Michael Pollan oferece o ponto de vista das plantas
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0:00 - 0:02É uma idéia simples sobre a natureza
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0:02 - 0:04e eu quero dizer algo sobre a natureza
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0:04 - 0:06pois não temos falado muito sobre ela nos últimos dias.
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0:06 - 0:11Eu quero dizer algo sobre a terra e as abelhas, as plantas e os animas.
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0:11 - 0:16E falar sobre uma ferramenta, uma ferramenta muito simples que eu encontrei.
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0:16 - 0:21Apesar de não ser nada mais que um conceito literário- não é uma tecnologia-
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0:21 - 0:27é muito poderosa por, no meu entender, mudar a nossa relação com o mundo natural
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0:27 - 0:30e com as outras espécies das quais dependemos.
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0:30 - 0:33E essa ferramenta consiste, simplesmente, como sugeriu Chris,
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0:33 - 0:38de vermos a nós e ao mundo do ponto de vista das plantas ou dos animais.
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0:38 - 0:42Não é idéia minha, outros já discutiram essa idéia,
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0:42 - 0:45mas eu tenho tentado explorá-la.
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0:46 - 0:48Deixem-me dizer aonde eu cheguei.
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0:48 - 0:51Como muitas das minhas ideias, e como muitas das ferramentas que uso,
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0:51 - 0:55Eu a descobri em uma horta. Eu sou um horticultor muito dedicado.
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0:55 - 0:59Então estava eu um dia, há uns sete anos atrás, plantando umas batatas.
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0:59 - 1:01Era a primeira semana de maio.
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1:01 - 1:06Isso foi na Nova Inglaterra, quando as macieiras estavam florescendo e vibrantes.
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1:06 - 1:08Elas eram apenas nuvens brancas no topo.
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1:08 - 1:11E eu estava lá, plantando minhas batatas,
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1:11 - 1:13cortando os pedaços e os replantando.
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1:13 - 1:16E as abelhas estavam trabalhando nessa árvore.
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1:16 - 1:18Zangões, simplesmente fazendo essa árvore vibrar.
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1:18 - 1:21E uma das coisas que eu realmente gosto sobre a horticultura
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1:21 - 1:24é que não requer toda a sua concentração.
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1:24 - 1:26Não tem como você se machucar. Não é como marcenaria.
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1:26 - 1:30E você pode-- você tem plena liberdade mental para especulação.
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1:30 - 1:34E a questão que eu me perguntei naquela tarde na horta foi --
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1:34 - 1:37ali trabalhando ao lado dos zangões --
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1:37 - 1:41foi: O que eu e esses zangões temos em comum?
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1:41 - 1:45O quanto nossa função nessa horta era similar e diferente?
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1:45 - 1:47E eu percebi que nós tínhamos bastante coisa em comum.
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1:47 - 1:53Nós estávamos disseminando os genes de uma espécie, e não de outra.
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1:53 - 1:58E ambos, provavelmente, se é que eu posso imaginar o ponto de vista das abelhas,
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1:58 - 2:00achávamos que nós estávamos tomando as decisões.
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2:00 - 2:04Eu havia decidido que tipo de batata eu queria plantar.
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2:04 - 2:08Eu havia escolhido minha batata Yukon dourada ou Finlandesa Amarela, ou seja lá que tipo fosse.
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2:08 - 2:13E eu havia encomendado aqueles genes do outro lado do país por um catálogo de sementes,
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2:13 - 2:15os trazido e os estava plantando.
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2:15 - 2:19E aquela abelha, sem dúvida, acreditava que ela havia decidido,
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2:19 - 2:22Eu vou lá naquela macieira, vou naquela flor,
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2:22 - 2:25vou coletar o néctar e vou embora.
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2:25 - 2:30Nós temos uma gramática que sugere o que somos,
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2:30 - 2:35que nós somos sujeitos soberanos na natureza, tanto a abelha como eu.
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2:35 - 2:41Eu planto as batatas, eu capino a horta, eu domestico as espécies.
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2:41 - 2:43Mas naquele dia, me ocorreu,
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2:43 - 2:46e se essa gramática nada mais for que um conceito de auto-afirmação?
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2:46 - 2:50Porque é claro, a abelha pensa que ele está no comando, ou ela está no comando.
