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A história do nosso mundo em 18 minutos

  • 0:01 - 0:03
    Primeiro, um vídeo.
  • 0:10 - 0:12
    Sim, é um ovo mexido.
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    Mas, ao olharem para ele,
  • 0:16 - 0:20
    espero que se comecem a sentir
    um pouco desconfortáveis.
  • 0:22 - 0:25
    Porque se podem aperceber de que
    o que está realmente a acontecer
  • 0:25 - 0:28
    é que o ovo se está a
    "desmexer" a si próprio.
  • 0:28 - 0:30
    E agora verão que a gema e a clara
    se separaram
  • 0:30 - 0:33
    e vão regressar ao interior do ovo.
  • 0:33 - 0:35
    E todos nós temos a convicção profunda
  • 0:35 - 0:39
    de que esta não é a maneira
    como o Universo funciona.
  • 0:40 - 0:43
    Um ovo mexido é desordem,
    desordem saborosa, mas desordem.
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    Um ovo é uma coisa bela, sofisticada
  • 0:45 - 0:48
    capaz de criar coisas
    ainda mais sofisticadas,
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    tais como frangos.
  • 0:49 - 0:51
    E nós temos a convicção profunda
  • 0:51 - 0:55
    de que o Universo não caminha
    da desordem para a complexidade.
  • 0:55 - 0:58
    De facto, este conhecimento instintivo
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    reflete-se numa das mais
    fundamentais leis da Física,
  • 1:00 - 1:04
    a segunda lei da termodinâmica,
    ou lei da entropia.
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    O que esta lei diz basicamente
  • 1:06 - 1:09
    é que a tendência geral do Universo
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    é mover-se da ordem e da estrutura
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    para a falta de ordem, falta de estrutura,
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    de facto, para a desordem.
  • 1:17 - 1:20
    E é por isso que aquele vídeo
    nos parece um pouco estranho.
  • 1:20 - 1:23
    Contudo, olhem à vossa volta
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    O que vemos em nosso redor,
    é uma complexidade assombrosa.
  • 1:28 - 1:32
    Eric Beinhocker estima que,
    em Nova Iorque apenas,
  • 1:32 - 1:36
    sejam negociadas cerca de 10 mil milhões
    de diferentes mercadorias.
  • 1:36 - 1:40
    São centenas de vezes o número
    de espécies que existem na Terra.
  • 1:40 - 1:44
    E estão a ser negociadas por uma espécie
    de quase 7 mil milhões de indivíduos
  • 1:44 - 1:47
    que estão ligados pelo comércio,
    pelas viagens e pela Internet,
  • 1:47 - 1:51
    a um sistema global
    de fabulosa complexidade.
  • 1:52 - 1:55
    Portanto, aqui está
    um enorme quebra-cabeças.
  • 1:55 - 1:59
    Num Universo regulado
    pela segunda lei da termodinâmica,
  • 1:59 - 2:01
    como é possível
  • 2:01 - 2:04
    gerar-se o tipo de complexidade
    que descrevi,
  • 2:04 - 2:07
    o tipo de complexidade
    representado por todos nós
  • 2:07 - 2:10
    e pelo centro de convenções?
  • 2:11 - 2:13
    Bem, a resposta parece ser
  • 2:13 - 2:16
    que o Universo consegue criar complexidade,
  • 2:16 - 2:18
    mas com grande dificuldade.
  • 2:19 - 2:20
    Em bolsas,
  • 2:20 - 2:22
    aparecem o que o meu colega, Fred Spier,
  • 2:22 - 2:25
    designa como "condições Goldilocks"
  • 2:25 - 2:27
    nem demasiado calor, nem demasiado frio;
  • 2:27 - 2:29
    exatamente o necessário
    para a criação da complexidade.
  • 2:29 - 2:32
    E aparecem coisas
    um pouco mais complexas.
  • 2:32 - 2:34
    E onde temos coisas
    um pouco mais complexas,
  • 2:34 - 2:36
    conseguimos coisas
    um pouco mais complexas.
  • 2:36 - 2:40
    E, desta forma, a complexidade
    constrói-se etapa a etapa.
  • 2:41 - 2:43
    Cada etapa é mágica
  • 2:43 - 2:47
    porque cria a sensação
    de uma coisa inteiramente nova
  • 2:47 - 2:49
    a surgir, praticamente
    do nada, no Universo.
