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Uma célula solar orgânica imprimível e flexível

  • 0:02 - 0:06
    Vocês devem ter notado que estou
    usando dois pés de sapatos diferentes.
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    Parece estranho...
  • 0:08 - 0:10
    Sem dúvida, é estranho...
  • 0:10 - 0:12
    Mas isso foi de propósito.
  • 0:13 - 0:17
    Vamos dizer que o pé esquerdo
    corresponda a uma pegada sustentável,
  • 0:17 - 0:20
    ou seja, que nós humanos
    consumimos menos recursos naturais
  • 0:20 - 0:22
    do que nosso planeta consegue regenerar,
  • 0:22 - 0:27
    e emitimos menos dióxido de carbono que
    florestas e oceanos conseguem reabsorver.
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    É uma situação estável e saudável.
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    A situação atual se assemelha
    mais ao outro pé de sapato.
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    É grande demais para o pé.
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    No dia 2 de agosto de 2017,
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    já havíamos consumido todos os recursos
    que o planeta consegue regenerar este ano.
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    É como gastar todo o seu dinheiro
    até o dia 18 do mês,
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    e depois precisar de um empréstimo
    bancário pra cobrir o restante.
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    Sem dúvida dá pra fazer isso
    durante alguns meses,
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    mas, se seu comportamento não mudar,
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    mais cedo ou mais tarde
    você vai ter sérios problemas.
  • 0:59 - 1:04
    Todos conhecemos os efeitos devastadores
    dessa exploração excessiva:
  • 1:04 - 1:05
    aquecimento global,
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    aumento do nível do mar,
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    derretimento das calotas e do gelo polar,
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    padrões climáticos cada vez
    mais extremos, e por aí vai.
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    A imensidão desse problema
    me deixa realmente frustrada.
  • 1:18 - 1:22
    E o que me frustra ainda mais
    é saber que a solução existe,
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    mas continuamos com
    as mesmas práticas de sempre.
  • 1:25 - 1:28
    Hoje quero compartilhar
    como uma nova tecnologia solar
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    pode contribuir para um futuro
    sustentável para as construções.
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    Edifícios consomem cerca de 40% do total
    da nossa demanda energética.
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    Resolver esse consumo
    reduziria significativamente
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    nossas emissões climáticas.
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    Um edifício projetado
    com princípios sustentáveis
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    pode produzir toda a energia
    de que precisa sozinho.
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    Para tanto,
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    precisamos primeiro
    reduzir o consumo ao máximo,
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    utilizando, por exemplo,
    paredes ou janelas bem isoladas.
  • 1:55 - 1:57
    Essas tecnologias já estão
    disponíveis no mercado.
  • 1:58 - 2:00
    Depois, é preciso energia
    para aquecer a água e o ambiente.
  • 2:01 - 2:04
    É possível obter isso do Sol,
    de forma sustentável,
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    usando instalações termossolares,
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    ou do chão ou do ar, com bombas térmicas.
  • 2:08 - 2:10
    Todas essas tecnologias estão disponíveis.
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    Depois, vem a necessidade
    de energia elétrica.
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    Em princípio, há diversas formas
    de se obter eletricidade sustentável,
  • 2:18 - 2:21
    mas quantos edifícios vocês conhecem
    com um cata-vento no telhado
  • 2:21 - 2:23
    ou uma usina hidrelétrica no jardim?
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    Provavelmente não muitos,
    porque em geral isso não é viável.
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    Mas o Sol fornece energia abundante
    às nossas fachadas e telhados.
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    O potencial para coletar essa energia
    na superfície dos edifícios é enorme.
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    Tomemos a Europa como exemplo.
  • 2:39 - 2:43
    Se fossem utilizadas todas as áreas
    orientadas adequadamente para o Sol,
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    e que não sejam sombreadas demais,
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    a energia gerada por fotovoltaicas
  • 2:48 - 2:52
    corresponderia a cerca de 30%
    da nossa demanda total de energia.
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    Mas as fotovoltaicas de hoje
    apresentam alguns problemas.
  • 2:56 - 2:58
    Elas até possuem um bom custo-benefício,
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    mas não são muito flexíveis
    em termos de design,
  • 3:01 - 3:03
    o que faz da estética um desafio.
  • 3:03 - 3:06
    Geralmente as pessoas imaginam isso
  • 3:06 - 3:08
    quando pensam em células
    solares em construções.
  • 3:08 - 3:10
    Talvez funcione para fazendas solares,
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    mas, quando se trata de edifícios,
    de ruas, de arquitetura,
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    a estética é importante.
  • 3:16 - 3:20
    É por isso que hoje em dia não vemos
    muitas células solares nas construções.
  • 3:20 - 3:21
    Elas não combinam.
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    Nossa equipe está trabalhando
    numa tecnologia totalmente diferente,
  • 3:26 - 3:30
    chamada fotovoltaicas orgânicas, ou OPV.
