< Return to Video

A conquista de novas palavras | John Koenig | TEDxBerkeley

  • 0:20 - 0:22
    Obrigado pela presença,
  • 0:22 - 0:24
    e por suportarem um X vermelho enorme
  • 0:24 - 0:26
    que vocês verão por três dias.
  • 0:27 - 0:28
    (Risos)
  • 0:28 - 0:30
    Falarei sobre o significado das palavras.
  • 0:31 - 0:33
    Sobre como as definimos,
  • 0:33 - 0:37
    e como, em troca, elas nos definem.
  • 0:38 - 0:41
    A língua inglesa é uma esponja incrível.
  • 0:41 - 0:43
    Eu amo o inglês, fico feliz em falá-lo.
  • 0:43 - 0:47
    Acho que todos vocês
    também têm sorte em falá-lo.
  • 0:48 - 0:50
    Mas ele tem muitos buracos.
  • 0:51 - 0:53
    Em grego há uma palavra: "lachesism",
  • 0:53 - 0:57
    que é o apetite pelo desastre.
  • 0:57 - 1:01
    Como quando vemos
    uma tempestade surgindo no céu
  • 1:01 - 1:04
    e ficamos torcendo por ela.
  • 1:05 - 1:07
    Em mandarim, há a palavra: "yù yī"...
  • 1:07 - 1:09
    não sei se a falei corretamente,
  • 1:09 - 1:12
    mas ela significa o desejo
    de sentir de novo e intensamente
  • 1:12 - 1:15
    o mesmo que se sentia quando criança.
  • 1:16 - 1:19
    Em polonês, há a palavra: "jouska",
  • 1:19 - 1:23
    que é aquela conversa hipotética
  • 1:23 - 1:25
    que mantemos compulsivamente
    em nossa mente.
  • 1:27 - 1:30
    E por fim, em alemão...
    claro que em alemão,
  • 1:30 - 1:33
    há a palavra: "Zielschmerz",
  • 1:33 - 1:36
    que é o pavor de conseguir
    o que queremos.
  • 1:36 - 1:39
    (Risos)
  • 1:41 - 1:43
    De finalmente realizar um sonho.
  • 1:44 - 1:48
    Eu sou alemão, então
    sei bem como é sentir isso.
  • 1:48 - 1:52
    Não sei se normalmente usaria
    alguma dessas palavras,
  • 1:52 - 1:54
    mas fico muito feliz que elas existam.
  • 1:54 - 1:57
    Mas o único motivo que elas existam
    é que eu as inventei.
  • 1:58 - 2:01
    Sou o autor de "The Dictionary
    of Obscure Sorrows",
  • 2:01 - 2:05
    que tenho escrito nos últimos sete anos.
  • 2:07 - 2:10
    A missão de todo o projeto
  • 2:10 - 2:14
    é encontrar os buracos
    na linguagem das emoções
  • 2:14 - 2:16
    e tentar preenchê-los,
  • 2:16 - 2:19
    para podermos falar
    sobre todos os pequenos pecados
  • 2:19 - 2:23
    e caprichos da condição humana,
  • 2:23 - 2:25
    que todos sentimos,
    mas que talvez não conversemos,
  • 2:25 - 2:28
    porque não temos as palavras.
  • 2:29 - 2:33
    Tudo começou quando assistia
    aos créditos do "Saturday Night Live",
  • 2:33 - 2:37
    e fui atingido pela mais linda
    e assombrosa melancolia.
  • 2:37 - 2:40
    Se um dia vocês ficarem
    acordados até tarde,
  • 2:40 - 2:43
    eu diria para vocês assistirem
    aos créditos do SNL.
  • 2:44 - 2:49
    Então eu decidi tentar
    definir aquela emoção.
  • 2:49 - 2:52
    E no meio desse projeto,
  • 2:52 - 2:53
    eu defini "sonder",
  • 2:53 - 2:57
    que é a ideia que todos temos
    de nós mesmos como protagonistas,
  • 2:57 - 2:59
    e os outros como meros figurantes.
