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O trabalho define as pessoas | Juliana Mendonça & Cristiane Schmidt | TEDxLaçador

  • 0:09 - 0:13
    Meu nome é Juliana, a Cris, eu vou falar
    um pouco dela, ela não está aqui comigo,
  • 0:14 - 0:17
    mas é quem faz comigo o projeto.
  • 0:18 - 0:21
    Bom, o que eu vou falar aqui hoje, assim,
  • 0:21 - 0:25
    faz algum tempo que eu tenho
    o privilégio de contar histórias
  • 0:25 - 0:30
    de buscas profissionais de algumas pessoas
    que eu nunca nem vi na vida,
  • 0:30 - 0:33
    através desse projeto
    que se chama Continue Curioso.
  • 0:33 - 0:36
    Eu sempre fui meio fascinada,
    assim, por essa história
  • 0:36 - 0:39
    de como o trabalho nos define, né?
  • 0:39 - 0:43
    É uma boa continuidade
    do que a Andrea estava falando aqui.
  • 0:43 - 0:48
    Claro que eu percebi que sou fascinada,
    agora, um pouco mais velha,
  • 0:48 - 0:51
    mas eu sempre reparei naquela pergunta,
    quando alguém te faz:
  • 0:51 - 0:54
    "Pô, quem é você? Conta aí sua história".
  • 0:54 - 0:58
    E a gente sempre começa falando assim:
    ''Ah, eu sou a Juliana, sou publicitária".
  • 0:58 - 1:00
    Ou: "Ah, eu sou o Pedro, sou professor".
  • 1:00 - 1:03
    Ou: "Eu sou o João, eu sou engenheiro".
  • 1:03 - 1:07
    É fato assim, sempre a segunda coisa
    que você fala sobre você é sua profissão.
  • 1:08 - 1:11
    Como isso tem um grande peso
    na nossa vida,
  • 1:11 - 1:14
    sempre me gerou uma fascinação
  • 1:14 - 1:16
    e por isso o projeto nasceu.
  • 1:17 - 1:21
    Hoje, o que eu vim falar pra vocês
    não são verdades absolutas
  • 1:22 - 1:24
    nem filosofias,
  • 1:24 - 1:29
    o que eu queria contar é o projeto
    através das histórias que a gente recebeu.
  • 1:30 - 1:33
    Vocês vão ver, são
    histórias superprofundas
  • 1:33 - 1:37
    de pessoas que abriram seu coração
    e que fascinaram a gente.
  • 1:37 - 1:40
    Então vou começar falando
    como tudo começou.
  • 1:41 - 1:44
    Tudo começou exatamente
    com este e-mail aqui,
  • 1:44 - 1:50
    que eu enviei pra Cris no dia
    06 de março de 2012,
  • 1:50 - 1:51
    e no e-mail eu me apresento,
  • 1:51 - 1:54
    a gente tinha se visto
    umas duas vezes na vida só,
  • 1:54 - 1:57
    eu me apresento e convido ela
    pra participar do projeto.
  • 1:57 - 2:02
    E aí se vocês lerem aí, vocês vão reparar
    que eu falo que é um projeto bem cru,
  • 2:02 - 2:06
    que não está estruturado, que é um projeto
    sem data, sem verba, sem cliente.
  • 2:06 - 2:09
    E aí eu fico me perguntando: "Meu,
    se eu recebo um e-mail desse,
  • 2:09 - 2:12
    falo: 'Que louca! Claro
    que eu não vou fazer isso'."
  • 2:12 - 2:14
    Mas a Cris, pelo contrário, ela falou:
  • 2:14 - 2:17
    "Irado! vamos fazer isso agora!"
  • 2:17 - 2:19
    E foi assim que tudo começou.
  • 2:21 - 2:22
    Em janeiro de 2013,
  • 2:22 - 2:26
    o site entrou no ar com essa descrição
    aqui, que eu vou ler para vocês.
  • 2:26 - 2:30
    "Continue Curioso é uma web série
    documental sobre buscas e questionamentos.
  • 2:30 - 2:31
    Conversamos com pessoas
  • 2:31 - 2:34
    que se desprenderam de um jeito
    convencional de levar a vida
  • 2:34 - 2:37
    pra caminhar em direção ao desconhecido.
