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Peter Ward sobre extinções em massa

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    Então, eu gostaria de começar com
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    essa linda foto de minha infância.
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    Eu adoro filmes de ficção científica.
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    Aqui está: "A Ilha da Terra".
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    E deixe Hollywood acertar tudo.
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    Dois anos e meio na produção.
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    (Risos)
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    Quero dizer, mesmo os criacionistas nos dão 6 mil,
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    mas Hollywood vai mais além.
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    E nesse filme, vemos o que nós achamos que está lá fora:
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    discos voadores e alienígenas.
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    Cada mundo tem um alienígena, e cada mundo extraterrestre tem um disco voador,
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    e eles se movem em grande velocidade. Alienígenas.
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    Bem, Don Brownlee, meu amigo, e eu finalmente chegamos ao ponto
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    em que cansamos de ligar a TV
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    e ver naves espaciais e ver alienígenas todas as noites,
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    e tentamos escrever um contra-argumento a isso,
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    e divulgar o que realmente importa para a Terra ser habitável,
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    para um planeta ser uma Terra, para ter um lugar
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    onde você provavelmente pode não apenas ter vida, mas complexidade,
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    o que requer uma grande quantia de evolução,
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    e portanto estabilidade de condições.
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    Então, em 2000 escrevemos "Terra Rara". Em 2003, nós então nos perguntamos,
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    não sobre onde as Terras estão no espaço, mas há quanto tempo a Terra é a Terra?
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    Se você voltar dois bilhões de anos,
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    você não estará mais num planeta como a Terra.
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    O que chamamos de planeta como a Terra é na verdade um intervalo curto de tempo.
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    Bem, na verdade "Terra Rara"
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    me ensinou um bocado sobre encontrar o público.
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    Logo depois, eu recebi um convite para ir a uma convenção de ficção científica,
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    e com toda seriedade entrei.
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    David Brin iria debater comigo sobre isso,
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    e enquanto eu entrava, a multidão de uma centena começou a vaiar.
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    E uma garota veio para mim e disse, "Meu pai diz que você é o demônio."
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    Você não pode tirar os alienígenas das pessoas
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    e esperar ser amigo de alguém.
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    Bem, a segunda parte disso, logo depois --
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    e eu estava conversando com Paul Allen; eu o vi na audiência,
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    e eu entreguei a ele uma cópia de "Terra Rara".
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    E Jill Tarter estava lá, e ela se virou para mim,
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    e ela me olhou igual àquela garota do "Exorcista".
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    Era como, "Isso queima! Isso queima!"
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    Porque o SETI não quer ouvir isso.
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    SETI quer que haja alguma coisa lá fora.
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    Eu realmente aplaudo os esforços do SETI, mas não ouvimos nada ainda.
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    E eu realmente penso que temos de começar a pensar
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    sobre o que é um bom planeta e o que não é.
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    Agora, eu mostro esse slide porque ele indica para mim que,
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    mesmo se o SETI ouvir alguma coisa, podemos decifrar o que disseram?
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    Porque isso foi um slide que passou
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    através das duas maiores inteligências na Terra -- um Mac para um PC --
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    e ele não mostra nem as letras direito --
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    (Risos)
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    -- então como vamos conversar com os extraterrestres?
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    E se estiverem a 50 anos luz, e nós os chamarmos,
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    e você diz bla bla bla bla bla,
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    e depois de 50 anos isso retorna e eles dizem, repita por favor?
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    Eu digo, nós estamos aí.
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    Nosso planeta é um bom planeta porque ele pode conter água.
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    Marte é um planeta ruim, mas é ainda bom o suficiente para nós irmos lá
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    e viver na sua superfície se estivermos protegidos.
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    Mas Vênus é um planeta muito ruim -- o pior.
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    Mesmo que seja como a Terra, e mesmo que no início de sua história
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    ela possa muito bem ter abrigado vida como a da Terra,
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    ela logo sucumbiu para uma estufa descontrolada --
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    são 800 graus centígrados na superfície --
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    por causa do excesso de dióxido de carbono.
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    Bem, nós sabemos pela astrobiologia que podemos realmente prever agora
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    o que vai acontecer ao nosso planeta em particular.
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    Nós estamos agora nesse lindo recheio
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    da existência de vida no planeta Terra,
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    após a horrível primeira era microbiológica.
