02
    Isto tem sido um enigma
    muito interessante para mim,
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    enquanto estudante da natureza humana.
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    O que me deixa mais curiosa é,
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    como é que uma espécie
    tão inteligente como nós,
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    é capaz de erros
  • 2:11 - 2:13
    tão maus e tão consistentes, o tempo todo?
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    Nós somos a coisa mais inteligenteque há,
    porque é que não conseguimos resolver isto?
  • 2:16 - 2:19
    De certa forma, de onde é
    que vêm os nosso erros?
  • 2:19 - 2:22
    Como tenho pensado nisto há algum tempo,
    vejo duas possibilidades.
  • 2:22 - 2:25
    Uma possibilidade é que,
    de certa forma, a culpa não é nossa.
  • 2:25 - 2:27
    Como somos uma espécie inteligente,
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    podemos criar todos os tipos de ambientes
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    que são supmuito complicados,
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    por vezes, demasiado complicados
    para podermos entendê-los,
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    embora os tenhamos criado.
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    Criamos mercados financeiros
    que são muito complexos.
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    Criamos cláusulas hipotecárias
    que não conseguimos gerir.
  • 2:41 - 2:44
    Claro que, se nos encontramos em ambientes
    que não conseguimos gerir,
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    faz sentido que acabemos por fazer asneira.
  • 2:46 - 2:48
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    Se isto fosse a verdade,
    teríamos uma solução simples
  • 2:50 - 2:52
    para o problema dos erros humanos.
  • 2:52 - 2:54
    Simplesmente diríamos:
    "OK, vamos perceber
  • 2:54 - 2:56
    "que tipo de tecnologias
    não conseguimos entender,
  • 2:56 - 2:58
    "que tipos de ambientes são maus".
  • 2:58 - 3:00
    Livrávamo-nos deles,
    construíamos melhor as coisas,
  • 3:00 - 3:02
    e seríamos a espécie digna
  • 3:02 - 3:04
    que esperamos ser.
  • 3:04 - 3:07
    Mas há uma outra possibilidade
    que eu acho mais preocupante:
  • 3:07 - 3:10
    talvez não sejam os nossos ambientes
    que sejam maus.
  • 3:10 - 3:13
    Talvez sejamos nós
    que fomos mal construídos.
  • 3:13 - 3:15
    Esta é uma sugestão que me surgiu
  • 3:15 - 3:18
    ao observar o que os cientistas sociais
    têm aprendido sobre os erros humanos.
  • 3:18 - 3:21
    Observamos que as pessoas têm tendência
    para continuar a fazer erros
  • 3:21 - 3:24
    exatamente da mesma forma,
    vezes sem conta.
  • 3:24 - 3:26
    Parece que talvez tenhamos sido construídos
  • 3:26 - 3:28
    para fazer erros de determinada forma.
  • 3:28 - 3:31
    Esta é uma possibilidade
    que me preocupa mais
  • 3:31 - 3:33
    porque, se somos nós
    que somos disfuncionais,
  • 3:33 - 3:35
    não é óbvio como lidar com isso.
  • 3:35 - 3:38
    Talvez tenhamos simplesmente de aceitar
    o facto de sermos propensos a errar
  • 3:38 - 3:40
    e tentar construir as coisas em volta disso.
  • 3:40 - 3:43
    Esta é a questão a que os meus estudantes
    e eu queremos dar resposta.
  • 3:43 - 3:46
    Como é que descobrimos a diferença
    entre a primeira e a segunda possibilidades?
  • 3:46 - 3:48
    Precisamos de uma população
  • 3:48 - 3:50
    que seja inteligente,
    que possa tomar muitas decisões,
  • 3:50 - 3:52
    mas que não tenha acesso a nenhum
    dos sistemas que nós temos,
  • 3:52 - 3:54
    qualquer das coisas
    que possivelmente nos confundem,
  • 3:54 - 3:56
    sem tecnologia humana,
    sem cultura humana,
  • 3:56 - 3:58
    talvez mesmo sem linguagem humana.
  • 3:58 - 4:00
    Por isso, recorremos a estes tipos aqui.
  • 4:00 - 4:03
    Este é um dos indivíduos com quem trabalho.
    É um macaco-prego.
  • 4:03 - 4:05
    São macacos do Novo Mundo,
  • 4:05 - 4:07
    o que significa que se separaram
    do ramo humano,
  • 4:07 - 4:09
    há cerca de 35 milhões de anos.
  • 4:09 - 4:11
    Ou seja, os nossos antepassados,
  • 4:11 - 4:13
    há cerca de cinco milhões de gerações,
  • 4:13 - 4:15
    foram provavelmente os mesmos antepassados
  • 4:15 - 4:17
    cinco milhões de gerações pelo meio,
  • 4:17 - 4:19
    que os antepassados da Holly na fotografia.
  • 4:19 - 4:22
    Podem ficar tranquilos,
    este indivíduo é muito afastado,
  • 4:22 - 4:24
    mas, evolutivamente, é um parente.
