Peter Ward sobre extinções em massa
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0:00 - 0:02Então, eu gostaria de começar com
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0:02 - 0:04essa linda foto de minha infância.
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0:04 - 0:06Eu adoro filmes de ficção científica.
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0:06 - 0:08Aqui está: "A Ilha da Terra".
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0:08 - 0:10E deixe Hollywood acertar tudo.
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0:10 - 0:12Dois anos e meio na produção.
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0:12 - 0:15(Risos)
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0:15 - 0:18Quero dizer, mesmo os criacionistas nos dão 6 mil,
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0:18 - 0:20mas Hollywood vai mais além.
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0:20 - 0:24E nesse filme, vemos o que nós achamos que está lá fora:
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0:24 - 0:27discos voadores e alienígenas.
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0:27 - 0:30Cada mundo tem um alienígena, e cada mundo extraterrestre tem um disco voador,
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0:30 - 0:34e eles se movem em grande velocidade. Alienígenas.
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0:35 - 0:38Bem, Don Brownlee, meu amigo, e eu finalmente chegamos ao ponto
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0:38 - 0:41em que cansamos de ligar a TV
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0:41 - 0:44e ver naves espaciais e ver alienígenas todas as noites,
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0:44 - 0:47e tentamos escrever um contra-argumento a isso,
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0:47 - 0:51e divulgar o que realmente importa para a Terra ser habitável,
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0:51 - 0:53para um planeta ser uma Terra, para ter um lugar
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0:53 - 0:56onde você provavelmente pode não apenas ter vida, mas complexidade,
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0:56 - 0:58o que requer uma grande quantia de evolução,
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0:58 - 1:01e portanto estabilidade de condições.
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1:01 - 1:04Então, em 2000 escrevemos "Terra Rara". Em 2003, nós então nos perguntamos,
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1:04 - 1:09não sobre onde as Terras estão no espaço, mas há quanto tempo a Terra é a Terra?
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1:09 - 1:11Se você voltar dois bilhões de anos,
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1:11 - 1:13você não estará mais num planeta como a Terra.
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1:13 - 1:17O que chamamos de planeta como a Terra é na verdade um intervalo curto de tempo.
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1:17 - 1:19Bem, na verdade "Terra Rara"
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1:19 - 1:22me ensinou um bocado sobre encontrar o público.
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1:22 - 1:25Logo depois, eu recebi um convite para ir a uma convenção de ficção científica,
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1:25 - 1:28e com toda seriedade entrei.
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1:28 - 1:30David Brin iria debater comigo sobre isso,
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1:30 - 1:34e enquanto eu entrava, a multidão de uma centena começou a vaiar.
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1:34 - 1:37E uma garota veio para mim e disse, "Meu pai diz que você é o demônio."
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1:37 - 1:41Você não pode tirar os alienígenas das pessoas
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1:41 - 1:45e esperar ser amigo de alguém.
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1:45 - 1:47Bem, a segunda parte disso, logo depois --
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1:47 - 1:50e eu estava conversando com Paul Allen; eu o vi na audiência,
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1:50 - 1:52e eu entreguei a ele uma cópia de "Terra Rara".
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1:52 - 1:56E Jill Tarter estava lá, e ela se virou para mim,
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1:56 - 1:59e ela me olhou igual àquela garota do "Exorcista".
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1:59 - 2:01Era como, "Isso queima! Isso queima!"
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2:01 - 2:03Porque o SETI não quer ouvir isso.
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2:03 - 2:06SETI quer que haja alguma coisa lá fora.
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2:06 - 2:09Eu realmente aplaudo os esforços do SETI, mas não ouvimos nada ainda.
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2:09 - 2:11E eu realmente penso que temos de começar a pensar
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2:11 - 2:14sobre o que é um bom planeta e o que não é.
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2:14 - 2:17Agora, eu mostro esse slide porque ele indica para mim que,
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2:17 - 2:21mesmo se o SETI ouvir alguma coisa, podemos decifrar o que disseram?
