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Religiões são boas ou ruins? (É uma pegadinha)

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    As pessoas debatem religião o tempo todo.
  • 0:05 - 0:06
    (Risos)
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    O grande Christopher Hitchens,
    recentemente falecido,
  • 0:09 - 0:10
    escreveu um livro
  • 0:10 - 0:14
    chamado "Deus Não É Grande:
    Como a Religião Envenena tudo."
  • 0:14 - 0:15
    (Risos)
  • 0:15 - 0:19
    Mas no mês passado, na revista Time,
  • 0:19 - 0:23
    o rabino David Wolpe, considerado
    por muitos o rabino da América,
  • 0:23 - 0:28
    disse, para compensar
    essa caracterização negativa,
  • 0:28 - 0:31
    que nenhuma forma
    importante de mudança social
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    pode ser implantada
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    a não ser por meio
    de uma religião organizada.
  • 0:35 - 0:37
    Agora, observações como essa,
  • 0:37 - 0:40
    tanto negativas quanto positivas
    ocorrem há muito tempo.
  • 0:40 - 0:43
    Eu tenho uma aqui no meu bolso
  • 0:43 - 0:48
    do primeiro século A.C., por Lucrécio,
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    o autor de "Sobre a Natureza
    das Coisas", que disse,
  • 0:51 - 0:55
    "Tantum religio potuit suadere malorum."
  • 0:55 - 0:58
    Eu deveria ter dado conta
    de decorar isso... (Risos) —
  • 0:58 - 1:01
    que é, "Eis o quanto a religião
  • 1:01 - 1:03
    é capaz de persuadir
    as pessoas a fazerem o mal",
  • 1:03 - 1:05
    e ele estava falando sobre o fato
  • 1:05 - 1:08
    de Agamenon ter decidido pôr sua filha
  • 1:08 - 1:10
    Efigênia num altar de sacrifício
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    para conseguir a bênção para seu exército.
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    E houveram longos debates
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    através dos séculos,
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    nesse caso, podemos dizer
    até milênios, sobre religião.
  • 1:20 - 1:22
    Muito foi dito sobre o assunto,
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    incluindo coisas boas,
    ruins e até indiferentes.
  • 1:26 - 1:28
    Eu quero tentar convencê-los, hoje,
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    de uma ideia muito simples:
  • 1:31 - 1:35
    a de que esses debates são,
    de certa forma, ridículos.
  • 1:35 - 1:38
    Porque não existe essa coisa de religião
  • 1:38 - 1:40
    para que afirmem sobre ela.
  • 1:40 - 1:42
    Não existe uma coisa chamada religião,
  • 1:42 - 1:46
    portanto, ela não pode ser boa ou ruim.
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    Nem indiferente ela pode ser.
  • 1:48 - 1:51
    E se pensarem a respeito de afirmações
  • 1:51 - 1:54
    sobre a inexistência de coisas,
  • 1:54 - 1:56
    um jeito de tentar estabelecer
  • 1:56 - 1:59
    a inexistência de uma coisa
  • 1:59 - 2:01
    seria apresentar uma definição
    para essa coisa
  • 2:01 - 2:05
    e então ver se essa definição
    pode ser satisfeita.
  • 2:05 - 2:08
    Eu vou começar por esse caminho.
  • 2:08 - 2:12
    Se olharmos no dicionário,
    e pensarmos bem,
  • 2:12 - 2:15
    uma boa definição para religião
  • 2:15 - 2:20
    seria dizer que ela envolve
    a crença em deuses ou seres espirituais.
  • 2:20 - 2:23
    Muitos dicionários a usam,
    mas também a encontramos
  • 2:23 - 2:26
    nos trabalhos de Sir Edward Tylor,
  • 2:26 - 2:28
    o primeiro professor
    de antropologia de Oxford,
  • 2:28 - 2:30
    e um dos primeiros antropólogos modernos.
  • 2:30 - 2:33
    Em seu livro sobre culturas primitivas,
  • 2:33 - 2:36
    ele diz que a religião
    baseia-se no "animismo",
  • 2:36 - 2:39
    que é a crença em ação espiritual,
    a crença em espíritos.
  • 2:39 - 2:42
    O primeiro problema para essa definição
  • 2:42 - 2:44
    vem do recente romance
    "Tuff", de Paul Beatty.
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    Um homem está conversando com um rabino,
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    O rabino diz que não acredita em Deus.
