O segredo do desejo num relacionamento a longo-prazo
-
0:01 - 0:04Porque é que o bom sexo se desvanece
tão frequentemente, -
0:04 - 0:09até para casais que continuam a amar-se eternamente?
-
0:09 - 0:12E porque é que uma boa intimidade
não garante bom sexo, -
0:12 - 0:15ao contrário do que muitos pensam?
-
0:15 - 0:17Ou a próxima pergunta seria:
-
0:17 - 0:19podemos querer o que já temos?
-
0:19 - 0:22Essa é a pergunta de um milhão de dólares, não é?
-
0:22 - 0:24E porque é o proibido tão erótico?
-
0:24 - 0:28Porque é que a transgressão torna o desejo tão forte?
-
0:28 - 0:30E porque é que o sexo faz bebés
-
0:30 - 0:34e os bebés provocam um desastre erótico nos casais?
-
0:34 - 0:36É uma espécie de golpe erótico fatal, não é?
-
0:36 - 0:39E quando amamos, qual é a sensação?
-
0:39 - 0:42E quando desejamos, qual é a diferença?
-
0:42 - 0:44Estas são algumas das perguntas
-
0:44 - 0:46que estão no centro da minha exploração
-
0:46 - 0:49da natureza do desejo erótico
-
0:49 - 0:53e os seus concomitantes dilemas no amor moderno.
-
0:53 - 0:55Eu viajo pelo mundo,
-
0:55 - 0:57e no que reparo é que,
-
0:57 - 1:00em todo o lado em que o romantismo entrou,
-
1:00 - 1:03parece haver uma crise de desejo.
-
1:03 - 1:08Uma crise de desejo, no sentido de possuir o querer –
-
1:08 - 1:11desejo como uma expressão da nossa individualidade,
-
1:11 - 1:14do nosso livre-arbítrio, das nossas preferências,
da nossa identidade – -
1:14 - 1:18desejo, que se tornou um conceito central
-
1:18 - 1:21como parte do amor moderno e
das sociedades individualistas. -
1:21 - 1:24Sabem, esta é a primeira vez na história da humanidade
-
1:24 - 1:30em que estamos a tentar experienciar a
sexualidade a longo prazo, -
1:30 - 1:34não porque queremos 14 crianças,
-
1:34 - 1:38o que nos exigiria ter ainda mais porque
muitas não sobreviveriam, -
1:38 - 1:43e não porque é um papel conjugal exclusivo da mulher.
-
1:43 - 1:47É a primeira vez que queremos horas extra de sexo
-
1:47 - 1:52pelo prazer e ligação que estão enraizados no desejo.
-
1:52 - 1:55Então o que é que sustenta o desejo
e porque é tão difícil? -
1:55 - 2:01E no coração da manutenção do desejo
numa relação de compromisso, -
2:01 - 2:06eu acho que está a reconciliação
de duas necessidades humanas fundamentais. -
2:06 - 2:11De um lado, a nossa necessidade de segurança,
de previsibilidade, -
2:11 - 2:19de estabilidade, de dependência,
de confiança, de perenidade – -
2:19 - 2:22todas estas experiências nas nossas vidas
que nos ancoram, que nos alicerçam, -
2:22 - 2:24a que nós chamamos de lar.
-
2:24 - 2:28Mas nós também temos uma necessidade igualmente forte
– homens e mulheres – -
2:28 - 2:34de aventura, de novidade, de mistério,
de risco, de perigo, -
2:34 - 2:37do desconhecido, do inesperado, supreendente –
-
2:37 - 2:41vocês percebem – de jornadas, de viagens.
-
2:41 - 2:43Portanto, reconciliar a nossa
necessidade de estabilidade -
2:43 - 2:46com a nossa necessidade de aventura
num relacionamento, -
2:46 - 2:49ou o que nós hoje gostamos de chamar de
casamento apaixonado, -
2:49 - 2:51costumava ser uma contradição de termos.
-
2:51 - 2:54O casamento era uma instituição económica
-
2:54 - 2:58em que se recebia uma parceria para a vida
-
2:58 - 3:01em termos de filhos e estatuto social,
-
3:01 - 3:03sucessão e companheirismo.
