O preço da vergonha
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0:01 - 0:03Vocês estão diante de uma mulher
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0:03 - 0:06que ficou em silêncio publicamente
por uma década. -
0:06 - 0:09Obviamente, isso mudou.
-
0:09 - 0:11Mas apenas recentemente.
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0:11 - 0:13Foi há alguns meses
-
0:13 - 0:16que fiz meu primeiro
discurso público importante -
0:16 - 0:18na conferência da Forbes,
"30 menores de 30": -
0:18 - 0:231.500 pessoas brilhantes,
todas com menos de 30 anos. -
0:23 - 0:26Isso significa que, em 1998,
-
0:26 - 0:29o mais velho do grupo
tinha apenas 14 anos, -
0:29 - 0:32e o mais novo, apenas quatro.
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0:33 - 0:36Brinquei com eles que talvez alguns
só tenham ouvido falar de mim -
0:36 - 0:39em músicas de rap.
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0:39 - 0:42Sim, estou em músicas de rap.
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0:42 - 0:46Quase 40 músicas de rap. (Risos)
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0:47 - 0:50Mas na noite da minha palestra,
algo surpreendente aconteceu. -
0:50 - 0:56Aos 41 anos de idade,
fui cantada por um rapaz de 27. -
0:57 - 0:59Que coisa, não?
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1:00 - 1:03Ele era encantador, eu fiquei lisonjeada,
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1:03 - 1:05mas recusei.
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1:05 - 1:08Sabe qual foi a cantada infeliz?
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1:09 - 1:12Que ele poderia me fazer sentir
com 22 anos de novo. -
1:12 - 1:17(Risos) (Aplausos)
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1:19 - 1:24Depois eu percebi que provavelmente
sou a única pessoa acima dos 40 -
1:24 - 1:27que não quer voltar aos 22 anos.
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1:27 - 1:29(Risos)
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1:29 - 1:33(Aplausos)
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1:35 - 1:40Aos 22 anos,
me apaixonei pelo meu chefe, -
1:40 - 1:43e aos 24 anos,
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1:43 - 1:47aprendi as consequências
devastadoras disso. -
1:47 - 1:49Pode levantar a mão
-
1:49 - 1:55quem nunca cometeu um erro aos 22 anos,
ou fez algo de que se arrependeu? -
1:57 - 2:00É. Foi o que pensei.
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2:01 - 2:06Então, como eu, aos 22, alguns de vocês
podem ter feito escolhas erradas -
2:06 - 2:09e se apaixonado pela pessoa errada;
-
2:09 - 2:12talvez até mesmo seu chefe.
-
2:12 - 2:14Diferentemente de mim,
no entanto, -
2:14 - 2:18seu chefe provavelmente não era
o presidente dos Estados Unidos. -
2:19 - 2:23Claro, a vida é cheia de surpresas.
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2:24 - 2:29Não há um dia sequer
em que eu não seja lembrada do meu erro, -
2:29 - 2:32e lamento profundamente esse erro.
-
2:33 - 2:40Em 1998, depois de estar envolvida
num romance improvável, -
2:40 - 2:46fiquei no centro de um turbilhão
político, jurídico e midiático, -
2:46 - 2:49como nunca visto antes.
-
2:49 - 2:52Lembrem-se, apenas alguns anos antes,
-
2:52 - 2:55as notícias eram consumidas
de apenas três lugares: -
2:55 - 2:57lendo um jornal ou revista,
-
2:57 - 2:59ouvindo o rádio,
-
2:59 - 3:01ou assistindo à televisão.
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3:01 - 3:02Era assim.
-
3:02 - 3:06Mas esse não foi o meu destino.
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3:06 - 3:10Em vez disso,
esse escândalo chegou a vocês -
3:10 - 3:12através da revolução digital.
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3:12 - 3:16Isso significa que podíamos acessar
toda a informação que quiséssemos, -
3:16 - 3:21quando a quiséssemos,
a qualquer hora, em qualquer lugar. -
3:21 - 3:25Quando a história
veio à tona em janeiro de 1998, -
3:25 - 3:28ela surgiu online.
-
3:28 - 3:30Foi a primeira vez
em que o noticiário tradicional -
3:30 - 3:35foi usurpado pela internet
com uma notícia importante, -
3:35 - 3:40um clique que reverberou pelo mundo.