  • 4:24 - 4:26
    Felizmente, a Holly
  • 4:26 - 4:29
    não tem as mesmas tecnologias
    que nós temos.
  • 4:29 - 4:32
    É uma criatura inteligente e esperta,
    também é primata,
  • 4:32 - 4:34
    mas sem todas as coisas
    que achamos que nos confundem.
  • 4:34 - 4:36
    Portanto, ela é o perfeito sujeito
    da experiência.
  • 4:36 - 4:39
    Que acontecerá se pusermos a Holly
    no mesmo contexto que os humanos?
  • 4:39 - 4:41
    Ela fará os mesmos erros que nós?
  • 4:41 - 4:43
    Será que ela aprende com esses erros?
  • 4:43 - 4:45
    Este é o tipo de coisas que decidimos fazer.
  • 4:45 - 4:47
    Os meus estudantes e eu ficámos
    muito entusiasmados com isto há uns anos.
  • 4:47 - 4:49
    Dissemos: "Vamos colocar alguns problemas à Holly
  • 4:49 - 4:51
    "para ver se ela faz erros".
  • 4:51 - 4:54
    O primeiro problema é:
    por onde começar?
  • 4:54 - 4:56
    Porque, para nós, é ótimo,
    mas é mau para os seres humanos.
  • 4:56 - 4:58
    Nós fazemos muitos erros
    em diversos contextos.
  • 4:58 - 5:00
    Por onde é que devíamos começar?
  • 5:00 - 5:03
    Como começámos este projeto
    por altura do colapso financeiro,
  • 5:03 - 5:05
    na altura em que as hipotecas falidas
    começaram a ser faladas nas notícias,
  • 5:05 - 5:07
    pensámos que talvez devêssemos
  • 5:07 - 5:09
    começar pelo domínio financeiro.
  • 5:09 - 5:12
    Talvez devêssemos estudar
    as decisões económicas dos macacos
  • 5:12 - 5:15
    e ver se eles fazem o mesmo tipo
    de coisas estúpidas que nós fazemos.
  • 5:15 - 5:17
    Foi nessa altura que surgiu
    um segundo problema
  • 5:17 - 5:19
    — um pouco mais metodológico —
  • 5:19 - 5:21
    que é, não sei se sabem,
    que os macacos não usam dinheiro.
  • 5:21 - 5:24
    Eu sei que não os conhecem.
  • 5:24 - 5:26
    Mas é por isso que não os encontramos
    na fila atrás de nós
  • 5:26 - 5:29
    na mercearia ou no multibanco,
    eles não fazem estas coisas.
  • 5:29 - 5:32
    Assim, deparámo-nos com um problema.
  • 5:32 - 5:34
    Como é que vamos falar
    aos macacos sobre dinheiro
  • 5:34 - 5:36
    se eles não o utilizam?
  • 5:36 - 5:38
    Talvez devêssemos
  • 5:38 - 5:40
    ensinar os macacos a usar dinheiro.
  • 5:40 - 5:42
    Foi isso mesmo que fizemos.
  • 5:42 - 5:45
    Estão a ver aqui a primeira unidade,
    tanto quanto sei,
  • 5:45 - 5:47
    de dinheiro não humano.
  • 5:47 - 5:49
    Não fomos muito criativos
    quando começámos estas experiências,
  • 5:49 - 5:51
    por isso chamámos-lhe apenas "moeda".
  • 5:51 - 5:54
    Mas esta é a unidade monetária
    que ensinámos aos macacos, em Yale,
  • 5:54 - 5:56
    para usar com os seres humanos,
  • 5:56 - 5:59
    para comprar diversas peças de comida.
  • 5:59 - 6:01
    Não parece muito
    — de facto, não é grande coisa.
  • 6:01 - 6:03
    Tal como a maior parte do nosso dinheiro,
    não passa de uma peça de metal.
  • 6:03 - 6:06
    Como sabemos, o dinheiro das viagens,
  • 6:06 - 6:08
    quando voltamos para casa, é inútil.
  • 6:08 - 6:10
    No início, era inútil para os macacos,
  • 6:10 - 6:12
    antes de eles se aperceberem
    do que podiam fazer com ele.
  • 6:12 - 6:14
    Quando inicialmente lhes demos as moedas,
  • 6:14 - 6:16
    eles pegaram nelas, olharam para elas.
  • 6:16 - 6:18
    Eram coisas esquisitas.
  • 6:18 - 6:20
    Mas rapidamente, os macacos perceberam
  • 6:20 - 6:22
    que podiam dar estas moedas
  • 6:22 - 6:25
    a diversos seres humanos no laboratório,
    em troca de comida.
  • 6:25 - 6:27
    Vemos aqui um dos nossos macacos,
    a Mayday, a fazer isso.
  • 6:27 - 6:30
    Em A e B vemos a fase em que ela está
  • 6:30 - 6:32
    um pouco curiosa acerca destas coisas
    — não sabe bem.