  • 2:49 - 2:53
    Na Grande História, referimo-nos
    a estes momentos como momentos limiar.
  • 2:54 - 2:57
    Em cada limiar, torna-se
    mais complicado avançar.
  • 2:57 - 3:00
    As coisas complexas
    tornam-se mais frágeis,
  • 3:00 - 3:02
    mais vulneráveis,
  • 3:02 - 3:05
    as condições Goldilocks
    tornam-se mais rigorosas,
  • 3:05 - 3:09
    e é mais difícil criar complexidade.
  • 3:10 - 3:13
    Nós, enquanto criaturas
    extremamente complexas,
  • 3:13 - 3:15
    precisamos desesperadamente
    de saber esta história
  • 3:15 - 3:20
    de como o Universo cria a complexidade,
    apesar da segunda lei,
  • 3:20 - 3:25
    e porque é que a complexidade
    significa vulnerabilidade e fragilidade.
  • 3:25 - 3:29
    É essa a história que contamos
    na Grande História.
  • 3:29 - 3:30
    Para isso, é necessária uma coisa
  • 3:30 - 3:33
    que, à primeira vista,
    parece totalmente impossível.
  • 3:33 - 3:36
    É preciso examinar
    toda a história do Universo.
  • 3:37 - 3:39
    Portanto, vamos fazer isso.
  • 3:39 - 3:41
    (Risos)
  • 3:41 - 3:45
    Vamos começar por recuar
    na linha do tempo
  • 3:45 - 3:47
    13 700 milhões de anos
  • 3:47 - 3:50
    até ao início do tempo.
  • 3:57 - 3:59
    À nossa volta, não há nada.
  • 4:00 - 4:03
    Nem mesmo tempo ou espaço.
  • 4:03 - 4:07
    Imaginem a coisa mais escura
    e mais vazia que conseguirem,
  • 4:07 - 4:09
    e elevem-na ao infinito.
  • 4:09 - 4:11
    É aí que nos encontramos.
  • 4:11 - 4:13
    E, então, subitamente,
  • 4:13 - 4:14
    bang!
  • 4:14 - 4:17
    Aparece um Universo, um Universo inteiro.
  • 4:17 - 4:19
    E acabámos de transpor
    o primeiro limiar.
  • 4:19 - 4:21
    O Universo é minúsculo,
    menor do que um átomo.
  • 4:21 - 4:22
    Está incrivelmente quente.
  • 4:22 - 4:25
    Contém tudo o que existe
    no Universo atual,
  • 4:25 - 4:27
    por isso, podem imaginar, está a rebentar,
  • 4:27 - 4:29
    e a expandir-se
    a uma velocidade vertiginosa.
  • 4:29 - 4:31
    Inicialmente é um mero borrão,
  • 4:31 - 4:35
    mas, muito rapidamente, começam
    a aparecer coisas distintas nesse borrão.
  • 4:35 - 4:36
    Durante o primeiro segundo,
  • 4:36 - 4:39
    a própria energia
    divide-se em forças distintas
  • 4:39 - 4:42
    incluindo o eletromagnetismo
    e a gravidade.
  • 4:42 - 4:45
    E a energia faz outra coisa
    realmente mágica,
  • 4:45 - 4:48
    solidifica-se, para formar matéria,
  • 4:48 - 4:50
    quarks que criarão protões
  • 4:50 - 4:52
    e leptões que incluem eletrões.
  • 4:52 - 4:55
    E tudo isso acontece
    durante o primeiro segundo.
  • 4:55 - 4:59
    Agora avançamos 380 000 anos.
  • 4:59 - 5:03
    Isso corresponde ao dobro do tempo
    da existência dos homens neste planeta.
  • 5:03 - 5:08
    E agora aparecem átomos simples
    de hidrogénio e hélio.
  • 5:08 - 5:11
    Agora, quero fazer uma breve pausa,
  • 5:11 - 5:13
    380 000 anos depois
    das origens do Universo,
  • 5:13 - 5:17
    porque, na verdade, sabemos bastante
    sobre o Universo nesta fase.
  • 5:18 - 5:21
    Sabemos, acima de tudo,
    que era extremamente simples.
  • 5:21 - 5:24
    Consistia em enormes nuvens
    de átomos de hidrogénio e hélio,
  • 5:24 - 5:26
    sem qualquer estrutura.
