As virtudes dos mexericos | Richard Weiner | TEDxMiami

Richard Weiner acredita que os mexericos têm muitos benefícios para o mexeriqueiro, para o ouvinte, para o grupo e para a sociedade, e está apostado em destruir os mitos comuns sobre o mexerico.

Richard Weiner é autor de 23 livros, incluindo o Novo Dicionário Mundial dos "Media" e Comunicações, da Webster, que se encontra nas principais bibliotecas de todo o mundo, e o Guia dos Profissionais para os Serviços de Relações Públicas, um manual em muitas faculdades.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

Tenho uns mexericos para vos contar.

Levante a mão quem gosta de mexericar.

(Gritos)

Oh, vejo muitas pessoas corajosas.

Terrífico!

Pensam que os mexericos
são conversas idiotas e ociosas?

Acham que mexericar é pecado?

Pensam que os mexericos
são prejudiciais, hostis?

Acham que os mexericos
são sobretudo sobre celebridades?

Qual é a vossa opinião sobre Miley Cyrus?

(Risos)

Se responderam "sim",

vou destruir esses mitos comuns
sobre os mexericos.

Eu sei que as principais religiões
proíbem ou desaconselham os mexericos.

É um paradoxo que quase
toda a gente use mexericos.

Felizmente, os mexericos
beneficiam quem mexerica,

quem ouve, o grupo e a sociedade.

Na minha carreira nos "media"
e nas relações públicas,

aprendi o valor dos mexericos.

Escrevi 23 livros,

incluindo o Novo Dicionário Mundial
dos "Media" e Comunicações, da Webster.

(Aplausos)

Obrigado.

(Aplausos)

Também escrevi sob o nome
de Stephen King.

(Risos)

A maior parte dos dicionários
define "mexerico"

com palavras como "conversa informal",

"conversa fiada", "boatos".

"Conversa fiada"? Não gosto disso.

A minha definição é esta:

"Mexerico" é uma conversa,
escrita ou falada,

sobre a vida privada de outras pessoas.

(Risos)

Normalmente, crítico,

o mexerico proporciona, sobretudo,
um barómetro moral.

Muitos dicionários comparam
os mexericos a boatos.

Mas há uma diferença enorme.

Os mexericos, normalmente,
têm uma origem identificável.

Os boatos, normalmente, não têm.

Os mexericos, normalmente,
têm uma base de verdade.

Os boatos, normalmente, são falsos.

Atualmente, estamos numa fase
de explosão de mexericos.

Há mais de mil milhões de pessoas
a mexericar no Facebook e noutros blogues,

a mexericar pessoalmente, a falar,

e em mensagens por telemóvel
e outros meios de comunicação.

Cientistas, no mundo inteiro,
estudam o como e o porquê dos mexericos.

Já mexericávamos muito antes dos blogues,
da TV, dos jornais e das revistas.

Os homens das cavernas precisavam
dos mexericos para sobreviverem.

Os homens das cavernas usavam
os mexericos para encontrar amigos,

para evitarem os inimigos

e localizarem os melhores locais
para caçarem e para se protegerem.

"O que é que se passa
com a mulher da caverna ao lado?"

(Risos)

As redes sociais existem

desde que as primeiras aldeias

descobriram interesses comuns
com os vizinhos.

As redes sociais "online"
são as novas tribos.

Quando quatro psicólogos
da Universidade da Califórnia, Berkeley,

relataram recentemente que os mexericos
têm benefícios importantes,

os "media" de todo o mundo
carregaram no botão "gosto".

Em experiências,

os estudantes foram ligados
a monitores do ritmo cardíaco,

para medir os efeitos dos mexericos.

Foi uma notícia de primeira página,

porque contradizia a crença
há muito defendida

de que os mexericos são maus.

Toda a gente mexerica.

É tão natural que nem
nos apercebemos disso.

(Risos)

Metade da nossa conversa
é mexerico.

Não há hipótese de os evitar.

Mexericamos sobretudo
sobre pessoas que conhecemos.

Só uma pequena parte
é sobre pessoas famosas,

é nelas que se concentram os "media".

A maior parte dos mexericos
são positivos ou neutros.

Os mexericos sobre celebridades
são mais negativos.

Os mexericos reduzem o "stress",

aumentam o amor próprio,

(Risos)

reforçam a amizade.

(Risos)

São tudo dados dos psicólogos
da Universidade da Califórnia

que o relatam numa revista científica.

Alimentam o mercado de ações,

influenciam as eleições,

e alteram a forma como vemos
as pessoas e como nos vemos.

Crianças apenas com seis meses
avaliam o carácter

e detetam diferenças
entre um comportamento bom e mau.

Começamos a mexericar
logo depois de aprendermos a falar.

Antigamente, as mulheres eram
associadas aos mexericos,

mas os homens mexericam
tanto como as mulheres,

(Aplausos)

embora de forma diferente
e em locais diferentes.

Os homens mexericam mais sobre pessoas

associadas ao desporto,
à política e ao sexo.

A progesterona é uma hormona
nas mulheres

que reduz a ansiedade
e reforça a amizade.

Quando mexericam,

as mulheres têm um nível
ligeiramente mais elevado

de progesterona do que quem não mexerica,

isto também vem numa revista científica.

Os cientistas andam a estudar
o fluxo acrescido das hormonas do prazer

durante os mexericos

e a identificar locais específicos
no cérebro, associados ao mexerico

e a hormonas específicas:

a dopamina, a oxitocina, a serotonina.

A oxitocina aumenta a satisfação,
a generosidade, a empatia e a confiança,

tudo componentes potenciais
dos mexericos.

Os mexeriqueiros ativos
têm um cérebro maior, é verdade.

(Risos)

Os indivíduos com grandes redes sociais,

os mexeriqueiros,

têm uma área do córtex pré-frontal
ligeiramente maior.

Os mexericos prosperam
nas pequenas cidades e nas áreas isoladas.

Muitas vezes, nos países totalitários,
os mexericos são mais verdadeiros

do que as informações do governo.

No nosso país, o mexerico
é uma forma de vida,

nas irmandades universitárias,

nos aquartelamentos militares,

nos lares de idosos e nas prisões.

É uma linguagem fácil de usar

com pessoas de estilo de vida
e interesses semelhantes,

como vizinhos, atletas,
estudantes e operários.

É uma forma de transmitir
informações pessoais

rigorosa, eficaz e agradavelmente.

E eis uma surpresa:

há empresas que proíbem
os mexericos nos seus escritórios.

Na maior parte, são pequenas empresas.

Estudos recentes indicam o prejuízo
criado pelas regras anti mexericos.

Há uns 60 anos,

o mexeriqueiro número um dos EUA
era Walter Winchell.

Tinha uma coluna de mexericos
em mais de mil revistas.

As suas audiências na rádio e na TV

eram maiores do que
em qualquer programa de hoje.

Hoje, a Paris Hilton, a Gorka, a TMZ

e outros "media" digitais
transmitem mexericos sobre celebridades

todo o dia e toda a noite,
para todo o mundo.

Também importantes
são as revistas de mexericos,

como a People, a Star, a Us
e muitas, muitas outras,

e os tabloides dos supermercados,
como o National Enquirer.

A minha missão hoje

é tentar convencer-vos
que os mexericos têm muitos benefícios.

Possivelmente, há outros animais
que mexericam:

os chimpanzés e talvez os golfinhos.

Defendo três pontos.

Um: os mexericos são bons;
por isso passem palavra.

(Risos)

Dois: sintam-se à vontade
para serem mexeriqueiros.

(Risos)

Três: não critiquem outros mexeriqueiros.

(Risos)

(Aplausos)

Obrigado e boa noite.

(Risos)

Agora, a sério.

Levante a mão quem é mexeriqueiro.

(Risos)

Parece-me que vejo mais mãos
agora do que há bocado.

(Risos)

A propósito, já ouviram dizer que...

(Aplausos)