A história do nosso mundo em 18 minutos
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0:01 - 0:03Primeiro, um vídeo.
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0:10 - 0:12Sim, é um ovo mexido.
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0:14 - 0:16Mas, ao olharem para ele,
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0:16 - 0:20espero que se comecem a sentir
um pouco desconfortáveis. -
0:22 - 0:25Porque se podem aperceber de que
o que está realmente a acontecer -
0:25 - 0:28é que o ovo se está a
"desmexer" a si próprio. -
0:28 - 0:30E agora verão que a gema e a clara
se separaram -
0:30 - 0:33e vão regressar ao interior do ovo.
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0:33 - 0:35E todos nós temos a convicção profunda
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0:35 - 0:39de que esta não é a maneira
como o Universo funciona. -
0:40 - 0:43Um ovo mexido é desordem,
desordem saborosa, mas desordem. -
0:43 - 0:45Um ovo é uma coisa bela, sofisticada
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0:45 - 0:48capaz de criar coisas
ainda mais sofisticadas, -
0:48 - 0:49tais como frangos.
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0:49 - 0:51E nós temos a convicção profunda
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0:51 - 0:55de que o Universo não caminha
da desordem para a complexidade. -
0:55 - 0:58De facto, este conhecimento instintivo
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0:58 - 1:00reflete-se numa das mais
fundamentais leis da Física, -
1:00 - 1:04a segunda lei da termodinâmica,
ou lei da entropia. -
1:04 - 1:06O que esta lei diz basicamente
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1:06 - 1:09é que a tendência geral do Universo
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1:09 - 1:12é mover-se da ordem e da estrutura
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1:12 - 1:15para a falta de ordem, falta de estrutura,
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1:15 - 1:17de facto, para a desordem.
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1:17 - 1:20E é por isso que aquele vídeo
nos parece um pouco estranho. -
1:20 - 1:23Contudo, olhem à vossa volta
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1:24 - 1:28O que vemos em nosso redor,
é uma complexidade assombrosa. -
1:28 - 1:32Eric Beinhocker estima que,
em Nova Iorque apenas, -
1:32 - 1:36sejam negociadas cerca de 10 mil milhões
de diferentes mercadorias. -
1:36 - 1:40São centenas de vezes o número
de espécies que existem na Terra. -
1:40 - 1:44E estão a ser negociadas por uma espécie
de quase 7 mil milhões de indivíduos -
1:44 - 1:47que estão ligados pelo comércio,
pelas viagens e pela Internet, -
1:47 - 1:51a um sistema global
de fabulosa complexidade. -
1:52 - 1:55Portanto, aqui está
um enorme quebra-cabeças. -
1:55 - 1:59Num Universo regulado
pela segunda lei da termodinâmica, -
1:59 - 2:01como é possível
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2:01 - 2:04gerar-se o tipo de complexidade
que descrevi, -
2:04 - 2:07o tipo de complexidade
representado por todos nós -
2:07 - 2:10e pelo centro de convenções?
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2:11 - 2:13Bem, a resposta parece ser
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2:13 - 2:16que o Universo consegue criar complexidade,
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2:16 - 2:18mas com grande dificuldade.
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2:19 - 2:20Em bolsas,
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2:20 - 2:22aparecem o que o meu colega, Fred Spier,
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2:22 - 2:25designa como "condições Goldilocks"
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2:25 - 2:27nem demasiado calor, nem demasiado frio;
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2:27 - 2:29exatamente o necessário
para a criação da complexidade. -
2:29 - 2:32E aparecem coisas
um pouco mais complexas. -
2:32 - 2:34E onde temos coisas
um pouco mais complexas, -
2:34 - 2:36conseguimos coisas
um pouco mais complexas. -
2:36 - 2:40E, desta forma, a complexidade
constrói-se etapa a etapa. -
2:41 - 2:43Cada etapa é mágica
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2:43 - 2:47porque cria a sensação
de uma coisa inteiramente nova -
2:47 - 2:49a surgir, praticamente
do nada, no Universo. -
2:49 - 2:53Na Grande História, referimo-nos
a estes momentos como momentos limiar. -
2:54 - 2:57Em cada limiar, torna-se
mais complicado avançar. -
2:57 - 3:00As coisas complexas
tornam-se mais frágeis, -
3:00 - 3:02mais vulneráveis,
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3:02 - 3:05as condições Goldilocks
tornam-se mais rigorosas, -
3:05 - 3:09e é mais difícil criar complexidade.
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3:10 - 3:13Nós, enquanto criaturas
extremamente complexas, -
3:13 - 3:15precisamos desesperadamente
de saber esta história -
3:15 - 3:20de como o Universo cria a complexidade,
apesar da segunda lei, -
3:20 - 3:25e porque é que a complexidade
significa vulnerabilidade e fragilidade. -
3:25 - 3:29É essa a história que contamos
na Grande História. -
3:29 - 3:30Para isso, é necessária uma coisa
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3:30 - 3:33que, à primeira vista,
parece totalmente impossível. -
3:33 - 3:36É preciso examinar
toda a história do Universo. -
3:37 - 3:39Portanto, vamos fazer isso.
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3:39 - 3:41(Risos)
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3:41 - 3:45Vamos começar por recuar
na linha do tempo -
3:45 - 3:4713 700 milhões de anos
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3:47 - 3:50até ao início do tempo.
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3:57 - 3:59À nossa volta, não há nada.
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4:00 - 4:03Nem mesmo tempo ou espaço.
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4:03 - 4:07Imaginem a coisa mais escura
e mais vazia que conseguirem, -
4:07 - 4:09e elevem-na ao infinito.
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4:09 - 4:11É aí que nos encontramos.
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4:11 - 4:13E, então, subitamente,
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4:13 - 4:14bang!
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4:14 - 4:17Aparece um Universo, um Universo inteiro.
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4:17 - 4:19E acabámos de transpor
o primeiro limiar. -
4:19 - 4:21O Universo é minúsculo,
menor do que um átomo. -
4:21 - 4:22Está incrivelmente quente.
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4:22 - 4:25Contém tudo o que existe
no Universo atual, -
4:25 - 4:27por isso, podem imaginar, está a rebentar,
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4:27 - 4:29e a expandir-se
a uma velocidade vertiginosa. -
4:29 - 4:31Inicialmente é um mero borrão,
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4:31 - 4:35mas, muito rapidamente, começam
a aparecer coisas distintas nesse borrão. -
4:35 - 4:36Durante o primeiro segundo,
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4:36 - 4:39a própria energia
divide-se em forças distintas -
4:39 - 4:42incluindo o eletromagnetismo
e a gravidade. -
4:42 - 4:45E a energia faz outra coisa
realmente mágica, -
4:45 - 4:48solidifica-se, para formar matéria,
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4:48 - 4:50quarks que criarão protões
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4:50 - 4:52e leptões que incluem eletrões.
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4:52 - 4:55E tudo isso acontece
durante o primeiro segundo. -
4:55 - 4:59Agora avançamos 380 000 anos.
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4:59 - 5:03Isso corresponde ao dobro do tempo
da existência dos homens neste planeta. -
5:03 - 5:08E agora aparecem átomos simples
de hidrogénio e hélio. -
5:08 - 5:11Agora, quero fazer uma breve pausa,
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5:11 - 5:13380 000 anos depois
das origens do Universo, -
5:13 - 5:17porque, na verdade, sabemos bastante
sobre o Universo nesta fase. -
5:18 - 5:21Sabemos, acima de tudo,
que era extremamente simples. -
5:21 - 5:24Consistia em enormes nuvens
de átomos de hidrogénio e hélio, -
5:24 - 5:26sem qualquer estrutura.
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5:26 - 5:29Na realidade, são
uma espécie de desordem cósmica. -
5:29 - 5:31Mas isso não é totalmente verdade.
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5:31 - 5:34Estudos recentes feitos por satélites
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5:34 - 5:36como o Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe -
5:36 - 5:40mostraram-nos que, de facto,
há pequenas diferenças de fundo. -
5:40 - 5:42Vemos aqui
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5:42 - 5:46que as áreas azuis estão cerca
de 1 milésimo de grau mais frias -
5:46 - 5:48do que as áreas vermelhas.
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5:48 - 5:49São pequeníssimas diferenças,
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5:49 - 5:52mas suficientes
para que o Universo avançasse -
5:52 - 5:54para a fase seguinte
de construção de complexidade. -
5:54 - 5:56E é assim que isto funciona.
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5:56 - 6:00A gravidade é mais poderosa
onde há mais coisas. -
6:00 - 6:03Por isso, nas áreas
ligeiramente mais densas, -
6:03 - 6:07a gravidade começa a compactar as nuvens
de átomos de hidrogénio e hélio. -
6:07 - 6:09Por isso, podemos imaginar
o Universo primevo -
6:09 - 6:11a irromper em mil milhões de nuvens.
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6:11 - 6:12E cada nuvem é compactada,
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6:12 - 6:16a gravidade torna-se mais poderosa
à medida que a densidade aumenta, -
6:16 - 6:18a temperatura começa a subir
no centro de cada nuvem, -
6:18 - 6:20e, então, no centro de cada nuvem,
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6:20 - 6:23a temperatura ultrapassa
a temperatura limiar -
6:23 - 6:24de 10 milhões de graus,
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6:24 - 6:27os protões começam a fundir-se,
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6:27 - 6:29há uma enorme libertação de energia,
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6:29 - 6:30e...
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6:30 - 6:32bang!
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6:32 - 6:34Temos as nossas primeiras estrelas.
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6:34 - 6:37Cerca de 200 milhões de anos
depois do Big Bang, -
6:37 - 6:41as estrelas começam a aparecer
por todo o Universo, -
6:41 - 6:43milhares de milhões delas.
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6:43 - 6:46E o Universo é agora significativamente
mais interessante -
6:46 - 6:48e mais complexo.
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6:48 - 6:51As estrelas vão criar
as condições Goldilocks -
6:51 - 6:53para se ultrapassarem dois novos limiares.
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6:53 - 6:58Quando estrelas muito grandes morrem,
originam temperaturas tão elevadas -
6:58 - 7:02que os protões se começam a fundir
em todo o tipo de combinações exóticas, -
7:02 - 7:05formando todos os elementos
da tabela periódica. -
7:05 - 7:08Se, como eu, vocês estão
a usar uma aliança de ouro, -
7:08 - 7:11ela foi forjada na explosão
de uma supernova. -
7:11 - 7:14Portanto, agora o Universo
é quimicamente mais complexo. -
7:14 - 7:16E, num Universo
quimicamente mais complexo, -
7:16 - 7:19é possível fazer mais coisas.
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7:19 - 7:22O que começa a acontecer
é que, em torno de jovens sóis, -
7:22 - 7:24de jovens estrelas,
-
7:24 - 7:26todos estes elementos
se combinam, giram em órbita, -
7:26 - 7:29a energia da estrela move-os
num movimento circular, -
7:29 - 7:32eles formam partículas,
formam flocos de neve, -
7:32 - 7:36formam pequenos grãos de poeira,
formam pedras, formam asteroides, -
7:36 - 7:39e finalmente formam planetas e luas.
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7:39 - 7:42Foi assim que o nosso
sistema solar se formou, -
7:42 - 7:44há 4500 milhões de anos.
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7:44 - 7:47Planetas rochosos, como a nossa Terra,
-
7:47 - 7:51são significativamente
mais complexos do que as estrelas -
7:51 - 7:53porque contêm uma muito maior
diversidade de materiais. -
7:53 - 7:56Portanto, atravessámos
o quarto limiar de complexidade. -
7:58 - 8:01Agora, torna-se mais difícil avançar.
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8:01 - 8:05A fase seguinte introduz entidades
significativamente mais frágeis, -
8:05 - 8:08significativamente mais vulneráveis,
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8:08 - 8:10mas que são também muito mais criativas
-
8:10 - 8:13e muito mais capazes
de gerar maior complexidade. -
8:13 - 8:17Estou a falar, evidentemente,
dos organismos vivos. -
8:18 - 8:20Os organismos vivos
são criados pela química. -
8:20 - 8:23Nós somos enormes pacotes
de produtos químicos. -
8:23 - 8:26Então, a química é dominada
pela força eletromagnética, -
8:26 - 8:29que opera sobre escalas
menores que a gravidade, -
8:29 - 8:31o que explica a razão
por que nós somos mais pequenos -
8:31 - 8:33do que as estrelas e os planetas.
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8:33 - 8:36Agora, quais são as condições
ideais para a química? -
8:36 - 8:38Quais são as condições Goldilocks?
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8:38 - 8:41Em primeiro lugar, precisamos de energia,
mas não em demasia. -
8:41 - 8:44No centro de uma estrela,
há tanta energia, -
8:44 - 8:47que quaisquer átomos que se combinem
voltam a separar-se. -
8:47 - 8:49Mas não de menos também.
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8:49 - 8:51No espaço intergaláctico,
há tão pouca energia -
8:51 - 8:54que os átomos não conseguem combinar-se.
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8:54 - 8:55Pretendemos a quantidade certa,
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8:55 - 8:57e os planetas têm a quantidade certa,
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8:57 - 9:00porque se encontram perto das estrelas,
mas não demasiado perto. -
9:00 - 9:04Também precisamos de uma grande
diversidade de elementos químicos, -
9:04 - 9:07e necessitamos de líquidos, como a água.
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9:07 - 9:08Porquê?
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9:08 - 9:12Nos gases, os átomos passam
uns pelos outros tão depressa -
9:12 - 9:14que não se conseguem ligar.
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9:14 - 9:18Nos sólidos, os átomos estão colados,
não se conseguem mover. -
9:18 - 9:20Nos líquidos,
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9:20 - 9:23eles podem passear e abraçar-se
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9:23 - 9:26e unir-se para formarem moléculas.
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9:26 - 9:28Onde é que se encontram
estas condições Goldilocks? -
9:29 - 9:31Os planetas são ótimos,
-
9:31 - 9:34e a nossa Terra na sua origem
era quase perfeita. -
9:35 - 9:37Estava à distância correta,
em relação à sua estrela, -
9:37 - 9:39para conter enormes
oceanos de água líquida. -
9:39 - 9:41E nas profundezas desses oceanos,
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9:41 - 9:44a partir de fendas existentes
na crusta terrestre, -
9:44 - 9:46liberta-se calor, proveniente
do interior da Terra, -
9:46 - 9:49e existe uma enorme
diversidade de elementos. -
9:49 - 9:51Assim, nessas profundas
aberturas oceânicas, -
9:51 - 9:54começou a acontecer
uma química fantástica, -
9:54 - 9:57e os átomos ligaram-se em todo o tipo
de combinações exóticas. -
9:57 - 10:02Mas, evidentemente, a vida é mais
do que mera química exótica. -
10:02 - 10:06Como é que essas enormes
moléculas se estabilizam -
10:06 - 10:08para serem viáveis?
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10:08 - 10:12É aqui que a vida introduz
um truque inteiramente novo. -
10:13 - 10:15Não se estabiliza o indivíduo,
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10:15 - 10:18estabiliza-se o modelo,
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10:18 - 10:20aquilo que transporta a informação,
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10:20 - 10:22e permite que o modelo
se copie a si próprio. -
10:22 - 10:25Claro que é o ADN a bela molécula
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10:25 - 10:27que contém essa informação.
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10:27 - 10:30Devem conhecer a dupla hélice do ADN.
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10:30 - 10:33Cada troço contém informações.
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10:33 - 10:38O ADN contém informações
sobre como fazer organismos vivos. -
10:38 - 10:40E o ADN também se copia a si mesmo.
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10:40 - 10:44Copia-se a si próprio e espalha
os modelos através do oceano. -
10:44 - 10:46É assim que as informações se espalham.
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10:46 - 10:49Notem que a informação passou
a fazer parte da nossa história. -
10:49 - 10:52Todavia, a verdadeira beleza do ADN
está nas suas imperfeições. -
10:53 - 10:55Quando se copia a si próprio,
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10:55 - 10:56tende a ocorrer um erro
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10:56 - 10:59uma vez em cada mil milhões de troços,
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10:59 - 11:03Isso significa que, na realidade,
o ADN está a aprender. -
11:03 - 11:06Está a acumular novas maneiras
de fazer organismos vivos -
11:06 - 11:08porque alguns desses erros funcionam.
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11:08 - 11:10Portanto, o ADN está a aprender
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11:10 - 11:13e está a construir maior diversidade
e maior complexidade. -
11:13 - 11:16Podemos ver isto a acontecer
nos últimos 4 mil milhões de anos. -
11:16 - 11:18Durante a maior parte
desse tempo de vida na Terra, -
11:18 - 11:20os organismos vivos
eram relativamente simples, -
11:20 - 11:22células únicas.
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11:22 - 11:25Mas havia grande diversidade
e, no interior, grande complexidade. -
11:25 - 11:28Depois, a partir de há cerca
de 600 a 800 milhões de anos, -
11:28 - 11:31apareceram organismos multicelulares.
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11:31 - 11:33Temos os fungos, os peixes,
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11:33 - 11:35temos as plantas,
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11:35 - 11:37temos os anfíbios, os répteis,
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11:37 - 11:40e depois, evidentemente, os dinossauros.
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11:41 - 11:44De vez em quando, acontecem desastres.
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11:45 - 11:47Há 65 milhões de anos,
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11:47 - 11:49um asteroide aterrou na Terra
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11:49 - 11:51perto da Península do Iucatão,
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11:51 - 11:54criando condições equivalentes
às de uma guerra nuclear, -
11:54 - 11:56e os dinossauros foram eliminados.
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11:56 - 11:59Péssimas notícias para os dinossauros.
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11:59 - 12:03Mas ótimas notícias para os mamíferos
nossos antepassados -
12:03 - 12:04que floresceram
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12:04 - 12:08nos nichos deixados vazios
pelos dinossauros. -
12:08 - 12:13E nós, seres humanos, fazemos parte
desse impulso criativo evolutivo -
12:13 - 12:15que começou há 65 milhões de anos
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12:15 - 12:18com a chegada de um asteroide.
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12:18 - 12:22Os seres humanos apareceram
há cerca de 200 000 anos. -
12:22 - 12:26E eu acredito que nós contamos
como um limiar nesta Grande História. -
12:26 - 12:28Vou explicar porquê.
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12:28 - 12:31Vimos que o ADN aprende num certo sentido,
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12:31 - 12:33acumula informações.
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12:33 - 12:35Mas isso é muito lento.
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12:35 - 12:38O ADN acumula informações
através de erros aleatórios, -
12:38 - 12:41alguns dos quais realmente funcionam.
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12:41 - 12:44Mas o ADN desenvolveu
uma maneira mais rápida de aprender, -
12:44 - 12:47produziu organismos com cérebros,
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12:47 - 12:50e esses organismos
podem aprender em tempo real. -
12:50 - 12:53Eles acumulam informações, aprendem.
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12:53 - 12:55A parte triste é que, quando morrem,
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12:55 - 12:57as informações morrem com eles.
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12:57 - 13:01O que torna os seres humanos diferentes
é a linguagem humana. -
13:01 - 13:04Somos abençoados com uma linguagem,
um sistema de comunicação, -
13:04 - 13:07tão poderoso e tão preciso
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13:07 - 13:10que podemos partilhar
o que aprendemos com tal precisão -
13:10 - 13:13que se pode acumular na memória coletiva.
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13:13 - 13:14E isso significa
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13:14 - 13:18que pode perdurar para além dos indivíduos
que aprenderam essas informações, -
13:18 - 13:21e pode acumular-se
de geração para geração. -
13:21 - 13:25É por isso que, enquanto espécie,
somos tão criativos e tão poderosos. -
13:25 - 13:28É por isso que temos uma história.
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13:28 - 13:31Parecemos ser a única espécie,
em 4 mil milhões de anos, -
13:31 - 13:33a ter este dom.
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13:33 - 13:36Chamo a esta capacidade
"aprendizagem coletiva". -
13:37 - 13:38É o que nos torna diferentes.
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13:38 - 13:42Podemos observar isso a funcionar
nos primeiros estágios da história humana. -
13:43 - 13:46Nós evoluímos, como espécie,
nas savanas de África, -
13:46 - 13:50mas depois assistimos à migração
dos seres humanos para novos ambientes, -
13:50 - 13:52para os desertos, para as selvas,
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13:52 - 13:54para a tundra do período glacial da Sibéria
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13:54 - 13:56— um ambiente muito, muito duro —
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13:56 - 13:58para as Américas, para a Australásia.
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13:58 - 14:00Cada migração envolveu aprendizagem
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14:00 - 14:03de novas maneiras de explorar o ambiente,
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14:03 - 14:05novas maneiras de lidar
com o meio em redor. -
14:05 - 14:07Depois, há 10 000 anos,
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14:07 - 14:09explorando uma súbita
mudança no clima global -
14:09 - 14:11com o fim do último período glaciar,
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14:11 - 14:14os seres humanos aprenderam a agricultura.
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14:14 - 14:16A agricultura era uma riquíssima
fonte de energia. -
14:16 - 14:19E explorando essa energia,
a população humana multiplicou-se, -
14:19 - 14:24as sociedades humanas tornaram-se
maiores, mais densas, mais interligadas. -
14:24 - 14:27E, depois, desde há cerca de 500 anos,
-
14:27 - 14:30os seres humanos começaram
a articular-se globalmente -
14:30 - 14:32através dos navios, através dos comboios.
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14:32 - 14:34através do telégrafo, através da Internet,
-
14:34 - 14:39até que agora parecemos formar
um único cérebro global -
14:39 - 14:42de cerca de 7 mil milhões de indivíduos.
-
14:42 - 14:45Este cérebro está a aprender
a uma velocidade alucinante. -
14:46 - 14:48Nos últimos 200 anos,
aconteceu outra coisa. -
14:48 - 14:51Tropeçámos numa outra
riquíssima fonte de energia -
14:51 - 14:52os combustíveis fósseis.
-
14:52 - 14:55Os combustíveis fósseis
e a aprendizagem coletiva, juntos -
14:55 - 14:57explicam a complexidade desconcertante
-
14:57 - 14:59que vemos à nossa volta.
-
15:02 - 15:05Portanto, aqui estamos nós
-
15:05 - 15:07de volta ao centro de convenções.
-
15:07 - 15:11Estivemos numa viagem de regresso
de 13 700 milhões de anos. -
15:11 - 15:15Espero que vocês concordem
que se trata de uma história poderosa. -
15:15 - 15:19E é uma história na qual os seres humanos
desempenham um papel espantoso e criativo. -
15:19 - 15:22Mas que também contém avisos.
-
15:22 - 15:26A aprendizagem coletiva
é uma força muito poderosa, -
15:26 - 15:31e não é claro que nós, seres humanos,
consigamos controlá-la -
15:32 - 15:35Recordo-me vivamente
de quando era criança, em Inglaterra, -
15:35 - 15:38viver a época
da Crise dos Mísseis de Cuba. -
15:38 - 15:41Durante alguns dias, a biosfera inteira
-
15:41 - 15:44parecia estar à beira da destruição.
-
15:44 - 15:47E as mesmas armas ainda aqui estão,
-
15:47 - 15:49e ainda estão armadas.
-
15:50 - 15:53Se evitarmos essa armadilha,
outras estarão à nossa espera. -
15:53 - 15:56Estamos a queimar combustíveis fósseis
em tal quantidade -
15:56 - 16:00que parece estarmos a minar
as condições Goldilocks -
16:00 - 16:02que possibilitaram às civilizações humanas
-
16:02 - 16:05florescerem durante
os últimos 10 000 anos. -
16:05 - 16:08Portanto, a Grande História
-
16:08 - 16:11pode mostrar-nos a natureza
da nossa complexidade e fragilidade -
16:11 - 16:13e os perigos que temos pela frente,
-
16:13 - 16:17mas também nos pode mostrar
o nosso poder da aprendizagem coletiva. -
16:17 - 16:20E agora, finalmente,
-
16:20 - 16:23é isto que eu quero.
-
16:24 - 16:27Eu quero que o meu neto Daniel
-
16:27 - 16:30e os seus amigos e a sua geração,
-
16:30 - 16:32pelo mundo fora,
-
16:32 - 16:35conheçam a história da Grande História,
-
16:35 - 16:37e que a conheçam tão bem
-
16:37 - 16:41que compreendam tanto os desafios
que enfrentamos -
16:41 - 16:43como as oportunidades que nos surgem.
-
16:43 - 16:45E é por isso que um grupo, entre nós,
-
16:45 - 16:48está a criar um curso gratuito on-line
-
16:48 - 16:49em Grande História
-
16:49 - 16:52para alunos do ensino secundário
de todo o mundo. -
16:52 - 16:54Acreditamos que a Grande História
-
16:54 - 16:57será, para eles,
uma ferramenta intelectual vital, -
16:57 - 17:00quando o Daniel e a sua geração
-
17:00 - 17:02enfrentarem os enormes problemas
-
17:02 - 17:05e também as enormes oportunidades
-
17:05 - 17:08que os esperam neste momento limiar
-
17:08 - 17:11da história do nosso belo planeta.
-
17:12 - 17:14Agradeço-vos pela vossa atenção.
-
17:14 - 17:17(Aplausos)
- Title:
- A história do nosso mundo em 18 minutos
- Speaker:
- David Christian
- Description:
-
Apoiado por belíssimas ilustrações, David Christian narra a história completa do Universo, desde o Big Bang até à Internet, em 18 minutos fascinantes. Esta é a "Grande História": um olhar esclarecedor e abrangente sobre a complexidade, a vida e a humanidade, em contraponto com o nosso diminuto quinhão no cronograma cósmico.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:19
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes | |
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The history of our world in 18 minutes | |
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Ilona Bastos added a translation |