-
3:03 - 3:07Mas agora nós queremos que o
nosso parceiro nos dê tudo isto -
3:07 - 3:10e que ainda seja o meu melhor amigo
-
3:10 - 3:13e o meu confidente e também o meu amante apaixonado,
-
3:13 - 3:14e nós vivemos o dobro do tempo.
-
3:14 - 3:17(Risos)
-
3:17 - 3:21Então, chegamos ao pé de uma pessoa
e basicamente estamos a pedir-lhe -
3:21 - 3:25que nos dê o que antes
uma vila inteira fornecia: -
3:25 - 3:29dá-me pertença, dá-me identidade, dá-me continuidade,
-
3:29 - 3:33mas dá-me também transcendência e mistério
e admiração, tudo de uma vez. -
3:33 - 3:35Dá-me conforto, dá-me emoção.
-
3:35 - 3:37Dá-me novidade, dá-me familiaridade.
-
3:37 - 3:39Dá-me previsibilidade, dá-me surpresa.
-
3:39 - 3:43E nós tomamo-lo como garantido,
e os brinquedos e a lingerie vão salvar-nos. -
3:43 - 3:48(Aplausos)
-
3:48 - 3:52Agora chegamos à realidade
existencial da história, certo? -
3:52 - 3:58Porque eu acho, de alguma forma
– e eu vou voltar a isso – -
3:58 - 4:02mas a crise do desejo é normalmente
a crise da imaginação. -
4:02 - 4:05Então, porque é que o bom sexo
acaba tão frequentemente? -
4:05 - 4:08Qual é a relação entre amor e desejo?
-
4:08 - 4:11Como estão eles ligados e
onde se separam? -
4:11 - 4:14Porque é aí que está o mistério do erotismo.
-
4:14 - 4:19Se há um verbo que, para mim,
combina com o amor, é o verbo "ter". -
4:19 - 4:23E, se há um verbo que combina com desejo, é "querer".
-
4:23 - 4:27No amor, nós queremos ter,
nós queremos conhecer quem amamos. -
4:27 - 4:31Queremos minimizar a distância.
Queremos diminuir a lacuna. -
4:31 - 4:35Queremos neutralizar as tensões.
Queremos proximidade. -
4:35 - 4:41Mas no desejo, nós tendemos a não querer muito
voltar para onde já fomos. -
4:41 - 4:44Conclusões passadas não mantêm o nosso interesse.
-
4:44 - 4:49No desejo, nós queremos um Outro,
alguém no outro lado que possamos visitar, -
4:49 - 4:51com quem podemos passar algum tempo,
-
4:51 - 4:55que podemos ir ver o que está a acontecer
na sua "zona das luzes vermelhas". -
4:55 - 4:59No desejo, nós queremos uma ponte para cruzar.
-
4:59 - 5:02Ou, noutras palavras, eu às vezes digo:
o fogo precisa de ar. -
5:02 - 5:04O desejo precisa de espaço.
-
5:04 - 5:08E quando é dito desta forma
é normalmente algo abstrato. -
5:08 - 5:10Mas então levei uma pergunta comigo.
-
5:10 - 5:12E fui a mais de 20 países nos últimos anos
-
5:12 - 5:15com o "Sexo em Cativeiro",
e perguntei às pessoas: -
5:15 - 5:18quando é que se sente mais atraído pelo seu parceiro?
-
5:18 - 5:21Não sexualmente atraído per se, mas atraído em geral.
-
5:21 - 5:25E em várias culturas, em várias religiões, independentemente do género
-
5:25 - 5:30– exceto num – há algumas respostas
que simplesmente se repetem. -
5:30 - 5:35O primeiro grupo é:
sinto-me mais atraído pela minha parceira -
5:35 - 5:41quando ela está fora, quando estamos separados
e nos reencontramos. -
5:41 - 5:45No fundo, quando volto a estar em contacto
-
5:45 - 5:49com a minha capacidade de me imaginar com meu parceiro,
-
5:49 - 5:52quando a minha imaginação volta à ação,
-
5:52 - 5:57quando consigo baseá-la na ausência e na saudade,
-
5:57 - 5:59que é um grande componente do desejo.