  • 2:37 - 2:39
    Sem saber muito bem o porquê,
  • 2:39 - 2:42
    entendemos que quando é
    o próprio destino que está em jogo,
  • 2:42 - 2:44
    ninguém entra pra perder.
  • 2:44 - 2:47
    Ao avesso das coisas é que descobertas
    são feitas no trabalho,
  • 2:47 - 2:51
    nas pessoas próximas
    e principalmente em si mesmo.
  • 2:52 - 2:55
    Não sabemos qual jeito é o melhor
    ou se existe um jeito certo.
  • 2:55 - 3:00
    Durante o caminho pra achar respostas,
    o que a gente encontrou foram perguntas.
  • 3:00 - 3:02
    E não importa quais foram,
  • 3:02 - 3:05
    o que importa é que a gente
    ainda segue perguntando."
  • 3:06 - 3:08
    Toda vez que eu leio esse texto,
  • 3:08 - 3:12
    eu fico pensando que o que eu acho
    mais difícil na criação de um texto
  • 3:12 - 3:14
    é fazer com que ele reflita uma verdade,
  • 3:14 - 3:21
    sem tirar ou aumentar ou distorcer
    o fato, fazer com que ele seja genuíno.
  • 3:21 - 3:22
    E, ao longo do tempo,
  • 3:22 - 3:25
    fui percebendo que esse texto
    não refletia só a minha verdade,
  • 3:25 - 3:30
    ele refletia a verdade
    de muita gente, de muitas pessoas.
  • 3:30 - 3:34
    E a primeira delas, a primeira pessoa
    que a gente encontrou pelo caminho,
  • 3:34 - 3:35
    foi a Marília Pedroso.
  • 3:35 - 3:40
    A Marília foi personagem
    do nosso primeiro episódio da web série.
  • 3:40 - 3:43
    Então a gente seguiu a Marília
    num dia de trabalho,
  • 3:43 - 3:46
    e num papo durante a entrevista
    pra fazer o episódio,
  • 3:46 - 3:50
    a gente tentou entender por que ela
    resolveu trocar um trabalho no escritório
  • 3:50 - 3:53
    pelo trabalho de fotógrafa freelancer.
  • 3:54 - 3:58
    E numa das falas, eu lembro que ela dizia:
  • 3:58 - 4:03
    "Bom, eu saía de casa às 7 da manhã,
  • 4:03 - 4:07
    eu voltava pra casa às 9 da noite,
    e eu não tinha tempo pra nada.
  • 4:07 - 4:10
    E eu acho que isso é
    uma sensação de desperdício".
  • 4:12 - 4:16
    Em dois dias, a divulgação
    desse vídeo saiu do nosso controle.
  • 4:16 - 4:19
    O que começou naquele e-mail
    virou um negócio gigante,
  • 4:19 - 4:22
    que a gente não esperava,
    realmente, saiu do nosso controle.
  • 4:22 - 4:25
    Vários meios de comunicação
    nos procuraram querendo respostas,
  • 4:25 - 4:29
    querendo saber mais sobre o projeto.
  • 4:29 - 4:33
    E aí, a partir disso, histórias
    bem parecidas com a da Marília,
  • 4:33 - 4:36
    de pessoas que se identificaram,
    começaram a chegar de vários lugares.
  • 4:37 - 4:43
    Então a gente recebeu histórias do Rio,
    de São Paulo, do Rio Grande do Sul,
  • 4:43 - 4:49
    do Paraná, do Ceará, de Portugal,
    da Argentina, da Espanha...
  • 4:49 - 4:51
    Foram milhares de histórias.
  • 4:54 - 4:57
    A gente reparou que essas histórias
  • 4:57 - 5:02
    eram muito mais uma vontade
    das pessoas abrirem seus corações.
  • 5:02 - 5:05
    Então são textos aqui,
    que eu tirei de algumas delas:
  • 5:05 - 5:08
    "Desculpe estar incomodando,
    mas eu preciso conversar com alguém.
  • 5:08 - 5:12
    Eu nem sei pra quem eu estou escrevendo
    e nem sei onde isso vai parar,
  • 5:12 - 5:14
    mas o projeto de vocês é lindo
  • 5:14 - 5:17
    e me deu vontade de compartilhar
    a minha história".