  • 6:32 - 6:34
    Está ali uma mão humana, à espera,
  • 6:34 - 6:37
    e a Mayday rapidamente percebe
    que o ser humano quer aquilo.
  • 6:37 - 6:39
    Entrega-o e recebe comida.
  • 6:39 - 6:41
    Ao que parece, não é só a Mayday,
    mas todos os nossos macacos se tornam excelentes
  • 6:41 - 6:43
    a trocar moedas com os vendedores humanos.
  • 6:43 - 6:45
    Este é um pequeno vídeo do que acontece.
  • 6:45 - 6:48
    Cá está a Mayday que vai trocar
    uma moeda por comida,
  • 6:48 - 6:51
    espera contente e recebe a comida.
  • 6:51 - 6:53
    Aqui está o Felix, acho eu.
    É o nosso macho alfa; é um tipo grande.
  • 6:53 - 6:56
    Mas também espera pacientemente,
    recebe a comida e segue.
  • 6:56 - 6:58
    Os macacos tornam-se muito bons nisto.
  • 6:58 - 7:01
    São surpreendentemente bons nisto,
    com muito pouco treino.
  • 7:01 - 7:03
    Mas permitimos que eles descobrissem isto
    por eles próprios.
  • 7:03 - 7:05
    A questão é: será que isto é
    uma coisa parecida com dinheiro humano?
  • 7:05 - 7:07
    Será isto um mercado,
  • 7:07 - 7:09
    ou será que fizemos um truque psicológico
  • 7:09 - 7:11
    ao conseguir pôr macacos a fazer uma coisa
  • 7:11 - 7:13
    que parece inteligente,
    mas não o é na verdade?
  • 7:13 - 7:16
    Então pensámos no que fariam
    os macacos, espontaneamente,
  • 7:16 - 7:19
    se esta fosse a sua moeda, se eles estivessem
    a usar isto como dinheiro real?
  • 7:19 - 7:21
    Podemos imaginá-los
  • 7:21 - 7:23
    a fazer todo o tipo de coisas inteligentes
  • 7:23 - 7:26
    que as pessoas fazem quando começam
    a trocar dinheiro uns com os outros.
  • 7:26 - 7:29
    Talvez comecem a prestar atenção a preços,
  • 7:29 - 7:31
    a prestar atenção a quanto compram,
  • 7:31 - 7:34
    a prestar atenção a quantas moedas têm...
  • 7:34 - 7:36
    Os macacos farão essas coisas?
  • 7:36 - 7:39
    Foi assim que nasceu
    o nosso mercado para macacos.
  • 7:39 - 7:41
    Funciona da seguinte forma:
  • 7:41 - 7:44
    os nossos macacos normalmente vivem
    num grande recinto como num jardim zoológico.
  • 7:44 - 7:46
    Quando sentem vontade de guloseimas,
  • 7:46 - 7:48
    permitimos que entrem
    num recinto mais pequeno
  • 7:48 - 7:50
    onde podem entrar no mercado.
  • 7:50 - 7:52
    Quando entram no mercado
  • 7:52 - 7:54
    — é um mercado muito mais divertido para os macacos
    do que a maior parte dos mercados humanos
  • 7:54 - 7:57
    porque logo que os macacos
    entram pela porta do mercado,
  • 7:57 - 7:59
    recebem uma carteira grande
    cheia de moedas
  • 7:59 - 8:01
    para poderem trocar as moedas
  • 8:01 - 8:03
    com um destes dois tipos aqui —
  • 8:03 - 8:05
    encontram dois vendedores humanos
  • 8:05 - 8:07
    a quem podem comprar coisas.
  • 8:07 - 8:09
    Os vendedores eram estudantes
    do meu laboratório.
  • 8:09 - 8:11
    Vestiam-se de forma diferente,
    eram pessoas diferentes.
  • 8:11 - 8:14
    Ao longo do tempo,
    faziam sempre a mesma coisa
  • 8:14 - 8:16
    para os macacos poderem aprender,
  • 8:16 - 8:19
    quem vendia o quê e a que preço,
    quem era fiável, quem não era, etc.
  • 8:19 - 8:21
    Podem ver que cada um dos investigadores
  • 8:21 - 8:24
    segura num pequeno prato amarelo
  • 8:24 - 8:26
    que é o que o macaco
    pode obter por uma moeda.
  • 8:26 - 8:28
    Tudo custa uma moeda,
  • 8:28 - 8:30
    mas, como podem ver, às veze
    as moedas podem comprar mais que outras vezes,
  • 8:30 - 8:32
    às vezes mais uvas que outras vezes.
  • 8:32 - 8:35
    Vou mostrar-vos um pequeno vídeo
    sobre como funciona este mercado.
  • 8:35 - 8:38
    Isto é visto da altura de um macaco.
    Eles são pequenos, por isso é pequeno.
  • 8:38 - 8:40
    Cá está a Honey.
  • 8:40 - 8:42
    Está à espera que o mercado abra,
    um pouco impaciente.