-
5:59 - 6:02Mas o segundo grupo é ainda mais interessante:
-
6:02 - 6:04Eu sinto-me mais atraído pelo meu parceiro
-
6:04 - 6:08quando o vejo no estúdio, quando ela está no palco,
-
6:08 - 6:12quando ele mostra sua essência, quando ela
está a fazer algo que a apaixone, -
6:12 - 6:16quando o vejo numa festa e outras pessoas
estão realmente atraídas por ele, -
6:16 - 6:18quando eu a vejo a julgar no tribunal.
-
6:18 - 6:23Basicamente, quando vejo o meu parceiro
radiante e confiante, -
6:23 - 6:26provavelmente o mais excitante além-fronteiras.
-
6:26 - 6:28Radiante, como em auto-suficiente.
-
6:28 - 6:31Eu olho para esta pessoa – aliás, no desejo
-
6:31 - 6:34as pessoas raramente falam sobre isso,
quando estamos unidos num só, -
6:34 - 6:37a 5 cm de distância do outro.
Eu não sei quantas polegadas são. -
6:37 - 6:41Mas também não é quando
a outra pessoa está tão distante -
6:41 - 6:42que já não se vê mais.
-
6:42 - 6:47É quando eu olho para o meu parceiro
de uma distância confortável, -
6:47 - 6:51onde esta pessoa que já é tão familiar, tão conhecida,
-
6:51 - 6:56está momentaneamente, mais uma vez,
um tanto misteriosa, um tanto esquiva. -
6:56 - 7:01E neste espaço entre o Outro e eu
reside o desejo erótico, -
7:01 - 7:03aquele movimento em direção ao Outro.
-
7:03 - 7:05Porque algumas vezes, como diz Proust,
-
7:05 - 7:08o mistério não é viajar para novos lugares,
-
7:08 - 7:10mas sim olhar com novos olhos.
-
7:10 - 7:14E então, quando eu vejo o meu parceiro
sozinho ou sozinha, -
7:14 - 7:16a fazer alguma coisa em que estejam envolvidos,
-
7:16 - 7:21eu olho para essa pessoa e momentaneamente
mudo a minha perceção, -
7:21 - 7:27e fico aberta aos mistérios que estão ali
a viver ao meu lado. -
7:27 - 7:31E então, o mais importante nesta descrição
sobre o Outro, -
7:31 - 7:35ou sobre mim – é o mesmo – o que é mais interessante
-
7:35 - 7:37é que não há necessidade no desejo.
-
7:37 - 7:40Ninguém precisa de ninguém.
-
7:40 - 7:42Não há cuidado no desejo.
-
7:42 - 7:47O cuidado é amar muito.
É um poderoso anti-afrodisíaco. -
7:47 - 7:49Eu ainda estou para ver alguém
que fique assim tão excitado -
7:49 - 7:51por alguém que precise dele.
-
7:51 - 7:55Querer é uma coisa.
Precisar dele é o fim -
7:55 - 7:56e as mulheres sabem disso desde sempre,
-
7:56 - 7:59porque qualquer coisa que traga à tona a paternidade
-
7:59 - 8:02geralmente diminuirá a carga erótica.
-
8:02 - 8:04Por boas razões, certo?
-
8:04 - 8:08E então, o terceiro grupo de respostas
usualmente seria -
8:08 - 8:12quando sou surpreendida, quando nós rimos juntos,
-
8:12 - 8:14como alguém me disse no escritório hoje,
-
8:14 - 8:16quando ele está de smoking,
então eu disse: "Sabe, -
8:16 - 8:19"ou é o smoking ou são as botas de cowboy."
-
8:19 - 8:23Mas, basicamente, é quando há novidade.
-
8:23 - 8:27Mas novidade não é sobre novas posições.
Não é um reportório de técnicas. -
8:27 - 8:31Novidade é: que partes de si traz à tona?
-
8:31 - 8:34Que partes de si estão à vista?
-
8:34 - 8:36Porque, de alguma forma, poderíamos dizer
-
8:36 - 8:38que o sexo não é algo que se faz, não é?