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2:50 - 2:52E -- mas a gente sabe que não é bem assim.
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2:52 - 2:56Nós sabemos o que está se passando entre a abelha e aquela flor,
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2:56 - 3:00a abelha foi engenhosamente manipulada por aquela flor.
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3:00 - 3:03E quando falo manipulada, estou falando no sentido Darwiniano, certo?
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3:03 - 3:06Quero dizer que a flor desenvolveu um conjunto de características muito específicas --
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3:06 - 3:11cor, cheiro, sabor, forma -- que atraiu aquela abelha até ela.
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3:11 - 3:15E a abelha foi engenhosamente enganada para pegar o néctar,
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3:15 - 3:18e também carregar um pouco de pó nas suas pernas,
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3:18 - 3:20e levar para a próxima flor.
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3:20 - 3:23E a abelha não está no comando.
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3:23 - 3:25E eu então percebi que eu também não estava no comando.
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3:25 - 3:28Eu tinha sido seduzido por aquela batata, e não por outra,
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3:28 - 3:33a plantá-la -- a espalhar os seus genes, dando a ela um pouco mais de habitat.
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3:33 - 3:37E foi então que me veio a ideia, que foi, bem, que viria a ser-- o que aconteceria
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3:37 - 3:40se olhássemos para nós do ponto de vista dessas outras espécies que estão nos manipulando?
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3:40 - 3:45E a agricultura de repente me pareceu não ser uma invenção, não uma tecnologia humana,
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3:45 - 3:47mas como um desenvolvimento co-evolutivo
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3:47 - 3:53no qual um grupo de espécies espertas, a maior parte pastos comestíveis, havia nos explorado,
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3:53 - 3:58descoberto como nos fazer basicamente desflorestar o mundo.
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3:58 - 4:01A competição das gramíneas, certo?
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4:01 - 4:03E de repente tudo pareceu diferente.
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4:03 - 4:07E de repente cortar a grama naquele dia foi uma experiência completamente diferente.
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4:07 - 4:10Eu sempre havia pensado e, de fato, escrevi isso no meu primeiro livro --
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4:10 - 4:11que é um livro sobre jardinagem --
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4:11 - 4:16que gramados eram a natureza oprimida pela cultura.
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4:16 - 4:18Que eles eram uma visão do totalitarismo.
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4:18 - 4:22E que quando cortávamos a grama, estávamos cruelmente suprimindo as espécies
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4:22 - 4:26e nunca as permitindo germinar, ou morrer, ou fazer sexo.
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4:26 - 4:28E o gramado era isso.
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4:28 - 4:32Mas então eu percebi, "Não, isso é exatamente o que os gramados querem que façamos.
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4:32 - 4:39Eu sou um fantoche. Um fantoche dos gramados, cujo objetivo na vida é o de eliminar as árvores,
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4:39 - 4:42com quem as gramas competem-- elas competem pela luz do sol.
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4:42 - 4:46E então nos fazendo cortar a grama, nós evitamos que as árvores voltem a crescer,
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4:46 - 4:49o que na Nova Inglaterra acontece muito, muito rapidamente.
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4:49 - 4:52Então eu comecei a olhar as coisas dessa maneira,
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4:52 - 4:54e escrevi um livro inteiro sobre isso chamado "A Botânica do Desejo."
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4:54 - 4:58E entendi que do mesmo jeito que você pode olhar para uma flor
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4:58 - 5:03e deduzir todos as coisas interessantes sobre as preferências e os desejos das abelhas,
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5:03 - 5:09que elas gostam de coisas doces, e que gostam dessa cor e não de outra, que gostam de simetria,
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5:09 - 5:12o que nós poderíamos descobrir sobre nós mesmos fazendo a mesma coisa?
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5:12 - 5:15Que um certo tipo de batata, um certo tipo de droga,
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5:15 - 5:21o cruzamento da sativa-indica-cannabis tem algo a dizer sobre nós.
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5:21 - 5:26E que -- não seria esse um jeito interessante de ver o mundo?
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5:26 - 5:30Agora, a prova para qualquer idéia -- eu disse que era um conceito literário --
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5:30 - 5:33o que ela nos proporciona?
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5:33 - 5:37E quando você está falando sobre a natureza, que é meu tema como escritor,
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5:37 - 5:40como -- como isso satisfaz o teste de Aldo Leopold?