-
3:40 - 3:43O significado disso para mim,
pessoalmente, -
3:43 - 3:48foi que, da noite para o dia, passei
de uma figura completamente privada -
3:48 - 3:53a uma publicamente humilhada,
no mundo todo. -
3:53 - 3:57Fui a "paciente zero"
em perder sua reputação pessoal -
3:57 - 4:02numa escala global,
quase instantaneamente. -
4:03 - 4:06A pressa do julgamento,
ativada pela tecnologia, -
4:06 - 4:10trouxe apedrejadores virtuais aos montes.
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4:10 - 4:13Isso foi antes das redes sociais,
-
4:13 - 4:16mas as pessoas podiam, ainda assim,
comentar online, -
4:16 - 4:23enviar histórias por e-mail e, claro,
mandar piadas cruéis por e-mail. -
4:23 - 4:26As fontes de notícias espalharam
fotos minhas por toda parte -
4:26 - 4:29para vender jornais,
banners de publicidade online, -
4:29 - 4:33e para manter as pessoas ligadas na TV.
-
4:34 - 4:37Lembram-se de uma imagem
minha em particular, -
4:37 - 4:40digamos, usando uma boina?
-
4:41 - 4:44Bem, eu admito que cometi erros,
-
4:44 - 4:47especialmente ao usar aquela boina.
-
4:48 - 4:52Mas a atenção e o julgamento
que recebi - não a história, -
4:52 - 4:57mas o que eu pessoalmente recebi -
foram sem precedentes. -
4:57 - 5:00Fui rotulada como vadia,
-
5:00 - 5:07puta, vagabunda,
prostituta, interesseira -
5:07 - 5:09e, claro, como "aquela mulher".
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5:10 - 5:13Eu era vista por muitos,
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5:13 - 5:17mas na verdade conhecida por poucos.
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5:17 - 5:20E eu entendo: era fácil esquecer
-
5:20 - 5:23que aquela mulher tinha uma dimensão,
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5:23 - 5:27tinha uma alma e que antes estava intacta.
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5:29 - 5:34Dezessete anos atrás, não havia um nome
para o que aconteceu comigo. -
5:34 - 5:39Agora chamamos isso de "cyberbullying"
e de assédio virtual. -
5:40 - 5:44Hoje, quero compartilhar
algumas das minhas experiências com vocês, -
5:44 - 5:49falar sobre como essa experiência ajudou
a moldar minhas observações culturais -
5:49 - 5:52e como espero que minha experiência
possa levar a uma mudança -
5:52 - 5:56que resulte em menos sofrimento
para outras pessoas. -
5:58 - 6:04Em 1998,
perdi minha reputação e dignidade. -
6:04 - 6:07Perdi quase tudo,
-
6:07 - 6:10e quase perdi a vida.
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6:13 - 6:15Deixem-me pintar o quadro para vocês.
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6:17 - 6:21É setembro de 1998.
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6:21 - 6:24Estou sentada num escritório sem janelas,
-
6:24 - 6:27no gabinete do promotor independente,
-
6:27 - 6:31sob o zumbido de luzes fluorescentes.
-
6:31 - 6:35Ouço o som da minha voz,
-
6:35 - 6:38minha voz em ligações telefônicas
clandestinamente gravadas -
6:38 - 6:42que uma suposta amiga
tinha feito um ano antes. -
6:42 - 6:45Estou ali porque fui requisitada por lei
-
6:45 - 6:51para autenticar pessoalmente
todas as 20 horas de conversas gravadas. -
6:53 - 6:57Nos últimos oito meses,
o conteúdo misterioso dessas fitas -
6:57 - 7:01pendia como a espada de Dâmocles
sobre a minha cabeça. -
7:01 - 7:04Quem se lembra do que falou um ano atrás?
-
7:05 - 7:09Assustada e mortificada, eu escuto.
-
7:11 - 7:16Escuto minha voz tagarelar
sobre as coisas do dia. -
7:16 - 7:19Escuto eu confessar
meu amor pelo presidente, -
7:19 - 7:23e, claro, minha decepção amorosa.
-
7:23 - 7:28Escuto a mim mesma, às vezes maliciosa,
às vezes indelicada, às vezes boba, -
7:28 - 7:32sendo cruel, impiedosa, vulgar.