-
8:38 - 8:41Sexo é um lugar a que se vai.
É um espaço em que se entra -
8:41 - 8:44dentro de si mesmo e com o outro, ou outros.
-
8:44 - 8:47Então, onde vão no sexo?
-
8:47 - 8:49A que partes de vós mesmos se ligam?
-
8:49 - 8:51O que procuram expressar aí?
-
8:51 - 8:54É um lugar para união transcendental e espiritual?
-
8:54 - 8:59É um lugar para malícia e para ser agressivo
com segurança? -
8:59 - 9:01É um lugar onde se podem finalmente render
-
9:01 - 9:04e não terem que se responsabilizarem por tudo?
-
9:04 - 9:07É um lugar onde podem expressar desejos infantis?
-
9:07 - 9:10O que se revela lá? É uma linguagem.
-
9:10 - 9:12Não é apenas um comportamento.
-
9:12 - 9:15E é na poética dessa linguagem
que estou interessada, -
9:15 - 9:19a razão pela qual eu comecei a explorar
este conceito de inteligência erótica. -
9:19 - 9:21Sabem, os animais têm sexo.
-
9:21 - 9:24É o pivô, a biologia, o instinto natural.
-
9:24 - 9:28Nós somos os únicos que têm uma vida erótica,
-
9:28 - 9:34o que significa que é sexualmente transformada
pela imaginação humana. -
9:34 - 9:37Somos os únicos que podemos fazer amor
durante horas, -
9:37 - 9:40termos um momento de êxtase, orgasmos múltiplos,
-
9:40 - 9:44e sem tocarmos em ninguém, apenas porque
o podemos imaginar. -
9:44 - 9:47Nós podemos insinuar isso.
Não temos nem que fazer isso. -
9:47 - 9:50Podemos experimentar essa coisa poderosa
chamada antecipação, -
9:50 - 9:53que é o sinal para o desejo,
-
9:53 - 9:56a capacidade de imaginar, como se estivesse a acontecer,
-
9:56 - 10:00de o experimentar como se estivesse a acontecer,
enquanto nada está a acontecer -
10:00 - 10:03e tudo está a acontecer ao mesmo tempo.
-
10:03 - 10:06Então, quando eu começo a pensar sobre o erotismo,
-
10:06 - 10:09começo a pensar sobre a poética do sexo,
-
10:09 - 10:11e se eu olhar para isso como um tipo de inteligência,
-
10:11 - 10:14então isso é algo que se cultiva.
-
10:14 - 10:18Quais são os ingredientes? Imaginação, diversão,
-
10:18 - 10:21novidade, curiosidade, mistério.
-
10:21 - 10:26Mas o agente central é realmente aquela peça
chamada imaginação. -
10:26 - 10:29Mas mais importante para eu começar a entender
-
10:29 - 10:32quem são os casais que têm uma faísca erótica,
-
10:32 - 10:34que sustenta o desejo, eu tive de voltar
-
10:34 - 10:37à definição original de erotismo,
-
10:37 - 10:40a definição mística, e quando eu passei por isso,
-
10:40 - 10:43por essa bifurcação, olhando para
o trauma, efetivamente -
10:43 - 10:46que é o outro lado, e eu olhei para isso
-
10:46 - 10:48olhando para a comunidade em que eu cresci,
-
10:48 - 10:52uma comunidade na Bélgica, todos
sobreviventes do Holocausto, -
10:52 - 10:55e na minha comunidade havia dois grupos:
-
10:55 - 10:59aqueles que não morreram e aqueles que voltaram à vida.
-
10:59 - 11:02E aqueles que não morreram, viveram geralmente
muito amarrados ao chão, -
11:02 - 11:06não puderam experimentar o prazer,
não conseguiram confiar, -
11:06 - 11:08porque quando estamos vigilantes,
preocupados, ansiosos, -
11:08 - 11:11e inseguros, não conseguimos levantar a cabeça
-
11:11 - 11:17para descolarmos para o espaço e sermos
brincalhões e seguros e imaginativos. -
11:17 - 11:19Aqueles que voltaram à vida foram os que
-
11:19 - 11:22entenderam o erótico como um antídoto para a morte.