  • 5:17 - 5:21
    E aí, procurando achar algum elo
    entre todas essas histórias,
  • 5:21 - 5:24
    a gente percebeu
    que muitas delas, se não todas,
  • 5:24 - 5:30
    começaram porque as pessoas resolveram
    perguntar, se perguntar, se questionar.
  • 5:31 - 5:34
    "Se não é pra fazer isso,
    o que eu vou fazer?
  • 5:34 - 5:36
    O que me motiva?
  • 5:36 - 5:38
    O que eu estou fazendo com a minha vida?
  • 5:38 - 5:39
    Qual o meu papel?
  • 5:39 - 5:43
    E o que eu preciso fazer
    pra estar satisfeita com esses respostas?"
  • 5:43 - 5:46
    Nenhuma dessas histórias estava
    cheia de respostas, pelo contrário,
  • 5:46 - 5:49
    muitas estavam cheias de perguntas.
  • 5:49 - 5:52
    E aí era uma coisa engraçada,
    era o sujo perguntando pra mal lavada,
  • 5:52 - 5:54
    porque também não vou saber responder,
  • 5:54 - 5:58
    também troquei meu trabalho no escritório
    por uma vida não convencional,
  • 5:58 - 5:59
    de freelancer.
  • 6:00 - 6:04
    E nenhuma delas, também é legal falar,
    estava cheia de finais felizes.
  • 6:04 - 6:08
    A gente sabe que a gente gostaria
    de pensar que é: "Saí da escola,
  • 6:08 - 6:11
    fiz faculdade, me encontrei,
    estou trabalhando, estou feliz".
  • 6:11 - 6:14
    Não é assim que a felicidade
    funciona, infelizmente.
  • 6:15 - 6:18
    São histórias longas e textos superdensos,
  • 6:18 - 6:22
    e umas intimidades que a gente
    jamais imaginou que teria
  • 6:22 - 6:25
    com pessoas que a gente
    nunca nem viu na vida.
  • 6:25 - 6:29
    E a proposta agora é que eu quero dividir
    algumas dessas histórias com vocês.
  • 6:30 - 6:33
    "Eu tenho um filho de três meses
    e moro com a minha mulher.
  • 6:33 - 6:36
    Estou em risco de perder
    o único emprego que tenho.
  • 6:36 - 6:40
    Mas, com o passar do tempo, e pressão
    da situação, estou enlouquecendo,
  • 6:40 - 6:42
    e perdi o amor-próprio.
  • 6:42 - 6:44
    Estou querendo sair, mas não posso;
  • 6:44 - 6:47
    pois, se sair, não quero
    mais nada parecido.
  • 6:47 - 6:51
    Estou pirando por não ser algo que gosto,
    e, por parte dos meus pais, isso é normal.
  • 6:51 - 6:55
    É preciso viver de forma infeliz
    pra ter apenas dinheiro."
  • 6:56 - 7:00
    É interessante que histórias como essa,
  • 7:00 - 7:03
    essa é só um exemplo,
    a gente recebe muitas histórias como essa,
  • 7:03 - 7:06
    nos mostram como a escolha
    de uma profissão,
  • 7:06 - 7:09
    vai muito além das
    nossas próprias escolhas.
  • 7:09 - 7:13
    As expectativas de terceiros
    contam muito, às vezes até demais.
  • 7:15 - 7:20
    "Levava uma vida banal, sempre tentando
    me encaixar quanto às exigências sociais.
  • 7:20 - 7:24
    Um vazio que nunca era preenchido
    me levou a uma depressão grave.
  • 7:24 - 7:27
    Foram nove, com tentativa de suicídio.
  • 7:27 - 7:31
    Com a ajuda de medicações, fui saindo
    daquele estado depressivo devagar.
  • 7:31 - 7:35
    Distante de tudo, eu encontrei,
    sem querer, a vida de novo.
  • 7:35 - 7:37
    Comecei a observar as coisas, o mundo.
  • 7:37 - 7:40
    Tinha uma mediadora nesse caso,
    era uma câmera.
  • 7:40 - 7:42
    Mediadora entre mim e o mundo.
  • 7:42 - 7:46
    Só queria deixar registrado
    o amor que eu tenho pela fotografia."