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    Na explosão cambriana, a vida emergiu dos pântanos,
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    a complexidade surgiu,
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    e pelo que podemos dizer, estamos na metade do caminho.
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    Nós temos tanto tempo para os animais existirem nesse planeta
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    quanto eles têm tido até agora,
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    até chegarmos na segunda era microbiológica.
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    E isso vai acontecer, paradoxalmente --
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    tudo que você ouve falar sobre aquecimento global --
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    quando atingirmos o CO2 a 10 partes pode milhão,
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    nós não teremos mais plantas
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    que possam fazer qualquer fotossíntese, e lá se vão os animais.
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    Então, depois disso nós provavelmente teremos 7 bilhões de anos.
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    O Sol aumenta sua intensidade, seu brilho,
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    e finalmente, cerca de 12 bilhões de anos depois de começar,
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    a Terra é consumida por um grande Sol,
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    e isso é o que sobra.
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    Então, um planeta como nós terá uma idade e uma velhice,
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    e nós estamos no seu verão dourado nesse momento.
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    Mas há dois destinos para tudo, não há?
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    Agora, muitos de vocês morrerão de velhice,
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    mas alguns de vocês, horrivelmente, vão morrer num acidente.
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    E esse é o destino de um planeta, também.
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    A Terra, se nós formos sortudos o suficiente -- se não for atingida por um Hale-Bopp,
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    ou ser explodida por alguma supernova por perto
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    nos próximos sete bilhões de anos -- estará sob nossos pés.
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    Mas e quanto à morte acidental?
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    Bem, durante os últimos 200 anos paleontólogos
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    têm mapeado a morte. É estranho --
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    a extinção como um conceito não era sequer cogitada
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    até que o Barão Cuvier na França encontrou seu primeiro mastodonte.
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    Ele não conseguia parear com nenhum osso no planeta,
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    e ele disse, "Ahá! Está extinto".
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    E pouco depois, o registro fóssil começou a fornecer
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    uma idéia muito boa de como muitas plantas e animais teriam sido
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    desde que a vida complexa realmente começou a deixar
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    um registro fóssil muito interessante.
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    Nesse complexo registro de fósseis,
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    houve momentos quando um monte de coisas
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    pareciam estar morrendo muito rapidamente,
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    e os primeiros geólogos
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    chamaram isso de "extinções em massa".
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    Por muito tempo achava-se que era ou um ato de Deus
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    ou talvez uma mudança climática muito longa e lenta,
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    e isso mudou realmente em 1980,
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    nesse afloramento rochoso próximo de Gubbio,
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    onde Walter Alvarez, tentando decifrar
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    qual era a diferença temporal entre essas duas rochas brancas,
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    que continham criaturas do período Cretáceo,
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    e a rocha rosa acima, que continha fósseis terciários.
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    Quanto tempo levou para ir de um sistema para o seguinte?
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    E o que eles descobriram era algo inesperado.
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    Eles encontraram nessa brecha, entre elas, uma camada de de argila muito fina,
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    e essa camada de argila -- essa camada vermelha muito fina aqui --
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    é preenchida com irídio.
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    E não só irídio; está preenchida com esférulas vítreas,
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    e está preenchida com grãos de quartzo
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    que foram sujeitos a uma enorme pressão: quartzo de choque.
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    Agora, nesse slide o branco é de giz,
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    e esse giz foi depositado num oceano quente.
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    O próprio giz é composto por plâncton
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    que decaiu da superfície do mar para o chão do mar,
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    então 90 por cento do sedimento aqui é esqueleto de coisa viva,
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    e daí você tem essa camada vermelha milimétrica,
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    e depois você tem rocha negra.
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    E a rocha negra é o sedimento no fundo do mar
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    na ausência de plâncton.
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    E isso é o que acontece numa catástrofe por asteróide,
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    porque isso é o que isto foi, é claro. Esse é o famoso K-T.
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    Um corpo de 10 quilômetros atinge o planeta.
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    Os efeitos disso espalham essa finíssima camada de impacto por todo planeta,
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    e tivemos rapidamente a morte dos dinossauros,
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    a morte dessas lindas amonitas,
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    Leiconteiceras aqui, e Celaeceras ali,
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    e muito mais.
