Vou começar a minha palestra
com duas observações
sobre a espécie humana.
Podem pensar que a primeira observação
é bastante óbvia,
e é que a nossa espécie, o Homo sapiens,
é, na verdade, muito, muito inteligente
— ou seja, ridiculamente inteligente —
do género, todos nós fazemos coisas
que nenhuma outra espécie
no planeta consegue fazer.
Claro que esta não é a primeira vez
que, provavelmente, se apercebem disto.
Para além de sermos inteligentes,
também somos uma espécie extremamente convencida.
Por isso gostamos de assinalar
o facto de sermos inteligentes.
Eu poderia recorrer a qualquer sábio,
de Shakespeare a Stephen Colbert,
para assinalar o facto de sermos
nobres em raciocínio
e infinitos em faculdades
e muito mais fantásticos
do que tudo no planeta,
no que toca a tudo o que seja cerebral.
Mas, claro, há uma segunda observação
sobre a espécie humana
em que me quero concentrar um pouco mais.
É o facto de que,
embora sejamos muito inteligentes,
os únicos inteligentes,
também podemos ser incrivelmente burros
no que toca a alguns aspetos
da tomada de decisões.
Já estou a ver muitos sorrisos
desconfortáveis por aí.
Não se preocupem, não vou apontar
ninguém em particular
nem quaisquer aspetos dos nossos erros.
Mas, obviamente, nos últimos dois anos,
temos visto exemplos sem precedente
da inépcia humana.
Temos observado como os instrumentos
que só nós construímos
para extrair os recursos
do nosso meio ambiente,
explodem à nossa frente.
Temos observado que os mercados financeiros
que só nós criamos
— mercados supostamente
à prova de falhas —
temos observado o seu colapso
diante dos nossos olhos.
Mas acho que estes
dois exemplos embaraçosos,
não realçam o que eu acho
que é mais vergonhoso
nos erros que os seres humanos fazem,
ou seja, gostarmos de pensar
que os erros que fazemos
são o resultado de indivíduos ineptos
ou de decisões tão más
que merecem ser incluídas no blogue FAIL.
Ao que parece, os cientistas sociais
estão a descobrir
que a maior parte de nós,
quando colocados em certos contextos,
fazemos erros muito específicos.
Os erros que fazemos são previsíveis.
Fazemo-los vezes sem conta.
São imunes a demonstrações e provas.
Mesmo após recebermos uma reação negativa,
quando voltamos a encontra-nos
em determinado contexto,
temos a tendência para fazer
os mesmos erros.
Isto tem sido um enigma
muito interessante para mim,
enquanto estudante da natureza humana.
O que me deixa mais curiosa é,
como é que uma espécie
tão inteligente como nós,
é capaz de erros
tão maus e tão consistentes, o tempo todo?
Nós somos a coisa mais inteligenteque há,
porque é que não conseguimos resolver isto?
De certa forma, de onde é
que vêm os nosso erros?
Como tenho pensado nisto há algum tempo,
vejo duas possibilidades.
Uma possibilidade é que,
de certa forma, a culpa não é nossa.
Como somos uma espécie inteligente,
podemos criar todos os tipos de ambientes
que são supmuito complicados,
por vezes, demasiado complicados
para podermos entendê-los,
embora os tenhamos criado.
Criamos mercados financeiros
que são muito complexos.
Criamos cláusulas hipotecárias
que não conseguimos gerir.
Claro que, se nos encontramos em ambientes
que não conseguimos gerir,
faz sentido que acabemos por fazer asneira.
Se isto fosse a verdade,
teríamos uma solução simples
para o problema dos erros humanos.
Simplesmente diríamos:
"OK, vamos perceber
"que tipo de tecnologias
não conseguimos entender,
"que tipos de ambientes são maus".
Livrávamo-nos deles,
construíamos melhor as coisas,
e seríamos a espécie digna
que esperamos ser.
Mas há uma outra possibilidade
que eu acho mais preocupante:
talvez não sejam os nossos ambientes
que sejam maus.
Talvez sejamos nós
que fomos mal construídos.
Esta é uma sugestão que me surgiu
ao observar o que os cientistas sociais
têm aprendido sobre os erros humanos.
Observamos que as pessoas têm tendência
para continuar a fazer erros
exatamente da mesma forma,
vezes sem conta.