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    O homem diz: "Você é um rabino,
    como pode não acreditar em Deus?!"
  • 2:52 - 2:55
    E a resposta é:
    "Por isso que é tão legal ser judeu!
  • 2:55 - 2:59
    Não é necessário acreditar
    em um deus, só em ser judeu." (Risos)
  • 2:59 - 3:02
    Então, se esse cara era um rabino judeu,
  • 3:02 - 3:05
    e se é preciso acreditar
    em um deus para ser religioso,
  • 3:05 - 3:08
    então chegamos à conclusão contraintuitiva
  • 3:08 - 3:12
    de que se é possível
    ser um rabino sem acreditar em Deus,
  • 3:12 - 3:15
    o judaísmo não é uma religião!
  • 3:15 - 3:18
    Esse parece um pensamento bem estranho.
  • 3:18 - 3:21
    Vamos ver outro argumento
    contra essa visão.
  • 3:21 - 3:25
    Um amigo meu indiano,
    quando criança, foi até o avô e disse:
  • 3:25 - 3:28
    "Eu quero conversar sobre religião."
  • 3:28 - 3:32
    O avô respondeu: "Você é muito novo.
    Volte quando for um adolescente."
  • 3:32 - 3:36
    Então ele voltou quando era adolescente,
    e disse para o avô:
  • 3:36 - 3:38
    "Acho que é tarde agora,
  • 3:38 - 3:40
    porque eu descobri
    que não acredito nos deuses".
  • 3:40 - 3:43
    E o avô dele, que era
    um homem sábio, disse:
  • 3:43 - 3:47
    "Ah, então você pertence ao ramo ateísta
    da tradição hindu!" (Risos)
  • 3:47 - 3:51
    E finalmente, há este cara,
  • 3:51 - 3:54
    que, todos sabem, não acredita em Deus.
  • 3:54 - 3:56
    O nome dele é Dalai Lama.
  • 3:56 - 3:58
    Ele brinca sobre
    ser um pioneiro do ateísmo,
  • 3:58 - 4:01
    mas, realmente, a religião do Dalai Lama
  • 4:01 - 4:03
    não envolve a crença em Deus.
  • 4:03 - 4:06
    Agora, vocês devem estar pensando que isso
  • 4:06 - 4:09
    só vale porque eu inventei
    uma definição ruim,
  • 4:09 - 4:13
    e que eu deveria inventar outra definição
    e testá-la nestes mesmos casos,
  • 4:13 - 4:15
    e tentar achar algo que englobe
  • 4:15 - 4:18
    judaísmo ateu, hinduísmo ateu,
  • 4:18 - 4:21
    e budismo ateu como formas
    de religiosidade.
  • 4:21 - 4:25
    mas eu acho que essa
    é uma má ideia, e penso isso pois
  • 4:25 - 4:29
    não acho que é assim
    que nosso conceito de religião funciona.
  • 4:29 - 4:31
    Acho que nosso conceito
    de religião funciona assim:
  • 4:31 - 4:38
    nós temos uma lista de religiões
    estabelecidas e suas subdivisões,
  • 4:38 - 4:43
    e se algo novo aparece dizendo
    ser uma religião, nós perguntamos:
  • 4:43 - 4:47
    "Bem, ela se parece
    com uma dessas?" (Risos)
  • 4:47 - 4:50
    E acho que não só pensamos assim,
  • 4:50 - 4:52
    como também, do nosso ponto de vista,
  • 4:52 - 4:55
    todas essas da lista
    com certeza são religiões,
  • 4:55 - 4:58
    o que me faz pensar que uma definição
  • 4:58 - 5:01
    que exclui budismo e judaísmo com certeza
    não é um bom começo,
  • 5:01 - 5:04
    pois essas duas estão na nossa lista.
  • 5:04 - 5:06
    Mas por que nós temos essa lista?
  • 5:06 - 5:11
    O que aconteceu que resultou
    em termos uma lista dessas?
  • 5:11 - 5:16
    Eu acho que a resposta é muito simples,
    e, portanto, controversa.
  • 5:16 - 5:19
    Muitos discordarão,
    mas aqui vai minha história e,
  • 5:19 - 5:21
    verdadeira ou não, é uma história
  • 5:21 - 5:23
    que, acredito, dará uma boa base
  • 5:23 - 5:25
    de como essa lista surgiu, e, portanto,
  • 5:25 - 5:28
    os ajudará a refletir
    sobre a serventia dela.