-
7:33 - 7:36Escuto profundamente,
profundamente envergonhada, -
7:36 - 7:39a pior versão de mim mesma,
-
7:39 - 7:42um "eu" que nem reconheço.
-
7:44 - 7:48Alguns dias depois, o relatório Starr
foi divulgado no Congresso -
7:48 - 7:54e todas aquelas fitas e transcrições,
palavras furtadas, são parte dele. -
7:55 - 7:59O fato de as pessoas poderem ler
as transcrições já é horrível, -
7:59 - 8:02mas, algumas semanas depois,
-
8:02 - 8:05as fitas de áudio foram veiculadas na TV
-
8:05 - 8:08e partes significativas
ficaram disponíveis online. -
8:10 - 8:15A humilhação pública foi excruciante.
-
8:15 - 8:18A vida ficou quase insuportável.
-
8:21 - 8:26Não era algo que acontecia
com regularidade em 1998, -
8:26 - 8:34e me refiro ao furto de palavras,
ações, conversas ou fotos privadas -
8:34 - 8:37para depois tornar tudo público -
-
8:37 - 8:39público sem consentimento,
-
8:39 - 8:42público sem contexto
-
8:42 - 8:45e público sem compaixão.
-
8:46 - 8:49Doze anos depois, em 2010,
-
8:49 - 8:52as redes sociais já surgiram.
-
8:53 - 8:58O panorama infelizmente se tornou
mais repleto de exemplos como o meu, -
8:58 - 9:01independentemente de se ter de fato
cometido um erro ou não, -
9:01 - 9:06e agora engloba tanto pessoas públicas
quanto privadas. -
9:06 - 9:12As consequências para alguns
se tornaram dramáticas, muito dramáticas. -
9:14 - 9:16Eu estava ao telefone com minha mãe
-
9:16 - 9:19em setembro de 2010,
-
9:19 - 9:24e falávamos da notícia sobre um jovem
calouro da Rutgers University -
9:24 - 9:26chamado Tyler Clementi.
-
9:27 - 9:28Doce, sensível e criativo,
-
9:28 - 9:32Tyler foi filmado secretamente
pelo colega de quarto -
9:32 - 9:35ao ter relações íntimas com outro homem.
-
9:36 - 9:39Quando o mundo online
soube desse incidente, -
9:39 - 9:43a ridicularização
e o cyberbullying começaram. -
9:44 - 9:46Alguns dias depois,
-
9:46 - 9:50Tyler pulou da ponte George Washington,
-
9:50 - 9:51suicidando-se.
-
9:51 - 9:54Ele tinha 18 anos.
-
9:55 - 10:00Minha mãe ficou transtornada
com o que aconteceu a Tyler e sua família, -
10:00 - 10:03e ela sofreu muito,
-
10:03 - 10:07de um jeito que eu não conseguia entender.
-
10:07 - 10:09Depois me dei conta
-
10:09 - 10:12de que ela estava revivendo 1998,
-
10:12 - 10:16revivendo uma época em que se sentava
na minha cama toda noite, -
10:18 - 10:25revivendo uma época em que ela
me fazia tomar banho com a porta aberta, -
10:25 - 10:29e revivendo uma época
em que meus pais temiam -
10:29 - 10:32que eu pudesse morrer de tanta humilhação,
-
10:32 - 10:34literalmente.
-
10:36 - 10:40Hoje, muitos pais não têm tido a chance
-
10:40 - 10:43de agir e resgatar seus entes queridos.
-
10:43 - 10:47Muitos sabem do sofrimento
e humilhação de seus filhos -
10:47 - 10:49quando já é tarde demais.
-
10:50 - 10:54A morte trágica e sem sentido de Tyler
foi um momento decisivo para mim. -
10:54 - 10:58Serviu para recontextualizar
minhas experiências, -
10:58 - 11:03e comecei a olhar o mundo da humilhação
e do bullying ao meu redor -
11:03 - 11:05e a ver algo diferente.
-
11:06 - 11:11Em 1998, não tínhamos como saber
aonde essa nova tecnologia audaz -
11:11 - 11:14chamada internet nos levaria.
-
11:14 - 11:18Desde então, ela tem conectado
as pessoas de maneiras inimagináveis, -
11:18 - 11:20unindo irmãos desaparecidos,
-
11:20 - 11:25salvando vidas, lançando revoluções,
-
11:25 - 11:29mas a escuridão, o cyberbullying
e a vergonha que vivenciei -
11:29 - 11:32se multiplicaram rapidamente.