Parece que talvez tenhamos sido construídos
para fazer erros de determinada forma.
Esta é uma possibilidade
que me preocupa mais
porque, se somos nós
que somos disfuncionais,
não é óbvio como lidar com isso.
Talvez tenhamos simplesmente de aceitar
o facto de sermos propensos a errar
e tentar construir as coisas em volta disso.
Esta é a questão a que os meus estudantes
e eu queremos dar resposta.
Como é que descobrimos a diferença
entre a primeira e a segunda possibilidades?
Precisamos de uma população
que seja inteligente,
que possa tomar muitas decisões,
mas que não tenha acesso a nenhum
dos sistemas que nós temos,
qualquer das coisas
que possivelmente nos confundem,
sem tecnologia humana,
sem cultura humana,
talvez mesmo sem linguagem humana.
Por isso, recorremos a estes tipos aqui.
Este é um dos indivíduos com quem trabalho.
É um macaco-prego.
São macacos do Novo Mundo,
o que significa que se separaram
do ramo humano,
há cerca de 35 milhões de anos.
Ou seja, os nossos antepassados,
há cerca de cinco milhões de gerações,
foram provavelmente os mesmos antepassados
cinco milhões de gerações pelo meio,
que os antepassados da Holly na fotografia.
Podem ficar tranquilos,
este indivíduo é muito afastado,
mas, evolutivamente, é um parente.
Felizmente, a Holly
não tem as mesmas tecnologias
que nós temos.
É uma criatura inteligente e esperta,
também é primata,
mas sem todas as coisas
que achamos que nos confundem.
Portanto, ela é o perfeito sujeito
da experiência.
Que acontecerá se pusermos a Holly
no mesmo contexto que os humanos?
Ela fará os mesmos erros que nós?
Será que ela aprende com esses erros?
Este é o tipo de coisas que decidimos fazer.
Os meus estudantes e eu ficámos
muito entusiasmados com isto há uns anos.
Dissemos: "Vamos colocar alguns problemas à Holly
"para ver se ela faz erros".
O primeiro problema é:
por onde começar?
Porque, para nós, é ótimo,
mas é mau para os seres humanos.
Nós fazemos muitos erros
em diversos contextos.
Por onde é que devíamos começar?
Como começámos este projeto
por altura do colapso financeiro,
na altura em que as hipotecas falidas
começaram a ser faladas nas notícias,
pensámos que talvez devêssemos
começar pelo domínio financeiro.
Talvez devêssemos estudar
as decisões económicas dos macacos
e ver se eles fazem o mesmo tipo
de coisas estúpidas que nós fazemos.
Foi nessa altura que surgiu
um segundo problema
— um pouco mais metodológico —
que é, não sei se sabem,
que os macacos não usam dinheiro.
Eu sei que não os conhecem.
Mas é por isso que não os encontramos
na fila atrás de nós
na mercearia ou no multibanco,
eles não fazem estas coisas.
Assim, deparámo-nos com um problema.
Como é que vamos falar
aos macacos sobre dinheiro
se eles não o utilizam?
Talvez devêssemos
ensinar os macacos a usar dinheiro.
Foi isso mesmo que fizemos.
Estão a ver aqui a primeira unidade,
tanto quanto sei,
de dinheiro não humano.
Não fomos muito criativos
quando começámos estas experiências,
por isso chamámos-lhe apenas "moeda".
Mas esta é a unidade monetária
que ensinámos aos macacos, em Yale,
para usar com os seres humanos,
para comprar diversas peças de comida.
Não parece muito
— de facto, não é grande coisa.
Tal como a maior parte do nosso dinheiro,
não passa de uma peça de metal.
Como sabemos, o dinheiro das viagens,
quando voltamos para casa, é inútil.
No início, era inútil para os macacos,
antes de eles se aperceberem
do que podiam fazer com ele.
Quando inicialmente lhes demos as moedas,
eles pegaram nelas, olharam para elas.
Eram coisas esquisitas.
Mas rapidamente, os macacos perceberam
que podiam dar estas moedas
a diversos seres humanos no laboratório,
em troca de comida.
Vemos aqui um dos nossos macacos,
a Mayday, a fazer isso.
Em A e B vemos a fase em que ela está
um pouco curiosa acerca destas coisas
— não sabe bem.