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2:21 - 2:23Porque isso foi um slide que passou
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2:23 - 2:27através das duas maiores inteligências na Terra -- um Mac para um PC --
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2:27 - 2:30e ele não mostra nem as letras direito --
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2:30 - 2:32(Risos)
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2:32 - 2:34-- então como vamos conversar com os extraterrestres?
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2:34 - 2:37E se estiverem a 50 anos luz, e nós os chamarmos,
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2:37 - 2:39e você diz bla bla bla bla bla,
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2:39 - 2:42e depois de 50 anos isso retorna e eles dizem, repita por favor?
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2:42 - 2:44Eu digo, nós estamos aí.
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2:44 - 2:47Nosso planeta é um bom planeta porque ele pode conter água.
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2:47 - 2:51Marte é um planeta ruim, mas é ainda bom o suficiente para nós irmos lá
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2:51 - 2:53e viver na sua superfície se estivermos protegidos.
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2:53 - 2:56Mas Vênus é um planeta muito ruim -- o pior.
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2:56 - 2:59Mesmo que seja como a Terra, e mesmo que no início de sua história
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2:59 - 3:02ela possa muito bem ter abrigado vida como a da Terra,
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3:02 - 3:05ela logo sucumbiu para uma estufa descontrolada --
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3:05 - 3:07são 800 graus centígrados na superfície --
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3:07 - 3:10por causa do excesso de dióxido de carbono.
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3:10 - 3:13Bem, nós sabemos pela astrobiologia que podemos realmente prever agora
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3:13 - 3:16o que vai acontecer ao nosso planeta em particular.
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3:16 - 3:19Nós estamos agora nesse lindo recheio
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3:19 - 3:22da existência de vida no planeta Terra,
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3:22 - 3:25após a horrível primeira era microbiológica.
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3:25 - 3:28Na explosão cambriana, a vida emergiu dos pântanos,
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3:28 - 3:30a complexidade surgiu,
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3:30 - 3:33e pelo que podemos dizer, estamos na metade do caminho.
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3:33 - 3:36Nós temos tanto tempo para os animais existirem nesse planeta
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3:36 - 3:38quanto eles têm tido até agora,
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3:38 - 3:40até chegarmos na segunda era microbiológica.
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3:40 - 3:42E isso vai acontecer, paradoxalmente --
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3:42 - 3:44tudo que você ouve falar sobre aquecimento global --
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3:44 - 3:47quando atingirmos o CO2 a 10 partes pode milhão,
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3:47 - 3:49nós não teremos mais plantas
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3:49 - 3:53que possam fazer qualquer fotossíntese, e lá se vão os animais.
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3:53 - 3:55Então, depois disso nós provavelmente teremos 7 bilhões de anos.
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3:55 - 3:58O Sol aumenta sua intensidade, seu brilho,
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3:58 - 4:03e finalmente, cerca de 12 bilhões de anos depois de começar,
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4:03 - 4:06a Terra é consumida por um grande Sol,
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4:06 - 4:09e isso é o que sobra.
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4:09 - 4:13Então, um planeta como nós terá uma idade e uma velhice,
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4:13 - 4:17e nós estamos no seu verão dourado nesse momento.
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4:17 - 4:19Mas há dois destinos para tudo, não há?
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4:19 - 4:22Agora, muitos de vocês morrerão de velhice,
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4:22 - 4:25mas alguns de vocês, horrivelmente, vão morrer num acidente.
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4:25 - 4:27E esse é o destino de um planeta, também.
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4:27 - 4:31A Terra, se nós formos sortudos o suficiente -- se não for atingida por um Hale-Bopp,
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4:31 - 4:35ou ser explodida por alguma supernova por perto
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4:35 - 4:38nos próximos sete bilhões de anos -- estará sob nossos pés.
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4:38 - 4:40Mas e quanto à morte acidental?
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4:40 - 4:42Bem, durante os últimos 200 anos paleontólogos
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4:42 - 4:44têm mapeado a morte. É estranho --
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4:44 - 4:47a extinção como um conceito não era sequer cogitada
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4:47 - 4:50até que o Barão Cuvier na França encontrou seu primeiro mastodonte.
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4:50 - 4:52Ele não conseguia parear com nenhum osso no planeta,
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4:52 - 4:54e ele disse, "Ahá! Está extinto".
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4:54 - 4:57E pouco depois, o registro fóssil começou a fornecer
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4:57 - 5:00uma idéia muito boa de como muitas plantas e animais teriam sido
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5:00 - 5:02desde que a vida complexa realmente começou a deixar
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5:02 - 5:05um registro fóssil muito interessante.
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5:05 - 5:08Nesse complexo registro de fósseis,
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5:08 - 5:10houve momentos quando um monte de coisas
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5:10 - 5:12pareciam estar morrendo muito rapidamente,
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5:12 - 5:14e os primeiros geólogos
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5:14 - 5:16chamaram isso de "extinções em massa".
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5:16 - 5:18Por muito tempo achava-se que era ou um ato de Deus
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5:18 - 5:20ou talvez uma mudança climática muito longa e lenta,
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5:20 - 5:22e isso mudou realmente em 1980,
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5:22 - 5:25nesse afloramento rochoso próximo de Gubbio,
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5:25 - 5:28onde Walter Alvarez, tentando decifrar
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5:28 - 5:31qual era a diferença temporal entre essas duas rochas brancas,
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5:31 - 5:33que continham criaturas do período Cretáceo,
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5:33 - 5:35e a rocha rosa acima, que continha fósseis terciários.
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5:35 - 5:39Quanto tempo levou para ir de um sistema para o seguinte?
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5:39 - 5:41E o que eles descobriram era algo inesperado.
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5:41 - 5:44Eles encontraram nessa brecha, entre elas, uma camada de de argila muito fina,
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5:44 - 5:47e essa camada de argila -- essa camada vermelha muito fina aqui --
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5:47 - 5:49é preenchida com irídio.
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5:49 - 5:52E não só irídio; está preenchida com esférulas vítreas,
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5:52 - 5:54e está preenchida com grãos de quartzo
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5:54 - 5:58que foram sujeitos a uma enorme pressão: quartzo de choque.
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5:58 - 6:00Agora, nesse slide o branco é de giz,
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6:00 - 6:03e esse giz foi depositado num oceano quente.
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6:03 - 6:05O próprio giz é composto por plâncton
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6:05 - 6:09que decaiu da superfície do mar para o chão do mar,
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6:09 - 6:12então 90 por cento do sedimento aqui é esqueleto de coisa viva,
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6:12 - 6:14e daí você tem essa camada vermelha milimétrica,
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6:14 - 6:16e depois você tem rocha negra.
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6:16 - 6:19E a rocha negra é o sedimento no fundo do mar
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6:19 - 6:21na ausência de plâncton.
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6:21 - 6:25E isso é o que acontece numa catástrofe por asteróide,
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6:25 - 6:28porque isso é o que isto foi, é claro. Esse é o famoso K-T.
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6:28 - 6:30Um corpo de 10 quilômetros atinge o planeta.
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6:30 - 6:34Os efeitos disso espalham essa finíssima camada de impacto por todo planeta,
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6:34 - 6:37e tivemos rapidamente a morte dos dinossauros,
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6:37 - 6:39a morte dessas lindas amonitas,
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6:39 - 6:41Leiconteiceras aqui, e Celaeceras ali,
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6:41 - 6:43e muito mais.
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6:43 - 6:45Quero dizer, isso deve ser verdade,
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6:45 - 6:48porque nós tivemos dois grandes sucessos de Hollywood desde então,
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6:48 - 6:51e esse paradigma, de 1980 até mais ou menos 2000,
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6:51 - 6:56mudou totalmente como os geólogos pensavam sobre catástrofes.
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6:56 - 6:59Antes disso, o uniformitarismo era o paradigma dominante:
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6:59 - 7:02o fato de se algo acontecer no planeta no passado,
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7:02 - 7:06há processos nos dias atuais que irão explicar isso.
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7:06 - 7:09Mas nós não testemunhamos um impacto de um grande asteróide,
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7:09 - 7:11então isso é um tipo de neo-catastrofismo,
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7:11 - 7:14e levou quase 20 anos para a comunidade científica
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7:14 - 7:16finalmente encarar o fato: sim, nós fomos atingidos;
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7:16 - 7:20e sim, os efeitos desse impacto causaram uma grande extinção em massa.
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7:21 - 7:23Bem, houve cinco grandes extinções em massa
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7:23 - 7:26nos últimos 500 milhões de anos, chamadas de Grandes Cinco.
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7:26 - 7:29Elas se estendem de 450 milhões de anos atrás
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7:29 - 7:31até a última, a K-T, número quatro,
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7:31 - 7:35mas a maior de todas foi a P, ou extinção Permiana,
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7:35 - 7:37às vezes chamada de mãe de todas as extinções em massa.
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7:37 - 7:40E cada uma delas foi posteriormente atribuída
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7:40 - 7:42a um impacto de um grande corpo.
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7:42 - 7:44Mas isso é verdade?
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7:45 - 7:48A mais recente, a Permiana, era atribuída a um impacto
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7:48 - 7:50por causa dessa linda estrutura à direita.
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7:50 - 7:53Isso é um buckminsterfulereno, um carbono-60,
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7:53 - 7:56porque se parece com esses domos geodésicos enormes
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7:56 - 7:58dos meus adorados e velhos anos 60.
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7:58 - 8:00Eles são chamados de "futebolenos".
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8:00 - 8:02Essa evidência foi usada para sugerir
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8:02 - 8:06que no fim do Permiano, 250 milhões atrás, um cometa nos atingiu.
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8:06 - 8:09E quando o cometa impacta, a pressão produz esses futebolenos,
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8:09 - 8:11e isso captura pedaços do cometa.
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8:11 - 8:15Hélio-3: muito raro na superfície da Terra, muito comum no espaço.
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8:16 - 8:18Mas isso é verdade?
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8:18 - 8:22Em 1990, trabalhando na extinção K-T por 10 anos,
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8:22 - 8:25eu me mudei para a África do Sul para começar a trabalhar duas vezes por ano
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8:25 - 8:27no grande deserto de Karoo.
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8:27 - 8:30Eu tive muita sorte de ver a mudança daquela África do Sul
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8:30 - 8:33para a nova África do Sul enquanto vinha ano a ano.
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8:33 - 8:35E eu trabalhei nessa extinção Permiana,
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8:35 - 8:38acampando perto desse cemitério Boer por meses a cada viagem.
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8:38 - 8:41E os fósseis são extraordinários.
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8:41 - 8:43Você sabe, você está olhando seus ancestrais mais distantes.
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8:43 - 8:45Esses são répteis semelhantes aos mamíferos.
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8:45 - 8:48Eles são invisíveis culturalmente. Você não faz filmes sobre eles.
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8:48 - 8:50Isso é um Gorgonopsia, ou um Górgon.
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8:50 - 8:54Isso é um crânio de 18 centímetros de um animal
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8:54 - 8:58que tinha provavelmente sete ou oito pés, andava como um lagarto,
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8:58 - 9:00provavelmente tinha uma cabeça como a de um leão.
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9:00 - 9:02Esse é o carnívoro do topo, o T-Rex de seu tempo.
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9:02 - 9:04Mas há um monte de coisas.
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9:04 - 9:06Esse é o pobre do meu filho, Patrick.
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9:06 - 9:07(Risos)
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9:07 - 9:10Isso é chamado de abuso infantil paleontológico.
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9:10 - 9:12Fique parado, você é a escala.
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9:12 - 9:17(Risos)
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9:18 - 9:21Havia coisas grandes antes.
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9:21 - 9:2455 espécies de répteis semelhantes aos mamíferos.
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9:24 - 9:27A era dos mamíferos havia começado bem e definitivamente
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9:27 - 9:29250 milhões de anos atrás...
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9:29 - 9:32... e então uma catástrofe aconteceu.
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9:32 - 9:34E o que acontece a seguir é a era dos dinossauros.
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9:34 - 9:38Isso foi tudo um engano; não devia ter acontecido nunca. Mas aconteceu.
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9:38 - 9:40Agora, por sorte,
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9:40 - 9:43esse Thrinaxodon, aqui do tamanho de um ovo de sabiá:
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9:43 - 9:46isso é um crânio descoberto pouco antes de tirar essa foto --
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9:46 - 9:48há uma caneta para a escala; é realmente pequeno --
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9:48 - 9:52isso é no Triássico Inferior, depois que a extinção em massa terminou.
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9:52 - 9:55Você podem ver as cavidades orbitais e vocês podem ver os dentinhos na frente.
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9:55 - 10:00Se isso não sobrevivesse, eu não estaria dando essa palestra.
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10:00 - 10:04É outra coisa, porque se isso não sobrevivesse, não estaríamos aqui;
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10:04 - 10:08não haveria mamíferos. Foi por pouco; uma espécie passou.
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10:08 - 10:11Bem, podemos dizer algo sobre o padrão de quem sobreviveu e quem não?
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10:11 - 10:13Aqui é meio que o fim desses dez anos de trabalho.
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10:13 - 10:16Os limites das coisas -- a linha vermelha é a extinção em massa.
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10:16 - 10:18Mas nós tivemos sobreviventes e coisas que passaram,
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10:18 - 10:22e acontece que as coisas que passaram são preferencialmente de sangue frio.
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10:22 - 10:26Animais de sangue quente tomaram um grande golpe nessa época.
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10:27 - 10:29Os sobreviventes que conseguiram passar
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10:29 - 10:32produzem essa mundo de criaturas semelhantes aos crocodilos.
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10:32 - 10:36Não há dinossauros ainda; só esse lugar pantanoso, lento, sauriano,
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10:36 - 10:41escamoso, nojento, com alguns pequenos mamíferos se escondendo nas bordas.
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10:41 - 10:44E lá se esconderiam por 160 milhões de anos,
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10:44 - 10:47até ser liberados por esse asteróide K-T.
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10:47 - 10:49Então, se não foi impacto, o que foi?
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10:49 - 10:53E esse o que, eu acho, é o que retornamos, mais de uma vez,
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10:53 - 10:56para o mundo Pré-Cambriano, essa primeira era microbiana,
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10:56 - 10:58e os micróbios ainda estão por aí.
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10:58 - 11:00Eles odeiam nós animais.
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11:00 - 11:02Eles querem realmente seu mundo de volta.
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11:02 - 11:06E tentaram mais de uma vez.
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11:06 - 11:09Isso me sugere que a vida causa essas extinções em massa
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11:09 - 11:12porque ela é inerentemente anti-Gaia.
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11:12 - 11:17Essa idéia toda de Gaia, que a vida faz o mundo melhor para si mesma --
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11:17 - 11:21qualquer um que esteve numa estrada sexta à tarde em Los Angeles
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11:21 - 11:23acredita na teoria de Gaia? Não.
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11:23 - 11:26Então, eu suspeito realmente que há uma alternativa,
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11:26 - 11:28e que a vida realmente tenta dar cabo de si mesma --
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11:28 - 11:30não conscientemente, mas apenas por fazer.
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11:30 - 11:34E aqui está a arma, parece, que fez isso nos últimos 500 milhões de anos.
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11:34 - 11:37Há micróbios que, por meio de seu metabolismo,
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11:37 - 11:39produzem sulfeto de hidrogênio,
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11:39 - 11:42e o fazem em grandes quantidades.
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11:42 - 11:45Sulfeto de hidrogênio é muito letal para nós humanos.
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11:45 - 11:49Uma pequena fração de 200 partes por milhão vai matar você.
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11:51 - 11:55Você só precisa ir ao Mar Negro e alguns outros lugares -- alguns lagos --
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11:55 - 11:59e se abaixar, e você descobrirá que a água se torna roxa.
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11:59 - 12:02Se torna roxa devido a presença de micróbios numerosos
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12:02 - 12:05que precisam ter luz solar e precisam de sulfeto de hidrogênio,
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12:05 - 12:09e nós podemos detectar sua presença hoje -- podemos vê-los --
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12:09 - 12:11mas também podemos detectar sua presença no passado.
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12:11 - 12:13E os últimos três anos têm visto
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12:13 - 12:16um enorme avanço num campo novíssimo.
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12:16 - 12:18Eu estou quase extinto --
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12:18 - 12:20eu sou paleontólogo que coleta fósseis.
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12:20 - 12:23Mas a nova onde de paleontólogos -- meus alunos de pós graduação --
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12:23 - 12:25coletam biomarcadores.
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12:25 - 12:29Eles pegam o próprio sedimento, extraem óleo dele,
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12:29 - 12:31e disso podem produzir compostos
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12:31 - 12:35que resultam ser muito específicos para grupos particulares de micróbios.
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12:35 - 12:39Porque os lipídios são tão resistentes, podem ser preservados em sedimento
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12:39 - 12:42e durar as centenas de milhões de anos necessárias,
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12:42 - 12:44e ser extraídos nos dizer quem esteve lá.
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12:44 - 12:47E sabemos quem esteve lá. No fim do Permiano,
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12:47 - 12:49em muitas desses limites de extinções em massa,
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12:49 - 12:53isso foi o que descobrimos: isorenierateno. É muito específico.
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12:53 - 12:57Só pode ocorrer se a superfície do oceano não tem oxigênio,
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12:57 - 13:00e está totalmente saturada com sulfeto de hidrogênio --
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13:00 - 13:03suficiente, por exemplo, para se precipitar.
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13:03 - 13:07Isso levou Lee Kump, e outros da Penn State e meu grupo,
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13:07 - 13:10a propor o que eu chamo de Hipótese Kump:
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13:10 - 13:13muitas das extinções em massa foram causadas pela redução de oxigênio,
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13:13 - 13:17por aumento de CO2. E o pior efeito feito do aquecimento global foi resultado disso:
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13:17 - 13:20sulfeto de hidrogênio sendo produzido nos oceanos.
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13:20 - 13:22Bem, qual é a fonte disso?
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13:22 - 13:26Nesse caso em particular, a fonte sempre tem sido os basaltos de inundação.
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13:26 - 13:29Essa é uma visão da Terra agora, se nós extraíssemos um monte disso.
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13:29 - 13:31E cada uma dessas parece como uma bomba de hidrogênio;
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13:31 - 13:33na verdade, os efeitos são ainda piores.
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13:33 - 13:36Isso é quando o material profundo da Terra chega à superfície,
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13:36 - 13:38e se espalha sobre toda superfície do planeta.
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13:38 - 13:41Bem, não é a lava que mata tudo,
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13:41 - 13:43é o dióxido de carbono que vem com ela.
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13:43 - 13:46Isso não são carros; isso são vulcões.
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13:46 - 13:48Mas dióxido de carbono é dióxido de carbono.
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13:49 - 13:52Então, há novos dados que Rob Berner e eu -- de Yale -- juntamos,
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13:52 - 13:54e o que tentamos fazer agora é
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13:54 - 13:57traçar a quantidade de dióxido de carbono em todo o registro rochoso --
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13:57 - 14:00e podemos fazer isso de várias maneiras --
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14:00 - 14:02e colocar todas as linhas vermelhas aqui,
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14:02 - 14:05quando essas -- que eu chamo de extinções em massa de estufa -- aconteceram.
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14:05 - 14:07E há duas coisas que são bem evidentes aqui para mim,
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14:07 - 14:10é que essas extinções em massa acontecem quando o CO2 está aumentando.
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14:10 - 14:13Mas a segunda coisa que não é mostrada aqui:
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14:13 - 14:16a Terra nunca teve nenhum gelo sobre ela
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14:16 - 14:20quando tivemos mil partes por milhão de CO2.
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14:20 - 14:22Nós estamos com 380 e subindo.
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14:22 - 14:25Nós devemos chegar a mil em três séculos no máximo,
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14:25 - 14:29mas meu colega David Battisti em Seattle diz que acha em cem anos.
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14:29 - 14:31Daí, lá se vão as calotas polares,
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14:31 - 14:35e lá vêm subindo 70 metros do nível do mar.
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14:35 - 14:37Agora eu moro numa casa com vista para o mar;
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14:37 - 14:39eu vou ter o mar na porta.
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14:39 - 14:43Tudo bem, qual é a consequência? Os oceanos provavelmente se tornam roxos.
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14:43 - 14:46E achamos que essa é a razão pela qual a complexidade demorou tanto
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14:46 - 14:48para se estabelecer no planeta Terra.
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14:48 - 14:51Nós tivemos esses oceanos de sulfeto de hidrogênio por um período muito longo.
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14:51 - 14:55Eles impedem a existência de vida complexa.
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14:55 - 15:00Sabemos que o sulfeto de hidrogênio está jorrando agora em alguns locais no planeta.
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15:00 - 15:04E eu lanço esse slide -- esse sou eu, na verdade, dois meses atrás --
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15:04 - 15:08e lanço esse slide porque aqui está meu animal favorito, o náutilo-imperador.
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15:08 - 15:12Ele está no planeta desde que os animais surgiram -- há 500 milhões de anos.
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15:12 - 15:15Isso é um experimento de rastreio, e se algum de vocês mergulhadores,
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15:15 - 15:18se você quer se envolver num dos projetos mais interessantes que há,
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15:18 - 15:20isso é fora da Grande Barreira de Coral.
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15:20 - 15:21E enquanto falamos agora,
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15:21 - 15:24esses náutilos estão mostrando seu comportamento a nós.
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15:24 - 15:28Mas o lance disso é que de vez em quando
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15:28 - 15:30nós mergulhadores podemos ter problemas,
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15:30 - 15:32então vou passar um pequeno experimento aqui.
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15:32 - 15:35Esse é um grande tubarão branco que comeu algumas de minhas armadilhas.
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15:35 - 15:38Nós o puxamos, ele vem. Então, ele está lá fora comigo à noite.
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15:38 - 15:41Então, eu vou nadar, e ele arranca minha perna.
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15:41 - 15:44Eu estou a 80 milhas da costa, o que vai acontecer comigo?
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15:44 - 15:46Bem, agora eu morro.
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15:46 - 15:48Cinco anos a frente, isso é o que espero que aconteça comigo:
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15:48 - 15:51Eu sou levado de volta ao barco, eu recebo uma máscara de gás:
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15:51 - 15:5480 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio.
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15:54 - 15:58Daí eu sou jogado num tanque de gelo, sou congelado para menos de 15 graus
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15:58 - 16:02e posso ser levado para um hospital de emergência.
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16:02 - 16:04E a razão de eu poder fazer isso é porque nós mamíferos
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16:04 - 16:07passamos por uma série desses eventos de sulfeto de hidrogênio,
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16:07 - 16:09e nossos corpos se adaptaram.
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16:09 - 16:13E agora podemos usar isso como algo que acho que será um grande avanço médico.
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16:13 - 16:15Esse é Mark Roth. Ele foi financiado pela DARPA.
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16:15 - 16:19Ele tentou descobrir como salvar americanos feridos no campo de batalha.
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16:19 - 16:21Ele tira sangue de porcos.
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16:21 - 16:24Ele coloca 80 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio --
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16:24 - 16:27a mesma coisa que sobreviveu essas últimas extinções em massa--
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16:27 - 16:29e ele transforma um mamífero em um réptil.
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16:29 - 16:33"Eu acredito que estamos vendo nessa resposta o resultado de mamíferos e répteis
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16:33 - 16:36terem se submetido a uma série de exposições a H2S."
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16:36 - 16:38E recebi esse e-mail dele dois anos atrás;
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16:38 - 16:41ele disse, "Eu acho que tenho uma resposta para algumas de suas questões."
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16:41 - 16:43Então, agora ele apagou camundongos
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16:43 - 16:47por até quatro horas, às vezes seis horas,
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16:47 - 16:49e esses são dados novíssimos que ele me enviou no caminho para cá.
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16:49 - 16:54No topo, agora, esse é o registro de temperatura de um camundongo --
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16:54 - 16:56a linha pontilhada, as temperaturas.
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16:56 - 16:58Então, a temperatura começa a 25 graus centígrados,
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16:58 - 16:59e vai caindo, vai caindo.
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16:59 - 17:01Seis horas depois, a temperatura vai subindo.
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17:01 - 17:06Agora, o mesmo camundongo recebe 80 partes por milhão de sulfeto de hidrogênio
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17:06 - 17:08nessa linha sólida,
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17:08 - 17:10e olhe o que acontece com sua temperatura.
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17:10 - 17:12Sua temperatura cai.
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17:12 - 17:16Ela vai caindo de 35 para 15 graus centígrados,
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17:16 - 17:19e sai disso perfeitamente bem.
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17:19 - 17:22Essa é um jeito com que podemos levar cuidados médicos às pessoas.
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17:22 - 17:27É como podemos trazer pessoas frias o bastante para durar até conseguir cuidados médicos.
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17:28 - 17:32Agora, vocês estão pensando, "É, e quanto ao tecido cerebral?"
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17:32 - 17:35E este é um dos grandes desafios que estão para acontecer.
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17:35 - 17:37Você está em um acidente. Você tem duas opções:
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17:37 - 17:40você vai morrer, ou você vai tomar o sulfeto de hidrogênio
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17:40 - 17:43e, digamos, 75 por cento de você é salvo, mentalmente.
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17:43 - 17:45O que você vai fazer?
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17:45 - 17:48Todos nós temos um botãozinho dizendo, "Me deixe morrer?"
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17:48 - 17:50Isso está vindo para nós,
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17:50 - 17:52e eu acho que isso será uma revolução.
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17:52 - 17:55Nós vamos salvar vidas, mas haverá um custo para isso.
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17:55 - 17:57A nova visão de extinções em massa é, sim, nós fomos atingidos,
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17:57 - 17:59e, sim, nós precisamos pensar a longo prazo,
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17:59 - 18:01porque seremos atingidos de novo.
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18:01 - 18:03Mas há um perigo ainda pior nos confrontando.
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18:03 - 18:06Nós podemos voltar facilmente para o mundo do sulfeto de hidrogênio.
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18:06 - 18:08Nos dê alguns milênios --
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18:08 - 18:10e nós humanos devemos durar esses milênios --
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18:10 - 18:14isso acontecerá de novo? Se continuarmos, isso vai acontecer de novo.
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18:14 - 18:16Quantos de nós voaram aqui?
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18:16 - 18:18Quantos de nós ultrapassaram
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18:18 - 18:21nossa cota inteira de Kyoto
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18:21 - 18:23apenas viajando de avião esse ano?
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18:23 - 18:26Quantos de nós se excederam? É, eu certamente me excedi.
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18:26 - 18:29Nós temos um grande problema nos confrontando como espécie.
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18:29 - 18:31Nós precisamos derrotar isso.
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18:31 - 18:35Eu quero poder voltar para esse recife. Obrigado.
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18:35 - 18:41(Aplausos)
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18:41 - 18:43Chris Anderson: Eu tenho só uma pergunta para você, Peter.
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18:43 - 18:45Se eu entendi você direito, o que você está dizendo aqui
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18:45 - 18:47é que nós temos em nossos corpos
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18:47 - 18:51uma resposta bioquímica para o sulfeto de hidrogênio
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18:51 - 18:54que em sua mente prova que têm havido extinções em massa
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18:54 - 18:56devido a mudança climática?
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18:56 - 18:58Peter Ward: Sim, cada célula única em nós
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18:58 - 19:01pode produzir quantidades mínimas de sulfeto de hidrogênio em grandes crises.
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19:02 - 19:03Isso foi o que Roth descobriu.
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19:03 - 19:05Então, o que estamos procurando agora: isso deixa um sinal?
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19:05 - 19:07Isso deixa um sinal nos ossos ou nas plantas?
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19:07 - 19:10E voltamos ao registro fóssil e podemos tentar detectar
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19:10 - 19:12quantos desses ocorreram no passado.
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19:12 - 19:14CA: Isso é simultaneamente
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19:14 - 19:17um técnica médica incrível, mas também uma terrível...
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19:17 - 19:20PW: Benção e maldição.
- Title:
- Peter Ward sobre extinções em massa
- Speaker:
- Peter Ward
- Description:
-
Impactos de asteróides ganham todas as atenções, mas o autor da "Hipótese de Medéia" Peter Ward argumenta que a maioria das extinções em massa da Terra foram causadas por meras bactérias. O culpado, um veneno chamado sulfeto de hidrogênio, pode ter uma aplicação interessante na medicina.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:18