-
11:33 - 11:37Todo dia na internet, as pessoas,
especialmente jovens, -
11:37 - 11:41que ainda não amadureceram
para lidar com isso, -
11:41 - 11:43são tão assediados e humilhados
-
11:43 - 11:46que não imaginam viver mais um dia,
-
11:46 - 11:49e alguns tragicamente não vivem,
-
11:49 - 11:52e não há nada de virtual nisso.
-
11:53 - 11:59ChildLine, uma organização beneficente
que ajuda jovens no Reino Unido, -
11:59 - 12:03divulgou uma estatística
impressionante no ano passado: -
12:03 - 12:07de 2012 a 2013,
-
12:07 - 12:10houve um aumento de 87%
-
12:10 - 12:15nas ligações e e-mails
relacionados a cyberbullying. -
12:15 - 12:19Uma meta-análise feita fora da Holanda
mostrou, pela primeira vez, -
12:19 - 12:24que o cyberbullying levava
a ideações suicidas -
12:24 - 12:28mais significativamente do que
o bullying da vida real. -
12:28 - 12:32E o que me chocou, ainda que não devesse,
-
12:32 - 12:36foi outra pesquisa do ano passado,
mostrando que a humilhação -
12:36 - 12:39é uma emoção sentida mais intensamente
-
12:39 - 12:43do que a felicidade, ou mesmo a raiva.
-
12:44 - 12:47A crueldade com os outros não é novidade,
-
12:47 - 12:52mas online, a humilhação
tecnologicamente melhorada, -
12:52 - 12:58é amplificada, incontrolável
e permanentemente acessível. -
12:59 - 13:05O eco da vergonha costumava se estender
apenas até a sua família, bairro, -
13:05 - 13:07escola ou comunidade,
-
13:07 - 13:11mas agora é a comunidade online também.
-
13:11 - 13:14Milhões de pessoas,
quase sempre anonimamente, -
13:14 - 13:18podem apunhalá-lo com palavras
e isso é muito doloroso, -
13:18 - 13:21e não há limite
para a quantidade de pessoas -
13:21 - 13:23que podem observá-lo publicamente
-
13:23 - 13:26e execrá-lo em praça pública.
-
13:27 - 13:30Há um preço muito pessoal
-
13:30 - 13:32pela humilhação pública,
-
13:33 - 13:37e o crescimento da internet
elevou esse preço. -
13:40 - 13:42Por quase duas décadas,
-
13:42 - 13:47temos lentamente plantado as sementes
da vergonha e da humilhação pública -
13:47 - 13:51em nosso solo cultural,
tanto no ambiente virtual como fora dele. -
13:52 - 13:57Sites de fofocas, "paparazzi",
"reality shows", política, -
13:57 - 14:03agências de notícias e às vezes hackers,
todos trafegam na vergonha. -
14:03 - 14:07Isso deu vez à dessensibilização
e a um ambiente online permissivo -
14:07 - 14:12que se presta ao "trolling",
invasão de privacidade e cyberbullying. -
14:13 - 14:17Essa mudança criou o que
o professor Nicolaus Mills chama -
14:17 - 14:21de cultura da humilhação.
-
14:21 - 14:26Considerem alguns exemplos proeminentes
apenas dos últimos seis meses. -
14:26 - 14:31Snapchat, o serviço usado principalmente
pelas gerações mais jovens, -
14:31 - 14:35afirma que suas mensagens têm vida útil
de poucos segundos. -
14:35 - 14:39Vocês podem imaginar a amplitude
do conteúdo que passa por ele. -
14:39 - 14:43Um aplicativo que os usuários
do Snapchat usam para preservar -
14:43 - 14:46a duração das mensagens foi "hackeado",
-
14:46 - 14:53e 100 mil conversas privadas,
fotos e vídeos vazaram online -
14:53 - 14:56para agora terem duração eterna.
-
14:57 - 15:01Jennifer Lawrence e muitos outros atores
tiveram suas contas iCloud hackeadas, -
15:01 - 15:05e fotos particulares, íntimas, de nudez,
foram jogadas na internet -
15:05 - 15:07sem permissão.
-
15:07 - 15:11Um site de fofocas teve mais
de 5 milhões de cliques -
15:11 - 15:14por essa única história.