  • 2:59 - 3:02
    Mas, na verdade,
    todos somos protagonistas,
  • 3:02 - 3:05
    e nós mesmos somos figurantes
    na história de outra pessoa.
  • 3:06 - 3:09
    Assim que publiquei isso,
  • 3:09 - 3:11
    recebi muitas respostas
    de pessoas dizendo:
  • 3:12 - 3:16
    "Obrigado por dar uma voz
    para algo que senti toda a minha vida,
  • 3:16 - 3:19
    mas para o qual não tinha palavras".
  • 3:19 - 3:21
    Isso as fez se sentirem menos sós.
  • 3:21 - 3:24
    Este é o poder das palavras,
  • 3:24 - 3:27
    fazer com que nos sintamos menos sós.
  • 3:28 - 3:29
    E não muito tempo depois,
  • 3:29 - 3:35
    observei "sonder" sendo usada
    em conversas on-line.
  • 3:36 - 3:37
    E um pouco depois disso,
  • 3:37 - 3:42
    eu a escutei em uma conversa
    acontecendo perto de mim.
  • 3:42 - 3:44
    É a sensação mais estranha,
    inventar uma palavra
  • 3:44 - 3:49
    e depois vê-la ganhar uma vida própria.
  • 3:49 - 3:51
    Não tenho uma palavra para isso... ainda.
  • 3:51 - 3:52
    (Risos)
  • 3:52 - 3:54
    Estou trabalhando nisso.
  • 3:54 - 3:58
    Eu comecei a pensar
    sobre o que faz as palavras existirem,
  • 3:58 - 4:02
    porque o que eu mais recebo
    de comentários das pessoas é:
  • 4:02 - 4:05
    "Essas palavras são inventadas?
    Eu realmente não entendo".
  • 4:05 - 4:07
    Eu não sabia mesmo o que falar,
  • 4:07 - 4:09
    pois assim que "sonder" se espalhou,
  • 4:09 - 4:13
    quem era eu para dizer quais palavras
    existiam, e quais não?
  • 4:13 - 4:17
    Eu me senti quase como Steve Jobs,
    que descreveu sua epifania
  • 4:17 - 4:20
    como quando ele percebeu
    que a maioria de nós
  • 4:20 - 4:23
    apenas tenta evitar
    bater muito contra os muros
  • 4:23 - 4:27
    e continuar com as coisas como estão.
  • 4:27 - 4:30
    Mas assim que percebemos que as pessoas...
  • 4:31 - 4:35
    que esse mundo foi construído
    por pessoas não mais espertas que nós,
  • 4:35 - 4:37
    então podemos alcançar
    e tocar esses muros,
  • 4:37 - 4:38
    e até atravessá-los com as mãos
  • 4:38 - 4:42
    e perceber que temos
    o poder de transformar.
  • 4:43 - 4:44
    É incrível.
  • 4:45 - 4:47
    Então...
  • 4:48 - 4:51
    aquilo mudou a forma
    como eu olhava para as palavras,
  • 4:51 - 4:53
    e o que as faziam existir.
  • 4:53 - 4:56
    E quando me perguntavam:
    "Essas palavras existem?"
  • 4:56 - 4:58
    Eu tentei várias respostas.
  • 4:58 - 5:00
    Algumas fizeram sentido. Outras não.
  • 5:00 - 5:02
    Uma que tentei foi:
  • 5:02 - 5:05
    "Uma palavra existe
    se você quiser que ela exista".
  • 5:05 - 5:08
    Do mesmo modo que este caminho existe
  • 5:08 - 5:11
    porque as pessoas querem que exista.
  • 5:11 - 5:12
    (Risos)
  • 5:12 - 5:15
    Isso acontece sempre no campus.
    É chamado: "caminho do desejo".