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    Quero dizer, isso deve ser verdade,
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    porque nós tivemos dois grandes sucessos de Hollywood desde então,
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    e esse paradigma, de 1980 até mais ou menos 2000,
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    mudou totalmente como os geólogos pensavam sobre catástrofes.
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    Antes disso, o uniformitarismo era o paradigma dominante:
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    o fato de se algo acontecer no planeta no passado,
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    há processos nos dias atuais que irão explicar isso.
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    Mas nós não testemunhamos um impacto de um grande asteróide,
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    então isso é um tipo de neo-catastrofismo,
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    e levou quase 20 anos para a comunidade científica
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    finalmente encarar o fato: sim, nós fomos atingidos;
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    e sim, os efeitos desse impacto causaram uma grande extinção em massa.
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    Bem, houve cinco grandes extinções em massa
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    nos últimos 500 milhões de anos, chamadas de Grandes Cinco.
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    Elas se estendem de 450 milhões de anos atrás
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    até a última, a K-T, número quatro,
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    mas a maior de todas foi a P, ou extinção Permiana,
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    às vezes chamada de mãe de todas as extinções em massa.
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    E cada uma delas foi posteriormente atribuída
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    a um impacto de um grande corpo.
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    Mas isso é verdade?
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    A mais recente, a Permiana, era atribuída a um impacto
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    por causa dessa linda estrutura à direita.
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    Isso é um buckminsterfulereno, um carbono-60,
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    porque se parece com esses domos geodésicos enormes
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    dos meus adorados e velhos anos 60.
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    Eles são chamados de "futebolenos".
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    Essa evidência foi usada para sugerir
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    que no fim do Permiano, 250 milhões atrás, um cometa nos atingiu.
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    E quando o cometa impacta, a pressão produz esses futebolenos,
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    e isso captura pedaços do cometa.
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    Hélio-3: muito raro na superfície da Terra, muito comum no espaço.
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    Mas isso é verdade?
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    Em 1990, trabalhando na extinção K-T por 10 anos,
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    eu me mudei para a África do Sul para começar a trabalhar duas vezes por ano
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    no grande deserto de Karoo.
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    Eu tive muita sorte de ver a mudança daquela África do Sul
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    para a nova África do Sul enquanto vinha ano a ano.
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    E eu trabalhei nessa extinção Permiana,
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    acampando perto desse cemitério Boer por meses a cada viagem.
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    E os fósseis são extraordinários.
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    Você sabe, você está olhando seus ancestrais mais distantes.
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    Esses são répteis semelhantes aos mamíferos.
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    Eles são invisíveis culturalmente. Você não faz filmes sobre eles.
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    Isso é um Gorgonopsia, ou um Górgon.
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    Isso é um crânio de 18 centímetros de um animal
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    que tinha provavelmente sete ou oito pés, andava como um lagarto,
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    provavelmente tinha uma cabeça como a de um leão.
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    Esse é o carnívoro do topo, o T-Rex de seu tempo.
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    Mas há um monte de coisas.
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    Esse é o pobre do meu filho, Patrick.
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    (Risos)
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    Isso é chamado de abuso infantil paleontológico.
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    Fique parado, você é a escala.
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    (Risos)
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    Havia coisas grandes antes.
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    55 espécies de répteis semelhantes aos mamíferos.
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    A era dos mamíferos havia começado bem e definitivamente
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    250 milhões de anos atrás...
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    ... e então uma catástrofe aconteceu.
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    E o que acontece a seguir é a era dos dinossauros.
  • 9:34 - 9:38
    Isso foi tudo um engano; não devia ter acontecido nunca. Mas aconteceu.
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    Agora, por sorte,
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    esse Thrinaxodon, aqui do tamanho de um ovo de sabiá:
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    isso é um crânio descoberto pouco antes de tirar essa foto --
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    há uma caneta para a escala; é realmente pequeno --
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    isso é no Triássico Inferior, depois que a extinção em massa terminou.
  • 9:52 - 9:55
    Você podem ver as cavidades orbitais e vocês podem ver os dentinhos na frente.
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    Se isso não sobrevivesse, eu não estaria dando essa palestra.
  • 10:00 - 10:04
    É outra coisa, porque se isso não sobrevivesse, não estaríamos aqui;
  • 10:04 - 10:08
    não haveria mamíferos. Foi por pouco; uma espécie passou.
