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Toda decisão de negócio
envolve riscos.
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Existe a possibilidade
das coisas darem certo
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ou não darem certo
em função de algumas variáveis
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que às vezes são até incontroláveis
por parte da empresa
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e podem acabar
impulsionando uma iniciativa
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para um caminho
que não era esperado.
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Para tratar essas situações
surge a gestão de riscos.
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A gestão de riscos trata
da identificação de fatores
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que podem acabar
influenciando uma iniciativa
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para um caminho
que não se deseja.
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Então a gente chama isso
de identificação de riscos.
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Numa segunda etapa,
eu tenho as análises dos riscos.
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É o entendimento,
efetivamente, aquele risco,
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aquele fator de risco,
aquela variável,
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até onde ela pode
influenciar na nossa iniciativa,
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nos nossos
resultados previstos?
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Em seguida, eu tenho
a priorização desse risco,
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ou seja, dentre vários
riscos que eu tenho
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para um projeto que
eu estou fazendo, por exemplo,
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quais riscos eu preciso tratar
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em primeiro, em segundo
e em terceiro lugar?
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Porque eu não tenho
fôlego para resolver,
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de repente, todos os riscos
de uma vez só.
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Então eu tenho que priorizar.
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E como quarto
e último passo,
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vem a estratégia
de resolução do risco,
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de mitigação, de minimização
da possibilidade de ele acontecer
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e virar um problema.
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E do impacto que
esse risco pode causar.
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Então eu posso atuar reduzindo
tanto a chance de acontecer
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quanto também,
caso aconteça,
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reduzir o impacto desse
risco para a companhia.
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Contando uma história
para você,
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certa vez, eu trabalhando
numa indústria farmacêutica,
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a indústria estava dobrando,
fazendo um projeto,
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já tinha iniciado
inclusive obras
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para dobrar
a capacidade fabril dela,
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dobrar a capacidade
de produção.
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E no terreno
que ela tinha, então,
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ela estava duplicando
a área de fábrica dela.
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Dentro dessa nova fábrica,
na parte industrial,
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foi pensada uma série de detalhes
relacionados a garantir
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altíssima disponibilidade
dessa fábrica
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para que ela rode 24 horas,
7 dias por semana.
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Então, todos os robôs,
sistemas de supervisão da fábrica,
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que foram decididos e adquiridos
pela área de gestão industrial,
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todos esses sistemas
e equipamentos
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tinham contingenciamento,
dualização.
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Então seria improvável,
para não dizer impossível,
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que a fábrica
tivesse uma parada
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por alguma falha de algum
equipamento específico ou sistema.
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Porém, na área de informática
geral da empresa,
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eu notei como gestor de TI,
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que a gente tinha um problema
na parte de rede.
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As redes de comunicação
de dados da empresa,
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não as externas,
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que ligam a empresa
para o seu exterior,
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essas estavam
todas dualizadas,
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na verdade, a gente tinha
5 canais de comunicação,
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com operadoras diferentes,
enfim, um downtime,
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uma parada na comunicação
externa não aconteceria.
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Tanto nos equipamentos
internos de comunicação
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quanto nos links
de comunicação.
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Não aconteceria.
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Porém, na parte
de redes internas da empresa,
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eu tinha um único
caminho de fibra ótica
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para chegar até a fábrica.
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Então, na época,
foi feito todo um desenho
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de uma dualização
do anel óptico da empresa,
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passando por partes diferentes
do terreno da indústria,
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de maneira
a minimizar o impacto,
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caso houvesse o rompimento
de uma fibra óptica
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ou uma falha em algum
equipamento de fibra,
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a longo do uso
do dia a dia da fábrica
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e dos seus equipamentos
e sistemas.
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Interessante contar
uma coisa agora.
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Eu estava em férias no litoral.
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Ligou para mim o meu
coordenar da área de redes.
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Nessa época, a construção
da fábrica de medicamentos
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estava acontecendo.
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Ele ligou para mim
e falou assim:
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"Renato, eu tenho
uma coisa pra te contar".
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Eu falei: O que é?
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Eu já até estava dando
risada no telefone.
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Eu imaginei.
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Ele falou assim:
"Você lembra que certa vez,
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quando você estava
defendendo a ideia
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do projeto
de dualização de fibras,
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você falou para
o dono da empresa
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que existia a chance de,
de repente, uma broca de perfuração
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para colocar lá
o alicerce da fábrica,
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acabar perfurando em lugar errado
e pegando as fibras da empresa
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e destruindo a rede local?
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Você lembra
que você falou isso?"
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Eu falei: Lembro.
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Ele falou: "Pois bem,
Renato, aconteceu, hoje.
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Levantaram a broca e todas
as fibras ópticas da empresa
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subiram junto com a broca.
Arrebentou tudo".
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Eu falei: O que aconteceu?
Ele falou: "Nada".
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Porque a gente tinha feito
o projeto de dualização antes.
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Então eles arrebentaram
um circuito,
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só que o outro manteve
a fábrica funcionando.
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Olhe só a importância disso.
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Nós estamos falando
de governança.
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De atingir os objetivos maiores
da organização e dos acionistas.
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Você imagine
uma paralisação
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da maior empresa
farmacêutica do Brasil.
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Quanto tempo eu ia levar para
repassar todas essas fibras ópticas?
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Que eu fizesse isso
num tempo aceleradíssimo,
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que eu levasse
uns dois dias.
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Consegue imaginar
dois dias de produção
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da maior farmacêutica
do Brasil parada?
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Então, agora eu quero mostrar
para você alguns exemplos
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de como a gente faz
para mitigar os riscos,
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para tratar os riscos
e reduzir os impactos de um risco.
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Eu preparei um painel para
você entender três estratégias
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que a gente pode usar frente
aos riscos, para tratar os riscos.
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Uma delas é resolver,
definitivamente.
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A segunda é transferir
esse risco para terceiros.
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Eu tiro do meu ombro
e passo para outra pessoa cuidar.
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E a terceira estratégia é você
monitorar a situação continuamente
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e, caso vire um problema,
você remedir.
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Você adota uma solução
de remediação, de correção.
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Vamos dá uma
olhadinha nos exemplos.
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Bom, nesse painel aqui
você observa o seguinte,
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temos uma coluna
de fatores de risco,
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uma de análise, uma de justificativa
do nível de exposição,
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que é o quanto o risco
está expondo a empresa,
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depois eu tenho
uma priorização,
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que é a sequência de tratamento
que foi sugerida, em seguida,
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a estratégia de tratamento
e qual é a ação que vai ser tomada.
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Eu coloquei aqui supostamente
um exemplo hipotético da Ultra News,
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um grupo jornalístico
que eu inventei aqui.
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E aqui, pessoal,
nós temos as seguintes situações,
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e todas essas são reais,
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de um grupo jornalístico
onde eu trabalhei.
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Só que aqui eu não estou
colocando o nome do grupo.
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Aqui eu coloquei
só riscos infraestruturais,
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não coloquei riscos
relacionados a software,
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mais relacionados
à infraestrutura.
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Eu tenho aqui um primeiro risco,
que é a ocupação de disco rígido
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com dados nos servidores
de imagens do jornal.
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Todo jornal coleta imagens,
essas imagens são guardadas.
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Isso ocupa muito espaço.
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Foi identificado que existia
uma exposição muito alta
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com relação a isso,
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ou seja, grande chance
de acontecer um colapso,
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em função do excesso
de uso de disco,
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impactando
profundamente o jornal,
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dado que tudo o que
ele publica envolve,
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de certa forma,
algum conteúdo em imagem.
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Está aqui a justificativa
da exposição.
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Por que a gente
considerou alto.
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A justificativa.
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Existe 75% de ocupação atual
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e uma taxa de crescimento
de 2% ao mês no uso de discos,
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sendo que quando alcançar
80% de espaço ocupado,
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o computador vai parar.
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Então nós estamos
na iminência de uma parada,
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uma parada que vai afetar
todo o trabalho da redação do jornal.
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Portanto,
probabilidade de impacto alta.
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Em priorização ele ganhou
aqui o segundo lugar.
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Depois a gente
vai olhar os outros.
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Estratégia, o que foi adotado
como estratégia de tratamento?
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Vamos monitorar e remediar.
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Ou seja, na medida em que
os discos vão bater em 80%,
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chegando até lá,
eu faço um trabalho de limpeza.
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Então, batendo 80%,
dispararei automaticamente
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alguns programas, rotinas,
para limpeza dos bancos de dados,
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e a expectativa
é que essa limpeza
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vá reduzir até mais de 80%
dos dados atualmente ocupados,
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porque a gente tem
100 anos de existência
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do grupo jornalístico
guardados nos discos.
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Então, quando rodar essa rotina
de limpeza pela primeira vez,
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eu provavelmente vou derrubar
dos 80% de ocupação atuais
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para algo próximo
a 20% ou menos.
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Próximo risco:
incêndio no datacenter principal.
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Nível de exposição:
médio-alto, por quê?
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Justificativa:
o datacenter fica acima
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do depósito
de tintas do jornal,
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onde ocorreram 9 princípios
de incêndio no último ano.
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Ou seja, é fato que pode
ocorrer um incêndio,
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não é uma hipótese.
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Porque já tivemos
9 princípios de incêndio,
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e o datacenter está exposto
porque ele está
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em um andar superior
ao depósito de tintas,
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e todo mundo sabe que
o fogo sobe, ele não desce.
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Então nós temos aqui
uma exposição média-alta.
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Não estamos na iminência
de um incêndio no datacenter,
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mas existe uma chance forte.
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Em priorização ele ganhou
aqui o quarto lugar.
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Depois nós vamos entender
o porquê da priorização.
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E a estratégia foi transferir.
Transferir aqui, como?
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Contratando um datacenter
externo em nuvem
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e migrando todos os equipamentos
do jornal para esse datacenter,
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sendo que esse datacenter
será escolhido de forma a garantir
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um nível de avaliação internacional
de segurança TIER,
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numa camada elevada do TIER.
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TIER é uma gradação
de segurança.
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Então a gente, no caso,
contratou um datacenter TIER 4,
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que é o penúltimo
nível de segurança máxima.
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O nível máximo é 5.
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No Brasil não existe
datacenter nível 5.
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E também contratar links
duplicados de alta velocidade
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de provedores diferentes
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para ligar a empresa
ao novo datacenter.
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Então, veja, tem duas iniciativas
aqui grandes para fazer.
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Migrar todos equipamentos do grupo
jornalístico para um datacenter,
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fechar contrato
com o datacenter
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e também contratar links
de alta velocidade contingenciados.
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Não é um trabalho simples,
é um trabalho longo,
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por isso ele ficou
com priorização número 4,
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e ficou um pouquinho
mais adiante,
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porque ele envolvia
aqui todo um estudo
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um pouco mais profundo,
até financeiro.
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Vamos agora para
o terceiro item, então.
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Intrusão por parte
de internautas,
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pessoas externas à nossa
rede de computadores.
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Análise de exposição: alta.
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Como que a gente
chegou nessa conclusão
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de que a exposição é alta?
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Qual a justificativa?
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Um teste de equipamento
detector de intrusão
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apontou 3.714 tentativas de acessos
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aos computadores do datacenter
do jornal por minuto.
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Bom, a priorização ficou
em terceiro lugar.
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Estratégia:
eliminar esse risco, como?
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Instalando definitivamente um IDS,
que é um Intruder Detection System,
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e configurar
o firewall para bloquear
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pacotes de origem
de dados suspeitos.
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O último risco: acesso físico
indevido ao datacenter.
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Exposição: baixa.
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Justificativa dessa análise.
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Acesso ao datacenter já conta
com identificação por crachá
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mais biometria da face.
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Por raras vezes no ano,
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a mola da porta
que fecha o datacenter
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acaba não travando
após alguém entrar ou sair,
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mas isso, raras vezes.
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Então, o risco de alguém
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indevidamente acessar
o datacenter é baixo.
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A priorização é colocada
em primeiro lugar,
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apesar do risco baixo, por quê?
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Porque é fácil de solucionar.
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Vamos fazer já.
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E o que fizemos?
Eliminação. Como?
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Trocando o sistema de mola
por uma mola mais forte.
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Veja então a diversidade
de tratamentos
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e perceba que é sempre
muito importante
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quando você identificar
uma variável de risco,
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apontar o grau
de exposição justificado.
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Pense sempre
que solucionar os riscos
-
pode sair de uma solução
barata ou mais cara.
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No exemplo que eu dei,
na parte de migração de datacenter,
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nós temos ali um custo que,
com certeza, é altíssimo.
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E foi, nesse caso.
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Que é você contratar
um datacenter externo,
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levar todos seus servidores
para esse datacenter
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e depois fazer os contratos
de telecomunicações.
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Essa conta custou algumas dezenas
de milhões de reais por ano,
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para fazer isso aí funcionar
num outro datacenter.
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Tudo isso rodar
em um outro datacenter.
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Não é uma decisão
que eu tomo agora.
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É uma decisão
que leva tempo.
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Envolve área financeira,
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envolve com certeza
os conselhos, os comitês,
-
envolve vários profissionais de TI
internos e dos terceiros.
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Então, na hora de priorizar,
tem que levar em conta também isso.
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Não basta você olhar
só a questão de probabilidade
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de impactos
da ocorrência do risco,
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mas também
os investimentos necessários
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e o tempo para você solucionar
cada uma das questões
-
ou reduzir o tamanho
do problema
-
que esse risco
pode gerar no futuro.
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Utilizando o método
que eu estou te mostrando aqui
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na sua empresa,
seguindo esses passos,
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você vai ter uma chance de sucesso
para avaliação dos seus riscos
-
e para proposição
de soluções
-
de uma forma
muito mais interessante,
-
com alta chance de você
conseguir implementar as suas ideias.