  • 3:30 - 3:31
    A palavra "orgânicas" significa
  • 3:31 - 3:35
    que o material utilizado para a absorção
    da luz e transporte de cargas elétricas
  • 3:35 - 3:39
    tem como base principalmente
    o carbono, em vez de metais.
  • 3:39 - 3:42
    Utilizamos a mistura de um polímero
  • 3:42 - 3:45
    feito de diferentes unidades repetidas,
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    como as pérolas num colar,
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    e uma pequena molécula
    com a forma de uma bola de futebol,
  • 3:50 - 3:51
    chamada fulereno.
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    Esses dois componentes são misturados
    e dissolvidos para formarem uma tinta.
  • 3:56 - 3:58
    E, como a tinta,
  • 3:58 - 4:02
    eles podem ser impressos com técnicas
    simples como revestimento por "slot-die"
  • 4:02 - 4:06
    num processo contínuo "roll-to-roll"
    em substratos flexíveis.
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    A fina camada resultante é a camada ativa,
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    que absorve a energia do Sol.
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    Essa camada ativa é extremamente efetiva.
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    É necessária uma camada
    de apenas 0.2 micrômetros de espessura
  • 4:19 - 4:21
    para absorver a energia solar.
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    Isso é 100 vezes mais fino
    do que um fio de cabelo humano.
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    Para dar outro exemplo,
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    peguem um quilo do polímero básico
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    e usem-no para elaborar a tinta ativa.
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    Com essa quantidade de tinta,
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    podemos imprimir uma célula solar
    do tamanho de um campo de futebol.
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    Assim, o OPV é um material
    extremamente eficiente,
  • 4:43 - 4:46
    o qual considero crucial
    quando se fala em sustentabilidade.
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    Depois do processo de impressão,
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    podemos obter um módulo solar
    que pode ser como este aqui.
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    Parece um pouco um filme plástico,
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    e de fato possui muitas
    de suas características.
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    É leve...
  • 5:00 - 5:02
    É flexível...
  • 5:02 - 5:04
    e é semitransparente.
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    Mas ele pode coletar a energia do Sol
    em ambiente externo, e desta luz interna,
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    como podem ver
    neste pequeno LED iluminado.
  • 5:15 - 5:17
    Podemos usá-lo em sua forma plástica
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    e explorar sua leveza e sua flexibilidade.
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    O primeiro é importante em construções
    em regiões mais quentes.
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    Ali, os telhados não são feitos
    para aguentar peso extra.
  • 5:29 - 5:32
    Não são projetados,
    por exemplo, para aguentar a neve,
  • 5:32 - 5:36
    assim, células solares pesadas de silicone
    não podem ser usadas para coletar luz,
  • 5:36 - 5:40
    mas esses filmes solares leves
    são muito bem adequados.
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    A flexibilidade é importante
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    quando se conjuga a célula solar
    com estruturas arquitetônicas de membrana.
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    Imaginem as conchas da Ópera de Sydney
    como uma central de energia.
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    Além disso, podemos
    combinar os filmes solares
  • 5:53 - 5:56
    com materiais de construção
    convencionais, como o vidro.
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    Muitas fachadas de vidro
    contêm uma película
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    para criar vidro de segurança laminado.
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    Adicionar um segundo filme
    no processo de produção não é problema,
  • 6:05 - 6:08
    mas, nesse caso, a fachada
    incorpora a célula solar
  • 6:08 - 6:10
    e pode produzir eletricidade.
  • 6:11 - 6:13
    Além de ficar bonito,
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    essas células solares integradas
    trazem mais dois benefícios importantes.
  • 6:18 - 6:21
    Vocês se lembram da célula solar
    que mostrei no telhado?
  • 6:21 - 6:24
    Naquele caso, instala-se
    primeiro o telhado
  • 6:24 - 6:26
    e, numa segunda camada, a célula solar.
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    Isso aumenta o custo da instalação.
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    No caso das células solares integradas,
  • 6:31 - 6:34
    no momento da construção
    apenas um elemento é instalado,
  • 6:34 - 6:37
    que é, ao mesmo tempo,
    o revestimento do edifício
  • 6:37 - 6:38
    e a célula solar.
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    Além de economizar
    nos custos da instalação,
  • 6:41 - 6:43
    isso também economiza recursos,
  • 6:43 - 6:46
    porque as duas funções
    se combinam num só elemento.
  • 6:46 - 6:48
    Mais cedo, falei sobre ótica.
  • 6:48 - 6:50
    Gosto demais deste painel solar...
  • 6:50 - 6:54
    talvez vocês tenham um gosto
    ou demandas de design diferentes...
  • 6:54 - 6:55
    Tudo bem.
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    Com o processo de impressão,
  • 6:57 - 7:01
    a célula solar pode mudar
    a forma e o design facilmente.
  • 7:02 - 7:04
    Isso oferece flexibilidade a arquitetos,
  • 7:04 - 7:06
    a gestores e proprietários de imóveis,
  • 7:06 - 7:10
    para integrarem essa tecnologia
    produtora de eletricidade como quiserem.
  • 7:15 - 7:19
    Quero enfatizar que isso não está
    acontecendo só nos laboratórios.