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5:40 - 5:44Que é, como esse conceito nos faz melhores cidadãos da comunidade biótica?
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5:44 - 5:51Nos faz fazer coisas que nos levam a apoiar e perpetuar a biota,
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5:51 - 5:52ao invés de levá-la à destruição?
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5:52 - 5:54E eu diria que essa idéia faz isso.
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5:54 - 5:57Então deixe-me explicar o que você ganha quando você olha o mundo dessa maneira,
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5:57 - 6:02além das, você sabe, conjecturas divertidas sobre o desejo humano.
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6:02 - 6:09Como um assunto intelectual, olhar o mundo de um ponto de vista de outras espécies,
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6:09 - 6:12nos ajuda a lidar com essa anomalia estranha,
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6:12 - 6:16que é -- e isso está no campo da história intelectual --
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6:16 - 6:21que vem a ser a revolução Darwiniana há 150 anos --
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6:21 - 6:24Ugh. "Mini-me" --
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6:26 - 6:32nós temos essa revolução intelectual Darwiniana em que, graças ao Darwin,
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6:32 - 6:34descobrimos que somos apenas uma espécies entre muitas.
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6:34 - 6:38A evolução age sobre nós da mesma forma que age sobre todas as outras.
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6:38 - 6:40Nós somos afetados assim como afetamos o processo.
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6:40 - 6:44Estamos realmente na essência, na construção da vida.
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6:44 - 6:48Mas a parte estranha é que nós não -- não absorvemos tal lição depois de 150 anos.
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6:48 - 6:50Nenhum de nós acredita realmente nisso.
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6:50 - 6:55Somos ainda Cartesianos -- discípulos de Decartes --
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6:55 - 7:00acreditamos que a subjetividade, a consciência, nos diferencia.
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7:00 - 7:03Que o mundo é dividido em sujeitos e objetos.
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7:03 - 7:06Que há a natureza de um lado e a cultura do outro.
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7:06 - 7:11E logo que você começa a ver as coisas do ponto de vista das plantas ou dos animais,
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7:11 - 7:15você percebe que a verdadeira presunção literária é essa.
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7:15 - 7:19É -- a ideia que a natureza é oposta à cultura.
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7:19 - 7:23A ideia que a consciência é tudo.
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7:23 - 7:26E há outra coisa muito importante nessa idéia.
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7:26 - 7:29Olhar para o mundo do ponto de vista de outras espécies
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7:29 - 7:33é a cura para a doença da presunção humana.
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7:33 - 7:38Você de repente percebe que a consciência,
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7:38 - 7:42a qual nós valorizamos e consideramos, você sabe, a coroa da --
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7:42 - 7:44a maior conquista da natureza,
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7:44 - 7:49a consciência humana é realmente apenas um outro conjunto de ferramentas para conviver no mundo.
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7:49 - 7:53E é natural que consideremos essa a melhor ferramenta.
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7:53 - 7:55Mas, você sabe, como -- tem um comediante que disse,
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7:55 - 7:59"Bem, quem está me dizendo que a consciência é tão boa e tão importante?
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7:59 - 8:01Bem, é a consciência."
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8:01 - 8:05Quando você olha para as plantas, você percebe que existem outras ferramentas,
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8:05 - 8:07e elas são tão interessantes quanto a consciência.
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8:07 - 8:11Darei dois exemplos, também da horta.
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8:11 - 8:16Feijão de Lima. Você sabe o que um feijão de lima faz quando é atacado por ácaros-aranha?
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8:16 - 8:19Ele solta esse componente químico volátil que vai pelo mundo
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8:19 - 8:22e atrai outras espécies de ácaros
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8:22 - 8:26que vêm atacar os ácaros-aranha, defendendo o feijão de lima.
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8:26 - 8:32Portanto, o que as plantas têm, enquanto nós temos a consciência, a habilidade de criar ferramentas, a linguagem,
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8:32 - 8:34elas têm a bioquímica.
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8:34 - 8:39E elas têm aperfeiçoado isso mais do que podemos imaginar.
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8:39 - 8:44E sua complexidade, sua sofisticação, é algo realmente de impressionar.
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8:44 - 8:46Eu acho que esse é o escândalo do Projeto Genoma Humano.