  • 8:42 - 8:45
    De repente, o mercado abre.
    Esta é a escolha dela: uma ou duas uvas.
  • 8:45 - 8:47
    Podem ver que a Honey,
    muito boa economista de mercado,
  • 8:47 - 8:50
    vai ter com o vendedor que lhe dá mais.
  • 8:50 - 8:52
    Podia ensinar uma ou duas coisas
    aos nossos assessores financeiros.
  • 8:52 - 8:54
    Mas não é só a Honey,
  • 8:54 - 8:57
    a maioria dos macacos preferiram
    o vendedor que dava mais.
  • 8:57 - 8:59
    A maioria dos macacos preferia
    os vendedores com comida melhor.
  • 8:59 - 9:02
    Quando apresentámos saldos,
    vimos que os macacos prestaram atenção a isso.
  • 9:02 - 9:05
    Eles cuidavam do seu dinheiro de macaco.
  • 9:05 - 9:08
    O mais surpreendente foi que,
    quando colaborámos com economistas
  • 9:08 - 9:11
    para analisar os resultados dos macacos
    a utilizarem ferramentas económicas,
  • 9:11 - 9:14
    eles correspondiam, não só qualitativamente
  • 9:14 - 9:16
    mas também quantitativamente
    ao que observámos
  • 9:16 - 9:18
    nos seres humanos, num mercado real.
  • 9:18 - 9:20
    De tal forma que,
    se vissem os dados dos macacos,
  • 9:20 - 9:23
    não dava para perceber se tinham vindo
    de um macaco ou de uma pessoa no mesmo mercado.
  • 9:23 - 9:25
    Pensámos que tínhamos feito
  • 9:25 - 9:27
    como que introduzir uma coisa
  • 9:27 - 9:29
    que, pelo menos
    para os macacos e para nós,
  • 9:29 - 9:31
    funciona como um mercado financeiro real.
  • 9:31 - 9:34
    A questão é: será que os macacos começam
    a errar da mesma forma que nós?
  • 9:34 - 9:37
    Já vimos alguns sinais
    de que provavelmente sim.
  • 9:37 - 9:39
    Uma coisa que nunca vimos
    no mercado de macacos
  • 9:39 - 9:41
    foi qualquer indício de poupança,
  • 9:41 - 9:43
    tal como na nossa espécie.
  • 9:43 - 9:45
    Os macacos entraram no mercado,
    gastaram o seu orçamento na totalidade
  • 9:45 - 9:47
    e dopois voltaram para a colónia.
  • 9:47 - 9:49
    Outra coisa que também observámos
    espontaneamente,
  • 9:49 - 9:51
    vergonhosamente,
  • 9:51 - 9:53
    foram indícios de roubo.
  • 9:53 - 9:56
    Os macacos surripiavam as moedas
    em qualquer oportunidade,
  • 9:56 - 9:58
    uns aos outros, a nós,
  • 9:58 - 10:00
    coisas que não pensámos introduzir,
  • 10:00 - 10:02
    mas coisas que surgiram espontaneamente.
  • 10:02 - 10:04
    Pensámos que aquilo era mau.
  • 10:04 - 10:06
    Seria que os macacos
  • 10:06 - 10:09
    fazem exatamente as mesmas coisas estúpidas
    que as pessoas fazem?
  • 10:09 - 10:11
    Uma possibilidade é deixar
  • 10:11 - 10:13
    que o sistema financeiro dos macacos se desenvolva,
  • 10:13 - 10:15
    para ver se eles começam a pedir-nos
    ajudas financeiras daqui a uns anos.
  • 10:15 - 10:17
    Somos um pouco impacientes,
    por isso queríamos
  • 10:17 - 10:19
    apressar as coisas um bocadinho.
  • 10:19 - 10:21
    Então decidimos dar aos macacos
  • 10:21 - 10:23
    o mesmo tipo de problemas
  • 10:23 - 10:25
    em que as pessoas têm tendência para errar,
  • 10:25 - 10:27
    nalguns tipos de desafios económicos,
  • 10:27 - 10:29
    ou em certas experiências económicas.
  • 10:29 - 10:32
    Como a melhor forma de ver
    como as pessoas erram,
  • 10:32 - 10:34
    é fazermos nós próprios o mesmo erro,
  • 10:34 - 10:36
    vou apresentar-vos uma pequena experiência
  • 10:36 - 10:38
    para ver as vossas intuições financeiras em ação.
  • 10:38 - 10:40
    Imaginem que, neste momento,
  • 10:40 - 10:42
    dei a cada um de vocês mil dólares
  • 10:42 - 10:45
    — dez notas novinhas de cem dólares.
  • 10:45 - 10:47
    Ponham estas notas na carteira
  • 10:47 - 10:49
    e imaginem por momentos
    o que vão fazer com o dinheiro.
  • 10:49 - 10:51
    Porque agora é vosso.
    Podem comprar o que quiserem.
  • 10:51 - 10:53
    Doá-lo, gastá-lo, etc.