  • 5:26 - 5:29
    Na realidade, são
    uma espécie de desordem cósmica.
  • 5:29 - 5:31
    Mas isso não é totalmente verdade.
  • 5:31 - 5:34
    Estudos recentes feitos por satélites
  • 5:34 - 5:36
    como o Wilkinson Microwave
    Anisotropy Probe
  • 5:36 - 5:40
    mostraram-nos que, de facto,
    há pequenas diferenças de fundo.
  • 5:40 - 5:42
    Vemos aqui
  • 5:42 - 5:46
    que as áreas azuis estão cerca
    de 1 milésimo de grau mais frias
  • 5:46 - 5:48
    do que as áreas vermelhas.
  • 5:48 - 5:49
    São pequeníssimas diferenças,
  • 5:49 - 5:52
    mas suficientes
    para que o Universo avançasse
  • 5:52 - 5:54
    para a fase seguinte
    de construção de complexidade.
  • 5:54 - 5:56
    E é assim que isto funciona.
  • 5:56 - 6:00
    A gravidade é mais poderosa
    onde há mais coisas.
  • 6:00 - 6:03
    Por isso, nas áreas
    ligeiramente mais densas,
  • 6:03 - 6:07
    a gravidade começa a compactar as nuvens
    de átomos de hidrogénio e hélio.
  • 6:07 - 6:09
    Por isso, podemos imaginar
    o Universo primevo
  • 6:09 - 6:11
    a irromper em mil milhões de nuvens.
  • 6:11 - 6:12
    E cada nuvem é compactada,
  • 6:12 - 6:16
    a gravidade torna-se mais poderosa
    à medida que a densidade aumenta,
  • 6:16 - 6:18
    a temperatura começa a subir
    no centro de cada nuvem,
  • 6:18 - 6:20
    e, então, no centro de cada nuvem,
  • 6:20 - 6:23
    a temperatura ultrapassa
    a temperatura limiar
  • 6:23 - 6:24
    de 10 milhões de graus,
  • 6:24 - 6:27
    os protões começam a fundir-se,
  • 6:27 - 6:29
    há uma enorme libertação de energia,
  • 6:29 - 6:30
    e...
  • 6:30 - 6:32
    bang!
  • 6:32 - 6:34
    Temos as nossas primeiras estrelas.
  • 6:34 - 6:37
    Cerca de 200 milhões de anos
    depois do Big Bang,
  • 6:37 - 6:41
    as estrelas começam a aparecer
    por todo o Universo,
  • 6:41 - 6:43
    milhares de milhões delas.
  • 6:43 - 6:46
    E o Universo é agora significativamente
    mais interessante
  • 6:46 - 6:48
    e mais complexo.
  • 6:48 - 6:51
    As estrelas vão criar
    as condições Goldilocks
  • 6:51 - 6:53
    para se ultrapassarem dois novos limiares.
  • 6:53 - 6:58
    Quando estrelas muito grandes morrem,
    originam temperaturas tão elevadas
  • 6:58 - 7:02
    que os protões se começam a fundir
    em todo o tipo de combinações exóticas,
  • 7:02 - 7:05
    formando todos os elementos
    da tabela periódica.
  • 7:05 - 7:08
    Se, como eu, vocês estão
    a usar uma aliança de ouro,
  • 7:08 - 7:11
    ela foi forjada na explosão
    de uma supernova.
  • 7:11 - 7:14
    Portanto, agora o Universo
    é quimicamente mais complexo.
  • 7:14 - 7:16
    E, num Universo
    quimicamente mais complexo,
  • 7:16 - 7:19
    é possível fazer mais coisas.
  • 7:19 - 7:22
    O que começa a acontecer
    é que, em torno de jovens sóis,
  • 7:22 - 7:24
    de jovens estrelas,
  • 7:24 - 7:26
    todos estes elementos
    se combinam, giram em órbita,
  • 7:26 - 7:29
    a energia da estrela move-os
    num movimento circular,
  • 7:29 - 7:32
    eles formam partículas,
    formam flocos de neve,
  • 7:32 - 7:36
    formam pequenos grãos de poeira,
    formam pedras, formam asteroides,
  • 7:36 - 7:39
    e finalmente formam planetas e luas.