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8:46 - 8:51Você sabe, começamos pensando que seriam 40 ou 50 mil genes humanos.
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8:51 - 8:55E saímos com apenas 23 mil.
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8:55 - 9:03Só para efeito de comparação, arroz: 35 mil genes.
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9:03 - 9:06Então quais são mesmo as espécies mais sofisticadas?
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9:06 - 9:07Bem, somos todos igualmente sofisticados.
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9:07 - 9:10Estamos evoluindo -- evoluindo pelo mesmo período de tempo,
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9:10 - 9:12apenas em caminhos diferentes.
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9:13 - 9:21Então, a cura para a auto-importância, a forma de nos fazer sentir a idéia Darwiniana.
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9:21 - 9:24E o que eu realmente faço como escritor, como contador de histórias,
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9:24 - 9:31é tentar fazer as pessoas sentirem o que sabemos e contar histórias que de fato nos fazem --
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9:31 - 9:32nos ajudam a pensar de forma ecológica.
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9:32 - 9:34A outra aplicação disso é prática.
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9:34 - 9:36E eu vou falar -- Vou levá-los a uma fazenda agora.
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9:36 - 9:40Porque eu usei essa idéia para desenvolver o meu entendimento sobre o sistema de alimentação
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9:40 - 9:45e o que eu aprendi, na verdade, é que estamos todos, agora, sendo manipulados pelo milho.
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9:45 - 9:50E a palestra que vocês assistiram sobre etanol hoje mais cedo,
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9:50 - 9:55pra mim, é o triunfo final do milho sobre o bom senso. (Risos)
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9:55 - 10:03É parte do -- (Aplauso) plano do milho para a dominação do mundo.
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10:03 - 10:04(Risos)
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10:04 - 10:08E vocês verão que a quantidade de milho plantada esse ano será dramaticamente maior que a do ano passado,
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10:08 - 10:10e haverá muito mais desse habitat,
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10:10 - 10:12porque decidimos que o etanol vai nos ajudar.
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10:12 - 10:16Então -- mas deixe-me-- então isso me ajudou a entender a indústria agrícola,
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10:16 - 10:18que é claro é um sistema Cartesiano.
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10:18 - 10:21É baseado nessa ideia que nós adaptamos as outras espécies à nossa vontade,
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10:21 - 10:24e que estamos no controle e criamos essa fábricas,
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10:24 - 10:27temos esses insumos tecnológicos, e produzimos alimento de tudo isso,
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10:27 - 10:29ou combustível, ou o que quisermos.
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10:30 - 10:32Deixem-me levá-los a um tipo muito diferente de fazenda.
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10:32 - 10:35Essa é uma fazenda no Vale Shenandoah na Virgínia.
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10:35 - 10:38Eu fui procurar uma fazenda onde essas idéias
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10:38 - 10:42sobre olhar as coisas do ponto de vista de outras espécies fossem de fato implementadas.
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10:42 - 10:44Encontrei esse homem, o nome do fazendeiro é Joel Salatin,
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10:44 - 10:47e eu passei uma semana como um aprendiz em sua fazenda.
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10:47 - 10:53E eu tirei dessa experiência algumas das notícias mais esperançosas sobre a nossa relação com a natureza
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10:53 - 10:56que eu já encontrei em 25 anos escrevendo sobre a natureza.
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10:56 - 10:57E é o seguinte.
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10:57 - 11:00A fazenda é chamada Polyface. Que significa --
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11:00 - 11:04a idéia é que ele pegou seis espécies diferentes de animais, assim como algumas plantas,
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11:04 - 11:07crescendo nesse complexo esquema simbiótico.
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11:07 - 11:09É a permacultura, para aqueles que sabem um pouco mais sobre o assunto,
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11:09 - 11:17de forma que as vacas, os porcos, as ovelhas, os perus e os -- os--
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11:17 - 11:19o que mais, o que mais ele tem?
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11:19 - 11:21Todas as seis espécies diferentes -- coelhos, na verdade --
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11:21 - 11:24todos estão prestando serviços ecológicos uns para os outros,
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11:24 - 11:27de forma que o estrume de um é o almoço do outro
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11:27 - 11:29e eles cuidam das pestes uns dos outros.
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11:29 - 11:32E eu não posso -- é uma dança muito complexa e bela,
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11:32 - 11:35mas eu vou apenas aproximá-los de uma parte dela.
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11:35 - 11:41E essa é a relação entre seu gado e suas galinhas, suas galinhas poedeiras.
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11:41 - 11:46E eu vou mostrar como, se você faz essa aproximação, o que você consegue, OK?
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11:46 - 11:48E isso é muito mais do que o cultivo de alimentos, como vocês verão.
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11:48 - 11:50Essa é uma forma diferente de pensar sobre a natureza,
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11:50 - 11:54e uma forma de fugir da noção de soma-zero que --
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11:54 - 11:57a idéia Cartesiana de que nem a natureza está ganhando nem nós
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11:57 - 12:00e que, para conseguirmos o que queremos, a natureza é diminuída.
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12:01 - 12:03Então um dia, gado, em uma baia.
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12:03 - 12:06A única tecnologia envolvida aqui é essa barata cerca elétrica,
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12:06 - 12:08relativamente nova, ligada a uma bateria de carro.
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12:08 - 12:12Eu mesmo poderia carregar um cercado de cerca de 1000m², montá-lo em 15 minutos.
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12:12 - 12:16Vacas pastam um dia. Elas andam, ok?
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12:16 - 12:18Elas pastam tudo embaixo, pasto intensivo.
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12:18 - 12:20Ele espera três dias.
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12:20 - 12:23E então nós rebocamos algo chamado ovomóvel.
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12:23 - 12:26O ovomóvel é uma engenhoca muito frágil.
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12:26 - 12:29Parece com uma carroça coberta, feita de tábuas,
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12:29 - 12:31mas abriga 350 galinhas.
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12:31 - 12:37Ele reboca isso dentro da cerca três dias depois e abre as pranchas,
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12:37 - 12:41as abaixa, e 350 galinhas descem correndo --
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12:41 - 12:43cacarejando, fofocando, como as galinhas fazem.
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12:43 - 12:47E elas vão direto para o esterco das vacas.
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12:48 - 12:50E o que elas estão fazendo é muito interessante.
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12:50 - 12:52Estão catando através do esterco das vacas
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12:52 - 12:56por larvas, larvas de moscas.
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12:56 - 12:58E a razão pela qual ele esperou três dias
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12:58 - 13:03é porque ele sabe que no quarto ou quinto dia, essas larvas vão nascer,
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13:03 - 13:05e eles terão um problema enorme com moscas.
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13:05 - 13:11Mas ele espera esse tempo para que elas fiquem tão grandes e saborosas quanto possível
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13:11 - 13:14porque elas são a forma preferida de proteína pelas galinhas.
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13:14 - 13:16Assim as galinhas fazem a sua pequena dança,
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13:16 - 13:20e elas empurram todo o estrume para chegar às larvas,
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13:20 - 13:23e no processo, elas espalham o estrume.
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13:23 - 13:27Muito útil. Segundo serviço ao ecossistema.
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13:27 - 13:30E terceiro, enquanto elas estão nesse cercado,
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13:30 - 13:33elas estão, é claro, defecando furiosamente
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13:33 - 13:39e seu esterco, com bastante nitrogênio, está fertilizando esse campo.
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13:39 - 13:41Elas então vão para o próximo
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13:41 - 13:49e dentro de poucas semanas a grama entra nessa explosão de crescimento.
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13:49 - 13:51E dentro de quatro ou cinco semanas, ele pode fazer isso de novo.
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13:51 - 13:54Ele pode gramar de novo, ele pode cortar, ele pode trazer outras espécies,
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13:54 - 13:59como os cordeiros, ou ele pode fazer feno para o inverno.
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13:59 - 14:03Agora, eu quero que vocês olhem bem de perto para o que aconteceu lá.
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14:03 - 14:04Esse é um sistema muito produtivo.
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14:04 - 14:06E que eu quero dizer é que em 100 acres
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14:06 - 14:11ele produz 18 mil quilos de carne de gado, 13 mil quilos de carne de porco, 25 mil dúzias de ovos,
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14:11 - 14:1420 mil frangos, mil perus e mil coelhos --
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14:14 - 14:16uma quantidade imensa de comida.
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14:16 - 14:18Você sabe, você ouve "Alimentos orgânicos podem alimentar o mundo?"
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14:18 - 14:23Bem, veja quanta comida você pode produzir em 100 acres se você fizer esse tipo de --
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14:23 - 14:26de novo, deixar cada espécie fazer o que quiser.
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14:26 - 14:30Deixar realizar os seus desejos, o que as distingue fisiologicamente.
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14:30 - 14:32Coloque isso em jogo.
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14:32 - 14:35Mas olhe para isso do ponto de vista da grama, agora.
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14:35 - 14:37O que acontece à grama quando você faz isso?
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14:37 - 14:43Quando um ruminante pasta a grama, a grama é cortada dessa altura para essa.
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14:43 - 14:45Imediatamente acontece algo muito interessante.
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14:45 - 14:49Qualquer um de vocês que conhece hortas sabe que existe uma coisa chamada raiz aérea.
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14:49 - 14:53E as plantas precisam manter o tamanho da raiz
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14:53 - 14:56em algum equilíbrio com o tamanho das folhas para serem felizes.
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14:56 - 15:00Quando elas perdem um monte de folhas, elas perdem raízes.
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15:00 - 15:03Elas fazem uma espécie de cauterização e as raízes morrem.
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15:03 - 15:06E as espécies podem trabalhar no solo,
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15:06 - 15:10basicamente através da mastigação dessas raízes, as decompondo --
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15:10 - 15:16as minhocas, os fungos, as bactérias -- e o resultado é um novo solo.
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15:16 - 15:19Assim é como o solo é criado.
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15:19 - 15:20É criado de baixo para cima.
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15:20 - 15:22Assim é como as pradarias são construídas,
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15:22 - 15:24a relação entre bisões e gramíneas.
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15:25 - 15:28E o que eu percebi quando eu entendi isso --
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15:28 - 15:32e se vocês perguntarem a Joel Salatin o que ele entendeu, ele vai lhes dizer que não é um criador de galinhas,
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15:32 - 15:37ele não é um criador de ovelhas, ou de gado, ele é um cultivador de grama,
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15:37 - 15:41porque a grama é realmente a espécie chave desse tipo de sistema --
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15:41 - 15:50e se você pensar sobre isso, isso contradiz completamente a trágica idéia de natureza que nós temos em nossa cabeça,
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15:50 - 15:56que é que para nós fazermos o que queremos, a natureza é diminuída.
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15:56 - 15:58Mais para nós, menos para a natureza.
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15:58 - 16:03Aqui, toda essa comida dessa fazenda, e no fim da estação
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16:03 - 16:09há na verdade mais solo, mais fertilidade e maior biodiversidade.
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16:10 - 16:13É uma coisa extraordinariamente esperançosa a ser feita.
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16:13 - 16:15Há um monte de fazendeiros fazendo isso hoje em dia.
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16:15 - 16:18Isso está muito além da agricultura orgânica,
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16:18 - 16:21que é ainda um sistema Cartesiano, mais ou menos.
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16:21 - 16:27E o que isso nos diz é que se você começa a tomar conta de outras espécies,
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16:27 - 16:34tomar conta do solo, mesmo que com nada mais que essa idéia em perspectiva
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16:34 - 16:38-- porque não há tecnologia envolvida aqui exceto para aquelas cercas,
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16:38 - 16:43que poderiam estar, você sabe, elas são tão baratas que poderiam estar em toda a África rapidamente --
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16:43 - 16:47que você pode, nós podemos pegar a comida que precisamos da Terra,
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16:47 - 16:51e, na verdade, melhorar a Terra no processo.
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16:52 - 16:54Essa é uma forma de reanimar o mundo.
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16:54 - 16:56Isso é o que há de tão empolgante nessa perspectiva.
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16:56 - 17:00Quando nós realmente começarmos a sentir os insights de Darwin em nossos ossos,
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17:00 - 17:05as coisas que podemos fazer com nada mais que essas idéias
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17:05 - 17:07é algo muito esperançoso.
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17:07 - 17:08Muito obrigado!
- Title:
- Michael Pollan oferece o ponto de vista das plantas
- Speaker:
- Michael Pollan
- Description:
-
E se a consciência humana não for o centro e a finalidade de tudo no Darwinismo? E se nós formos apenas intrumentos no plano engenhoso do milho para dominar a Terra? O autor Michael Pollan nos convida a ver o mundo do ponto de vista das plantas.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:08