  • 10:53 - 10:56
    Parece excelente, mas há uma oportunidade
    de ganhar mais algum dinheiro.
  • 10:56 - 10:59
    E esta é a vossa escolha: podem arriscar.
  • 10:59 - 11:01
    Nesse caso, vou lançar ao ar
    esta moeda de macaco.
  • 11:01 - 11:03
    Se sair cara, ganham mais mil dólares,
  • 11:03 - 11:05
    se sair coroa, não ganham nada.
  • 11:05 - 11:08
    É uma possibilidade de ganhar mais,
    mas é bastante arriscada.
  • 11:08 - 11:11
    A outra opção é mais segura.
    Vão apenas receber mais dinheiro, de certeza.
  • 11:11 - 11:13
    Vou-vos dar simplesmente 500 dólares.
  • 11:13 - 11:16
    Podem enfiá-los na carteira
    e usá-los imediatamente.
  • 11:16 - 11:18
    Pensem um pouco qual é
    aqui a vossa intuição.
  • 11:18 - 11:21
    A maior parte das pessoas
    opta pela opção segura.
  • 11:21 - 11:24
    A maior parte das pessoas pensa:
    "Porquê arriscar, se posso obter 1500 dólares de certeza?
  • 11:24 - 11:26
    "Parece uma boa aposta. Vou optar por essa."
  • 11:26 - 11:28
    Podem dizer: "sso não é irracional.
  • 11:28 - 11:30
    "As pessoas não gostam de arriscar. E depois?"
  • 11:30 - 11:32
    Bem, o "e depois?" explica-se
    quando começamos a pensar
  • 11:32 - 11:34
    no mesmo problema explicado
    de uma forma um pouco diferente.
  • 11:34 - 11:36
  • 11:36 - 11:38
    Imaginem que eu dou a cada um 2000 dólares
  • 11:38 - 11:41
    — vinte notas novinhas de 100 dólares.
  • 11:41 - 11:43
    Podem comprar o dobro das coisas
    que podiam comprar antes.
  • 11:43 - 11:45
    Pensem no que sentiriam
    ao pôr esse dinheiro na carteira.
  • 11:45 - 11:47
    Agora imaginem
    que vão ter de fazer outra escolha.
  • 11:47 - 11:49
    Mas desta vez é um pouco pior.
  • 11:49 - 11:52
    Agora, vão decidir
    como preferem perder dinheiro,
  • 11:52 - 11:54
    mas vão ter de escolher
    entre as mesmas opções.
  • 11:54 - 11:56
    Podem escolher arriscar uma perda maior,
    eu lanço a moeda ao ar.
  • 11:56 - 11:59
    Se calhar cara, vão perder bastante,
  • 11:59 - 12:02
    se calhar coroa, não perdem nada,
    podem guardar tudo.
  • 12:02 - 12:05
    Ou podem jogar pelo seguro,
    o que significa que têm que ir à vossa carteira
  • 12:05 - 12:08
    e dar-me cinco dessas notas
    de 100 dólares.
  • 12:08 - 12:11
    Estou a ver muito sobrolho franzido por aí.
  • 12:11 - 12:13
    Por isso, talvez tenham a mesma intuição
  • 12:13 - 12:15
    que os indivíduos que foram testados,
  • 12:15 - 12:17
    quando lhes apresentam estas opções.
  • 12:17 - 12:19
    As pessoas não escolhem jogar pelo seguro,
  • 12:19 - 12:21
    têm tendência para arriscar um pouco.
  • 12:21 - 12:24
    Isto é irracional porque demos às pessoas,
    em ambas as situações,
  • 12:24 - 12:26
    a mesma escolha.
  • 12:26 - 12:29
    É uma probabilidade de 50%
    de obter 1000 ou 2000.
  • 12:29 - 12:31
    ou apenas 1500 dólares pelo seguro.
  • 12:31 - 12:34
    Mas as intuições das pessoas
    sobre o risco a tomar
  • 12:34 - 12:36
    depende da quantia com que começaram.
  • 12:36 - 12:38
    Então, o que é que se passa aqui?
  • 12:38 - 12:40
    Parece que é o resultado de,
    pelo menos, duas tendências
  • 12:40 - 12:43
    que temos a nível psicológico.
  • 12:43 - 12:46
    Uma é que temos dificuldade
    em pensar em termos absolutos.
  • 12:46 - 12:48
    Temos que trabalhar bastante para perceber
  • 12:48 - 12:50
    que uma opção é 1000 ou 2000
  • 12:50 - 12:52
    e a outra opção é 1500.
  • 12:52 - 12:55
    Pelo contrário, achamos muito fácil
    pensar em termos relativos
  • 12:55 - 12:58
    à medida que as opções se alteram
    de uma para a outra.
  • 12:58 - 13:01
    Aí pensamos em termos de "vou receber mais"
    ou "vou receber menos".
  • 13:01 - 13:03
    Isto está tudo muito bem,
  • 13:03 - 13:05
    excepto que as mudanças
    em direções diferentes
  • 13:05 - 13:07
    afetam o nosso pensamento
  • 13:07 - 13:09
    quanto as nossas opções serem boas ou não.