-
11:22 - 11:25Eles sabiam como se manter vivos.
-
11:25 - 11:29E quando eu comecei a ouvir sobre a falta de atividade
sexual dos casais com quem trabalho, -
11:29 - 11:32eu por vezes ouvia pessoas a dizerem:
"Eu quero mais sexo" -
11:32 - 11:35mas geralmente as pessoas querem é sexo melhor,
-
11:35 - 11:38e melhor é reconetarmo-nos com aquela
capacidade de estarmos vivos, -
11:38 - 11:42de vibração, renovação, vitalidade, de Eros, de energia
-
11:42 - 11:45que o sexo lhes costumava proporcionar,
ou que eles esperavam -
11:45 - 11:47que isso proporcionaria.
-
11:47 - 11:50E então comecei a fazer perguntas diferentes.
-
11:50 - 11:55"Eu desligo-me quando..." começou a ser a pergunta.
-
11:55 - 11:58"Eu desligo os meus desejos quando..." que não é
a mesma pergunta que: -
11:58 - 12:02"O que me faz perder o desejo é..."
e: " Fazes-me perder o desejo quando..." -
12:02 - 12:05E as pessoas começaram a dizer:
"Eu perco o desejo quando -
12:05 - 12:08"me sinto morto por dentro, quando não gosto
do meu corpo, -
12:08 - 12:11"quando me sinto velho, quando não tive tempo para mim,
-
12:11 - 12:14"quando não tive a oportunidade sequer
de entrar contigo, -
12:14 - 12:16"quando não me saio bem no trabalho,
-
12:16 - 12:19"quando sinto a minha auto-estima em baixo,
quando não tenho sentido de valor próprio, -
12:19 - 12:22"quando não me sinto no direito de querer, de tomar,
-
12:22 - 12:24"de receber prazer."
-
12:24 - 12:27E então comecei a perguntar a questão inversa.
-
12:27 - 12:30"Eu excito-me quando..."
Porque, na maioria das vezes, -
12:30 - 12:32as pessoas gostam de fazer a pergunta:
"Você excita-me, -
12:32 - 12:36"o que me excita" e eu estou fora da questão. Sabem?
-
12:36 - 12:40Agora, se estiverem mortos por dentro, a outra pessoa
pode fazer um monte de coisas no Dia dos Namorados -
12:40 - 12:43e não vai fazer diferença.
Não há ninguém na receção. -
12:43 - 12:45(Risos)
-
12:45 - 12:47Então, "eu fico excitada quando..."
-
12:47 - 12:51"eu ativo meus desejos";
"eu acordo quando..." -
12:51 - 12:56Agora, neste paradoxo entre amor e desejo,
-
12:56 - 12:59o que parece ser tão enigmático é que
muitos dos ingredientes -
12:59 - 13:04que nutrem o amor – mutualidade, reciprocidade,
-
13:04 - 13:08proteção, preocupação, responsabilidade pelo outro –
-
13:08 - 13:12são, algumas vezes, os principais ingredientes
que sufocam o desejo. -
13:12 - 13:16Porque o desejo vem com uma série de sentimentos
-
13:16 - 13:20que nem sempre são os preferidos do amor:
-
13:20 - 13:24ciúme, possessividade, agressividade,
poder, domínio, -
13:24 - 13:26indecência, prejuízo moral.
-
13:26 - 13:29Basicamente, a maioria de nós ficará excitada à noite
-
13:29 - 13:33pelas mesmas coisas que demonstraremos
ser contra durante o dia. -
13:33 - 13:37Vocês sabem, a mente erótica não é muito
politicamente correta. -
13:37 - 13:39Se todos fantasiassem com uma cama de rosas,
-
13:39 - 13:43nós não estaríamos a ter conversas tão interessantes
como esta sobre isto. -
13:43 - 13:45Mas não, lá na nossa mente
-
13:45 - 13:49há uma série de coisas a acontecer
de que nem sempre estamos a par -
13:49 - 13:51como trazer para a pessoa que amamos,
-
13:51 - 13:54porque nós achamos que amor vem com abnegação
-
13:54 - 13:58e, de facto, o desejo vem com uma certa
quantidade de egoísmo -
13:58 - 14:00no melhor sentido da palavra:
-
14:00 - 14:03a capacidade de estar ligado a si mesmo
-
14:03 - 14:04na presença de outro.