-
15:14 - 15:17E o "cyberhacking" da Sony Pictures?
-
15:18 - 15:22Os documentos que receberam maior atenção
-
15:22 - 15:26foram os e-mails particulares que tinham
valor máximo de humilhação pública. -
15:28 - 15:30Mas nessa cultura da humilhação,
-
15:30 - 15:35há um outro tipo de etiqueta de preço
atrelada à vergonha pública. -
15:35 - 15:38O preço não mensura o custo para a vítima.
-
15:38 - 15:41o qual Tyler e tantos outros,
-
15:41 - 15:43especialmente mulheres, minorias
-
15:43 - 15:47e membros da comunidade LGBT têm pago,
-
15:47 - 15:52mas o preço mensura
o lucro daqueles que os exploram. -
15:53 - 15:57Essa invasão de privacidade
é uma matéria-prima -
15:57 - 16:03eficiente e desumanamente minada,
embrulhada e vendida por lucro. -
16:03 - 16:09Um mercado emergiu onde
a humilhação pública é um produto -
16:09 - 16:12e a vergonha, uma indústria.
-
16:13 - 16:16Como se ganha esse dinheiro?
-
16:16 - 16:18Cliques.
-
16:18 - 16:20Quanto mais vergonha, mais cliques.
-
16:20 - 16:24Quanto mais cliques,
mais dinheiro de publicidade. -
16:25 - 16:28Estamos em um ciclo perigoso.
-
16:28 - 16:31Quanto mais clicamos nesse tipo de fofoca,
-
16:31 - 16:34mais insensíveis nos tornamos
às vidas humanas por trás dele, -
16:34 - 16:38e quanto mais insensíveis nos tornamos,
mais clicamos. -
16:39 - 16:42Toda hora, alguém está ganhando dinheiro
-
16:42 - 16:45às custas do sofrimento de outra pessoa.
-
16:47 - 16:49A cada clique, fazemos uma escolha.
-
16:49 - 16:53Quanto mais saturamos nossa cultura
com a vergonha pública, -
16:53 - 16:55mais aceitável ela é,
-
16:55 - 16:58mais veremos comportamentos
como o cyberbullying, -
16:58 - 17:01o trolling, algumas formas de hacking
-
17:01 - 17:03e assédio online.
-
17:03 - 17:09Por quê? Porque todos eles têm
a humilhação em seu cerne. -
17:11 - 17:15Esse comportamento é um sintoma
da cultura que criamos. -
17:15 - 17:17Pensem nisso.
-
17:19 - 17:23A mudança de comportamento começa
com a evolução das crenças. -
17:23 - 17:26Vimos que isso é verdadeiro
em relação ao racismo, à homofobia -
17:26 - 17:30e muitos outros preconceitos
atuais e do passado. -
17:30 - 17:34Assim como mudamos sobre o casamento
de pessoas do mesmo sexo, -
17:34 - 17:38liberdades igualitárias são
oferecidas a mais pessoas. -
17:38 - 17:41Quando começamos
a valorizar a sustentabilidade, -
17:41 - 17:43mais pessoas começaram a se reciclar.
-
17:43 - 17:47Portanto, no que se refere
a nossa cultura de humilhação, -
17:47 - 17:50precisamos de uma revolução cultural.
-
17:50 - 17:54A humilhação pública como esporte
sangrento precisa acabar, -
17:54 - 17:59e é hora de uma intervenção
na internet e em nossa cultura. -
17:59 - 18:03A mudança começa com algo simples,
mas que não é fácil. -
18:04 - 18:11Precisamos retornar a um antigo valor
de compaixão – compaixão e empatia. -
18:11 - 18:14Na internet,
temos um déficit de compaixão, -
18:14 - 18:16uma crise de empatia.
-
18:17 - 18:21A pesquisadora Brené Brown disse,
e eu a cito: -
18:21 - 18:24“A vergonha não pode
sobreviver à empatia.” -
18:24 - 18:29"A vergonha não pode
sobreviver à empatia." -
18:31 - 18:34Passei dias de muita escuridão
em minha vida, -
18:34 - 18:40e foi a compaixão e empatia
da minha família, amigos, profissionais, -
18:41 - 18:44e até mesmo de estranhos que me salvou.