  • 7:48 - 7:50
    Pra mim, com histórias como essa,
  • 7:50 - 7:52
    fica claro que o problema
    não está em trabalhar,
  • 7:52 - 7:56
    mas sim em perder
    a sua essência no trabalho.
  • 7:56 - 7:59
    Se a gente parar pra reparar
    e realmente olhar no olho da outra pessoa,
  • 7:59 - 8:02
    a gente vai ver que dores silenciosas
    estão por aí o tempo todo.
  • 8:02 - 8:05
    A gente, às vezes, só escolhe não ver.
  • 8:05 - 8:09
    O interessante é quando a gente
    resolve abrir nossos olhos.
  • 8:09 - 8:14
    "Hoje estou terminando o curso técnico
    do SENAI e voltei a ser estagiária.
  • 8:14 - 8:16
    Meu primeiro passo na nova carreira.
  • 8:16 - 8:20
    Estou trabalhando numa oficina mecânica;
    comprei um Maverick todo fodido
  • 8:20 - 8:22
    e estou mais feliz do que nunca,
  • 8:22 - 8:25
    aprendendo a arrumar
    carros todos os dias".
  • 8:26 - 8:29
    Essa moça também nos disse
    que, junto com uma carreira de TI,
  • 8:29 - 8:32
    foi-se um casamento de seis anos.
  • 8:32 - 8:37
    E essa é a nossa impressão dela
    com o novo amor que ela encontrou.
  • 8:37 - 8:41
    A gente faz algumas
    interpretações em desenhos
  • 8:41 - 8:43
    das histórias que as pessoas nos mandam
  • 8:43 - 8:45
    e essa foi uma delas.
  • 8:47 - 8:48
    Bom...
  • 8:50 - 8:55
    Eu imaginei que hoje, aqui, iam estar
    pessoas, chefes, enfim, donos, empresários
  • 8:55 - 8:58
    que têm como função orientar pessoas.
  • 8:59 - 9:03
    Então as próximas histórias realmente
    foram escolhidas pra vocês aqui;
  • 9:03 - 9:08
    pra mostrar o seu poder de realmente
    ganhar ou perder um talento.
  • 9:10 - 9:12
    "Me dei conta que todos meus desgostos
  • 9:12 - 9:14
    não eram com o momento
    em que eu estava trabalhando;
  • 9:14 - 9:16
    essa era a melhor parte.
  • 9:16 - 9:21
    O meu desgosto era com a forma
    que a advocacia se apresentava
  • 9:21 - 9:22
    e o que exigiam de mim:
  • 9:22 - 9:28
    roupas caras, carros pra desfilar,
    postura artificial, conversas pedantes...
  • 9:28 - 9:31
    Isso era o sistema,
    isso era o que eu vivia todos os dias.
  • 9:31 - 9:34
    Um escritório assim
    é uma sociedade em versão micro.
  • 9:34 - 9:37
    A atmosfera está impregnada
    dos valores da corporação
  • 9:37 - 9:42
    e todos vivem suas vidas
    absolutamente voltadas pra este mundo."
  • 9:43 - 9:45
    O que eu acho interessante nesta história
  • 9:45 - 9:49
    é que ela representa que ninguém
    sobrevive sem mudanças.
  • 9:49 - 9:52
    Nem as pessoas e também nem as empresas.
  • 9:53 - 9:58
    "No ano de 2011,
    fiz prova para o mestrado.
  • 9:58 - 10:01
    Quando soube da aprovação, comuniquei
    aos meus chefes que pediria demissão,
  • 10:01 - 10:06
    já que seria muito difícil me manter
    na empresa durante o período de aulas.
  • 10:06 - 10:10
    Eles disseram que me liberariam
    e que eu não precisava pedir demissão.
  • 10:10 - 10:13
    Pois então, quando chegou em abril
    de 2012, me comunicaram
  • 10:13 - 10:16
    que, por causas dos estudos,
    eu teria que ser mandada embora.
  • 10:16 - 10:19
    Estava sem bolsa do mestrado
    porque trabalhava
  • 10:19 - 10:20
    e ainda ficaria sem meu salário."