  • 5:15 - 5:17
    (Risos)
  • 5:17 - 5:20
    Línguas são um reflexo do desejo,
  • 5:20 - 5:22
    algo que as pessoas querem que esteja lá.
  • 5:22 - 5:26
    Pode não ser a estrada mais viajada,
    mas ela levará para onde se quer.
  • 5:26 - 5:30
    Mas essa não é uma boa resposta,
    então eu desisti dela.
  • 5:32 - 5:37
    Então decidi que o que as pessoas
    estavam mesmo me perguntando era:
  • 5:38 - 5:42
    "A quantos cérebros isso me dará acesso?"
  • 5:42 - 5:45
    Porque acho que é assim
    que olhamos a linguagem.
  • 5:45 - 5:48
    Uma palavra é essencialmente uma chave
  • 5:48 - 5:51
    que nos leva ao cérebro
    de algumas pessoas.
  • 5:51 - 5:54
    Se nos leva só a um cérebro,
  • 5:54 - 5:57
    ela não merece ser conhecida.
  • 5:57 - 5:59
    Dois cérebros... Depende de quem seja.
  • 5:59 - 6:02
    Um milhão de cérebros...
    Certo, agora estamos conversando.
  • 6:02 - 6:09
    Então, uma palavra que existe
    é a que dá acesso ao máximo de cérebros.
  • 6:09 - 6:12
    É isso que lhe dá valor.
  • 6:12 - 6:16
    Para constar, por essa medida,
    a palavra mais real é esta:
  • 6:16 - 6:17
    [O.K.]
  • 6:18 - 6:20
    Esta é a palavra mais real que temos.
  • 6:20 - 6:23
    O mais próximo que temos
    de uma chave mestra.
  • 6:23 - 6:27
    É a palavra mais compreendida no mundo,
    onde quer que estejamos.
  • 6:27 - 6:31
    O único problema é que ninguém sabe
    o que essas duas letras significam.
  • 6:31 - 6:33
    (Risos)
  • 6:33 - 6:35
    O que é bem estranho, não é?
  • 6:35 - 6:39
    Pode ser uma forma errada
    de "all correct".
  • 6:39 - 6:41
    Ou "old kinderhook". Ninguém sabe.
  • 6:41 - 6:44
    Mas o fato disso não ser importante
  • 6:44 - 6:47
    diz algo sobre como atribuímos
    significado às palavras.
  • 6:47 - 6:50
    O significado não está nas palavras em si.
  • 6:51 - 6:54
    Somos nós que nos colocamos nele.
  • 6:54 - 6:59
    E acho que, quando buscamos
    um significado em nossas vidas
  • 6:59 - 7:02
    e o significado da vida,
  • 7:02 - 7:05
    acho que as palavras têm
    uma participação nisso.
  • 7:05 - 7:08
    E acho que, se procuramos
    pelo significado de algo,
  • 7:08 - 7:10
    o dicionário é um bom lugar para começar.
  • 7:13 - 7:18
    Assisti a uma entrevista
    com o teólogo Reza Aslan.
  • 7:18 - 7:23
    Ele descrevia um erro
    que muitos têm sobre a religião.
  • 7:23 - 7:26
    Ele disse que uma religião
  • 7:28 - 7:30
    é basicamente um conjunto
    de símbolos e metáforas
  • 7:30 - 7:33
    no qual as pessoas se colocam
  • 7:33 - 7:36
    para tentar exprimir algo inexprimível.
  • 7:36 - 7:39
    Religião é essencialmente uma linguagem.
  • 7:39 - 7:43
    Ela é uma caixa para qualquer significado
    que trouxermos a ela.
  • 7:44 - 7:47
    Isso me fez pensar...
  • 7:47 - 7:50
    E se a linguagem fosse
    um tipo de religião?
  • 7:51 - 7:54
    Isso significaria que isto seria
    basicamente nosso livro sagrado.
  • 7:56 - 8:01
    E se pensarmos na história da criação,
    ela é como uma história da definição.