  • 7:39 - 7:42
    Foi assim que o nosso
    sistema solar se formou,
  • 7:42 - 7:44
    há 4500 milhões de anos.
  • 7:44 - 7:47
    Planetas rochosos, como a nossa Terra,
  • 7:47 - 7:51
    são significativamente
    mais complexos do que as estrelas
  • 7:51 - 7:53
    porque contêm uma muito maior
    diversidade de materiais.
  • 7:53 - 7:56
    Portanto, atravessámos
    o quarto limiar de complexidade.
  • 7:58 - 8:01
    Agora, torna-se mais difícil avançar.
  • 8:01 - 8:05
    A fase seguinte introduz entidades
    significativamente mais frágeis,
  • 8:05 - 8:08
    significativamente mais vulneráveis,
  • 8:08 - 8:10
    mas que são também muito mais criativas
  • 8:10 - 8:13
    e muito mais capazes
    de gerar maior complexidade.
  • 8:13 - 8:17
    Estou a falar, evidentemente,
    dos organismos vivos.
  • 8:18 - 8:20
    Os organismos vivos
    são criados pela química.
  • 8:20 - 8:23
    Nós somos enormes pacotes
    de produtos químicos.
  • 8:23 - 8:26
    Então, a química é dominada
    pela força eletromagnética,
  • 8:26 - 8:29
    que opera sobre escalas
    menores que a gravidade,
  • 8:29 - 8:31
    o que explica a razão
    por que nós somos mais pequenos
  • 8:31 - 8:33
    do que as estrelas e os planetas.
  • 8:33 - 8:36
    Agora, quais são as condições
    ideais para a química?
  • 8:36 - 8:38
    Quais são as condições Goldilocks?
  • 8:38 - 8:41
    Em primeiro lugar, precisamos de energia,
    mas não em demasia.
  • 8:41 - 8:44
    No centro de uma estrela,
    há tanta energia,
  • 8:44 - 8:47
    que quaisquer átomos que se combinem
    voltam a separar-se.
  • 8:47 - 8:49
    Mas não de menos também.
  • 8:49 - 8:51
    No espaço intergaláctico,
    há tão pouca energia
  • 8:51 - 8:54
    que os átomos não conseguem combinar-se.
  • 8:54 - 8:55
    Pretendemos a quantidade certa,
  • 8:55 - 8:57
    e os planetas têm a quantidade certa,
  • 8:57 - 9:00
    porque se encontram perto das estrelas,
    mas não demasiado perto.
  • 9:00 - 9:04
    Também precisamos de uma grande
    diversidade de elementos químicos,
  • 9:04 - 9:07
    e necessitamos de líquidos, como a água.
  • 9:07 - 9:08
    Porquê?
  • 9:08 - 9:12
    Nos gases, os átomos passam
    uns pelos outros tão depressa
  • 9:12 - 9:14
    que não se conseguem ligar.
  • 9:14 - 9:18
    Nos sólidos, os átomos estão colados,
    não se conseguem mover.
  • 9:18 - 9:20
    Nos líquidos,
  • 9:20 - 9:23
    eles podem passear e abraçar-se
  • 9:23 - 9:26
    e unir-se para formarem moléculas.
  • 9:26 - 9:28
    Onde é que se encontram
    estas condições Goldilocks?
  • 9:29 - 9:31
    Os planetas são ótimos,
  • 9:31 - 9:34
    e a nossa Terra na sua origem
    era quase perfeita.
  • 9:35 - 9:37
    Estava à distância correta,
    em relação à sua estrela,
  • 9:37 - 9:39
    para conter enormes
    oceanos de água líquida.
  • 9:39 - 9:41
    E nas profundezas desses oceanos,
  • 9:41 - 9:44
    a partir de fendas existentes
    na crusta terrestre,
  • 9:44 - 9:46
    liberta-se calor, proveniente
    do interior da Terra,
  • 9:46 - 9:49
    e existe uma enorme
    diversidade de elementos.
  • 9:49 - 9:51
    Assim, nessas profundas
    aberturas oceânicas,
  • 9:51 - 9:54
    começou a acontecer
    uma química fantástica,
  • 9:54 - 9:57
    e os átomos ligaram-se em todo o tipo
    de combinações exóticas.
  • 9:57 - 10:02
    Mas, evidentemente, a vida é mais
    do que mera química exótica.