  • 7:19 - 7:21
    Ainda vai levar muitos anos
    para ser adotada em massa,
  • 7:21 - 7:24
    mas estamos na iminência
    da comercialização,
  • 7:25 - 7:28
    o que significa que há muitas empresas
    por aí com linhas de produção.
  • 7:29 - 7:33
    Elas estão aumentando sua capacidade
    e nós também, com as tintas.
  • 7:37 - 7:38
    (Sapato cai)
  • 7:41 - 7:44
    Essa pegada menor
    é muito mais confortável.
  • 7:44 - 7:45
    (Risos)
  • 7:45 - 7:48
    É o tamanho certo, a escala apropriada.
  • 7:48 - 7:52
    Temos de voltar à dimensão apropriada
    quando se trata do consumo de energia.
  • 7:53 - 7:56
    E construir edifícios neutros
    em carbono é algo importante.
  • 7:56 - 7:57
    Na Europa,
  • 7:57 - 8:01
    temos o objetivo de descarbonizar
    nosso parque imobiliário até 2050.
  • 8:01 - 8:05
    Espero que fotovoltaicas orgânicas
    sejam uma parte importante disso.
  • 8:06 - 8:08
    Eis aqui alguns exemplos.
  • 8:08 - 8:13
    Esta é a primeira instalação comercial
    de células solares orgânicas impressas.
  • 8:13 - 8:17
    "Comercial" significa que as células
    foram impressas em equipamento industrial.
  • 8:18 - 8:21
    As chamadas "árvores solares"
    foram integradas ao pavilhão alemão
  • 8:21 - 8:24
    na World Expo, em Milão, em 2015.
  • 8:25 - 8:27
    Elas forneciam sombra durante o dia
  • 8:27 - 8:29
    e eletricidade para a iluminação à noite.
  • 8:30 - 8:33
    Vocês devem estar se perguntando
    por que elas têm essa forma hexagonal.
  • 8:34 - 8:35
    Resposta fácil:
  • 8:35 - 8:38
    os arquitetos queriam ter
    um padrão específico de sombra no chão
  • 8:38 - 8:40
    e pediram essa forma,
  • 8:40 - 8:42
    motivo pelo qual ela foi impressa assim.
  • 8:42 - 8:44
    Ainda longe de ser um produto real,
  • 8:44 - 8:48
    essa instalação de forma livre cativou
    a imaginação dos arquitetos visitantes
  • 8:48 - 8:50
    muito mais do que esperávamos.
  • 8:50 - 8:53
    A próxima aplicação
    é mais próxima dos projetos
  • 8:53 - 8:55
    e dos usos que estamos visando.
  • 8:55 - 8:58
    Num edifício de escritórios em São Paulo,
  • 8:58 - 9:02
    painéis de OPV semitransparentes
    se integram à fachada de vidro,
  • 9:02 - 9:03
    atendendo a diferentes necessidades.
  • 9:04 - 9:07
    Primeiro, eles fornecem
    sombra para as salas atrás deles.
  • 9:07 - 9:12
    Segundo, o logotipo da empresa
    é mostrado numa forma inovadora.
  • 9:13 - 9:15
    E, claro, eletricidade é produzida,
  • 9:15 - 9:17
    reduzindo a pegada de energia do prédio.
  • 9:18 - 9:19
    Isso é uma amostra do futuro,
  • 9:19 - 9:22
    quando os edifícios,
    em vez de consumirem energia,
  • 9:22 - 9:24
    vão fornecer energia.
  • 9:24 - 9:27
    Quero ver células solares
    perfeitamente integradas
  • 9:27 - 9:29
    no exterior de nossas construções,
  • 9:29 - 9:32
    e que sejam tanto ecoeficientes
    quanto aprazíveis ao olhar.
  • 9:33 - 9:37
    Para telhados, as células solares
    de silicone sempre serão uma boa solução.
  • 9:37 - 9:42
    Mas para explorar o potencial
    de fachadas e outras áreas,
  • 9:42 - 9:44
    tais como áreas semitransparentes,
  • 9:44 - 9:47
    superfícies curvadas e sombras,
  • 9:47 - 9:52
    acredito que as fotovoltaicas orgânicas
    ofereçam uma contribuição relevante,
  • 9:52 - 9:57
    e elas podem ser feitas na forma
    que os arquitetos e gestores quiserem.
  • 9:57 - 9:58
    Obrigada.
  • 9:58 - 10:00
    (Aplausos)
Title:
Uma célula solar orgânica imprimível e flexível
Speaker:
Hannah Bürckstümmer
Description:

Diferente das células solares que estamos acostumados a ver, as fotovoltaicas orgânicas são feitas de compostos solúveis em tinta e podem ser impressas e moldadas usando técnicas simples. O resultado é uma película leve, flexível e transparente que transforma a energia do Sol em eletricidade. Hannah Bürckstümmer nos mostra como elas são feitas -- e como elas podem mudar a forma como geramos energia para o mundo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
10:15

Portuguese, Brazilian subtitles

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