-
14:04 - 14:07Então, eu quero desenhar-vos uma imagem simples,
-
14:07 - 14:11porque isto de reconciliar estes dois conjuntos
de necessidades -
14:11 - 14:12nasce connosco.
-
14:12 - 14:15A nossa necessidade de ligação,
a nossa necessidade de separação, -
14:15 - 14:17ou a nossa necessidade de segurança e aventura,
-
14:17 - 14:20ou a nossa necessidade de união e autonomia,
-
14:20 - 14:23e se vocês pensarem numa criança pequena
que se senta no vosso colo -
14:23 - 14:27e é comodamente aninhada aqui e
muito segura e confortável, -
14:27 - 14:31e a certo ponto todos nós precisamos de sair
pelo mundo fora -
14:31 - 14:34para descobrir e explorar.
-
14:34 - 14:35Isso é o início do desejo,
-
14:35 - 14:40daquela necessidade exploratória,
curiosidade, descoberta. -
14:40 - 14:44E, então, a certo ponto, eles viram-se e olham para vocês
-
14:44 - 14:46e se lhes disserem:
-
14:46 - 14:49"Ei, miúdo, o mundo é um excelente lugar. Atira-te.
-
14:49 - 14:50"Há tanta diversão lá fora"
-
14:50 - 14:53então eles podem afastar-se e experimentar
-
14:53 - 14:55a ligação e a separação ao mesmo tempo.
-
14:55 - 14:58Eles podem fluir na imaginação deles,
nos seus corpos, -
14:58 - 15:01na diversão deles, sabendo sempre
-
15:01 - 15:04que existe alguém quando eles voltarem.
-
15:04 - 15:06Mas se deste lado houver alguém que diz:
-
15:06 - 15:10"Estou preocupado. Estou ansioso. Estou deprimido.
-
15:10 - 15:12"O meu parceiro não cuidou de mim em tanto tempo.
-
15:12 - 15:15"O que há de bom lá fora? Nós não temos tudo
-
15:15 - 15:17"o que precisas, juntos, tu e eu?"
-
15:17 - 15:19Então há algumas pequenas reações
-
15:19 - 15:22que todos nós podemos reconhecer.
-
15:22 - 15:27Alguns de nós regressarão, regressaram
há muito tempo atrás -
15:27 - 15:29e aquela criança pequena que volta
-
15:29 - 15:32é a criança que renunciará a uma parte dela
-
15:32 - 15:35para não perder o outro.
-
15:35 - 15:39Eu perderei a minha liberdade para não perder a ligação.
-
15:39 - 15:41E eu aprenderei a amar de uma determinada forma
-
15:41 - 15:45que se tornará sobrecarregada com
uma preocupação extra -
15:45 - 15:49e responsabilidade extra e proteção extra,
-
15:49 - 15:51e eu não saberei como deixar isso
-
15:51 - 15:55e sair para brincar, para experimentar prazer,
-
15:55 - 15:58para descobrir, entrar em mim mesma.
-
15:58 - 16:01Traduzam isto para a linguagem adulta.
-
16:01 - 16:05Isso começa em muito novos.
E continua nas nossas vidas sexuais -
16:05 - 16:06até o fim.
-
16:06 - 16:09A criança número 2 volta
-
16:09 - 16:12mas está sempre a olhar por cima do ombro.
-
16:12 - 16:14"Vais estar lá?
-
16:14 - 16:15"Vais amaldiçoar-me?
Vais repreender-me? -
16:15 - 16:17"Vais ficar zangada(o) comigo?"
-
16:17 - 16:21E eles podem ter partido, mas nunca estão
realmente longe, -
16:21 - 16:23e esses são frequentemente as pessoas que vos dirão
-
16:23 - 16:26que no início era super quente.