  • 10:02 - 10:06
    Como é que essas enormes
    moléculas se estabilizam
  • 10:06 - 10:08
    para serem viáveis?
  • 10:08 - 10:12
    É aqui que a vida introduz
    um truque inteiramente novo.
  • 10:13 - 10:15
    Não se estabiliza o indivíduo,
  • 10:15 - 10:18
    estabiliza-se o modelo,
  • 10:18 - 10:20
    aquilo que transporta a informação,
  • 10:20 - 10:22
    e permite que o modelo
    se copie a si próprio.
  • 10:22 - 10:25
    Claro que é o ADN a bela molécula
  • 10:25 - 10:27
    que contém essa informação.
  • 10:27 - 10:30
    Devem conhecer a dupla hélice do ADN.
  • 10:30 - 10:33
    Cada troço contém informações.
  • 10:33 - 10:38
    O ADN contém informações
    sobre como fazer organismos vivos.
  • 10:38 - 10:40
    E o ADN também se copia a si mesmo.
  • 10:40 - 10:44
    Copia-se a si próprio e espalha
    os modelos através do oceano.
  • 10:44 - 10:46
    É assim que as informações se espalham.
  • 10:46 - 10:49
    Notem que a informação passou
    a fazer parte da nossa história.
  • 10:49 - 10:52
    Todavia, a verdadeira beleza do ADN
    está nas suas imperfeições.
  • 10:53 - 10:55
    Quando se copia a si próprio,
  • 10:55 - 10:56
    tende a ocorrer um erro
  • 10:56 - 10:59
    uma vez em cada mil milhões de troços,
  • 10:59 - 11:03
    Isso significa que, na realidade,
    o ADN está a aprender.
  • 11:03 - 11:06
    Está a acumular novas maneiras
    de fazer organismos vivos
  • 11:06 - 11:08
    porque alguns desses erros funcionam.
  • 11:08 - 11:10
    Portanto, o ADN está a aprender
  • 11:10 - 11:13
    e está a construir maior diversidade
    e maior complexidade.
  • 11:13 - 11:16
    Podemos ver isto a acontecer
    nos últimos 4 mil milhões de anos.
  • 11:16 - 11:18
    Durante a maior parte
    desse tempo de vida na Terra,
  • 11:18 - 11:20
    os organismos vivos
    eram relativamente simples,
  • 11:20 - 11:22
    células únicas.
  • 11:22 - 11:25
    Mas havia grande diversidade
    e, no interior, grande complexidade.
  • 11:25 - 11:28
    Depois, a partir de há cerca
    de 600 a 800 milhões de anos,
  • 11:28 - 11:31
    apareceram organismos multicelulares.
  • 11:31 - 11:33
    Temos os fungos, os peixes,
  • 11:33 - 11:35
    temos as plantas,
  • 11:35 - 11:37
    temos os anfíbios, os répteis,
  • 11:37 - 11:40
    e depois, evidentemente, os dinossauros.
  • 11:41 - 11:44
    De vez em quando, acontecem desastres.
  • 11:45 - 11:47
    Há 65 milhões de anos,
  • 11:47 - 11:49
    um asteroide aterrou na Terra
  • 11:49 - 11:51
    perto da Península do Iucatão,
  • 11:51 - 11:54
    criando condições equivalentes
    às de uma guerra nuclear,
  • 11:54 - 11:56
    e os dinossauros foram eliminados.
  • 11:56 - 11:59
    Péssimas notícias para os dinossauros.
  • 11:59 - 12:03
    Mas ótimas notícias para os mamíferos
    nossos antepassados
  • 12:03 - 12:04
    que floresceram
  • 12:04 - 12:08
    nos nichos deixados vazios
    pelos dinossauros.
  • 12:08 - 12:13
    E nós, seres humanos, fazemos parte
    desse impulso criativo evolutivo
  • 12:13 - 12:15
    que começou há 65 milhões de anos
  • 12:15 - 12:18
    com a chegada de um asteroide.
  • 12:18 - 12:22
    Os seres humanos apareceram
    há cerca de 200 000 anos.
  • 12:22 - 12:26
    E eu acredito que nós contamos
    como um limiar nesta Grande História.
  • 12:26 - 12:28
    Vou explicar porquê.