  • 10:22 - 10:25
    Como é importante que as empresas percebam
  • 10:25 - 10:28
    que o real valor delas são pessoas.
  • 10:28 - 10:31
    E não só percebam,
    mas que ajam de tal forma,
  • 10:31 - 10:36
    que pessoas simplesmente sejam tratadas
    como pessoas e não máquinas.
  • 10:37 - 10:41
    "Decidi confessar que o que faço hoje
    não me deixa feliz.
  • 10:41 - 10:44
    Ambiente interessante,
    possibilidade de crescimento de carreira,
  • 10:44 - 10:46
    chefe que gosta de mim, salário bom...
  • 10:46 - 10:50
    enfim, tudo, como dizem, de mão beijada.
  • 10:50 - 10:52
    Interessante a cara das pessoas
  • 10:52 - 10:55
    quando você fala
    que isso não te faz feliz.
  • 10:55 - 10:57
    Começou aí uma aventura interessante.
  • 10:57 - 10:59
    Hoje, estou trabalhando meio período;
  • 10:59 - 11:01
    segunda, terça e quarta
    visto calça social,
  • 11:01 - 11:04
    coloco o computador na bolsa
    e vou ser executiva.
  • 11:04 - 11:08
    Quinta, sexta, sábado e domingo
    passo por dias de autodescoberta."
  • 11:09 - 11:10
    Essa pra mim é uma história
  • 11:10 - 11:13
    que exemplifica muito
    aquela frase mágica que é:
  • 11:13 - 11:15
    precisamos conversar.
  • 11:15 - 11:19
    Que é tão simples, mas, às vezes,
    é tão difícil de dizer.
  • 11:21 - 11:24
    Antes de ir para aquela moça
    bonita que vou apresentar,
  • 11:24 - 11:28
    a gente tentou entender mais
    essas questões durante o projeto,
  • 11:28 - 11:30
    não só lendo as histórias
    e fazendo episódios,
  • 11:30 - 11:34
    a gente sempre busca
    entender mais sobre isso.
  • 11:34 - 11:38
    E aí em São Paulo, a gente resolveu
    fazer um vídeo e compartilhar
  • 11:38 - 11:40
    com vocês aqui hoje, especialmente.
  • 11:40 - 11:43
    E nesse vídeo, a gente fez
    só duas perguntas
  • 11:43 - 11:44
    pra desconhecidos na rua,
  • 11:44 - 11:46
    e o resultado foi este aqui.
  • 11:46 - 11:49
    (Vídeo) (Música)
  • 11:56 - 12:00
    [Tem algo no seu trabalho
    que você não gosta?]
  • 12:00 - 12:01
    Tem.
  • 12:01 - 12:02
    Tem.
  • 12:02 - 12:03
    Tem várias coisas.
  • 12:03 - 12:05
    O que eu não gosto no meu trabalho?
  • 12:07 - 12:09
    Essa você me pegou hein?
  • 12:09 - 12:12
    O que eu não gosto? Você quer
    que eu responda mesmo?
  • 12:12 - 12:14
    Talvez o tema mais tenso
    seja realmente a relação com pessoas.
  • 12:14 - 12:18
    É, tipo primeiro lugar assim.
  • 12:18 - 12:21
    A dificuldade de obtenção de informação
    e a falta de comunicação entre áreas.
  • 12:21 - 12:25
    Então, cada setor tem um chefe,
    aí tem sub-chefe, aí tem gerente,
  • 12:25 - 12:29
    aí tem não sei o quê e todos
    têm que estar com o mesmo foco
  • 12:29 - 12:31
    pras coisas fluírem.
  • 12:31 - 12:34
    Você procura conversar né,
    não, vamos nos entender aqui.
  • 12:34 - 12:37
    Conversar. Comunicação
    é a melhor coisa que tem.
  • 12:37 - 12:39
    (Música)
  • 12:41 - 12:43
    Eu acho que sempre há pontos a melhorar.
  • 12:43 - 12:47
    Acho que se tivesse mais flexibilidade
    do horário pra sair pro almoço,
  • 12:47 - 12:51
    pra entrar, às vezes tem algumas coisas
    pra gente fazer e resolver, seria melhor
  • 12:51 - 12:54
    e não ter aquela coisa fixa:
    tem que entrar às 8h e sair às 17h.
  • 12:54 - 12:57
    Você abre mão um pouco
    da sua vida pessoal para o trabalho.
  • 12:57 - 12:59
    Tem que acatar, mas não gosto.
  • 12:59 - 13:03
    Enfim, eu acho que o sistema
    todo no geral está errado.
  • 13:04 - 13:07
    [E você faria algo para mudar?]
  • 13:07 - 13:11
    Não sei. (Risos) Não faço a mínima ideia.
  • 13:11 - 13:14
    Pra mudar lá no meu trabalho?
  • 13:14 - 13:16
    Olha, só se eu fosse a chefe mesmo.
  • 13:17 - 13:21
    No mundo ideal acho que seria
    mais aberto, mais transparente.
  • 13:21 - 13:24
    Conversando, acho que é a melhor
    solução que tem sempre.
  • 13:24 - 13:29
    Claro tem vezes que a conversa não adianta
    e um dos dois lados acaba se desligando,
  • 13:29 - 13:31
    mas nunca tive um caso
    assim extremo de problema.
  • 13:31 - 13:34
    Já mudei de emprego algumas vezes. (Risos)
  • 13:34 - 13:38
    Se eu tivesse possibilidade,
    mandar a pessoa embora.
  • 13:38 - 13:39
    Tá, a gente tenta né,
  • 13:39 - 13:42
    a gente fala, mas não adianta.
  • 13:42 - 13:44
    Pra mudar a situação?
  • 13:44 - 13:46
    Acho que ter um negócio próprio, né?
  • 13:46 - 13:50
    Eu gostaria até de um trabalho
    assim que pudesse fazer de home office,
  • 13:50 - 13:52
    mas tem que ter esse preparo,
  • 13:52 - 13:56
    tanto do lado da pessoa
    que quer trabalhar em casa,
  • 13:56 - 14:00
    quanto da empresa conseguir
    ter confiança no funcionário,
  • 14:00 - 14:03
    de que o cara não vai ficar desperdiçando.
  • 14:03 - 14:06
    Entrevistadora: Você acha fácil
    conseguir essa confiança?
  • 14:06 - 14:08
    Não. Não.
  • 14:08 - 14:10
    Porque as empresas são
    muito engessadas, na realidade,
  • 14:10 - 14:13
    elas não têm participação do funcionário.
  • 14:13 - 14:16
    Ah, vamos decidir como melhor trabalhar.
    Não é uma cooperativa, é uma empresa.
  • 14:16 - 14:20
    Tu prestas serviço e tem que cumprir
    as normas pré-estabelecidas pela empresa,
  • 14:20 - 14:23
    pelo grupo, no caso, né.
  • 14:23 - 14:25
    Sei lá, às vezes, as empresas têm costume
  • 14:25 - 14:28
    de deixar enterrado também
    alguns talentos das pessoas,
  • 14:28 - 14:31
    mas aí cabe a cada um desenvolver
    e mostrar que está ali
  • 14:31 - 14:33
    pra fazer a coisa acontecer né.
  • 14:33 - 14:35
    Eu estou superfeliz lá.
  • 14:35 - 14:38
    Não tem nada hoje que eu fale:
    "Ah eu não gosto disso".
  • 14:38 - 14:40
    Pra trabalhar tem que ser com que eu amo,
  • 14:40 - 14:42
    senão eu não ia trabalhar,
    ia ficar em casa.
  • 14:42 - 14:46
    Porque senão esses pequenos problemas
    que acontecem, sim, no dia a dia
  • 14:46 - 14:49
    vão tornar a sua vida um inferno.
  • 14:49 - 14:53
    Se eu gostar, se eu não gostar
    não é bom, né?
  • 14:53 - 14:59
    Todo trabalho, se você gostar, é bom.
  • 14:59 - 15:01
    Já pensou?
  • 15:01 - 15:03
    A gente ia ser mais feliz.
  • 15:07 - 15:11
    Bom, depois de fazer,
    ver e rever esse vídeo,
  • 15:11 - 15:13
    eu cheguei a uma conclusão um pouco óbvia,
  • 15:13 - 15:18
    mas que talvez estivesse guardada
    em alguma gaveta mental assim cheia de pó.
  • 15:18 - 15:21
    A conclusão é que
    os problemas com o trabalho
  • 15:21 - 15:25
    estão bem longe de ser
    um problema causado pelo trabalho.
  • 15:25 - 15:27
    O problema não está no que você exerce.
  • 15:27 - 15:31
    O problema está em como você se sente
    quando você exerce.
  • 15:31 - 15:34
    Então, como o senhor disse
    brilhantemente no vídeo:
  • 15:34 - 15:38
    todo trabalho, se você gostar, é bom.
  • 15:38 - 15:41
    E eu penso que o trabalho
    deveria ser um facilitador,
  • 15:41 - 15:46
    algo que ajude você a se encontrar
    e não a se perder.
  • 15:47 - 15:52
    É loucura pensar que existe separação
    entre vida profissional e vida pessoal,
  • 15:52 - 15:55
    é loucura pensar quem falou isso um dia.
  • 15:55 - 15:56
    Loucura! Não existe isso.
  • 15:56 - 15:59
    Sua vida profissional
    é também a sua vida pessoal.
  • 16:02 - 16:05
    Dentro de todas essas histórias
    que a gente recebeu,
  • 16:05 - 16:09
    eu me surpreendi com a frase
    de um garoto, de um menino de 20 anos,
  • 16:09 - 16:14
    que decidiu empreender em vez de seguir
    por um caminho de estágio.
  • 16:14 - 16:15
    E ele disse:
  • 16:15 - 16:19
    "Um conselho que recebi uma vez
    e mudou minha forma de ver as coisas, foi:
  • 16:19 - 16:23
    'Olhe para o mundo a sua volta
    e pense que tudo que você admira
  • 16:23 - 16:25
    não foi criado por pessoas
    melhores do que você
  • 16:25 - 16:28
    ou com algum dom diferente.
  • 16:28 - 16:30
    Elas apenas seguiram em frente'."
  • 16:31 - 16:35
    Eu penso que o fim do trabalho
    como é hoje, ele existe,
  • 16:35 - 16:39
    a gente sempre vai falar de trabalho,
    mas não vai ser mais trabalho,
  • 16:39 - 16:42
    isso vai acontecer
    sem nenhuma mudança de nome.
  • 16:44 - 16:48
    Eu penso, e a gente não pode carregar
    mais sentimento e coração,
  • 16:48 - 16:52
    quando a gente fala de trabalho, já que é
    uma parcela tão grande da nossa vida.
  • 16:55 - 16:57
    Pra finalizar, eu queria deixar
    uma reflexão aqui
  • 16:57 - 16:59
    em forma de pergunta pra vocês.
  • 16:59 - 17:03
    A mesma pergunta que eu fiz
    pra todas essas pessoas
  • 17:03 - 17:06
    que já participaram da nossa web série.
  • 17:06 - 17:07
    A pergunta é:
  • 17:07 - 17:11
    será que a gente consegue
    carregar mais verdade
  • 17:11 - 17:14
    nos nossos gestos mais cotidianos,
  • 17:14 - 17:19
    como as nossas relações
    com as pessoas, com os nossos amigos
  • 17:19 - 17:20
    e com o nosso trabalho?
  • 17:21 - 17:26
    A gente acredita que se questionar
    é o único começo e o melhor de todos.
  • 17:27 - 17:31
    E as respostas vão vir,
    se vocês continuarem perguntando.
  • 17:31 - 17:32
    É isso, obrigada!
  • 17:32 - 17:35
    (Aplausos)
Title:
O trabalho define as pessoas | Juliana Mendonça & Cristiane Schmidt | TEDxLaçador
Description:

Juliana sempre foi fascinada pela forma como o trabalho define as pessoas.
Através de diversos relatos e histórias sobre a vida profissional de algumas delas, cheias de questionamentos, dúvidas, e muitas sem um final feliz, Juliana mostra como as influências externas interferem nas decisões profissionais de cada um, e quais questões deveriam ser melhor entendidas e melhor endereçadas pelas empresas para não perder talentos e, ao mesmo tempo, estimular seus funcionários. Juliana é graduada em Comunicação Social e trabalha como redatora desde 2007. Se sente confortável em dizer que gosta de contar histórias.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:38

Portuguese, Brazilian subtitles

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