-
18:45 - 18:49Até a empatia de uma só pessoa
pode fazer a diferença. -
18:50 - 18:53A teoria da influência minoritária,
-
18:53 - 18:56proposta pelo psicólogo social
Serge Moscovici, -
18:56 - 18:59diz que, mesmo em números pequenos,
-
18:59 - 19:01quando há consistência por um tempo,
-
19:01 - 19:03a mudança pode ocorrer.
-
19:04 - 19:07No mundo online, podemos fomentar
a influência minoritária -
19:07 - 19:09nos tornando "agentes".
-
19:09 - 19:13Tornar-se "agente" significa
que, em vez da apatia do observador, -
19:13 - 19:18podemos postar um comentário positivo
ou reportar uma situação de bullying. -
19:18 - 19:23Acreditem, os comentários compassivos
ajudam a abater a negatividade. -
19:23 - 19:27Também podemos combater
essa cultura apoiando organizações -
19:27 - 19:29que lidam com essas questões,
-
19:29 - 19:32como a Fundação Tyler Clementi,
nos Estados Unidos. -
19:32 - 19:35No Reino Unido, há o Anti-Bullying Pro,
-
19:35 - 19:39e na Austrália há o Projeto Rockit.
-
19:40 - 19:46Falamos muito sobre nosso direito
à liberdade de expressão, -
19:46 - 19:49mas precisamos falar mais
sobre nossa responsabilidade -
19:49 - 19:52com a liberdade de expressão.
-
19:52 - 19:54Todos nós queremos ser ouvidos,
-
19:54 - 19:59mas vamos admitir a diferença
entre falar com intenção -
19:59 - 20:02e falar para ganhar atenção.
-
20:03 - 20:07A internet é a autoestrada para o Id,
-
20:07 - 20:10mas online,
demonstrar empatia pelos outros -
20:10 - 20:16beneficia a todos nós e ajuda a criar
um mundo mais seguro e melhor. -
20:16 - 20:19Precisamos nos comunicar
online com compaixão, -
20:19 - 20:21consumir as notícias com compaixão
-
20:21 - 20:24e clicar com compaixão.
-
20:24 - 20:29Apenas imaginem caminhar
um quilômetro na manchete de outra pessoa. -
20:31 - 20:34Gostaria de finalizar
com um comentário pessoal. -
20:35 - 20:37Nos últimos nove meses,
-
20:37 - 20:41a pergunta que mais me fizeram é por quê.
-
20:41 - 20:45Por que agora? Por que tive
a coragem de me pronunciar? -
20:45 - 20:48Você pode ler nas entrelinhas
dessas perguntas, -
20:48 - 20:51e a resposta não tem
nada a ver com política. -
20:51 - 20:57A principal resposta foi
e é: "Porque é hora: -
20:57 - 21:00hora de parar de pisar em ovos
sobre o meu passado; -
21:00 - 21:03hora de parar de viver
uma vida de opróbrio; -
21:03 - 21:06e hora de resgatar minha narrativa."
-
21:06 - 21:11Também não se trata apenas me salvar.
-
21:11 - 21:15Qualquer um que sofre de vergonha
e humilhação pública -
21:15 - 21:17precisa saber de uma coisa:
-
21:17 - 21:20você pode sobreviver a isso.
-
21:20 - 21:22Sei que é difícil.
-
21:22 - 21:26Talvez não seja indolor, rápido ou fácil,
-
21:26 - 21:31mas você pode insistir
num final diferente para sua história. -
21:31 - 21:34Tenha compaixão por você mesmo.
-
21:34 - 21:37Nós todos merecemos compaixão
-
21:37 - 21:43e viver num mundo mais compassivo,
tanto online quanto offline. -
21:43 - 21:45Obrigada pela atenção.
-
21:45 - 21:50(Aplausos)
- Title:
- O preço da vergonha
- Speaker:
- Monica Lewinsky
- Description:
-
"Em 1998", diz Monica Lewinsky, “fui a 'paciente zero' na perda da reputação pessoal quase instantaneamente, numa escala global”. Hoje, o tipo de humilhação pública online vivida por ela tornou-se uma constante. Em uma palestra corajosa, ela fala da nossa “cultura da humilhação”, na qual a vergonha online equivale a dinheiro, e clama por um caminho diferente.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 22:26
Leonardo Silva approved Portuguese, Brazilian subtitles for The price of shame | ||
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Elena Crescia accepted Portuguese, Brazilian subtitles for The price of shame | ||
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