  • 12:28 - 12:31
    Vimos que o ADN aprende num certo sentido,
  • 12:31 - 12:33
    acumula informações.
  • 12:33 - 12:35
    Mas isso é muito lento.
  • 12:35 - 12:38
    O ADN acumula informações
    através de erros aleatórios,
  • 12:38 - 12:41
    alguns dos quais realmente funcionam.
  • 12:41 - 12:44
    Mas o ADN desenvolveu
    uma maneira mais rápida de aprender,
  • 12:44 - 12:47
    produziu organismos com cérebros,
  • 12:47 - 12:50
    e esses organismos
    podem aprender em tempo real.
  • 12:50 - 12:53
    Eles acumulam informações, aprendem.
  • 12:53 - 12:55
    A parte triste é que, quando morrem,
  • 12:55 - 12:57
    as informações morrem com eles.
  • 12:57 - 13:01
    O que torna os seres humanos diferentes
    é a linguagem humana.
  • 13:01 - 13:04
    Somos abençoados com uma linguagem,
    um sistema de comunicação,
  • 13:04 - 13:07
    tão poderoso e tão preciso
  • 13:07 - 13:10
    que podemos partilhar
    o que aprendemos com tal precisão
  • 13:10 - 13:13
    que se pode acumular na memória coletiva.
  • 13:13 - 13:14
    E isso significa
  • 13:14 - 13:18
    que pode perdurar para além dos indivíduos
    que aprenderam essas informações,
  • 13:18 - 13:21
    e pode acumular-se
    de geração para geração.
  • 13:21 - 13:25
    É por isso que, enquanto espécie,
    somos tão criativos e tão poderosos.
  • 13:25 - 13:28
    É por isso que temos uma história.
  • 13:28 - 13:31
    Parecemos ser a única espécie,
    em 4 mil milhões de anos,
  • 13:31 - 13:33
    a ter este dom.
  • 13:33 - 13:36
    Chamo a esta capacidade
    "aprendizagem coletiva".
  • 13:37 - 13:38
    É o que nos torna diferentes.
  • 13:38 - 13:42
    Podemos observar isso a funcionar
    nos primeiros estágios da história humana.
  • 13:43 - 13:46
    Nós evoluímos, como espécie,
    nas savanas de África,
  • 13:46 - 13:50
    mas depois assistimos à migração
    dos seres humanos para novos ambientes,
  • 13:50 - 13:52
    para os desertos, para as selvas,
  • 13:52 - 13:54
    para a tundra do período glacial da Sibéria
  • 13:54 - 13:56
    — um ambiente muito, muito duro —
  • 13:56 - 13:58
    para as Américas, para a Australásia.
  • 13:58 - 14:00
    Cada migração envolveu aprendizagem
  • 14:00 - 14:03
    de novas maneiras de explorar o ambiente,
  • 14:03 - 14:05
    novas maneiras de lidar
    com o meio em redor.
  • 14:05 - 14:07
    Depois, há 10 000 anos,
  • 14:07 - 14:09
    explorando uma súbita
    mudança no clima global
  • 14:09 - 14:11
    com o fim do último período glaciar,
  • 14:11 - 14:14
    os seres humanos aprenderam a agricultura.
  • 14:14 - 14:16
    A agricultura era uma riquíssima
    fonte de energia.
  • 14:16 - 14:19
    E explorando essa energia,
    a população humana multiplicou-se,
  • 14:19 - 14:24
    as sociedades humanas tornaram-se
    maiores, mais densas, mais interligadas.
  • 14:24 - 14:27
    E, depois, desde há cerca de 500 anos,
  • 14:27 - 14:30
    os seres humanos começaram
    a articular-se globalmente
  • 14:30 - 14:32
    através dos navios, através dos comboios.
  • 14:32 - 14:34
    através do telégrafo, através da Internet,
  • 14:34 - 14:39
    até que agora parecemos formar
    um único cérebro global
  • 14:39 - 14:42
    de cerca de 7 mil milhões de indivíduos.
  • 14:42 - 14:45
    Este cérebro está a aprender
    a uma velocidade alucinante.
  • 14:46 - 14:48
    Nos últimos 200 anos,
    aconteceu outra coisa.
  • 14:48 - 14:51
    Tropeçámos numa outra
    riquíssima fonte de energia
  • 14:51 - 14:52
    os combustíveis fósseis.
  • 14:52 - 14:55
    Os combustíveis fósseis
    e a aprendizagem coletiva, juntos
  • 14:55 - 14:57
    explicam a complexidade desconcertante
  • 14:57 - 14:59
    que vemos à nossa volta.
  • 15:02 - 15:05
    Portanto, aqui estamos nós
  • 15:05 - 15:07
    de volta ao centro de convenções.
  • 15:07 - 15:11
    Estivemos numa viagem de regresso
    de 13 700 milhões de anos.
  • 15:11 - 15:15
    Espero que vocês concordem
    que se trata de uma história poderosa.
  • 15:15 - 15:19
    E é uma história na qual os seres humanos
    desempenham um papel espantoso e criativo.
  • 15:19 - 15:22
    Mas que também contém avisos.
  • 15:22 - 15:26
    A aprendizagem coletiva
    é uma força muito poderosa,
  • 15:26 - 15:31
    e não é claro que nós, seres humanos,
    consigamos controlá-la
  • 15:32 - 15:35
    Recordo-me vivamente
    de quando era criança, em Inglaterra,
  • 15:35 - 15:38
    viver a época
    da Crise dos Mísseis de Cuba.
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    Durante alguns dias, a biosfera inteira
  • 15:41 - 15:44
    parecia estar à beira da destruição.
  • 15:44 - 15:47
    E as mesmas armas ainda aqui estão,
  • 15:47 - 15:49
    e ainda estão armadas.
  • 15:50 - 15:53
    Se evitarmos essa armadilha,
    outras estarão à nossa espera.
  • 15:53 - 15:56
    Estamos a queimar combustíveis fósseis
    em tal quantidade
  • 15:56 - 16:00
    que parece estarmos a minar
    as condições Goldilocks
  • 16:00 - 16:02
    que possibilitaram às civilizações humanas
  • 16:02 - 16:05
    florescerem durante
    os últimos 10 000 anos.
  • 16:05 - 16:08
    Portanto, a Grande História
  • 16:08 - 16:11
    pode mostrar-nos a natureza
    da nossa complexidade e fragilidade
  • 16:11 - 16:13
    e os perigos que temos pela frente,
  • 16:13 - 16:17
    mas também nos pode mostrar
    o nosso poder da aprendizagem coletiva.
  • 16:17 - 16:20
    E agora, finalmente,
  • 16:20 - 16:23
    é isto que eu quero.
  • 16:24 - 16:27
    Eu quero que o meu neto Daniel
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    e os seus amigos e a sua geração,
  • 16:30 - 16:32
    pelo mundo fora,
  • 16:32 - 16:35
    conheçam a história da Grande História,
  • 16:35 - 16:37
    e que a conheçam tão bem
  • 16:37 - 16:41
    que compreendam tanto os desafios
    que enfrentamos
  • 16:41 - 16:43
    como as oportunidades que nos surgem.
  • 16:43 - 16:45
    E é por isso que um grupo, entre nós,
  • 16:45 - 16:48
    está a criar um curso gratuito on-line
  • 16:48 - 16:49
    em Grande História
  • 16:49 - 16:52
    para alunos do ensino secundário
    de todo o mundo.
  • 16:52 - 16:54
    Acreditamos que a Grande História
  • 16:54 - 16:57
    será, para eles,
    uma ferramenta intelectual vital,
  • 16:57 - 17:00
    quando o Daniel e a sua geração
  • 17:00 - 17:02
    enfrentarem os enormes problemas
  • 17:02 - 17:05
    e também as enormes oportunidades
  • 17:05 - 17:08
    que os esperam neste momento limiar
  • 17:08 - 17:11
    da história do nosso belo planeta.
  • 17:12 - 17:14
    Agradeço-vos pela vossa atenção.
  • 17:14 - 17:17
    (Aplausos)
Title:
A história do nosso mundo em 18 minutos
Speaker:
David Christian
Description:

Apoiado por belíssimas ilustrações, David Christian narra a história completa do Universo, desde o Big Bang até à Internet, em 18 minutos fascinantes. Esta é a "Grande História": um olhar esclarecedor e abrangente sobre a complexidade, a vida e a humanidade, em contraponto com o nosso diminuto quinhão no cronograma cósmico.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:19
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes
Ilona Bastos added a translation

Portuguese subtitles

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