Está ali uma mão humana, à espera,
e a Mayday rapidamente percebe
que o ser humano quer aquilo.
Entrega-o e recebe comida.
Ao que parece, não é só a Mayday,
mas todos os nossos macacos se tornam excelentes
a trocar moedas com os vendedores humanos.
Este é um pequeno vídeo do que acontece.
Cá está a Mayday que vai trocar
uma moeda por comida,
espera contente e recebe a comida.
Aqui está o Felix, acho eu.
É o nosso macho alfa; é um tipo grande.
Mas também espera pacientemente,
recebe a comida e segue.
Os macacos tornam-se muito bons nisto.
São surpreendentemente bons nisto,
com muito pouco treino.
Mas permitimos que eles descobrissem isto
por eles próprios.
A questão é: será que isto é
uma coisa parecida com dinheiro humano?
Será isto um mercado,
ou será que fizemos um truque psicológico
ao conseguir pôr macacos a fazer uma coisa
que parece inteligente,
mas não o é na verdade?
Então pensámos no que fariam
os macacos, espontaneamente,
se esta fosse a sua moeda, se eles estivessem
a usar isto como dinheiro real?
Podemos imaginá-los
a fazer todo o tipo de coisas inteligentes
que as pessoas fazem quando começam
a trocar dinheiro uns com os outros.
Talvez comecem a prestar atenção a preços,
a prestar atenção a quanto compram,
a prestar atenção a quantas moedas têm...
Os macacos farão essas coisas?
Foi assim que nasceu
o nosso mercado para macacos.
Funciona da seguinte forma:
os nossos macacos normalmente vivem
num grande recinto como num jardim zoológico.
Quando sentem vontade de guloseimas,
permitimos que entrem
num recinto mais pequeno
onde podem entrar no mercado.
Quando entram no mercado
— é um mercado muito mais divertido para os macacos
do que a maior parte dos mercados humanos
porque logo que os macacos
entram pela porta do mercado,
recebem uma carteira grande
cheia de moedas
para poderem trocar as moedas
com um destes dois tipos aqui —
encontram dois vendedores humanos
a quem podem comprar coisas.
Os vendedores eram estudantes
do meu laboratório.
Vestiam-se de forma diferente,
eram pessoas diferentes.
Ao longo do tempo,
faziam sempre a mesma coisa
para os macacos poderem aprender,
quem vendia o quê e a que preço,
quem era fiável, quem não era, etc.
Podem ver que cada um dos investigadores
segura num pequeno prato amarelo
que é o que o macaco
pode obter por uma moeda.
Tudo custa uma moeda,
mas, como podem ver, às veze
as moedas podem comprar mais que outras vezes,
às vezes mais uvas que outras vezes.
Vou mostrar-vos um pequeno vídeo
sobre como funciona este mercado.
Isto é visto da altura de um macaco.
Eles são pequenos, por isso é pequeno.
Cá está a Honey.
Está à espera que o mercado abra,
um pouco impaciente.
De repente, o mercado abre.
Esta é a escolha dela: uma ou duas uvas.
Podem ver que a Honey,
muito boa economista de mercado,
vai ter com o vendedor que lhe dá mais.
Podia ensinar uma ou duas coisas
aos nossos assessores financeiros.
Mas não é só a Honey,
a maioria dos macacos preferiram
o vendedor que dava mais.
A maioria dos macacos preferia
os vendedores com comida melhor.
Quando apresentámos saldos,
vimos que os macacos prestaram atenção a isso.
Eles cuidavam do seu dinheiro de macaco.
O mais surpreendente foi que,
quando colaborámos com economistas
para analisar os resultados dos macacos
a utilizarem ferramentas económicas,
eles correspondiam, não só qualitativamente
mas também quantitativamente
ao que observámos
nos seres humanos, num mercado real.
De tal forma que,
se vissem os dados dos macacos,
não dava para perceber se tinham vindo
de um macaco ou de uma pessoa no mesmo mercado.
Pensámos que tínhamos feito
como que introduzir uma coisa
que, pelo menos
para os macacos e para nós,
funciona como um mercado financeiro real.
A questão é: será que os macacos começam
a errar da mesma forma que nós?
Já vimos alguns sinais
de que provavelmente sim.
Uma coisa que nunca vimos
no mercado de macacos
foi qualquer indício de poupança,
tal como na nossa espécie.