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    Bem, podemos dizer algo sobre o padrão de quem sobreviveu e quem não?
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    Aqui é meio que o fim desses dez anos de trabalho.
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    Os limites das coisas -- a linha vermelha é a extinção em massa.
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    Mas nós tivemos sobreviventes e coisas que passaram,
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    e acontece que as coisas que passaram são preferencialmente de sangue frio.
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    Animais de sangue quente tomaram um grande golpe nessa época.
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    Os sobreviventes que conseguiram passar
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    produzem essa mundo de criaturas semelhantes aos crocodilos.
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    Não há dinossauros ainda; só esse lugar pantanoso, lento, sauriano,
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    escamoso, nojento, com alguns pequenos mamíferos se escondendo nas bordas.
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    E lá se esconderiam por 160 milhões de anos,
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    até ser liberados por esse asteróide K-T.
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    Então, se não foi impacto, o que foi?
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    E esse o que, eu acho, é o que retornamos, mais de uma vez,
  • 10:53 - 10:56
    para o mundo Pré-Cambriano, essa primeira era microbiana,
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    e os micróbios ainda estão por aí.
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    Eles odeiam nós animais.
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    Eles querem realmente seu mundo de volta.
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    E tentaram mais de uma vez.
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    Isso me sugere que a vida causa essas extinções em massa
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    porque ela é inerentemente anti-Gaia.
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    Essa idéia toda de Gaia, que a vida faz o mundo melhor para si mesma --
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    qualquer um que esteve numa estrada sexta à tarde em Los Angeles
  • 11:21 - 11:23
    acredita na teoria de Gaia? Não.
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    Então, eu suspeito realmente que há uma alternativa,
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    e que a vida realmente tenta dar cabo de si mesma --
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    não conscientemente, mas apenas por fazer.
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    E aqui está a arma, parece, que fez isso nos últimos 500 milhões de anos.
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    Há micróbios que, por meio de seu metabolismo,
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    produzem sulfeto de hidrogênio,
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    e o fazem em grandes quantidades.
  • 11:42 - 11:45
    Sulfeto de hidrogênio é muito letal para nós humanos.
  • 11:45 - 11:49
    Uma pequena fração de 200 partes por milhão vai matar você.
  • 11:51 - 11:55
    Você só precisa ir ao Mar Negro e alguns outros lugares -- alguns lagos --
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    e se abaixar, e você descobrirá que a água se torna roxa.
  • 11:59 - 12:02
    Se torna roxa devido a presença de micróbios numerosos
  • 12:02 - 12:05
    que precisam ter luz solar e precisam de sulfeto de hidrogênio,
  • 12:05 - 12:09
    e nós podemos detectar sua presença hoje -- podemos vê-los --
  • 12:09 - 12:11
    mas também podemos detectar sua presença no passado.
  • 12:11 - 12:13
    E os últimos três anos têm visto
  • 12:13 - 12:16
    um enorme avanço num campo novíssimo.
  • 12:16 - 12:18
    Eu estou quase extinto --
  • 12:18 - 12:20
    eu sou paleontólogo que coleta fósseis.
  • 12:20 - 12:23
    Mas a nova onde de paleontólogos -- meus alunos de pós graduação --
  • 12:23 - 12:25
    coletam biomarcadores.
  • 12:25 - 12:29
    Eles pegam o próprio sedimento, extraem óleo dele,
  • 12:29 - 12:31
    e disso podem produzir compostos
  • 12:31 - 12:35
    que resultam ser muito específicos para grupos particulares de micróbios.
  • 12:35 - 12:39
    Porque os lipídios são tão resistentes, podem ser preservados em sedimento
  • 12:39 - 12:42
    e durar as centenas de milhões de anos necessárias,
  • 12:42 - 12:44
    e ser extraídos nos dizer quem esteve lá.
  • 12:44 - 12:47
    E sabemos quem esteve lá. No fim do Permiano,
  • 12:47 - 12:49
    em muitas desses limites de extinções em massa,
  • 12:49 - 12:53
    isso foi o que descobrimos: isorenierateno. É muito específico.
  • 12:53 - 12:57
    Só pode ocorrer se a superfície do oceano não tem oxigênio,
  • 12:57 - 13:00
    e está totalmente saturada com sulfeto de hidrogênio --
  • 13:00 - 13:03
    suficiente, por exemplo, para se precipitar.
  • 13:03 - 13:07
    Isso levou Lee Kump, e outros da Penn State e meu grupo,
  • 13:07 - 13:10
    a propor o que eu chamo de Hipótese Kump:
  • 13:10 - 13:13
    muitas das extinções em massa foram causadas pela redução de oxigênio,
  • 13:13 - 13:17
    por aumento de CO2. E o pior efeito feito do aquecimento global foi resultado disso:
  • 13:17 - 13:20
    sulfeto de hidrogênio sendo produzido nos oceanos.
  • 13:20 - 13:22
    Bem, qual é a fonte disso?
  • 13:22 - 13:26
    Nesse caso em particular, a fonte sempre tem sido os basaltos de inundação.
  • 13:26 - 13:29
    Essa é uma visão da Terra agora, se nós extraíssemos um monte disso.
  • 13:29 - 13:31
    E cada uma dessas parece como uma bomba de hidrogênio;
  • 13:31 - 13:33
    na verdade, os efeitos são ainda piores.
  • 13:33 - 13:36
    Isso é quando o material profundo da Terra chega à superfície,
  • 13:36 - 13:38
    e se espalha sobre toda superfície do planeta.
  • 13:38 - 13:41
    Bem, não é a lava que mata tudo,
  • 13:41 - 13:43
    é o dióxido de carbono que vem com ela.
  • 13:43 - 13:46
    Isso não são carros; isso são vulcões.
  • 13:46 - 13:48
    Mas dióxido de carbono é dióxido de carbono.
  • 13:49 - 13:52
    Então, há novos dados que Rob Berner e eu -- de Yale -- juntamos,
  • 13:52 - 13:54
    e o que tentamos fazer agora é
  • 13:54 - 13:57
    traçar a quantidade de dióxido de carbono em todo o registro rochoso --
  • 13:57 - 14:00
    e podemos fazer isso de várias maneiras --
  • 14:00 - 14:02
    e colocar todas as linhas vermelhas aqui,
  • 14:02 - 14:05
    quando essas -- que eu chamo de extinções em massa de estufa -- aconteceram.
  • 14:05 - 14:07
    E há duas coisas que são bem evidentes aqui para mim,
  • 14:07 - 14:10
    é que essas extinções em massa acontecem quando o CO2 está aumentando.
  • 14:10 - 14:13
    Mas a segunda coisa que não é mostrada aqui:
  • 14:13 - 14:16
    a Terra nunca teve nenhum gelo sobre ela
  • 14:16 - 14:20
    quando tivemos mil partes por milhão de CO2.
  • 14:20 - 14:22
    Nós estamos com 380 e subindo.
  • 14:22 - 14:25
    Nós devemos chegar a mil em três séculos no máximo,
  • 14:25 - 14:29
    mas meu colega David Battisti em Seattle diz que acha em cem anos.
  • 14:29 - 14:31
    Daí, lá se vão as calotas polares,
  • 14:31 - 14:35
    e lá vêm subindo 70 metros do nível do mar.
  • 14:35 - 14:37
    Agora eu moro numa casa com vista para o mar;
  • 14:37 - 14:39
    eu vou ter o mar na porta.
  • 14:39 - 14:43
    Tudo bem, qual é a consequência? Os oceanos provavelmente se tornam roxos.
  • 14:43 - 14:46
    E achamos que essa é a razão pela qual a complexidade demorou tanto
  • 14:46 - 14:48
    para se estabelecer no planeta Terra.
  • 14:48 - 14:51
    Nós tivemos esses oceanos de sulfeto de hidrogênio por um período muito longo.
  • 14:51 - 14:55
    Eles impedem a existência de vida complexa.
  • 14:55 - 15:00
    Sabemos que o sulfeto de hidrogênio está jorrando agora em alguns locais no planeta.
  • 15:00 - 15:04
    E eu lanço esse slide -- esse sou eu, na verdade, dois meses atrás --
  • 15:04 - 15:08
    e lanço esse slide porque aqui está meu animal favorito, o náutilo-imperador.
  • 15:08 - 15:12
    Ele está no planeta desde que os animais surgiram -- há 500 milhões de anos.
  • 15:12 - 15:15
    Isso é um experimento de rastreio, e se algum de vocês mergulhadores,
  • 15:15 - 15:18
    se você quer se envolver num dos projetos mais interessantes que há,
  • 15:18 - 15:20
    isso é fora da Grande Barreira de Coral.
  • 15:20 - 15:21
    E enquanto falamos agora,
  • 15:21 - 15:24
    esses náutilos estão mostrando seu comportamento a nós.
  • 15:24 - 15:28
    Mas o lance disso é que de vez em quando
  • 15:28 - 15:30
    nós mergulhadores podemos ter problemas,
  • 15:30 - 15:32
    então vou passar um pequeno experimento aqui.
  • 15:32 - 15:35
    Esse é um grande tubarão branco que comeu algumas de minhas armadilhas.
  • 15:35 - 15:38
    Nós o puxamos, ele vem. Então, ele está lá fora comigo à noite.
  • 15:38 - 15:41
    Então, eu vou nadar, e ele arranca minha perna.
  • 15:41 - 15:44
    Eu estou a 80 milhas da costa, o que vai acontecer comigo?
  • 15:44 - 15:46
    Bem, agora eu morro.
  • 15:46 - 15:48
    Cinco anos a frente, isso é o que espero que aconteça comigo:
  • 15:48 - 15:51
    Eu sou levado de volta ao barco, eu recebo uma máscara de gás:
  • 15:51 - 15:54
    80 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio.
  • 15:54 - 15:58
    Daí eu sou jogado num tanque de gelo, sou congelado para menos de 15 graus
  • 15:58 - 16:02
    e posso ser levado para um hospital de emergência.
  • 16:02 - 16:04
    E a razão de eu poder fazer isso é porque nós mamíferos
  • 16:04 - 16:07
    passamos por uma série desses eventos de sulfeto de hidrogênio,
  • 16:07 - 16:09
    e nossos corpos se adaptaram.
  • 16:09 - 16:13
    E agora podemos usar isso como algo que acho que será um grande avanço médico.
  • 16:13 - 16:15
    Esse é Mark Roth. Ele foi financiado pela DARPA.
  • 16:15 - 16:19
    Ele tentou descobrir como salvar americanos feridos no campo de batalha.
  • 16:19 - 16:21
    Ele tira sangue de porcos.
  • 16:21 - 16:24
    Ele coloca 80 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio --
  • 16:24 - 16:27
    a mesma coisa que sobreviveu essas últimas extinções em massa--
  • 16:27 - 16:29
    e ele transforma um mamífero em um réptil.
  • 16:29 - 16:33
    "Eu acredito que estamos vendo nessa resposta o resultado de mamíferos e répteis
  • 16:33 - 16:36
    terem se submetido a uma série de exposições a H2S."
  • 16:36 - 16:38
    E recebi esse e-mail dele dois anos atrás;
  • 16:38 - 16:41
    ele disse, "Eu acho que tenho uma resposta para algumas de suas questões."
  • 16:41 - 16:43
    Então, agora ele apagou camundongos
  • 16:43 - 16:47
    por até quatro horas, às vezes seis horas,
  • 16:47 - 16:49
    e esses são dados novíssimos que ele me enviou no caminho para cá.
  • 16:49 - 16:54
    No topo, agora, esse é o registro de temperatura de um camundongo --
  • 16:54 - 16:56
    a linha pontilhada, as temperaturas.
  • 16:56 - 16:58
    Então, a temperatura começa a 25 graus centígrados,
  • 16:58 - 16:59
    e vai caindo, vai caindo.
  • 16:59 - 17:01
    Seis horas depois, a temperatura vai subindo.
  • 17:01 - 17:06
    Agora, o mesmo camundongo recebe 80 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio
  • 17:06 - 17:08
    nessa linha sólida,
  • 17:08 - 17:10
    e olhe o que acontece com sua temperatura.
  • 17:10 - 17:12
    Sua temperatura cai.
  • 17:12 - 17:16
    Ela vai caindo de 35 para 15 graus centígrados,
  • 17:16 - 17:19
    e sai disso perfeitamente bem.
  • 17:19 - 17:22
    Essa é um jeito com que podemos levar cuidados médicos às pessoas.
  • 17:22 - 17:27
    É como podemos trazer pessoas frias o bastante para durar até conseguir cuidados médicos.
  • 17:28 - 17:32
    Agora, vocês estão pensando, "É, e quanto ao tecido cerebral?"
  • 17:32 - 17:35
    E este é um dos grandes desafios que estão para acontecer.
  • 17:35 - 17:37
    Você está em um acidente. Você tem duas opções:
  • 17:37 - 17:40
    você vai morrer, ou você vai tomar o sulfeto de hidrogênio
  • 17:40 - 17:43
    e, digamos, 75 por cento de você é salvo, mentalmente.
  • 17:43 - 17:45
    O que você vai fazer?
  • 17:45 - 17:48
    Todos nós temos um botãozinho dizendo, "Me deixe morrer?"
  • 17:48 - 17:50
    Isso está vindo para nós,
  • 17:50 - 17:52
    e eu acho que isso será uma revolução.
  • 17:52 - 17:55
    Nós vamos salvar vidas, mas haverá um custo para isso.
  • 17:55 - 17:57
    A nova visão de extinções em massa é, sim, nós fomos atingidos,
  • 17:57 - 17:59
    e, sim, nós precisamos pensar a longo prazo,
  • 17:59 - 18:01
    porque seremos atingidos de novo.
  • 18:01 - 18:03
    Mas há um perigo ainda pior nos confrontando.
  • 18:03 - 18:06
    Nós podemos voltar facilmente para o mundo do sulfeto de hidrogênio.
  • 18:06 - 18:08
    Nos dê alguns milênios --
  • 18:08 - 18:10
    e nós humanos devemos durar esses milênios --
  • 18:10 - 18:14
    isso acontecerá de novo? Se continuarmos, isso vai acontecer de novo.
  • 18:14 - 18:16
    Quantos de nós voaram aqui?
  • 18:16 - 18:18
    Quantos de nós ultrapassaram
  • 18:18 - 18:21
    nossa cota inteira de Kyoto
  • 18:21 - 18:23
    apenas viajando de avião esse ano?
  • 18:23 - 18:26
    Quantos de nós se excederam? É, eu certamente me excedi.
  • 18:26 - 18:29
    Nós temos um grande problema nos confrontando como espécie.
  • 18:29 - 18:31
    Nós precisamos derrotar isso.
  • 18:31 - 18:35
    Eu quero poder voltar para esse recife. Obrigado.
  • 18:35 - 18:41
    (Aplausos)
  • 18:41 - 18:43
    Chris Anderson: Eu tenho só uma pergunta para você, Peter.
  • 18:43 - 18:45
    Se eu entendi você direito, o que você está dizendo aqui
  • 18:45 - 18:47
    é que nós temos em nossos corpos
  • 18:47 - 18:51
    uma resposta bioquímica para o sulfeto de hidrogênio
  • 18:51 - 18:54
    que em sua mente prova que têm havido extinções em massa
  • 18:54 - 18:56
    devido a mudança climática?
  • 18:56 - 18:58
    Peter Ward: Sim, cada célula única em nós
  • 18:58 - 19:01
    pode produzir quantidades mínimas de sulfeto de hidrogênio em grandes crises.
  • 19:02 - 19:03
    Isso foi o que Roth descobriu.
  • 19:03 - 19:05
    Então, o que estamos procurando agora: isso deixa um sinal?
  • 19:05 - 19:07
    Isso deixa um sinal nos ossos ou nas plantas?
  • 19:07 - 19:10
    E voltamos ao registro fóssil e podemos tentar detectar
  • 19:10 - 19:12
    quantos desses ocorreram no passado.
  • 19:12 - 19:14
    CA: Isso é simultaneamente
  • 19:14 - 19:17
    um técnica médica incrível, mas também uma terrível...
  • 19:17 - 19:20
    PW: Benção e maldição.
Title:
Peter Ward sobre extinções em massa
Speaker:
Peter Ward
Description:

Impactos de asteróides ganham todas as atenções, mas o autor da "Hipótese de Medéia" Peter Ward argumenta que a maioria das extinções em massa da Terra foram causadas por meras bactérias. O culpado, um veneno chamado sulfeto de hidrogênio, pode ter uma aplicação interessante na medicina.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:18
Francisco Dubiela added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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