-
16:26 - 16:29Porque no início, a intimidade crescente
-
16:29 - 16:31não era ainda tão forte
-
16:31 - 16:34o que levou efetivamente à diminuição do desejo.
-
16:34 - 16:38"Quanto mais ligada fiquei,
mais responsável eu me senti, -
16:38 - 16:41"menos fui capaz de me soltar na tua presença."
-
16:41 - 16:44A terceira criança, na verdade, não regressa.
-
16:44 - 16:47Então, o que acontece, se vocês quiserem manter o desejo
-
16:47 - 16:50é aquele pedaço de verdadeira dialética.
-
16:50 - 16:53Por um lado, querem a segurança a fim de
serem capazes de ir. -
16:53 - 16:57Por outro, se não puderem ir, não poderão ter prazer,
-
16:57 - 17:00não poderão culminar, não terão um orgasmo
-
17:00 - 17:02não ficarão excitados porque passarão o tempo
-
17:02 - 17:06no corpo e na cabeça do outro e não nos vossos próprios.
-
17:06 - 17:09Então, nesse dilema sobre reconciliar
-
17:09 - 17:12esses dois conjuntos de necessidades fundamentais
-
17:12 - 17:16existem algumas coisas que os casais eróticos
fazem que eu passei a entender. -
17:16 - 17:19Um, eles têm muita privacidade sexual.
-
17:19 - 17:22Eles entendem que há um espaço erótico
-
17:22 - 17:24que pertence a cada um deles.
-
17:24 - 17:27Eles também entendem que os preliminares
não é uma coisa que se faz -
17:27 - 17:295 minutos antes da coisa a sério.
-
17:29 - 17:32Os preliminares começam no final do orgasmo anterior.
-
17:32 - 17:35Eles também entendem que um espaço erótico
-
17:35 - 17:37não é sobre começar a acariciar o outro.
-
17:37 - 17:41É criar um espaço onde deixam a empresa X,
-
17:41 - 17:44talvez onde deixem o vosso programa rápido de trabalho...
-
17:44 - 17:46(Risos)
-
17:46 - 17:49...e onde entram, de facto, naquele lugar
-
17:49 - 17:51onde param de ser os bons cidadãos
-
17:51 - 17:53que estão a cuidar das coisas e a serem responsáveis.
-
17:53 - 17:57Responsabilidade e desejo só entram em conflito.
-
17:57 - 18:00Eles realmente não se dão bem juntos.
-
18:00 - 18:04Os casais eróticos também entendem que
a paixão aumenta e diminui. -
18:04 - 18:07É bastante parecida com a lua.
Tem eclipses intermitentes. -
18:07 - 18:10Mas eles sabem como ressuscitar isso.
-
18:10 - 18:12Sabem como trazer isso de volta
-
18:12 - 18:13e sabem como trazer isso de volta
-
18:13 - 18:15porque eles desmistificaram um grande mito,
-
18:15 - 18:18que é o mito da espontaneidade, que diz
-
18:18 - 18:22que isso vai simplesmente cair do céu enquanto
estiverem a dobrar a roupa lavada -
18:22 - 18:25como um deus ex-machina, e de facto,
eles entenderam -
18:25 - 18:27que o que quer que vá acontecer
-
18:27 - 18:31num relacionamento a longo-prazo, já aconteceu.
-
18:31 - 18:33O sexo com compromisso é sexo premeditado.
-
18:33 - 18:36É deliberado. É intencional.
-
18:36 - 18:39É concentração e presença.
-
18:39 - 18:41Feliz Dia dos Namorados.
-
18:41 - 18:48(Aplausos)
- Title:
- O segredo do desejo num relacionamento a longo-prazo
- Speaker:
- Esther Perel
- Description:
-
Em relacionamentos longos, nós geralmente esperamos que a pessoa amada seja tanto o melhor amigo quanto o parceiro erótico. Mas Esther Perel argumenta que sexo bom e com compromisso leva a duas necessidades conflituantes: a nossa necessidade de segurança e a nossa necessidade de surpresa. Então, como se sustenta o desejo? Com inteligência e eloquência, Perel apresenta-nos o mistério da inteligência erótica.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:10
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The secret to desire in a long-term relationship |