  • 5:28 - 5:33
    A resposta é que, navegadores europeus,
    por volta do tempo de Colombo,
  • 5:33 - 5:35
    começaram a viajar pelo mundo.
  • 5:35 - 5:39
    Eles vinham de uma cultura cristã,
    e quando chegavam em um novo lugar,
  • 5:39 - 5:42
    eles percebiam que algumas pessoas
    não tinham o cristianismo.
  • 5:42 - 5:44
    Então eles perguntavam-se:
  • 5:44 - 5:47
    "O que eles têm no lugar do cristianismo?"
  • 5:47 - 5:50
    E assim construiu-se essa lista.
  • 5:50 - 5:53
    Ela consiste de coisas
    que outras pessoas tinham
  • 5:53 - 5:55
    no lugar do cristianismo.
  • 5:55 - 5:59
    Agora, há uma dificuldade
    em prosseguir por esse caminho,
  • 5:59 - 6:03
    pois o cristianismo é uma tradição,
    mesmo para essa lista,
  • 6:03 - 6:06
    extremamente específica.
  • 6:06 - 6:09
    Tem coisas muito, muito particulares
  • 6:09 - 6:13
    que são resultado de acontecimentos
    específicos da história cristã,
  • 6:14 - 6:16
    e uma coisa que está no coração da crença,
  • 6:16 - 6:19
    na maioria das interpretações
    do cristianismo,
  • 6:19 - 6:21
    que é, por si, resultado da história,
  • 6:21 - 6:24
    é que esta é uma religião
    muito ligada à fé,
  • 6:24 - 6:29
    onde as pessoas preocupam-se muito
    com acreditar nas coisas certas,
  • 6:29 - 6:32
    a história interna do cristianismo,
    consiste, em grande parte,
  • 6:32 - 6:36
    de pessoas matando outras porque
    elas acreditavam nas coisas erradas.
  • 6:36 - 6:40
    Também há o envolvimento
    em conflitos com outras religiões,
  • 6:40 - 6:44
    começando na Idade Média;
    um conflito com o islamismo,
  • 6:44 - 6:47
    no qual, novamente, a heresia,
  • 6:47 - 6:50
    o fato de que eles não acreditavam
    nas coisas certas,
  • 6:50 - 6:53
    é que era tão ofensivo ao mundo cristão.
  • 6:53 - 6:58
    E esta é uma história muito particular
    e específica ao cristianismo,
  • 6:58 - 7:02
    e não é em todo aspecto
  • 7:02 - 7:05
    que tudo que já foi posto
    neste tipo de lista é igual.
  • 7:05 - 7:08
    Aqui vai outro problema:
    uma coisa muito específica aconteceu.
  • 7:08 - 7:12
    Já mencionamos antes.
    Mas uma coisa que ocorreu
  • 7:12 - 7:14
    na história do tipo de cristianismo
  • 7:14 - 7:17
    que vemos comumente
    ao nosso redor nos EUA hoje,
  • 7:17 - 7:20
    e ocorreu pelo final do século 19,
  • 7:20 - 7:23
    essa coisa específica
    que ocorreu nessa época
  • 7:23 - 7:25
    foi um tipo de acordo, feito
  • 7:25 - 7:28
    entre a ciência,
  • 7:28 - 7:33
    esse novo método de organizar
    autoridade intelectual,
  • 7:33 - 7:35
    e religião.
  • 7:35 - 7:37
    Vamos pensar no século 18,
  • 7:37 - 7:41
    vamos pensar na vida intelectual
    antes do finalzinho do século 19.
  • 7:41 - 7:44
    Tudo o que você fizesse,
    tudo o que você pensasse,
  • 7:44 - 7:47
    fosse sobre o mundo físico,
    sobre o mundo humano,
  • 7:47 - 7:51
    sobre o mundo natural à parte
    do mundo humano, sobre moral,
  • 7:51 - 7:53
    tudo o que você fizesse era comparado
  • 7:53 - 7:55
    com um panorama de postulações religiosas,
  • 7:55 - 7:58
    de postulações cristãs.
  • 7:58 - 8:01
    Você não poderia fazer
    um relato sobre o mundo natural
  • 8:01 - 8:04
    que não dissesse, por exemplo,
  • 8:04 - 8:07
    algo sobre sua relação
    com a história da criação
  • 8:07 - 8:10
    da tradição abraâmica,
    contida no primeiro livro da Torá.