  • 8:02 - 8:06
    No começo, havia o caos
    sobre as águas da Terra,
  • 8:06 - 8:08
    e então Deus separou a terra do mar,
  • 8:08 - 8:11
    os peixes dos pássaros, o homem da mulher,
  • 8:11 - 8:13
    o eterno do efêmero.
  • 8:13 - 8:15
    Tudo isso está nestas páginas.
  • 8:15 - 8:17
    Isso é o que uma definição é.
  • 8:17 - 8:21
    Então, se procuramos
    um significado no mundo,
  • 8:22 - 8:25
    essa é nossa fé, o nosso livro sagrado.
  • 8:25 - 8:29
    Porque a realidade
    e o objetivo desse livro sagrado,
  • 8:29 - 8:31
    e acho que o objetivo
    de todos livros sagrados,
  • 8:31 - 8:34
    é trazer um sentimento de ordem
  • 8:34 - 8:37
    para um universo muito caótico.
  • 8:37 - 8:40
    Nossa visão das coisas é tão limitada,
  • 8:40 - 8:45
    e o universo é tão complicado,
  • 8:45 - 8:48
    que temos que pensar
    em padrões e simplificações
  • 8:48 - 8:50
    e descobrir um modo de interpretá-lo
  • 8:50 - 8:52
    e poder continuar com nossas vidas.
  • 8:55 - 8:59
    É para isso que precisamos das palavras:
    para dar significado a nossas vidas.
  • 8:59 - 9:00
    Mais que isso,
  • 9:00 - 9:04
    precisamos de palavras
    que nos encaixem e nos definam.
  • 9:04 - 9:08
    Acho que é assim que usamos
    as palavras hoje.
  • 9:09 - 9:13
    Estamos como que implorando
    para sermos definidos.
  • 9:13 - 9:16
    E acho que especialmente hoje,
    com a tecnologia e a globalização,
  • 9:16 - 9:18
    é muito fácil nos perdermos na neblina.
  • 9:18 - 9:21
    De certo modo,
    cada um de nós é indefinido,
  • 9:21 - 9:24
    e o mundo está se tornando
    cada vez mais indefinido.
  • 9:24 - 9:30
    Então, acho que muitas das estruturas
    que procuramos para nos encaixar
  • 9:30 - 9:31
    se parecem com isto.
  • 9:34 - 9:36
    Tanto no sentido de "cerquilha"
    como de "hashtag".
  • 9:38 - 9:40
    Elas tentam nos encaixotar,
  • 9:40 - 9:45
    e dizem para procurarmos
    por certas entradas e categorias
  • 9:45 - 9:47
    e dizer: "Sim, este sou eu".
  • 9:47 - 9:51
    O que fazemos é olhar os outros
    e dizer: "Você é como eu...
  • 9:51 - 9:54
    Então, somos um 'nós'".
  • 9:55 - 9:57
    E isso nos dá um significado.
  • 9:57 - 9:59
    É um modo de emprestar significados.
  • 9:59 - 10:05
    O problema é que muito disso
    depende de instituições,
  • 10:06 - 10:08
    e há tantos como nós hoje,
  • 10:08 - 10:10
    e a vida está tão complicada e caótica,
  • 10:11 - 10:14
    que precisamos nos murar.
  • 10:14 - 10:17
    Estamos nos tornando
    fundamentalistas em nossas fés.
  • 10:17 - 10:18
    Literalistas.
  • 10:19 - 10:22
    Porque todos nós sentimos
    essas categorias desabando.
  • 10:22 - 10:25
    Já perceberam quantas
    de nossas conversas hoje
  • 10:25 - 10:28
    são sobre definições de palavras?
  • 10:28 - 10:32
    Não sei quantas vezes já vi
    uma conversa no Huffington Post
  • 10:32 - 10:35
    que começa com: "Você é feminista?"
  • 10:35 - 10:37
    "O que significa 'feminista'?"
  • 10:37 - 10:40
    "Quem nessa discussão
    é o verdadeiro progressista?"
  • 10:40 - 10:42
    "O que 'socialista' significa?"
  • 10:42 - 10:43
    "Quem é um 'fascista'?"
  • 10:45 - 10:46
    "Quem é uma 'mulher'?"
  • 10:47 - 10:48
    Caitlyn Jenner.
  • 10:48 - 10:50
    Quem é 'negro'?" Rachel Dolezal.
  • 10:50 - 10:53
    São o tipo de conversas
    que temos a toda hora,
  • 10:53 - 10:56
    mas elas não são sobre significados.
  • 10:56 - 10:59
    São sobre como empacotamos o mundo.
  • 10:59 - 11:01
    Então, acho que como resultado
  • 11:01 - 11:04
    nós acabamos nos parecendo com isto,
  • 11:04 - 11:07
    quando deixamos as palavras nos definirem.
  • 11:08 - 11:11
    Esquecemos que todas
    as palavras são inventadas,
  • 11:11 - 11:15
    que elas são apenas modelos
    de como o mundo poderia ou deveria ser.
  • 11:15 - 11:19
    Então, todos nos recolhemos
    em nossas comunidades de interesse,
  • 11:19 - 11:21
    falando nossas próprias línguas,
  • 11:22 - 11:27
    mas, na verdade, o mundo é mais que isso.
  • 11:27 - 11:29
    Acho que todos sentimos
  • 11:29 - 11:32
    que as categorias que usamos
    para dar significado a nossas vidas,
  • 11:33 - 11:36
    não necessariamente cabem bem em nós.
  • 11:37 - 11:40
    Então, temos que explicar aos outros:
  • 11:40 - 11:42
    "Sim, eu concordo com isso,
  • 11:42 - 11:45
    mas isso não me define".
  • 11:45 - 11:46
    Devemos repetir isso sempre
  • 11:46 - 11:52
    e negociar como cabemos
    nas categorias que temos.
  • 11:54 - 11:57
    Acho que muitos de nós
    se sentem encaixotados
  • 11:57 - 11:59
    pela forma que usamos as palavras.
  • 11:59 - 12:01
    Esquecemos que palavras são inventadas.
  • 12:01 - 12:04
    Não apenas minhas palavras.
    Todas palavras são inventadas.
  • 12:04 - 12:06
    Mas nem todas têm significado.
  • 12:07 - 12:10
    Então, acho que gostaria...
  • 12:12 - 12:17
    Quando penso onde estamos hoje,
    penso em Anne Frank.
  • 12:17 - 12:21
    Porque ela estava em Amsterdam,
    em seu pequeno apartamento,
  • 12:21 - 12:24
    em uma época em que todos à sua volta
  • 12:24 - 12:27
    tentavam organizar a humanidade
    de forma que fizesse sentido,
  • 12:27 - 12:30
    com linhas claras e uma eficiência brutal.
  • 12:30 - 12:34
    E ela estava em seu interior,
    organizando sua própria humanidade.
  • 12:34 - 12:36
    Acho que há algo muito belo nisso,
  • 12:36 - 12:40
    porque muita coisa era
    sobre sua própria confusão
  • 12:40 - 12:42
    e sua própria vulnerabilidade.
  • 12:42 - 12:45
    E acho que é por isso que precisamos
    de um novo tipo de linguagem,
  • 12:46 - 12:48
    mais parecida com isto.
  • 12:48 - 12:51
    Porque cada um de nós
    poderia ser qualquer pessoa.
  • 12:51 - 12:53
    A todo momento, não somos só uma pessoa,
  • 12:53 - 12:56
    somos muitos de uma só vez.
  • 12:56 - 13:01
    Então, devemos nos alinhar mais
    com como o mundo é de verdade,
  • 13:01 - 13:06
    e não nos prendermos muito aos modelos
    que nós impusemos ao mundo.