Os macacos entraram no mercado,
gastaram o seu orçamento na totalidade
e dopois voltaram para a colónia.
Outra coisa que também observámos
espontaneamente,
vergonhosamente,
foram indícios de roubo.
Os macacos surripiavam as moedas
em qualquer oportunidade,
uns aos outros, a nós,
coisas que não pensámos introduzir,
mas coisas que surgiram espontaneamente.
Pensámos que aquilo era mau.
Seria que os macacos
fazem exatamente as mesmas coisas estúpidas
que as pessoas fazem?
Uma possibilidade é deixar
que o sistema financeiro dos macacos se desenvolva,
para ver se eles começam a pedir-nos
ajudas financeiras daqui a uns anos.
Somos um pouco impacientes,
por isso queríamos
apressar as coisas um bocadinho.
Então decidimos dar aos macacos
o mesmo tipo de problemas
em que as pessoas têm tendência para errar,
nalguns tipos de desafios económicos,
ou em certas experiências económicas.
Como a melhor forma de ver
como as pessoas erram,
é fazermos nós próprios o mesmo erro,
vou apresentar-vos uma pequena experiência
para ver as vossas intuições financeiras em ação.
Imaginem que, neste momento,
dei a cada um de vocês mil dólares
— dez notas novinhas de cem dólares.
Ponham estas notas na carteira
e imaginem por momentos
o que vão fazer com o dinheiro.
Porque agora é vosso.
Podem comprar o que quiserem.
Doá-lo, gastá-lo, etc.
Parece excelente, mas há uma oportunidade
de ganhar mais algum dinheiro.
E esta é a vossa escolha: podem arriscar.
Nesse caso, vou lançar ao ar
esta moeda de macaco.
Se sair cara, ganham mais mil dólares,
se sair coroa, não ganham nada.
É uma possibilidade de ganhar mais,
mas é bastante arriscada.
A outra opção é mais segura.
Vão apenas receber mais dinheiro, de certeza.
Vou-vos dar simplesmente 500 dólares.
Podem enfiá-los na carteira
e usá-los imediatamente.
Pensem um pouco qual é
aqui a vossa intuição.
A maior parte das pessoas
opta pela opção segura.
A maior parte das pessoas pensa:
"Porquê arriscar, se posso obter 1500 dólares de certeza?
"Parece uma boa aposta. Vou optar por essa."
Podem dizer: "sso não é irracional.
"As pessoas não gostam de arriscar. E depois?"
Bem, o "e depois?" explica-se
quando começamos a pensar
no mesmo problema explicado
de uma forma um pouco diferente.
Imaginem que eu dou a cada um 2000 dólares
— vinte notas novinhas de 100 dólares.
Podem comprar o dobro das coisas
que podiam comprar antes.
Pensem no que sentiriam
ao pôr esse dinheiro na carteira.
Agora imaginem
que vão ter de fazer outra escolha.
Mas desta vez é um pouco pior.
Agora, vão decidir
como preferem perder dinheiro,
mas vão ter de escolher
entre as mesmas opções.
Podem escolher arriscar uma perda maior,
eu lanço a moeda ao ar.
Se calhar cara, vão perder bastante,
se calhar coroa, não perdem nada,
podem guardar tudo.
Ou podem jogar pelo seguro,
o que significa que têm que ir à vossa carteira
e dar-me cinco dessas notas
de 100 dólares.
Estou a ver muito sobrolho franzido por aí.
Por isso, talvez tenham a mesma intuição
que os indivíduos que foram testados,
quando lhes apresentam estas opções.
As pessoas não escolhem jogar pelo seguro,
têm tendência para arriscar um pouco.
Isto é irracional porque demos às pessoas,
em ambas as situações,
a mesma escolha.
É uma probabilidade de 50%
de obter 1000 ou 2000.
ou apenas 1500 dólares pelo seguro.
Mas as intuições das pessoas
sobre o risco a tomar
depende da quantia com que começaram.
Então, o que é que se passa aqui?
Parece que é o resultado de,
pelo menos, duas tendências
que temos a nível psicológico.
Uma é que temos dificuldade
em pensar em termos absolutos.
Temos que trabalhar bastante para perceber
que uma opção é 1000 ou 2000
e a outra opção é 1500.
Pelo contrário, achamos muito fácil
pensar em termos relativos
à medida que as opções se alteram
de uma para a outra.
Aí pensamos em termos de "vou receber mais"
ou "vou receber menos".
Isto está tudo muito bem,
excepto que as mudanças
em direções diferentes
afetam o nosso pensamento
quanto as nossas opções serem boas ou não.
Isso leva à segunda tendência,
a que os economistas
chamam "aversão à perda".
A ideia é que nós detestamos
que o nosso saldo seja negativo.
Detestamos termos
de perder algum dinheiro.
Isto significa que, às vezes,
mudamos as nossas preferências
para evitar isso.
Observámos no segundo cenário
que os sujeitos arriscam mais
porque querem aquela pequena hipótese
de não perderem nada.
Ou seja, quando estamos
numa mentalidade de perda
temos maior propensão para o risco,
o que pode ser muito preocupante.
Este tipo de coisas desenvolve-se
negativamente de várias formas nas pessoas.
É por isso que os investidores da bolsa
conservam ações em queda por mais tempo,
porque estão a avaliá-las em termos relativos.
É por isso que as pessoas no mercado imobiliário
se recusam a vender a sua casa,
porque não querem perder dinheiro na venda.
A questão em que estávamos interessados
era se os macacos tinham as mesmas tendências.
Se estabelecêssemos os mesmos cenários
no nosso mercado de macacos,
fariam eles as mesmas coisas que as pessoas?
Assim, demos aos macacos opções
entre vendedores que eram seguros
— faziam sempre a mesma coisa —
ou vendedores que eram arriscados
— metade das vezes faziam
as coisas de maneira diferente.
Mais ainda, demos-lhe opções
que eram bónus
— como vocês fizeram no primeiro cenário —
portanto eles tinham oportunidade
de ganhar mais,
ou opções em que eles sofriam perdas
— pensavam que iam receber mais
do que realmente receberam.
O que acontece é isto.
Apresentámos aos macacos
dois novos vendedores.
Os vendedores da esquerda e da direita
começam ambos com uma uva,
por isso parece bastante bom.
Mas vão dar aos macacos um bónus.
O vendedor da esquerda dá um bónus seguro.
Adiciona sempre uma uva
e dá ao macaco as duas.
O vendedor da direita
dá um bónus arriscado.
Às vezes os macacos não recebem bónus
— é um bónus zero.
Outras vezes, os macacos
recebem duas uvas extra.
É um bónus grande, recebem três uvas.
É a mesma escolha que vocês enfrentaram.
Será que os macacos jogam pelo seguro
e compram ao vendedor que faz sempre
a mesma coisa em cada transação?
Ou quererão arriscar
e tentar obter um bónus incerto mas grande,
mesmo com a possibilidade
de não obter bónu nenhum?
As pessoas aqui jogaram pelo seguro.
Acontece que os macacos
também jogam pelo seguro.
Qualitativa e quantitativamente,
escolhem exatamente
da mesma forma que as pessoas,
quando testadas na mesma coisa.
Podem dize:
"Talvez os macacos não gostem do risco.
"Talvez devêssemos ver
como lidam com perdas".
Então, implementámos
a segunda versão.
Agora, os macacos encontram
dois vendedores
que não lhes dão bónus,
dão-lhes menos do que esperam.
Parece que começam
com uma quantidade grande.
Começam com três uvas.
Os macacos ficam entusiasmados com isso.
Mas depois aprendem que os vendedores
lhes vão dar menos que o esperado.
O vendedor da esquerda é uma perda segura.
Retira sempre uma uva
e dá ao macaco apenas duas uvas.
O vendedor da direita
é uma perda arriscada.
Umas vezes não há perda nenhuma,
e os macacos ficam todos contentes,
mas às vezes ele provoca uma grande perda,
retirando duas, dando ao macaco
apenas uma uva.
O que é que os macacos fazem?
De novo, a mesma escolha.
Podem jogar pelo seguro e receber sempre
duas uvas de cada vez,
ou podem escolher a aposta arriscada
e obter uma uva ou três.
A observação extraordinária é que,
quando damos esta escolha aos macacos,
eles fazem a mesma coisa irracional
que as pessoas fazem.
Têm maior propensão para arriscar,
dependendo da forma
como os investigadores começaram.
Isto é de loucos porque sugere
que os macacos
também estão a avaliar as coisas
de forma relativa
e consideram as perdas
de forma diferente dos ganhos.
O que significa isto tudo?
Primeiro, o que demonstrámos
é que podemos dar aos macacos
um sistema financeiro,
e eles fazem coisas
muito semelhantes com ele.
Fazem as mesmas coisas inteligentes
que nós fazemos,
algumas das coisas menos agradáveis
que nós fazemos,
como roubar, etc.
Mas também fazem coisas irracionais
que nós fazemos.
Sistematicamente fazem os mesmos erros
e da mesma forma que nós os fazemos.
Esta é a primeira mensagem desta palestra.
Se no início disto pensaram:
"Vou para casa e vou contratar um macaco-prego
para meu assessor financeiro.
"Eles são muito mais giros
que os assessores do...
não façam isso.
Provavelmente, eles vão ser tão burros
como a pessoa que têm agora.
Ou seja, bastante mau
— peço imensa desculpa —
bastantemau para os investidores macacos.
Obviamente, vocês estão a rir-se
porque também é mau para as pessoas.
Porque respondemos à questão
com que começámos.
Queriamos saber de onde vêm
este tipo de erros.
Começámos com a esperança
de talvez podermos ajustar
as nossas instituições financeiras,
ajustar as nossas tecnologias
para nos melhorarmos.
Mas o que aprendemos é que estas tendências
podem ser mais profundas que isso.
De facto, podem ser devidas
à própria natureza
da nossa história evolutiva.
Talvez não sejam só os seres humanos,
deste lado da cadeia de ignorância.
Talvez a cadeia seja ignorante
desde o princípio.
Se acreditarmos nos resultados
dos macacos-prego,
isso significa
que estas estratégias ignorantes
poderão ter pelo menos 35 milhões de anos.
Isso é muito tempo
para que uma estratégia muito velha
seja potencialmente alterada.
O que é que sabemos sobre
outras estratégias como esta?
Uma coisa que sabemos é que elas são
bastante difíceis de superar.
Por exemplo, pensem
na nossa predileção evolutiva
por comer coisas doces,
coisas cheias de gordura como "cheesecake".
Não conseguimos abandonar essa tendência.
Não conseguimos olhar para o carrinho de sobremesas e dizer: "Não, não, não. Isso parece-me nojento."
Pensamos de maneira diferente.
Vamos sempre olhar para sobremesas
como uma coisa boa que tentamos obter.
A minha suposição é que o mesmo será verdade
quando os seres humanos consideram
diferentes decisões financeiras.
À medida que vemos as nossas acções
precipitarem-se para o negativo,
quando vemos o preço da nossa casa
descer vertiginosamente,
não vamos conseguir ver
esses acontecimentos
senão sob a forma evolutiva.
Isto significa que as tendências
que levaram os investidores a perdas,
que levaram à crise hipotecária,
muito dificilmente vão ser superadas.
Tudo isto são más notícias.
A questão é: há notícias boas?
Supostamente, eu estou aqui
para vos dar boas notícias.
Penso que as boas notícias são
aquilo com que comecei a palestra,
ou seja, que os seres humanos
não só são inteligentes,
como são mesmo
inspiradoramente inteligentes
em relação ao resto dos animais
do reino biológico.
Somos tão bons a superar
as nossas limitações biológicas
— por exemplo, eu vim até aqui de avião,
mas não tive sequer
que tentar bater as asas.
Estou a usar lentes de contacto
para poder ver-vos a todos.
Não tenho que depender da minha miopia.
Temos todos estes exemplos
em que superámos
as nossas limitações biológicas
através de tecnologia e outros meios,
de forma relativamente fácil.
Mas temos que reconhecer
que temos essas limitações.
E é este o problema.
Camus disse: "O Homem é a única espécie
"que se recusa a ser o que realmente é."
Mas a ironia é que só reconhecendo
as nossas limitações
poderemos realmente superá-las.
A esperança é que todos pensemos
nas nossas limitações,
não necessariamente como insuperáveis,
mas reconhecê-las, aceitá-las
e depois usar o mundo do "design"
para as solucionar.
Essa poderá ser a única forma
pela qual seremos capazes de alcançar
o nosso verdadeiro potencial humano
e ser a espécie nobre
que todos esperamos ser.
Obrigada.
(Aplausos)