  • 13:09 - 13:11
    Isso leva à segunda tendência,
  • 13:11 - 13:13
    a que os economistas
    chamam "aversão à perda".
  • 13:13 - 13:16
    A ideia é que nós detestamos
    que o nosso saldo seja negativo.
  • 13:16 - 13:18
    Detestamos termos
    de perder algum dinheiro.
  • 13:18 - 13:20
    Isto significa que, às vezes,
  • 13:20 - 13:22
    mudamos as nossas preferências
    para evitar isso.
  • 13:22 - 13:24
    Observámos no segundo cenário
  • 13:24 - 13:26
    que os sujeitos arriscam mais
  • 13:26 - 13:29
    porque querem aquela pequena hipótese
    de não perderem nada.
  • 13:29 - 13:31
    Ou seja, quando estamos
    numa mentalidade de perda
  • 13:31 - 13:33
  • 13:33 - 13:35
    temos maior propensão para o risco,
  • 13:35 - 13:37
    o que pode ser muito preocupante.
  • 13:37 - 13:40
    Este tipo de coisas desenvolve-se
    negativamente de várias formas nas pessoas.
  • 13:40 - 13:43
    É por isso que os investidores da bolsa
    conservam ações em queda por mais tempo,
  • 13:43 - 13:45
    porque estão a avaliá-las em termos relativos.
  • 13:45 - 13:47
    É por isso que as pessoas no mercado imobiliário
    se recusam a vender a sua casa,
  • 13:47 - 13:49
    porque não querem perder dinheiro na venda.
  • 13:49 - 13:51
    A questão em que estávamos interessados
  • 13:51 - 13:53
    era se os macacos tinham as mesmas tendências.
  • 13:53 - 13:56
    Se estabelecêssemos os mesmos cenários
    no nosso mercado de macacos,
  • 13:56 - 13:58
    fariam eles as mesmas coisas que as pessoas?
  • 13:58 - 14:00
    Assim, demos aos macacos opções
  • 14:00 - 14:03
    entre vendedores que eram seguros
    — faziam sempre a mesma coisa —
  • 14:03 - 14:05
    ou vendedores que eram arriscados
  • 14:05 - 14:07
    — metade das vezes faziam
    as coisas de maneira diferente.
  • 14:07 - 14:09
    Mais ainda, demos-lhe opções
    que eram bónus
  • 14:09 - 14:11
    — como vocês fizeram no primeiro cenário —
  • 14:11 - 14:13
    portanto eles tinham oportunidade
    de ganhar mais,
  • 14:13 - 14:16
    ou opções em que eles sofriam perdas
  • 14:16 - 14:18
    — pensavam que iam receber mais
    do que realmente receberam.
  • 14:18 - 14:20
    O que acontece é isto.
  • 14:20 - 14:22
    Apresentámos aos macacos
    dois novos vendedores.
  • 14:22 - 14:24
    Os vendedores da esquerda e da direita
    começam ambos com uma uva,
  • 14:24 - 14:26
    por isso parece bastante bom.
  • 14:26 - 14:28
    Mas vão dar aos macacos um bónus.
  • 14:28 - 14:30
    O vendedor da esquerda dá um bónus seguro.
  • 14:30 - 14:33
    Adiciona sempre uma uva
    e dá ao macaco as duas.
  • 14:33 - 14:35
    O vendedor da direita
    dá um bónus arriscado.
  • 14:35 - 14:38
    Às vezes os macacos não recebem bónus
    — é um bónus zero.
  • 14:38 - 14:41
    Outras vezes, os macacos
    recebem duas uvas extra.
  • 14:41 - 14:43
    É um bónus grande, recebem três uvas.
  • 14:43 - 14:45
    É a mesma escolha que vocês enfrentaram.
  • 14:45 - 14:48
    Será que os macacos jogam pelo seguro
  • 14:48 - 14:50
    e compram ao vendedor que faz sempre
    a mesma coisa em cada transação?
  • 14:50 - 14:52
    Ou quererão arriscar
  • 14:52 - 14:54
    e tentar obter um bónus incerto mas grande,
  • 14:54 - 14:56
    mesmo com a possibilidade
    de não obter bónu nenhum?
  • 14:56 - 14:58
    As pessoas aqui jogaram pelo seguro.
  • 14:58 - 15:00
    Acontece que os macacos
    também jogam pelo seguro.
  • 15:00 - 15:02
    Qualitativa e quantitativamente,
  • 15:02 - 15:04
    escolhem exatamente
    da mesma forma que as pessoas,
  • 15:04 - 15:06
    quando testadas na mesma coisa.
  • 15:06 - 15:08
    Podem dize:
    "Talvez os macacos não gostem do risco.
  • 15:08 - 15:10
    "Talvez devêssemos ver
    como lidam com perdas".
  • 15:10 - 15:12
    Então, implementámos
    a segunda versão.
  • 15:12 - 15:14
    Agora, os macacos encontram
    dois vendedores
  • 15:14 - 15:16
    que não lhes dão bónus,
  • 15:16 - 15:18
    dão-lhes menos do que esperam.
  • 15:18 - 15:20
    Parece que começam
    com uma quantidade grande.
  • 15:20 - 15:22
    Começam com três uvas.
    Os macacos ficam entusiasmados com isso.
  • 15:22 - 15:25
    Mas depois aprendem que os vendedores
    lhes vão dar menos que o esperado.
  • 15:25 - 15:27
    O vendedor da esquerda é uma perda segura.
  • 15:27 - 15:30
    Retira sempre uma uva
  • 15:30 - 15:32
    e dá ao macaco apenas duas uvas.
  • 15:32 - 15:34
    O vendedor da direita
    é uma perda arriscada.
  • 15:34 - 15:37
    Umas vezes não há perda nenhuma,
    e os macacos ficam todos contentes,
  • 15:37 - 15:39
    mas às vezes ele provoca uma grande perda,
  • 15:39 - 15:41
    retirando duas, dando ao macaco
    apenas uma uva.
  • 15:41 - 15:43
    O que é que os macacos fazem?
  • 15:43 - 15:45
    De novo, a mesma escolha.
  • 15:45 - 15:48
    Podem jogar pelo seguro e receber sempre
    duas uvas de cada vez,
  • 15:48 - 15:51
    ou podem escolher a aposta arriscada
    e obter uma uva ou três.
  • 15:51 - 15:54
    A observação extraordinária é que,
    quando damos esta escolha aos macacos,
  • 15:54 - 15:56
    eles fazem a mesma coisa irracional
    que as pessoas fazem.
  • 15:56 - 15:58
    Têm maior propensão para arriscar,
  • 15:58 - 16:01
    dependendo da forma
    como os investigadores começaram.
  • 16:01 - 16:03
    Isto é de loucos porque sugere
    que os macacos
  • 16:03 - 16:05
    também estão a avaliar as coisas
    de forma relativa
  • 16:05 - 16:08
    e consideram as perdas
    de forma diferente dos ganhos.
  • 16:08 - 16:10
    O que significa isto tudo?
  • 16:10 - 16:12
    Primeiro, o que demonstrámos
  • 16:12 - 16:14
    é que podemos dar aos macacos
    um sistema financeiro,
  • 16:14 - 16:16
    e eles fazem coisas
    muito semelhantes com ele.
  • 16:16 - 16:18
    Fazem as mesmas coisas inteligentes
    que nós fazemos,
  • 16:18 - 16:20
    algumas das coisas menos agradáveis
    que nós fazemos,
  • 16:20 - 16:22
    como roubar, etc.
  • 16:22 - 16:24
    Mas também fazem coisas irracionais
    que nós fazemos.
  • 16:24 - 16:26
    Sistematicamente fazem os mesmos erros
  • 16:26 - 16:28
    e da mesma forma que nós os fazemos.
  • 16:28 - 16:30
    Esta é a primeira mensagem desta palestra.
  • 16:30 - 16:32
    Se no início disto pensaram:
  • 16:32 - 16:34
    "Vou para casa e vou contratar um macaco-prego
    para meu assessor financeiro.
  • 16:34 - 16:36
    "Eles são muito mais giros
    que os assessores do...
  • 16:36 - 16:38
    não façam isso.
  • 16:38 - 16:41
    Provavelmente, eles vão ser tão burros
    como a pessoa que têm agora.
  • 16:41 - 16:43
    Ou seja, bastante mau
    — peço imensa desculpa —
  • 16:43 - 16:45
    bastantemau para os investidores macacos.
  • 16:45 - 16:48
    Obviamente, vocês estão a rir-se
    porque também é mau para as pessoas.
  • 16:48 - 16:51
    Porque respondemos à questão
    com que começámos.
  • 16:51 - 16:53
    Queriamos saber de onde vêm
    este tipo de erros.
  • 16:53 - 16:55
    Começámos com a esperança
  • 16:55 - 16:57
    de talvez podermos ajustar
    as nossas instituições financeiras,
  • 16:57 - 17:00
    ajustar as nossas tecnologias
    para nos melhorarmos.
  • 17:00 - 17:03
    Mas o que aprendemos é que estas tendências
    podem ser mais profundas que isso.
  • 17:03 - 17:05
    De facto, podem ser devidas
    à própria natureza
  • 17:05 - 17:07
    da nossa história evolutiva.
  • 17:07 - 17:09
    Talvez não sejam só os seres humanos,
  • 17:09 - 17:11
    deste lado da cadeia de ignorância.
  • 17:11 - 17:13
    Talvez a cadeia seja ignorante
    desde o princípio.
  • 17:13 - 17:16
    Se acreditarmos nos resultados
    dos macacos-prego,
  • 17:16 - 17:18
    isso significa
    que estas estratégias ignorantes
  • 17:18 - 17:20
    poderão ter pelo menos 35 milhões de anos.