  • 13:07 - 13:11
    O GPS costuma avisar...
  • 13:11 - 13:15
    lembrar que o mapa que você vê
    não é o mundo real.
  • 13:15 - 13:17
    Então não caia no lago.
  • 13:17 - 13:18
    (Risos)
  • 13:19 - 13:23
    Acho que precisamos desse lembrete
    de que o mapa não é o mundo real,
  • 13:23 - 13:26
    então, se nos depararmos
    com esses problemas,
  • 13:27 - 13:29
    temos a opção de definir
    as coisas por nós mesmos.
  • 13:29 - 13:34
    Não temos só a opção
    de pegar emprestado os significados
  • 13:34 - 13:36
    que dão significados a nossas vidas.
  • 13:37 - 13:38
    É possível,
  • 13:38 - 13:41
    e sei disso porque o tenho feito
    nos últimos sete anos,
  • 13:41 - 13:43
    pensar em novas metáforas
  • 13:43 - 13:46
    que tornem o invisível visível.
  • 13:46 - 13:48
    Há algo realmente belo nisso.
  • 13:49 - 13:53
    E acho que se conseguíssemos
    nos relacionar melhor com o caos,
  • 13:54 - 14:00
    se parássemos de tentar simplificar demais
  • 14:00 - 14:03
    a tempestade interior que todos encaramos,
  • 14:03 - 14:06
    e a confusão e vulnerabilidade,
  • 14:06 - 14:08
    e o quanto o mundo é de fato complicado,
  • 14:08 - 14:11
    então nos sentiríamos
    mais confortáveis em nossa pele,
  • 14:11 - 14:13
    e não precisaríamos nos retirar
  • 14:13 - 14:16
    para categorias
    que permitimos nos definir.
  • 14:16 - 14:19
    E poderíamos reconquistar
    o poder de nossas palavras
  • 14:19 - 14:21
    e defini-las.
  • 14:21 - 14:24
    Acho que essa é uma relação mais saudável.
  • 14:24 - 14:28
    Não sei quantas conversas
    seriam beneficiadas se alguém...
  • 14:28 - 14:30
    Como o jogo "Tabu",
  • 14:30 - 14:34
    em que você recebe um tópico
    sobre o qual conversar,
  • 14:34 - 14:36
    e o desafio é não dizer aquela palavra.
  • 14:36 - 14:40
    Acho que se todos fizéssemos isso,
    seríamos um pouco melhores.
  • 14:41 - 14:44
    Porque isso permitiria
    uma certa fluidez lexical
  • 14:44 - 14:46
    que acho que estamos perdendo.
  • 14:46 - 14:50
    Estamos como que presos
    em nossos próprios léxicos,
  • 14:50 - 14:55
    que não correspondem necessariamente
    com quem já não é como nós.
  • 14:55 - 15:00
    Então me parece que estamos nos separando
    um pouco mais a cada ano,
  • 15:00 - 15:02
    quanto mais levamos as palavras a sério.
  • 15:04 - 15:07
    Porque lembremos:
    as palavras não são reais.
  • 15:08 - 15:10
    Elas não têm um significado. Nós temos.
  • 15:10 - 15:12
    É importante nos lembrarmos disso.
  • 15:12 - 15:16
    Se adquirirmos um senso
    de criatividade e autoria
  • 15:16 - 15:18
    para inventar quem somos,
  • 15:19 - 15:20
    isto é possível.
  • 15:20 - 15:26
    É possível tentar buscar
    metáforas mais ricas.
  • 15:26 - 15:28
    Esse mundo nunca foi tão complicado,
  • 15:28 - 15:31
    e nossas vidas nunca foram
    tão complicadas quanto elas são hoje.
  • 15:31 - 15:36
    Então, em vez de buscar
    o mundo padronizado mais próximo,
  • 15:36 - 15:39
    ou implorar para ser
    diagnosticado com alguma coisa,
  • 15:39 - 15:42
    vale mais estar de fato presente,
  • 15:42 - 15:44
    na tristeza, por exemplo.
  • 15:44 - 15:46
    No caos da emoção.
  • 15:46 - 15:48
    Acho que isso vale a pena.
  • 15:48 - 15:51
    Acho que precisamos de novas lentes
  • 15:51 - 15:55
    que ajudem a contextualizar o caos
    que encaramos todo o tempo.
  • 15:55 - 15:57
    E se fizermos isto,
  • 15:57 - 16:01
    se cada um estiver disposto
    a de fato definir o que é isto que somos
  • 16:01 - 16:03
    com algum senso de criatividade,
  • 16:04 - 16:06
    acho que o mundo poderia
    se parecer mais com isto.
  • 16:07 - 16:09
    Uma boa bagunça.
  • 16:09 - 16:11
    Acho que somos mesmo uma bagunça,
  • 16:11 - 16:14
    e o mundo é mesmo uma bagunça.
  • 16:14 - 16:16
    E acho que não seria tão ruim
  • 16:16 - 16:20
    sairmos dessas instituições,
    que nos enfraquecem a toda hora,
  • 16:20 - 16:22
    e encontrarmos um ao outro como somos,
  • 16:22 - 16:24
    em nossas vulnerabilidades,
  • 16:24 - 16:27
    levando nossas emoções em nossas mangas.
  • 16:28 - 16:29
    E eu acho que,
  • 16:30 - 16:31
    seja a bagunça que for,
  • 16:32 - 16:37
    seria uma pouco mais
    recompensador fazer isso.
  • 16:37 - 16:41
    Gostaria de encerrar lendo
  • 16:41 - 16:43
    um dos meus filósofos favoritos.
  • 16:43 - 16:46
    Bill Watterson, o criador
    de "Calvin e Haroldo".
  • 16:46 - 16:47
    Ele diz:
  • 16:48 - 16:52
    "Criar uma vida que reflita
    seus valores e satisfaça sua alma
  • 16:52 - 16:53
    é um sucesso raro.
  • 16:53 - 16:56
    Inventar seu próprio
    significado para a vida
  • 16:56 - 16:57
    não é fácil,
  • 16:57 - 16:59
    mas ainda é algo permitido,
  • 16:59 - 17:02
    e acho que você será
    mais feliz pelo incômodo".
  • 17:02 - 17:03
    Obrigado.
  • 17:03 - 17:06
    (Aplausos)
Title:
A conquista de novas palavras | John Koenig | TEDxBerkeley
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Criador de "The Dictionary of Obscure Sorrows", John Koenig desbrava as regiões não exploradas da mente humana. Ele retorna com palavras que dão forma a nossos pensamentos mais obscuros, contudo bem familiares. Nesta palestra ele destaca nossa coexistência passiva com as palavras e nos desafia a embarcar em uma conquista para reclamar de volta a linguagem escrita e a experiência humana.

John passou a última década se estabelecendo em cada campo criativo que ele pôde encontrar: designer gráfico, editor de vídeo, dublador, ilustrador, fotógrafo, diretor e escritor. Nos últimos sete anos, escreve "The Dictionary of Obscure Sorrows", um dicionário original de neologismos que preenchem os espaços vazios da linguagem com centenas de novos termos para emoções. Alguns desses, como "sonder", entraram imediatamente na linguagem corrente. Seus escritos foram publicados em incontáveis tatuagens, romances e nomes de bandas. Mas nunca em papel, apesar de estar trabalhando neste momento em uma adaptação para livro.

"Koenig é um escritor ao qual devemos prestar atenção. Enormemente criativo, ele compreende o poder, a força vital e o aspecto lúdico da tristeza. O 'Dictionary' é algo que você quer ter impresso e sempre junto, e consultar constantemente." (Business Standard)

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:10
  • http://meucantonomundo.com/dicionario-de-sentimentos-indefiniveis/

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions