As quatro maneiras em que o som nos afeta

Utilizando efeitos sonoros agradáveis e horríveis, Julian Treasure revela como o som nos afeta de quatro importante maneiras. Ouçam com atenção e aprenderão um facto surpreendente sobre os barulhentos escritórios sem paredes.

Durante os próximos cinco minutos,

tenciono transformar
a vossa relação com o som.

Vou começar observando
que a maior parte do som à nossa volta

é acidental e grande parte é desagradável.

Encontramo-nos nas ruas, gritando
por cima de barulho como este,

fingindo que não existe.

Este hábito de suprimir sons significa

que a nossa relação com o som
se tem tornado bastante inconsciente.

Há quatro principais formas
em que o som nos afeta constantemente,

e hoje gostava de as evidenciar
perante vocês.

A primeira é fisiológica.

(Toque de despertador)

Desculpem. Isto provoca uma descarga
de cortisol, a hormona de "luta ou foge".

Os sons influenciam
as secreções hormonais,

o ritmo respiratório e cardiac
— o que eu também acabei de fazer —

e o ritmo cerebral.

Não são só os sons desagradáveis
como estes que o fazem.

Isto é o som do mar.

Tem uma frequência de cerca
de 12 ciclos por minuto.

A maioria das pessoas acha
que é muito calmante,

e, curiosamente, 12 ciclos por minuto

é a frequência respiratória
de uma pessoa a dormir.

É muito semelhante
a um estado de descanso.

Também associamos este som
com a ausência de stress e as férias.

A segunda forma em que o som
nos afeta é psicológica.

A música é a forma de som mais poderosa

que sabemos que influencia
o nosso estado emocional.

Esta música, com certeza,
causar-vos-á bastante tristeza

se continuar a tocar.

Mas a música não é o único som
que influencia as nossas emoções.

Os sons naturais também o podem fazer.

O chilrear de pássaros é um som

que muitas pessoas
consideram reconfortante.

Ao longo de centenas de milhares de anos

aprendemos que, quando as aves cantam,
as coisas estão em segurança.

É quando o chilrear para
que nos preocupamos.

A terceira forma em que os sons
nos afetam é cognitiva.

Não percebemos duas pessoas
a falar ao mesmo tempo

ou neste caso, uma pessoa a dizer
duas coisas diferentes.

Tentem ouvir a outra voz.

Temos uma largura de banda pequena
para o processamento auditivo,

Por isso, este barulho é extremamente
prejudicial para a produtividade.

Se tiverem de trabalhar num escritório
sem paredes como este,

a produtividade é bastante reduzida.

Seja qual for o número que estão a pensar,
não é tão mau quanto isto.

(Música de choque)

A vossa produtividade é um terço
do que seria num local calmo.

E dou um conselho. Se tiverem de trabalhar
em espaços como estes,

ponham auscultadores, com um som calmo
como o chilrear de pássaros.

Usem-nos e a vossa produtividade triplica
para os níveis normais.

A quarta forma em que o som
nos afeta é comportamental.

Com tudo isto, seria impressionante

se o nosso comportamento não se alterasse.

Por isso, pensem:
será que esta pessoa vai conduzir

a uns estáveis 45 km por hora?
Não me parece.

No mínimo, afastam-se
de sons desagradáveis

e aproximam-se de sons agradáveis.

Por isso, se eu tocasse isto

(Martelo pneumático)

mais do que uns segundos,
ficariam incomodados.

Mais do que uns minutos,
e estariam todos a sair da sala.

As pessoas que não podem fugir
deste barulho

serão prejudicadas na sua saúde.

E não é a única coisa
que os maus sons prejudicam.

A maioria dos sons das lojas é desadequado,
acidental, e até hostil,

e tem um efeito dramático nas vendas.

Para os vendedores
— talvez queiram desviar o olhar

antes de eu mostrar
o diapositivo seguinte.

Estão a perder até 30% do negócio

com as pessoas que fogem da loja,
ou nem chegam a entrar.

Todos nós já saímos de uma area
porque os sons eram terríveis.

E quero dedicar um momento a falar sobre

o modelo que desenvolvemos, que nos permite começar no topo,

olhar para as características do som, analisar a paisagem de sons

e depois prever as quatro consequências de que falámos.

Ou começar pela base,

e definir os resultados que queremos,

e depois definir uma paisagem de som para obter o efeito desejado.

Finalmente, temos alguma ciência que podemos aplicar.

E estamos no negócio de planear paisagens de sons.

Só mais uma palavra sobre música. A música é o som mais poderoso que existe,

e frequentemente é utilizado de forma errada.

É poderoso por duas razões. Reconhecemo-la rapidamente,

e formamos associações muito poderosas.

Dou-vos dois exemplos. (Primeiro acorde do "A Hard Day's Night" dos The Beatles)

A maioria de vocês reconhece isto imediatamente.

Os mais novos talvez não. (Risos)

(Primeiros dois acordes da banda sonora d' "O Tubarão") E a maioria de vocês associa isto com qualquer coisa!

Bem, estas são amostras de um segundo de música.

A música tem muito poder. E infelizmente

reveste os espaços comerciais, frequentemente de forma errada.

Espero que isto se altere nos próximos anos.

Deixem-me que vos fale sobre marcas por um momento,

porque alguns de vocês presidem marcas. Todas as marcas

estão a fazer som neste momento.

Há oito expressões de uma marca em sons.

São todas importantes. E cada marca precisa de ter directrizes.

Fico contente por dizer que está a começar a acontecer.

(Som do anúncio da Intel)

Todos reconhecem este. (Toque de telemóvel da Nokia) Este é

o toque de telemóvel mais tocado no mundo.

1.8 mil milhões de vezes por dia, este toque ouve-se.

E não custou absolutamente nada à Nokia.

Deixo-vos com quatro regras de ouro, para os que têm empresas,

regras para o som comercial.

Primeiro, tem de ser coerente,

apontando na mesma direcção que a vossa comunicação visual.

Isso aumenta o impacto mais de 1100 por cento.

Se o vosso som aponta na direcção oposta, incoerente,

reduzem o impacto em 86 por cento.

É uma ordem de magnitude para cima ou para baixo.

Isto é importante.

Segundo, façam com que seja apropriado para a situação.

Terceiro, façam com que tenha valor. Dêem qualquer coisa às pessoas, com o som.

Não se limitem a bombardeá-las com coisas.

E, finalmente, testem e testem novamente.

O som é complexo. Há muitas influências contraditórias.

Pode ser como um prato de esparguete:

às vezes, temos de o comer e ver o que acontece.

Espero que esta palestra vos tenha feito aperceber dos sons.

Se estiverem a ouvir conscientemente,

podem reclamar o controlo sobre os sons à vossa volta.

É bom para a vossa saúde. É bom para a vossa produtividade.

Se todos fizermos isso, chegaremos a um estado

que eu acho que será de vivência saudável no mundo.

Deixo-vos com um pouco mais de chilrear de pássaros. (Chilrear de pássaros)

Recomendo pelo menos cinco minutos por dia, mas não há dose máxima.

Obrigado por me emprestarem os vossos ouvidos hoje

(Aplausos)