  • 8:10 - 8:13
    E tudo era feito desta forma.
  • 8:13 - 8:16
    Mas isso muda no fim do século 19 e,
  • 8:16 - 8:18
    pela primeira vez,
    é possível para as pessoas
  • 8:18 - 8:21
    desenvolver carreiras intelectuais sérias
  • 8:21 - 8:23
    como historiadores naturais, como Darwin.
  • 8:23 - 8:25
    Darwin preocupava-se com a relação
  • 8:25 - 8:28
    entre o que ele afirmava
    e as verdades religiosas,
  • 8:28 - 8:31
    mas ele podia prosseguir
    e escrever livros
  • 8:31 - 8:35
    sem ter de explicar qual a relação
    com o que era dito pela Igreja.
  • 8:35 - 8:38
    e similarmente, geólogos
    podiam falar de geologia.
  • 8:38 - 8:40
    No início do século 19,
    se você era um geólogo,
  • 8:40 - 8:43
    e fazia uma declaração
    sobre a idade do planeta,
  • 8:43 - 8:45
    você tinha de explicar
    se era consistente ou não
  • 8:45 - 8:47
    com a idade do planeta
    sugerida pelo relato em Gênesis.
  • 8:47 - 8:50
    No fim do século 19, podia-se
    simplesmente escrever um livro
  • 8:50 - 8:53
    com argumentos sobre a idade da Terra.
  • 8:53 - 8:55
    Então houve uma grande mudança, ocorrendo
  • 8:55 - 8:58
    uma divisão de trabalho intelectual
  • 8:58 - 9:02
    e ela meio que solidifica-se, tal que
    quando acaba o século 19 na Europa,
  • 9:02 - 9:06
    há uma divisão do trabalho intelectual,
  • 9:06 - 9:10
    e podia-se publicar todo tipo
    de coisa séria, até mesmo filosofia,
  • 9:10 - 9:14
    sem ser constrangido pelo pensamento:
  • 9:14 - 9:17
    "Bem, o que eu tenho
    a dizer tem de ser consistente
  • 9:17 - 9:19
    com as profundas verdades que me são dadas
  • 9:19 - 9:22
    por nossa tradição religiosa."
  • 9:22 - 9:27
    Imaginem alguém que está saindo
    daquele mundo do final do século 19,
  • 9:27 - 9:31
    entrando no país no qual eu cresci, Gana,
  • 9:31 - 9:34
    naquela sociedade
    na qual eu cresci, Asante.
  • 9:34 - 9:37
    Entrando naquele mundo
    na virada do século 20
  • 9:37 - 9:40
    tendo em mente a questão
    que deu origem à lista:
  • 9:40 - 9:43
    "O que eles têm no lugar do cristianismo?"
  • 9:43 - 9:46
    Aqui está uma coisa
    que esta pessoa teria notado e,
  • 9:46 - 9:48
    há uma pessoa que realmente fez isto:
  • 9:48 - 9:50
    O nome dele era Capitão Rattray,
  • 9:50 - 9:52
    ele foi mandado como antropólogo
    do governo inglês,
  • 9:52 - 9:55
    e ele escreveu um livro
    sobre a religião em Asante.
  • 9:55 - 9:56
    Isto é um "disco da alma".
  • 9:56 - 9:58
    Há muitos deles no Museu Britânico.
  • 9:58 - 10:02
    Eu poderia contar uma história legal
    sobre como há tantos objetos
  • 10:02 - 10:05
    da minha sociedade
    no Museu Britânico, (Risos)
  • 10:05 - 10:07
    mas não temos tempo para isso.
  • 10:07 - 10:09
    Então, isto é um "disco da alma".
    Para que serve?
  • 10:09 - 10:11
    Ele era usado ao redor do pescoço
  • 10:11 - 10:14
    pelos "lavadores de alma"
    do rei de Asante.
  • 10:14 - 10:18
    Qual era o trabalho deles?
    Lavar a alma do rei.
  • 10:18 - 10:22
    Levaria muito tempo para eu explicar
    como se lava uma alma, (Risos)
  • 10:22 - 10:29
    mas Rattray sabia que isto se enquadrava
    como religião porque envolvia almas.
  • 10:29 - 10:33
    E similarmente, havia muitos
    outros objetos, muitos outros rituais.
  • 10:33 - 10:36
    Por exemplo, toda vez que alguém bebia,
  • 10:36 - 10:38
    jogava um pouco no chão,
    — o que é chamado de libação —
  • 10:38 - 10:41
    "dando" esse pouco para os ancestrais.
  • 10:41 - 10:44
    Meu pai fazia isso. Toda vez que ele abria
    uma garrafa de uísque,
  • 10:44 - 10:46
    que felizmente acontecia bastante, (Risos)
  • 10:46 - 10:50
    após tirar a tampa ele jogava
    um pouco no chão e começava a falar.
  • 10:50 - 10:54
    Ele conversava com Akroma-Ampim,
    primeiro de nossa linhagem,
  • 10:54 - 10:55
    ou Yao Antony, meu tio-avô.
  • 10:55 - 10:59
    Ele falava com eles e lhes oferecia
    uma dose de uísque.
  • 10:59 - 11:02
    E finalmente, haviam grandes
    cerimônias públicas.
  • 11:02 - 11:04
    Este é um desenho do início do século 19
  • 11:04 - 11:07
    feito por outro oficial militar inglês
    de um exemplo de uma,
  • 11:07 - 11:09
    onde o rei estava envolvido e,
  • 11:09 - 11:12
    o trabalho do rei, uma grande parte dele,
  • 11:12 - 11:15
    além de organizar guerras e coisas assim,
  • 11:15 - 11:18
    era de cuidar dos túmulos
    de seus ancestrais e,
  • 11:18 - 11:22
    quando um rei morria,
    seu trono era pintado de preto
  • 11:22 - 11:26
    e posto no templo
    ancestral real e, a cada 40 dias,
  • 11:26 - 11:29
    o rei de Asante tinha de fazer
    um culto para seus ancestrais.
  • 11:29 - 11:32
    Essa era grande parte do trabalho dele e,
  • 11:32 - 11:35
    as pessoas achavam que se ele
    não fizesse isso, o mundo cairia.
  • 11:35 - 11:38
    Então ele é uma figura religiosa,
    como diria Rattray,
  • 11:38 - 11:41
    e também uma figura política.
  • 11:41 - 11:46
    Então, tudo isso poderia contar
    como religião para Rattray,
  • 11:46 - 11:48
    mas, o que quero dizer
    é que quando olhamos
  • 11:48 - 11:50
    para as vidas dessas pessoas,
  • 11:50 - 11:54
    também vemos que em tudo o que fazem,
    eles pensam em seus ancestrais.
  • 11:54 - 11:56
    Toda manhã, na hora do café,
  • 11:56 - 11:59
    você pode sair à frente da casa
  • 11:59 - 12:02
    e fazer uma oferta
    para a árvore-mãe, Nyame Dua,
  • 12:02 - 12:05
    e você poderá conversar
    com todos os deuses,
  • 12:05 - 12:07
    com seus ancestrais, e assim por diante.
  • 12:07 - 12:11
    Este não é um mundo onde a separação
    entre religião e ciência ocorreu.
  • 12:11 - 12:16
    A religião não foi separada de nenhuma
    outra área da vida e, em particular,
  • 12:16 - 12:19
    o que é crucial entender
    sobre este mundo é que
  • 12:19 - 12:22
    é um mundo onde o trabalho
    que a ciência faz por nós
  • 12:22 - 12:25
    é feito pelo que Rattray
    chamaria de religião,
  • 12:25 - 12:27
    pois se eles querem explicações,
  • 12:27 - 12:28
    de porque a colheita foi ruim,
  • 12:28 - 12:32
    se querem saber porque chove
    ou não chove, se precisam de chuva
  • 12:32 - 12:36
    se querem saber por que seu avô morreu,
  • 12:36 - 12:40
    eles vão apelar às mesmas entidades,
    na mesma língua,
  • 12:40 - 12:43
    conversar com os mesmos
    deuses sobre aquilo.
  • 12:43 - 12:45
    Esta grande separação,
  • 12:45 - 12:48
    em outras palavras, entre
    religião e ciência, não ocorreu.
  • 12:48 - 12:52
    Agora, isto poderia
    ser mera curiosidade histórica,
  • 12:52 - 12:55
    mas em grande parte do mundo,
  • 12:55 - 12:57
    esta ainda é a verdade.