  • 17:20 - 17:22
    Isso é muito tempo
    para que uma estratégia muito velha
  • 17:22 - 17:25
    seja potencialmente alterada.
  • 17:25 - 17:27
    O que é que sabemos sobre
    outras estratégias como esta?
  • 17:27 - 17:30
    Uma coisa que sabemos é que elas são
    bastante difíceis de superar.
  • 17:30 - 17:32
    Por exemplo, pensem
    na nossa predileção evolutiva
  • 17:32 - 17:35
    por comer coisas doces,
    coisas cheias de gordura como "cheesecake".
  • 17:35 - 17:37
    Não conseguimos abandonar essa tendência.
  • 17:37 - 17:40
    Não conseguimos olhar para o carrinho de sobremesas e dizer: "Não, não, não. Isso parece-me nojento."
  • 17:40 - 17:42
    Pensamos de maneira diferente.
  • 17:42 - 17:44
    Vamos sempre olhar para sobremesas
    como uma coisa boa que tentamos obter.
  • 17:44 - 17:46
    A minha suposição é que o mesmo será verdade
  • 17:46 - 17:48
    quando os seres humanos consideram
  • 17:48 - 17:50
    diferentes decisões financeiras.
  • 17:50 - 17:52
    À medida que vemos as nossas acções
    precipitarem-se para o negativo,
  • 17:52 - 17:54
    quando vemos o preço da nossa casa
    descer vertiginosamente,
  • 17:54 - 17:56
    não vamos conseguir ver
    esses acontecimentos
  • 17:56 - 17:58
    senão sob a forma evolutiva.
  • 17:58 - 18:00
    Isto significa que as tendências
  • 18:00 - 18:02
    que levaram os investidores a perdas,
  • 18:02 - 18:04
    que levaram à crise hipotecária,
  • 18:04 - 18:06
    muito dificilmente vão ser superadas.
  • 18:06 - 18:08
    Tudo isto são más notícias.
    A questão é: há notícias boas?
  • 18:08 - 18:10
    Supostamente, eu estou aqui
    para vos dar boas notícias.
  • 18:10 - 18:12
    Penso que as boas notícias são
  • 18:12 - 18:14
    aquilo com que comecei a palestra,
  • 18:14 - 18:16
    ou seja, que os seres humanos
    não só são inteligentes,
  • 18:16 - 18:18
    como são mesmo
    inspiradoramente inteligentes
  • 18:18 - 18:21
    em relação ao resto dos animais
    do reino biológico.
  • 18:21 - 18:24
    Somos tão bons a superar
    as nossas limitações biológicas
  • 18:24 - 18:26
    — por exemplo, eu vim até aqui de avião,
  • 18:26 - 18:28
    mas não tive sequer
    que tentar bater as asas.
  • 18:28 - 18:31
    Estou a usar lentes de contacto
    para poder ver-vos a todos.
  • 18:31 - 18:34
    Não tenho que depender da minha miopia.
  • 18:34 - 18:36
    Temos todos estes exemplos
  • 18:36 - 18:39
    em que superámos
    as nossas limitações biológicas
  • 18:39 - 18:42
    através de tecnologia e outros meios,
    de forma relativamente fácil.
  • 18:42 - 18:45
    Mas temos que reconhecer
    que temos essas limitações.
  • 18:45 - 18:47
    E é este o problema.
  • 18:47 - 18:49
    Camus disse: "O Homem é a única espécie
  • 18:49 - 18:52
    "que se recusa a ser o que realmente é."
  • 18:52 - 18:54
    Mas a ironia é que só reconhecendo
    as nossas limitações
  • 18:56 - 18:58
    poderemos realmente superá-las.
  • 18:58 - 19:01
    A esperança é que todos pensemos
    nas nossas limitações,
  • 19:01 - 19:04
    não necessariamente como insuperáveis,
  • 19:04 - 19:06
    mas reconhecê-las, aceitá-las
  • 19:06 - 19:09
    e depois usar o mundo do "design"
    para as solucionar.
  • 19:09 - 19:12
    Essa poderá ser a única forma
    pela qual seremos capazes de alcançar
  • 19:12 - 19:14
    o nosso verdadeiro potencial humano
  • 19:14 - 19:17
    e ser a espécie nobre
    que todos esperamos ser.
  • 19:17 - 19:19
    Obrigada.
  • 19:19 - 19:24
    (Aplausos)
Title:
Uma economia de macacos tão irracional como a nossa
Speaker:
Laurie Santos
Description:

Laurie Santos investiga as raízes da irracionalidade humana observando a forma como os nossos parentes primatas tomam decisões. Uma série de experiências inteligentes em "macaconomia" mostra que algumas das escolhas tolas que fazemos, são também feitas pelos macacos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:25
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A monkey economy as irrational as ours
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A monkey economy as irrational as ours
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A monkey economy as irrational as ours
Inês Pereira added a translation

Portuguese subtitles

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