  • 12:57 - 13:00
    Eu tive o privilégio de comparecer
    a um casamento
  • 13:00 - 13:02
    há algum tempo no norte da Namíbia.
  • 13:02 - 13:06
    A uns 30km ao sul da fronteira angolana,
    num vilarejo de 200 pessoas.
  • 13:06 - 13:07
    Essas pessoas eram modernas.
  • 13:07 - 13:10
    Estava conosco Oona Chaplin,
    talvez vocês a conheçam,
  • 13:10 - 13:13
    e uma das pessoas deste vilarejo
    veio até ela e disse:
  • 13:13 - 13:15
    "Eu vi você em Game of Thrones!"
  • 13:15 - 13:19
    Então essas não estavam
    isoladas do nosso mundo,
  • 13:19 - 13:21
    mas, não obstante, para eles,
  • 13:21 - 13:23
    os deuses e espíritos
    ainda estão muito vivos,
  • 13:23 - 13:25
    e quando estávamos no ônibus transitando
  • 13:25 - 13:27
    entre as várias partes da cerimônia,
  • 13:27 - 13:29
    eles rezaram não somente
    de forma genérica,
  • 13:29 - 13:32
    mas pela segurança da viagem,
    e com devoção.
  • 13:32 - 13:36
    E quando me disseram
    que minha mãe, a avó da noiva,
  • 13:36 - 13:39
    estava conosco, eles não
    queriam dizer figurativamente.
  • 13:39 - 13:42
    Eles acreditavam,
    embora ela tivesse falecido,
  • 13:42 - 13:45
    eles acreditavam que ela estava lá.
  • 13:45 - 13:47
    Então em grande parte do mundo hoje,
  • 13:47 - 13:51
    essa separação
    entre ciência e religião não ocorreu.
  • 13:51 - 13:54
    E eu digo, estes não são...
  • 13:55 - 13:59
    Este cara trabalhou para os bancos
    Chase e World Bank. (Risos)
  • 13:59 - 14:02
    Estes são cidadãos do mundo como você,
  • 14:02 - 14:04
    mas eles vêm de um lugar onde a religião
  • 14:04 - 14:06
    ocupa um espaço bem diferente.
  • 14:06 - 14:09
    Enfim, eu gostaria,
    da próxima vez que vocês ouvirem
  • 14:09 - 14:11
    uma generalização sobre religião,
  • 14:11 - 14:13
    que pensassem que talvez
  • 14:13 - 14:16
    não exista esse negócio de religião,
  • 14:16 - 14:19
    e, portanto, o que eles dizem
    não pode ser verdade.
  • 14:19 - 14:24
    (Aplausos)
Title:
Religiões são boas ou ruins? (É uma pegadinha)
Speaker:
Kwame Anthony Appiah
Description:

Muitas coisas boas são feitas em nome da religião, e muitas coisas ruins também. Mas o que é religião, exatamente — em si, são boas ou ruins? Kwame Anthony Appiah, filósofo, oferece uma visão generosa e surpreendente sobre o tema.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:40
  • Percebi que você mesclou várias legendas em uma única legenda. Não há nenhum problema em fazer isso, mas só atente-se para que não fique muita informação de uma só vez na tela. É importante mostrar ao expectador o ritmo do palestrante, e mostrar a legenda à medida que ela vai sendo falada é uma boa maneira de se fazer isso.

    Além disso reparei que você não utilizou quebras de linha manuais. Não se deve ultrapassar do limite de 42 caracteres por linha (o que também foi agravado pelo ponto levantado acima), portanto quando uma legenda apresentar mais de 42 caracteres, deve-se adicionar uma quebra de linha manualmente (basta apertar shift + enter).
    Para mais detalhes sobre as quebras de linha, dê uma olhada na wiki: http://translations.ted.org/wiki/How_to_break_lines

    Além disso, tente não alterar muito o que o palestrante disse. É claro que não é necessário escrever exatamente o que foi dito, até mesmo em favor da fluidez e naturalidade do discurso, mas precisamos manter a maior fidelidade possível ao que está sendo dito.

    Enfim, de maneira geral uma legenda muito boa! Fiz alguns pequenos ajustes nas palavras e construções, mas dá para perceber a qualidade do trabalho.

    Parabéns :)

  • Excelente tradução e revisão, alterei pouquíssimas coisas para a versão final!

    Abraços!

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions